segunda-feira, 2 de julho de 2007

Kid Pepe

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Kid Pepe (José Gelsomino), compositor, nasceu em Montesano, Itália, em 19/9/1908, e faleceu no Rio de Janeiro RJ, em 14/9/1961. Veio para o Brasil em 1914, fixando-se no Rio de Janeiro, onde começou a exercer modestas profissões como engraxate, empalhador lustrador de móveis, garçom etc. Tornou-se boxeador o que originou o apelido Kid Pepe e, depois de quatro anos de ringue, voltou-se para a música popular. Freqüentava as rodas do Café Nice e iniciou-se em rádio em 1931, chegando a cantar e a ter um programa seu.
Sua primeira composição gravada foi Eu era feliz (com Germano Augusto), lançada em disco Victor pelo cantor Patrício Teixeira. Em seguida, fez sucesso com O orvalho vem caindo (com Noel Rosa), gravado por Almirante para o Carnaval de 1934 e considerado sua obra-prima, e Tenho raiva de quem sabe (com Zé Pretinho e Noel Rosa), gravado por Mário Reis. No ano seguinte, foi a vez do samba Implorar (com Germano Augusto e J. S. Gaspar), gravado para o Carnaval, com grande sucesso, por Moreira da Silva, além de As lágrimas rolavam (com Germano Augusto e R. Guará), samba gravado com êxito por Jaime Vogeler, Amor muito amor (com Valfrido Silva) e O sereno é meu castigo, sambas gravados por Francisco Alves.
Em 1937 foi gravado outro grande sucesso de sua autoria, o samba Mangueira (com Bide), por Joel e Gaúcho, na Victor. No mesmo ano compôs ainda Formosa mulher (com Jorge Faraj), gravado por Vítor Bacelar; Alô, boy (com J. Piedade e José Ferreira), marcha gravada por J. B. de Carvalho, e Um sorriso igual ao teu (com Germano Augusto), samba gravado por Luís Barbosa. No ano seguinte, lançou o samba Choro por teu amor (com Castro Barbosa), gravado por Sílvio Caldas, e a marcha Carnaval da minha terra (com Aldo Cabral), gravado por Francisco Alves.
Em 1939, Carmen Miranda gravou o samba-choro Moreno batuqueiro (com Germano Augusto). Em meados da década de 1940, suas composições de sucesso começaram a rarear. Quando faleceu, estava internado como indigente no Hospital Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.

Lupicínio Rodrigues

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Lupicínio Rodrigues era filho de Francisco Rodrigues, funcionário da Escola de Comércio de Porto Alegre e de Abigail Rodrigues. Apesar das dificuldades financeiras da família foi matriculado pelo pai, com apenas cinco anos no Liceu Porto-Alegrense. Aos sete anos entrou para o Colégio São Sebastião dos Irmãos Maristas onde fez os cursos primário e ginasial, aprendendo ao mesmo tempo o ofício de mecânico. Mais tarde trabalhou como aprendiz nas oficinas da Companhia Carris Porto-Alegrense e da Micheletto. Desde os 12 anos fazia marchinhas para blocos carnavalescos e também cedo passou a levar vida de boêmio, freqüentando bares onde cantava com os amigos.
Considerado o pai da "dor de cotovelo" pela natureza de suas músicas onde os amores traídos e fracassados e a tristeza estão sempre presentes, Lupicínio Rodrigues conseguiu um feito raro em nossa música popular: ser um dos poucos compositores, de fora do Rio de Janeiro, a fazer sucesso.
Por volta de 1930, venceu um concurso com sua marchinha Carnaval que havia composto para o cordão carnavalesco "Prediletos". Em 1932, como cantor do conjunto "Catão", foi ouvido e elogiado por Noel Rosa, em um bar de Porto Alegre, naquela famosa excursão que Noel fez com Francisco Alves ao Rio Grande do Sul.
Por imposição do pai ingressou no exército, em Santa Maria, desde cedo mas em 1935 deu baixa e voltou para Porto Alegre. Em Santa Maria conhecera Inah, seu primeiro grande amor. O romance foi rompido, porque ela não aceitava a vida boêmia do compositor e isto marcou profundamente a sua obra.
Ainda neste mesmo ano, recebeu o primeiro prêmio em concurso de música popular promovido pela prefeitura de Porto Alegre, na comemoração do centenário da Revolução Farroupilha, com a música Triste história composta em parceria com Alcides Gonçalves. E foi esta e mais a música Pergunte a meus tamancos, também de parceria com Alcides Gonçalves e gravada por este último que formaram o primeiro disco de Lupicínio Rodrigues como compositor.
A gravação foi na Victor no dia 03 de agosto de 1936 e o disco tomou o número 34.089. E este foi o início de sua carreira como compositor profissional. Da mesma parceria são Quem há de dizer, Cadeira vazia, Maria Rosa, Castigo, Jardim da saudade e outros sucessos.
Entre seus trabalhos, estão aqueles cantados por Orlando Silva, como Brasa (1945), de parceria com Felisberto Martins; por Francisco Alves, intérprete, entre outras canções, de Nervos de aço (1947), Esses moços (Pobres moços), Nunca (1949); e por Linda Batista, que se destacou com Vingança e Jamelão, com Ela disse-me assim. Consta que compôs cerca de 600 músicas, das quais umas 150 foram gravadas.
Utilizando com habilidade intuitiva os lugares-comuns da fala popular, de seus versos não está ausente um certo kitsch, sobre o qual, porém, construiu uma obra poético-musical que ocupa um lugar ímpar na música popular brasileira. A partir de 1971, conheceu nova fase de popularidade, quando intérpretes como Caetano Veloso, Gal Costa e Paulinho da Viola regravaram músicas suas e tomaram sua obra conhecida por um público mais jovem. Lupicínio Rodrigues morreu em 27 de agosto de 1974, em Porto Alegre, cidade onde sempre viveu.
Letras e cifras
Obra completa
Amigo ciúme (c/Onofre Pontes), samba, 1957; Amor é um só, samba, 1955; As aparências enganam, valsa, 1952; Aposta (c/Rubens Santos), samba-canção, 1963; Aquele molambo (c/Rubens Santos), samba-canção, 1963; Aves daninhas, samba-canção, 1954; Basta (c/Felisberto Martins), samba, 1944; Beijo fatal, bolero, 1963; Os beijos dela, samba, 1953; Bobo eu não sou, samba-canção, 1964; Boca fechada, samba-canção, 1954; Boneca de doce, samba, 1963; Brasa (c/Felisberto Martins), samba, 1945; Briga de amor (c/Felisberto Martins), samba, 1940; Briga de gato (c/Felisberto Martins), samba, 1944; Cadeira vazia (c/Alcides Gonçalves), samba-canção, 1950; Caixa de ódio, 1969; Calúnia (c/Rubens Santos), samba, 1958; Carteiro (c/Felisberto Martins), samba 1942; Castigo (c/Alcides Gonçalves), samba-canção, 1953; Cenário de Mangueira (c/Henrique de Almeida), samba, 1966; Cevando o amargo (c/Piratini), toada, 1956; Chamas (c/Hamílton Chaves), marcha, 1966; Cigano (c/Felisberto Martins), samba, 1943; Coisas minhas, samba, 1958; Contando os dias, guarânia, 1962; Conto das lágrimas, samba-canção, 1959; A dança do sapo, marcha, 1949; Distante de ti (c/L. Collantes), bolero, 1959; Divórcio, samba, 1952; Dois tristonhos, samba, 1955; Dominó (c/Davi Nasser), marcha, 1957; Dona divergência (c/Felisberto Martins), samba-canção, 1951; Ela disse-me assim (Vai embora), samba-canção, 1959; Enquanto a cidade dormia (c/Felisberto Martins), samba, 1939; Esses moços (Pobres moços), samba-canção, 1948; Esta eu conheço (c/Rubens Santos), samba, 1959; Eu e o meu coração, 1950; Eu é que não presto (c/Felisberto Martins), samba, 1943; Eu não sou louco (c/Evaldo Rui), samba, 1950; Eu sei, samba, 1960; Ex-filha de Maria, samba-canção, 1952; Exemplo, samba, 1960; Feiticeira (c/Felisberto Martins), samba-canção, 1952; Felicidade, xótis, 1947; Foi assim, samba-canção, 1952; Fuga, samba, 1959; Garçom, marcha, 1946; Gaudério (c/Luís Meneses), valsa, 1967; Há um Deus, samba-canção, 1957; Hino oficial do Grêmio, 1972; Homenagem, 1961; Homenagem à sambista (c/C. A. C.), samba, 1973; Iná, fox, 1955; Jardim da saudade (c/Alcides Gonçalves), valsa, 1952; Juca, valsa, 1954; Judiaria, 1974; A lua, samba, 1948; Mais um trago (c/Rubens Santos), samba-canção, 1960; Maluca, 1963; Malvada (c/Felisberto Martins), samba, 1945; Margarida, samba, 1959; Maria Rosa (c/Alcides Gonçalves), samba-canção, 1950; Meu figurino (c/Felisberto Martins), marcha, 1953; Meu pecado (c/Felisberto Martins), samba, 1944; Migalhas, samba-canção, 1950; Minha companheira (c/Leo Conti), samba, 1973; Minha história (c/Rubens Santos), samba-canção, 1954; Minha ignorância, samba-canção, 1954; O morro está de luto, samba, 1953; O mundo é assim (c/Henrique de Almeida e Rubens Santos), marcha, 1970; Na hora de pagar (c/Arlindo Sousa), marcha, 1974; Namorados, samba, 1954; Não conte pra ninguém (c/Rubens Santos), samba, 1962; Não deu outra coisa (c/Rubens Santos), marcha, 1971; Não sou de reclamar, samba-canção, 1952; Nervos de aço, samba, 1947; Nossa Senhora das Graças, samba, 1956; Nunca, samba-canção, 1952; Os óculos do vovô, marcha, 1953; Paciência (Vou brigar com ela), samba-canção, 1961; Palhaço não, marcha, 1948; Perdido na multidão (c/Rubens Santos), marcha, 1971; Pergunte aos meus tamancos (c/Alcides Gonçalves), samba, 1936; Podes voltar (c/Rubens Santos), samba-canção, 1963; Ponta de lança, samba-canção, 1952; Pra São João decidir (c/Francisco Alves), samba, 1952; Pregador de bolinha (c/A. M. Barreto e Hamilton Chaves), samba, 1953; Primavera (c/Hamilton Chaves), canção, 1969; Prova de amor, samba, 1960; Quando eu for bem velhinho (c/Felisberto Martins), marcha, 1940; Que baixo (c/Caco Velho), samba, 1945; Que espanhola (c/Rubens Santos), marcha, 1970; Quem é aquele pão (c/Rubens Santos), batucada, 1970; Quem há de dizer (c/Alcides Gonçalves), samba-canção, 1948; Rainha do show (c/Davi Nasser), samba, 1955; Rancho da Mangueira (c/Rubens Santos), marcha-rancho, 1969; Recado não aceito, samba, 1953; O relógio lá de casa (c/Felisberto Martins), samba-choro, 1945; Roda de samba (c/Hamilton Chaves), samba, 1970; Se acaso você chegasse (c/Felisberto Martins), samba, 1938; Se é verdade, samba, 1954; Sempre eu (c/Felisberto Martins), samba, 1941; Seu doutor (c/Leo Conti), samba, 1972; Sombras, samba, 1952; Sozinha, samba-canção, 1963; Taberna, 1963; Tola, samba, 1953; Torre de Babel, samba canção, 1964; Trabalho (c/Felisberto Martins), samba, 1945; Triste história (c/Alcides Gonçalves), samba, 1936; Triste regresso (Cansaço), samba-canção, 1961; Verão do Brasil (c/Denis Brean), marcha, 1946; Vingança, samba-canção, 1951; Você não sabe (c/Rubens Santos), samba, 1957; Volta, samba-canção, 1957; Vou brigar com ela (Paciência), 1961; Zé Ponte (c/Felisberto Martins), canção, 1947.

Alcides Gonçalves

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Alcides Gonçalves, compositor, cantor e instrumentista, nasceu em Porto Alegre (RS), em 1/10/1908 e faleceu na mesma cidade em 9/1/1987. Estudou musica com Roberto Heguert e Elsa Tiefk, iniciando a carreira profissional na Rádio Farroupilha, em Porto Alegre. Parceiro de Lupicínio Rodrigues, gravou com ele suas primeiras músicas.
Em 1935 participou com Lupicínio de um concurso promovido pela prefeitura de Porto Alegre em comemoração do centenário da Revolução Farroupilha, vencendo com o samba-canção Triste história, sua primeira composiçao, gravada por ele em 1936 juntamente com Pergunte aos meus tamancos (com Lupicínio), em disco Victor.
Fixando-se mais tarde no Rio de Janeiro (RJ), em 1939 passou a atuar no conjunto musical da Rádio Nacional e em 1943 compôs, em parceria com Ataulfo Alves, o samba Chorar pra quê?, gravado com sucesso pelo próprio Ataulfo, na Odeon. Continuando a integrar conjuntos e orquestras, atuou no Copacaba na Palace Hotel, com Radamés Gnattali e Simnn Bountman.
De 1948 é o samba Quem há de dizer (com Lupicínio). Em 1949 compôs com Lupicínio o samba Cadeira vazia, lançado em 1950 por Francisco Alves, na Odeon, em gravação em que seu nome foi omitido, o que motivou um desentendimento temporário como parceiro.
Em 1959, novamente com Lupicínio, fez o samba-canção Castigo. Como violonista foi um dos maiores responsáveis pela projeção do compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues, além de ter atuado como cantor em temporada na Radio El Mundo, de Buenos Aires, Argentina.
Compôs mais de 50 musicas e, entre seus maiores sucessos, estão ainda Maria Rosa, gravada em 1951 por Francisco Alves, e a valsa Jardim da saudade, 1952, estas também em parceria com Lupicínio Rodrigues.
Obras
Cadeira vazia (c/Lupicínio Rodrigues), samba, 1950; Castigo (c/Lupicínio Rodrigues), samba-canção, 1959; Jardim da saudade (c/Lupicínio Rodrigues), valsa, 1952; Maria Rosa (c/Lupicínio Rodrigues), samba, 1951; Pergunte aos meus tamancos (c/Lupicínio Rodrigues), 1936; Quem há de dizer (c/Lupicínio Rodrigues), samba, 1948.

Mário Lago

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Mário Lago, compositor, ator, poeta, escritor e radialista, nasceu no Rio de Janeiro RJ, em 26/11/1911 e faleceu em 31/5/2002. Filho único do maestro Antônio Lago, foi aluno do Colégio Pedro II de 1923 a 1926, ano em que publicou seu primeiro poema, Revelação, na revista Fon-Fon. Concluiu o ginasial no Curso Superior de Preparatórios e bacharelou-se em direito em 1933, exercendo a advocacia apenas por três meses. Nesse mesmo ano começou a escrever revistas para teatro - Figa de Guiné e Grande estréia, ambas com Álvaro Pinto.

Como letrista, estreou, em 1935, com Menina, eu sei de uma coisa (com Custódio Mesquita), marcha gravada por Mário Reis, no ano seguinte. Com o mesmo parceiro fez o fox-canção Nada além, sucesso nacional, em 1938, na voz de Orlando Silva, e uma série de músicas compostas especialmente para revistas encenadas pela Companhia Casa de Caboclo e pela Companhia Tró-ló-ló.

De 1938 a 1940, trabalhou como funcionário público, chegando a chefe de seção de estatísticas sociais e culturais do Departamento de Estatística do Estado do Rio de Janeiro; foi nomeado membro do conselho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mas não tomou posse.

Lançou-se como compositor com a valsa Devolve, gravada por Carlos Galhardo em 1940, ano em que apresentou também, em gravação da dupla Joel e Gaúcho, uma de sua mais famosas composições, Aurora (com Roberto Roberti), sucesso no Carnaval do ano seguinte e que obteve mais tarde repercussão internacional, graças à interpretação de Carmen Miranda, que a incorporou ao seu repertório básico.

Em 1942 estreou como artista de teatro na peça O sábio, encenada pela Companhia Joraci Camargo. Compôs com Ataulfo Alves sambas famosos, como Ai, que saudades da Amélia (1942) e Atire a primeira pedra (1944). Começou a trabalhar em rádio, em 1944, na Pan-Americana, de São Paulo SP, passando desde então por diversas emissoras cariocas e paulistas: Nacional, do Rio de Janeiro (de 1945 a 1948), Mayrink Veiga (1948), Bandeirantes, de São Paulo (1949), e novamente Nacional (1950).

Em 1953 compôs com Chocolate outro grande sucesso, É tão gostoso, seu moço, gravado por Nora Ney. Foi responsável pela produção de vários programas e novelas, como Lendas do Mundo, Romance Kolynos e a novela Presídio de mulheres, irradiada durante cinco anos. Em 1951 produziu na Rádio Nacional o programa Doutor Infezulino e mais tarde criou a figura do "Jacó de uma palavra só", no programa Largo da Harmonia, que se tornou bastante conhecido.

Estreou na televisão no programa Câmera Um, na TV-Rio, em 1954. Como ator, em 1966 foi contratado peia TV Globo, na qual trabalhou em várias novelas, como Cuca legal, Pecado capital, O casarão e Brilhante, numa carreira de mais de 30 anos. Publicou, em 1975, pela Editora Civilização Brasileira, uma obra de pesquisa folclórica intitulada Chico Nunes das Alagoas. Além de Orlando Silva e Carlos Galhardo, teve suas músicas gravadas por Francisco Alves, Ataulfo Alves, Nora Ney, Jorge Goulart e Deo.

Sua última composição, o samba Três sorrisos (com Chocolate), é de 1962. Participou de vários filmes, como Balança mas não cai, de Paulo Vanderlei (1953), Terra em transe, de Glauber Rocha (1967) e São Bernardo, de Leon Hirszman (1973).

Publicou os livros: Na rolança do tempo (1976) e no ano seguinte a seqüência, Bagaço de beira-estrada, ambos pela Editora Civilização Brasileira, Coleção Tempo e Contratempo, Rio de Janeiro; e Meia porção de sarapatel (1986), Editora Rebento. Em 1991, seus familiares publicaram o livro Segredos de família, homenagem aos seus 80 anos de idade.

Em 1997 foi publicada sua biografia: Mário Lago - Boêmia e política, de autoria de Mônica Veloso, Editora Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro. No mesmo no, Gilberto Gil homenageou-o com o lançamento da música O mar e o lago (letra de 1985). Houve ainda a estréia do espetáculo Causos e canções de Mário Lago, no Teatro Café Pequeno, no Rio de Janeiro, dirigido por Mário Lago Filho.

Obras

Ai que saudades da Amélia (c/Ataulfo Alves), samba, 1942; Atire a primeira pedra (c/Ataulfo Alves), samba, 1944; Aurora (c/Roberto Roberti), marcha, 1940; Dá-me tuas mãos (c/Roberto Martins), fox, 1939; Devolve, valsa, 1940; Enquanto houver saudade (c/Custódio Mesquita), valsa, 1938; É tão gostoso, seu moço (c/Chocolate), samba, 1953; Fracasso, samba, 1946; Menina, eu sei de uma coisa (c/Custódio Mesquita), marcha, 1936; Nada além (c/Custódio Mesquita), fox- canção, 1938; Número um (c/Benedito Lacerda), valsa, 1939; Sambista da Cinelândia (c/Custódio Mesquita), samba, 1936; Será?, valsa, 1945; Três sorrisos (c/Chocolate), 1962; Vida vazia (c/Chocolate), samba, 1954.

Max Bulhões

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Max Bulhões (Maximiliano Carvalho de Bulhões), compositor, nasceu no Rio de Janeiro RJ, em 29/12/1903, e faleceu em 30/11/1977. Filho do compositor J. Bulhões, estreou em 1935 com o samba Promessa, escrito para a festa da Penha em parceria com Jaime Vogeler, que o gravou na etiqueta Odeon.
Tornou-se conhecido em 1937 por duas composições, em parceria com Milton de Oliveira, gravadas nesse ano por Patrício Teixeira: Sabiá-laranjeira e Não tenho lágrimas, que obteve grande sucesso no Carnaval de 1938 e foi regravada mais tarde por vários cantores, entre eles o norte-americano Nat King Cole.
Passou a compor para os cantores em evidência na época, como Francisco Alves e J. B. de Carvalho. Membro fundador da ABCA, UBC e SBACEM, abandonou a música para retomar seu emprego na Administração do Porto do Rio de Janeiro, onde se aposentou em 1974.

Milton de Oliveira

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Milton de Oliveira, compositor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 25/1/1916 e faleceu em 12/12/1986. Criado no bairro de São Cristóvão, ande cursou até o terceiro ano ginasial, começou a trabalhar numa papelaria e tipografia aos 12 anos de idade. Aos 16, era auxiliar de revisão no jornal A Nação. Por essa época fez sua primeira composição, o samba Já mandei meu bem. Conhecendo Murilo Caldas, irmão de Sílvio Caldas, entrou por seu intermédio para o meio artístico em 1934, ano em que o cantor Jaime Vogeler gravou na Odeon o samba És louca (com Djalma Esteves).
Em 1937 compôs com Max Bulhões os sambas Sabiá-laranjeira e Não tenho lágrimas, ambos gravados por Patrício Teixeira. O segundo foi um de seus maiores êxitos, tendo tido mais de cinqüenta gravações, inclusive no exterior, por Nat King Cole, Xavier Cugat e outros. No ano seguinte, com Haroldo Lobo, seu principal parceiro, obteve o primeiro lugar no concurso da prefeitura carioca com a música Juro, cantada por J. B. de Carvalho.
Em 1940 foi sucesso a marcha O passarinho do relógio, interpretada por Araci de Almeida, que no Carnaval do ano seguinte gravou O passo do canguru (ambas com Haroldo Lobo). No mesmo ano destacou-se ainda O bonde do horário já passou (com Haroldo Lobo), lançada por Patrício Teixeira, e no ano seguinte, A mulher do leiteiro ( com Haroldo Lobo), lançado por Araci de Almeida.
Em 1945, Linda Batista gravou a valsinha Baile na roça, um de seus sucessos fora do Carnaval. Em 1946, Vou sambar em Madureira (com Haroldo Lobo) foi gravado por Jorge Veiga. Foi um dos fundadores da SBACEM, onde foi fiscal até 1957.
Em 1947 Jorge Veiga gravou a marcha antes censurada, Eu quero é rosetar (com Haroldo Lobo), um de seus inúmeros êxitos carnavalescos. Em 1948 obteve, com Haroldo Lobo, o segundo lugar em concurso com Não vou morrer, cantado por Jorge Veiga e, um ano depois, compuseram mais dois sucessos: Quem chorou fui eu, interpretado também por Jorge Veiga, e O passo da girafa, gravação de Araci de Almeida.
Em 1951, foi sucesso da dupla em todo o Brasil Pra seu governo, que obteve o primeiro lugar no concurso carnavalesco carioca em gravação de Gilberto Milfont. Três anos depois, foi lançada por Jorge Veiga a marcha A história da maçã, novo êxito em parceria com Haroldo Lobo. Walter Levita gravou em 1960 A Maria tá e no ano seguinte Índio quer apito (ambos com Haroldo Lobo). Em 1964 Ari Cordovil fez sucesso com Pistoleira (com Haroldo Lobo). É considerado o criador da caitituagem, isto é, da promoção de suas músicas em rádios.

Moreira da Silva

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Moreira da Silva, cantor e compositor, filho de pai músico que morreu quando ele tinha dois anos, foi obrigado a largar a escola para ajudar a mãe no sustento da casa. Carioca da Tijuca e criado no Morro do Salgueiro, teve uma infância e uma juventude muito pobres, passadas na própria Tijuca e nos subúrbios da Leopoldina. Com 13 anos, já tinha feito todo tipo de trabalho, tendo sido empregado de fábrica de cigarros e tecelagens. Demitido de vários empregos, sempre se reunia com amigos em serenatas e encontros de samba no Morro da Babilônia. Descobriu sua vocação junto à nata da malandragem no bairro do Estácio dos anos 20. Aos 19 anos comprou um táxi e começou a trabalhar como motorista de praça.
Entrou para a Prefeitura e em 1926 passou para a Assistência Municipal como chofer de Ambulância. Durante um pequeno período foi chofer do secretário particular do prefeito Prado Junior. Trabalhou durante 12 anos como chofer da Prefeitura passando mais tarde a encarregado do núcleo e auxiliar de garagem, profissão que o segurou até aposentar-se.
Em 1931 a convite do compositor Getúlio Marinho, fez sua estréia no disco gravando dois pontos de umbanda, na Odeon, assinando-se "Antônio Moreira, O Mulatinho" intitulados Ererê e Rei de umbanda. Começou então a freqüentar o meio do rádio e lutou muito para conseguir gravar o seu segundo disco na Odeon: Na mata virgem e Aruê de canga.
Em 1933 transferiu-se ara a Columbia e ali gravou como Antônio Moreira da Silva as músicas Arrasta a sandália, Vejo lágrimas, É batucada e Tudo no penhor, conseguindo sucesso com Arrasta a sandália e É batucada.
Voltou a fazer sucesso, em 1935, com a gravação de Implorar (Kid Pepe, Germano Augusto e J. S. Gaspar) de grande repercussão no carnaval daquele ano. Notabilizou-se pelos sambas de breque que compôs e interpretou, tornando-se o maior nome neste gênero musical.
Consta ser o ano de 1937 a descoberta, durante uma apresentação no Teatro Meyer, no Rio, do samba de breque Jogo proibido (T. Silva, D. Silva e R. Cunha) considerado por alguns pesquisadores como o primeiro deste gênero embora esta afirmativa não seja comprovada pelos fatos. De qualquer maneira ele é considerado o criador do samba de breque e como tal teve inúmeros sucessos no gênero, como se poderá constatar pelo levantamento de sua obra completa.
Ainda este ano, levado por Duque ao Cassino Atlântico e no dia em que estreou, estavam presentes Sílvio Caldas e César Ladeira de quem recebeu um convite para cantar na Rádio Mayrink Veiga. César ofereceu-lhe o ordenado de 800 mil réis mensais. Ficou radiante mas não respondeu logo que sim. Tentou melhorar o ordenado dizendo a César: "César, que é que há ? 800 mil reis é pouco. Você sabe muito bem que eu sou o Tal..." César Ladeira subiu a oferta para um conto de réis e passou a apresentá-lo como Moreira da Silva, o Tal.
Em 1939 excursionou por Portugal, onde chegou a trabalhar no filme A varanda dos rouxinóis, dirigido por Leitão de Barros. Com a fama de malandro, passou a interpretar um personagem nos enredos de seus sambas de breque. O Kid Morengueira, presente no enorme sucesso O rei do gatilho (Miguel Gustavo), que originou uma série de sambas do mesmo autor, que ele gravou dentro do tema cinematográfico. O disco de maior sucesso dentro deste tema foi O rei do gatilho, de 1962.
Lançou vários discos ao longo de sua carreira e participou de outros vários. Dentre eles, destacaram-se Morengueira 64 (1964, Odeon), Conversa de botequim (1966, Odeon), Manchete do dia (1970, Odeon), entre outros. Em 1976 gravou as faixas Acertei no milhar e Dinheiro não é semente no LP "O dinheiro na música popular brasileira". Em 1979 foi convidado por Chico Buarque, participou das gravações do LP "Ópera do malandro". Em 1980, no Projeto Pixinguinha, excursionou por todo o Brasil.
Desde os anos 80, era sempre lembrado no dia de seu aniversário, 1º de abril, conhecido como o Dia da Mentira. Nesta data, costumava desfilar de carro na Rua da Carioca, no Centro do Rio de Janeiro, vestido de terno branco e chapéu-panamá, encarnando o estereótipo do "malandro". Fora sua atuação como cantor, ficou famoso por seu temperamento irreverente, com resposta para tudo na ponta da língua.
Em 1995 apresentou-se com grande sucesso no Teatro João Caetano, no Projeto Seis e meia e, no ano seguinte, seus 94 anos de idade foram comemorados na Boite Ritmo, em São Conrado, Rio de Janeiro, com participação especial de vários artistas. Lançou seu último CD, Três malandros in Concert, em parceria com Bezerra da Silva e Dicró, uma sátira ao disco Três tenores in Concert , de Plácido Domingo, José Carreras e Luciano Pavarotti. Em 1996 vira tema de livro com o lançamento de Moreira da Silva - O último dos malandros, de Alexandre Augusto.
Em 1998 participou do CD comemorativo "Brasil são outros 500", gravando as faixas Amigo urso e Resposta ao amigo, cantando em duo com Gabriel O Pensador. Morreu em 2000, quando foi homenageado com um show beneficente no Canecão que reuniu diversos artistas como Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Sandra de Sá, Elza Soares, Carmen Costa, Emilinha Borba, Jads Macalé e Billy Blanco. Morreu em 6 de junho de 2000, no Rio de Janeiro, de falência múltipla dos órgãos.
Algumas músicas:

Nássara

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Nássara (Antônio Gabriel Nássara), compositor e caricaturista, nasceu no Rio de Janeiro RJ, em 11/11/1910, e faleceu em 11/12/1995. Nascido no bairro de São Cristóvão, tinha dois anos quando a família se mudou para Vila Isabel, na mesma rua em que morava Noel Rosa.
Em sua mocidade freqüentou o Ponto de Cem Réis, em Vila Isabel, onde se reuniam boêmios e sambistas, inclusive o vizinho Noel Rosa, que, mais tarde, foi seu parceiro na marcha Retiro da saudade (1934), gravada por Francisco Alves e Carmen Miranda, em dupla, e Os Diabos do Céu. Em 1927, passou a trabalhar como caricaturista do jornal O Globo, do Rio de Janeiro.
Por 1928 ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, para fazer o curso de arquitetura, e, com os colegas, formou um grupo musical, a Turma da E.N.B.A., integrado por J. Rui, Barata Ribeiro, Manuelito Xavier e Jaci Rosas e, mais tarde, pelo cantor Luís Barbosa, que não era aluno da escola.
Em 1931, sua composição Para o samba entrar no céu... (com Almirante e J. Rui) foi gravada por Almirante. No ano seguinte, trabalhando no jornal Mundo Sportivo, participou da organização do primeiro concurso de escolas de samba, patrocinado pelo jornal. Por essa época, abandonou o curso de arquitetura, passando a trabalhar somente como caricaturista, diagramador e paginador de jornais e revistas cariocas, entre os quais A Noite, A Crítica, A Hora, O Radical, A Nação, Careta, O Cruzeiro, Última Hora e A Jornada, periódico fundado por Orestes Barbosa.
Nessa mesma época, trabalhou, durante seis meses, no Programa Casé, da Rádio Philips, inicialmente como locutor e, depois, como redator de anúncios. Um dos pioneiros do jingle no Brasil, nessa rádio anunciou a padaria Bragança com um jingle, em ritmo de fado, que se tornou muito popular. Seu primeiro sucesso, a marcha Formosa (com J. Rui), foi lançado no Carnaval de 1933 pela dupla Mário Reis e Francisco Alves, na Odeon.
Para o Carnaval de 1934, Francisco Alves gravou Tipo sete (com Alberto Ribeiro), que obteve o primeiro lugar no concurso da prefeitura na categoria marcha. Em 1935, compôs Coração ingrato (com Eratóstenes Frazão) e, em 1938, fez grande sucesso com a marchinha Periquitinho verde (com Sá Róris), gravada na Odeon por Dircinha Batista.
Em 1939, com Frazão, seu parceiro mais constante, fez Florisbela, vencedora do concurso oficial carnavalesco daquele ano e gravada por Sílvio Caldas, além do samba Meu consolo é você (com Roberto Martins), sucesso de Orlando Silva.
No Carnaval de 1941, lançou Nós queremos uma valsa (com Frazão), gravada por Carlos Galhardo. Nesse ano, uma das composições mais cantadas no Carnaval foi a sua Allah-la-ô (com Haroldo Lobo), gravada por Carlos Galhardo com uma célebre orquestração de Pixinguinha.
De 1943 a 1945, colaborou assiduamente na revista O Cruzeiro, fazendo charges relativas à Segunda Guerra Mundial. No final da década de 1940, tornou-se parceiro de Wilson Batista. A primeira composição da dupla, a marcha Balzaquiana, foi gravada em 1950 por Jorge Goulart, e, traduzida para o francês por Michel Simon, foi lançada na França por ocasião das comemorações do centenário de Honoré de Balzac (1799-1850). Repetiram o sucesso no Carnaval de 1951 com a marcha Sereia de Copacabana, e no de 1952 com o samba Mundo de zinco, ambos também gravados por Jorge Goulart. Em 1953 compôs o samba Chico Viola (com Wilson Batista), em homenagem a Francisco Alves - que acabara de morrer em acidente automobilístico -, gravado por Linda Batista.
Desiludido com os esquemas de comercialização do Carnaval, sua produção começou a diminuir a partir do final da década de 1950. Voltou a compor em 1968, lançando, para o Carnaval, O craque do tamborim (com Luís Reis).
A 13 de fevereiro de 1968 prestou depoimento sobre sua vida ao MIS, do Rio de Janeiro. Em 1972 voltou a trabalhar como desenhista, fazendo as 12 capas dos LPs da série No tempo dos bons tempos, da Philips, etiqueta Fontana. Nessa época, colaborou no semanário carioca O Pasquim. Seu trabalho como cartunista foi tema do livro Nássara desenhista, de Cássio Loredano, publicado pela Funarte em 1985.
Vários artistas das novas gerações fizeram caricaturas dele para uma exposição, em sua homenagem, no Museu de Belas Artes (Rio de Janeiro), em 1990. Não chegou a ver publicado seu último trabalho, de 1996, com mais de 30 desenhos que ilustravam o livro infantil Moça perfumosa, rapaz pimpão, de Daniela Chindler. Era o primeiro livro infantil que ilustrava.

Newton Teixeira

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Newton Teixeira (Newton Carlos Teixeira), compositor, cantor e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro RJ, em 4/4/1916, e faleceu em 7/3/1990. Cursou o primário no colégio do barão de Macaúbas e até o quarto ano secundário no Pritaneu Militar. Aos dez anos começou a aprender bandolim com Chico Neto e aos 15 optou pelo violão. Passou então a aparecer nas rodas boêmias do Rio de Janeiro da década de 1930, como o Ponto dos Cem Réis, freqüentado por Noel Rosa e muitos outros, em Vila Isabel.
Irmão do violonista e compositor Valzinho, antes de começar sua carreira profissional, acompanhou ao violão cantores famosos, como Sílvio Caldas, Francisco Alves, João Petra de Barros e o então iniciante Orlando Silva, de quem se tornaria grande amigo e a quem mais tarde entregaria algumas de suas melhores composições, como a marcha Mal-me-quer (com Cristóvão de Alencar), gravada em 1940, na Victor.
Em 1936 compôs sua primeira música, o samba Tudo me fala do teu olhar (com Cristóvão de Alencar), gravado por Sílvio Caldas na Victor e no mesmo ano teve sua primeira composição gravada, Ela disse adeus (com Cristóvão de Alencar), na voz de Francisco Alves, na Victor. Como cantor gravou na Odeon, em 1937, Quando eu for bem velhinho (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins), acompanhado ao violão por Orlando Silva e Sílvio Caldas. Estreou, no mesmo ano, na Rádio Guanabara, onde se apresentava também com o regional da emissora, na qual permaneceu ainda por dois anos.
Em 1939 fez grande sucesso com Deusa da minha rua (com Jorge Faraj), interpretada por Sílvio Caldas, na Victor. No mesmo ano transferiu-se para a Rádio Tupi, interrompendo sua carreira de cantor em 1943, devido a uma operação na garganta. Passou a atuar na Rádio Jornal do Brasil em 1949, transferindo-se três anos depois para a Rádio Nacional.
Deixou o rádio em 1955, passando a apresentar-se apenas em ocasiões especiais. Foi sócio fundador da SBACEM e trabalhou como secretário da entidade. Seus principais parceiros são Cristóvão de Alencar Jorge Faraj, Brasinha, Mário Rossi e Francisco Neto.
Em 1969 alcançou novo sucesso com a marcha-rancho Avenida iluminada (Lágrimas de um coração) (com Brasinha), que, defendida por Zé Kéti, tirou o segundo lugar em concurso promovido pela Secretaria de Turismo, MIS e TV Tupi, no Rio de Janeiro, no Carnaval de 1969.
Obras
Avenida iluminada (Lágrimas de um coração) (c/Brasinha), marcha-rancho, 1969; Deusa da minha rua (c/Jorge Faraj), valsa, 1939; Deusa do cassino (c/Torres Homem), valsa, 1937; Enquanto a cidade adormece, samba, 1944; Errei... erramos, samba, 1938; Mal-me-quer (c/Cristóvão de Alencar), marcha, 1940; Não (c/Cristóvão de Alencar), valsa, 1940; Pelo amor que eu tenho a ela (c/Antônio Almeida), samba, 1936.

Nílton Bastos

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Nílton Bastos, compositor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 12/7/1899 e faleceu em 8/9/1931. Filho de um comerciante português e de uma costureira, passou a infância no bairro de São Cristóvão. Não concluiu o primário e jamais estudou música: tocava piano de ouvido e freqüentou desde cedo as rodas de samba, começando pelos ranchos carnavalescos Flor de Abacate e Ameno Resedá. Trabalhou como torneiro mecânico no Arsenal de Guerra e, a partir da década de 1920, passou a freqüentar os redutos de samba do Estácio, como o Bar e Café Apolo, convivendo com Ismael Silva, Baiaco, Bide, Brancura, Mano Rubem, compositores que, como ele, foram responsáveis pelo desenvolvimento do samba.
Começou a compor em parceria com Ismael Silva e, quando Francisco Alves propôs a Ismael, em 1928, gravar suas músicas mediante inclusão de seu nome como co-autor, Ismael exigiu que o nome de seu parceiro habitual também constasse. Assim, Se você jurar - gravado com grande sucesso pela dupla Francisco Alves e Mário Reis, em 1931, na Odeon - é, como muitos outros sambas, atribuído aos três, embora a autoria desse samba tenha sido sempre motivo de polêmica, Mário Reis, por exemplo, atribui-lhe a autoria exclusiva da música.
A mesma dupla - Francisco Alves e Mário Reis - tornou famosos outros sambas seus, feitos em parceria com Ismael: Não há, O que será de mim, Anda, vem cá, Arrependido, Nem é bom falar. Fez parte do grupo Bambas do Estácio, que acompanhava Francisco Alves em gravações. Morreu prematuramente de tuberculose pulmonar e, em sua homenagem, Ismael Silva, junto com Noel Rosa e Francisco Alves, compôs o samba Adeus (1932).

Noel Rosa

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noelros
Noel Rosa mudou os rumos da Música Popular Brasileira. Colocou na medida exata, o peso da poesia nas composições. Tudo o que aconteceria em nossa música nas décadas seguintes teria, de alguma forma, sua marca ou sua influência.
Noel de Medeiros Rosa nasceu no chalé da rua Teodoro Silva, em Vila Isabel (RJ), no dia 11 de dezembro de 1911 e lá morreu, em 4 de maio de 1937. Filho de Manoel Garcia de Medeiros Rosa, funcionário público, e de Martha de Medeiros Rosa, professora que o iniciou nas primeiras letras na escolinha que mantinha na sua própria casa. Nasceu de um parto muito difícil, arrancado a fórceps sofreu afundamento e fratura do maxilar o que lhe causou uma paralisia parcial no lado direito do rosto, como conseqüência carregou o defeito no queixo, o qual acentuava nas suas auto-caricaturas, ao mesmo tempo que manteve-se sempre tímido em público, evitando ser visto comendo.
Quando ainda era pequeno, o pai foi trabalhar em Araçatuba (SP) como agrimensor numa fazenda de café. A mãe abriu uma escola em sua própria casa, no bairro de Vila Isabel, sustenta do assim os dois filhos — o menor, Henrique, nascera em dezembro de 1914. Foi alfabetizado pela mãe e, aos 13 anos, entrou para o colégio Maisonnette, cursando depois o São Bento, onde ficou até 1928, conhecido pelos colegas como Queixinho.
Aos 13 anos, começou a tocar bandolim de ouvido, logo passando para o violão, que aprendeu com o pai e com amigos de casa: seu primo Adílio, Romualdo Miranda, Cobrinha e Vicente Sabonete, entre outros. Por 1925, já dominando o instrumento, tocava em serenatas do bairro acompanhado pelo irmão.
Em 1929, terminado o ginásio, preparou-se para entrar na Faculdade de Medicina, sem deixar de lado o violão e as serenatas. Em Vila Isabel, estudantes do Colégio Batista e moradores do bairro haviam formado um conjunto musical, o Flor do Tempo, que se apresentava em festas de família. Convidados a gravar em 1929, o grupo foi reformulado, com o novo nome de Bando de Tangarás (figura ao lado: charge dos Tangarás), conservando João de Barro, Almirante, Alvinho e Henrique Brito, componentes da primitiva formação, e incluindo-o, pois, embora jovem, era conhecido no bairro como bom violonista. Participou assim das primeiras gravações do Bando de Tangarás, o samba Mulher exigente, seguido de uma embolada e um cateretê (todos de Almirante). No mesmo ano escreveu suas primeiras composições, a embolada Minha viola e a toada Festa no céu, que gravou em 1930 nas duas faces de um 78 rpm da Parlophon. Compôs ainda, em 1931, duas canções sertanejas, Mardade de cabocla e Sinhá Ritinha (com Moacir Pinto Ferreira); decidiu-se depois, definitivamente, pelo samba.
Freqüentando o Ponto de Cem Réis, bar de Vila Isabel, entrou em contato com sambistas dos morros cariocas. Entre eles conheceu Canuto, do morro do Salgueiro, seu parceiro em algumas composições, como o samba Esquecer e perdoar, de 1931, e intérprete das primeiras gravações deste e de Eu agora fiquei mal (com Antenor Gargalhada); este último parceiro era o principal dirigente da Escola de Samba Azul e Branco, do Salgueiro. Dividindo-se entre a música e a medicina, Noel freqüentava a faculdade, que abandonou em 1932, restando dessa experiência de estudante o “samba anatômico” Coração, gravado no ano seguinte.
Em 1930 surgiu seu primeiro sucesso, o samba Com que roupa?apresentado pelo autor em espetáculos do Cinema Eldorado, e que já trazia na letra a observação crítica e humorística da vida carioca que marcaria toda a sua obra. No ano seguinte, essa música entrou em diversas revistas, entre as quais Deixa esta mulher chorar (dos irmãos Quintiliano), Com que roupa? (de Luís Peixoto) e Mar de rosas (de Velho Sobrinho e Gastão Penalva). Ainda em 1931, lançou diversos sambas, entre os quais Mulata fuzarqueira, Cordiais saudações e Nunca... jamais e conheceu Marília Batista, que se tornaria sua intérprete favorita. Por essa época várias composições suas foram aproveitadas em revistas musicais: por exemplo, em Café com música, de Eratóstenes Frazão, apareceram os sambas Eu vou pra Vila, Gago apaixonado, Malandro medroso e Quem dá mais? (ou Leilão do Brasil), e a marcha Dona Araci; em Mar de rosas, de Gastão Penalva e Velho Sobrinho, os sambas Cordiais saudações, Mulata fuzarqueira e Mão no remo (com Ary Barroso).
Ainda como componente do Bando de Tangarás, estreou na Rádio Educadora; depois de passar pela Mayrink Veiga, nesse ano de 1931 atuou na Rádio Philips, em que trabalhou como contra-regra do Programa Casé, apresentando-se também como cantor, ao lado de Almirante, Patrício Teixeira, Marília Batista e João de Barro. Formando com Lamartine Babo e Mário Reis o conjunto Ases do Samba, apresentou- se em São Paulo SP; o sucesso obtido animou-o a excursionar ao Sul do país, com Mário Reis. Em Porto Alegre RS exibiram-se no Cine Teatro Imperial com Francisco Alves, o pianista Nonô e o bandolinista Peri Cunha. Voltaram ao Rio de Janeiro em junho de 1932, depois de apresentações em cidades gaúchas, Florianópolis SC e Curitiba PR.

Convidado por Francisco Alves, passou a integrar, juntamente com Ismael Silva, um trio que participou de diversas gravações na Odeon, usando os nomes de Turma da Vila, Gente Boa e Bambas do Estácio. Formaram também uma tripla parceria, na qual, segundo consta, Francisco Alves teria entrado sobretudo com seu prestígio de cantor, embora seu nome apareça como co-autor, sendo as primeiras, surgidas em 1932, os sambas Adeus e Uma jura que fiz, e a marchinha Assim, sim!. Somente com Ismael Silva, lançou 11 composições, entre as quais os sambas Para me livrar do mal (1932), Ando cismado (1933) e Quem não quer sou eu (1933), gravando com ele diversas dessas composições na Odeon. O ano de 1932 marcou ainda o início de outra parceria responsável por sucessos antológicos, iniciada quando conheceu na Odeon o compositor paulista Vadico. Juntos fizeram Feitio de oração (1933), Feitiço da Vila (1934), Conversa de botequim (1935) e muitas outras, em que apareceu como letrista.

O ano de 1933 é dos mais fecundos da vida do compositor, registrando mais de 30 músicas gravadas. Além dos sucessos carnavalescos Até amanhã, Fita amarela e Vai haver barulho no chatô (com Valfrido Silva), outras produções importantes desse ano foram os sambas Onde está a honestidade?, O orvalho vem caindo (com Kid Pepe), Três apitos e Positivismo (com Orestes Barbosa). No mesmo ano teve início a polêmica com Wilson Batista, em torno da qual seriam produzidos diversos sambas famosos: Lenço no pescoço (Wilson Batista) fazia a apologia do sambista malandro, imagem que contestou com Rapaz folgado; Wilson Batista retrucou com Mocinho da Vila, encerrando a primeira fase da polêmica, que continuou depois de algum tempo com novos sambas de parte a parte.

polemica

Episódios do folclore musical brasileiro: a polêmica entre Noel Rosa e Wilson Batista.

Em 1934 excursionou com Benedito Lacerda, Russo do Pandeiro, Canhoto e outros componentes do grupo Gente do Morro. De volta ao Rio de Janeiro, em junho de 1934 conheceu num cabaré da Lapa a dançarina Ceci (Juraci Correia de Araújo), de 16 anos (foto ao lado), a grande paixão de sua vida e a inspiradora de muitos sambas: Pra que mentir (com Vadico), O maior castigo, Só pode ser você (com Vadico), Quantos beijos (com Vadico), Quem ri melhor, Cem mil réis (com Vadico) e Dama do cabaré e Último desejo. Ainda em 1934 a marcha Linda pequena (com João de Barro) foi gravada por João Petra de Barros; a música, com a letra ligeiramente alterada por João de Barro, foi gravada depois por Sílvio Caldas com o nome de Pastorinhas, vencendo o concurso carnavalesco de 1938, promovido pela prefeitura do então Distrito Federal.

Apesar da notória paixão por Ceci, casou com Lindaura, em 1934. Essa união não alterou em nada sua vida boêmia e as noitadas na Lapa, que acabaram por comprometer sua saúde. Em janeiro de 1935, com lesão nos dois pulmões, foi obrigado a se retirar do Rio de Janeiro para tratamento, indo para Belo Horizonte MG, onde continuou a boêmia, freqüentando bares e o meio artístico da cidade, e apresentou-se na Rádio Mineira. Com a morte do pai no mesmo ano, voltou para o Rio de Janeiro.

Ainda em 1935, Araci de Almeida gravou seu samba Riso de criança, dando início a uma série de gravações que a tornaram uma de suas principais intérpretes. Ingressou então na Rádio Clube do Brasil, onde elaborou o programa humorístico Clube da Esquina, para o qual escreveu revistas radiofônicas que alcançaram sucesso: O barbeiro de Niterói, paródia da ópera II Barbieri di Siviglia, de Gioacchino Rossini (1792-1868), e Ladrão de galinha, em que utilizou músicas populares da época, além de A noiva do condutor, terminada em 1936 pelo maestro Arnold Glückmann, autor dos arranjos. Foi convidado pela produtora Carmen Santos para escrever músicas para o filme Cidade-mulher, dirigido por Humberto Mauro; e compôs então a marcha Cidade-mulher, a valsa Numa noite a beira-mar e os sambas Dama do cabaré, Maria Fumaça, Morena sereia (com José Maria de Abreu) e Tarzan (O filho do alfaiate) (com Vadico).

Prosseguia a polêmica com Wilson Batista, que lançou Conversa fiada, respondendo ao seu Feitiço da Vila (com Vadico), de 1934; contra-atacou com Palpite infeliz (1935), mas não respondeu a dois outros sambas, Frankenstein da Vila e Terra de cego.

Da produção de 1935 destacam-se ainda os sambas João Ninguém, Cansei de implorar (com Arnold Glückmann), Conversa de botequim (com Vadico) e a marcha Pierrô apaixonado (com Heitor dos Prazeres). Em 1936 produziu uma única composição, o samba Você vai se quiser, que gravou em dupla com Marília Batista, e que foi um de seus grandes êxitos naquele ano, ao lado de O 'x' do problema, gravado por Araci de Almeida e incluído na revista Rio follie (Jardel Jércolis, Geysa Boscoli e J. Otaviano) e De babado (com João Mina), gravado por Marília Batista. Ainda em 1936, Não resta a menor dúvida (com Hervé Cordovil) e Pierrô apaixonado foram incluídas na trilha sonora do filme Alô, alô, Carnaval, de Ademar Gonzaga.

Em fevereiro de 1937, viajou para Nova Friburgo RJ. Apesar da doença, apresentou-se no cinema local e freqüentava os bares da cidade. De volta ao Rio de Janeiro em março, compôs Último desejo (gravado por Araci de Almeida), e logo em seguida o samba Eu sei sofrer, sua última composição, gravada por Araci de Almeida e Benedito Lacerda exatamente no dia de sua morte.

Em abril viajou novamente, para Barra do Piraí RJ, mas voltou às pressas, em estado muito grave. A 4 de maio morreu em Vila Isabel, aos 26 anos, deixando 230 composições (mais as que vendeu).


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Lindaura chora sobre o túmulo de Noel logo após o sepultamento, em 1937. O mito nunca morreu no meio do povo, mas partiu deixando uma grande lacuna na vida de sua jovem viúva.

O Feitiço da Vila

"Vila Isabel veste luto/ pelas esquinas escuto / violões em funeral/ choram bordões choram primas/ soluçam todas as rimas/ numa saudade imortal/ pelas ruas escondida/ cheia de crepes vestida/ a lua fica a chorar/ e por onde a lua chora/ goteja, goteja agora/ nos oitis do Boulevard/ adeus cigarra vadia/ que em toda a sua agonia/ cantava para morrer.."(trecho de "Violões em funeral" de Sílvio Caldas e Sebastião Fonseca).

Noel Rosa era um pândego, quase um humorista, com suas letras irônicas, sarcásticas, quase satíricas. Nas décadas de 20 e 30, ele alegrará o bairro de Vila Isabel, a cidade do Rio de Janeiro e o Brasil. Sua música inovará e, ainda assim, será aceita até pelos conservadores, que não resistirão e deixarão um sorriso, ainda que leve, ir se formando nos lábios, quando o rádio tocar Gago Apaixonado, Que horas são? ou Com que roupa?.

Será um compositor popular, mas, talvez, a figura que melhor se encaixe a ele seja a de um palhaço. Palhaço daqueles que fazem questão de se maquiar colocando uma lágrima no rosto e, a partir dela, ir quebrando lentamente as resistências, ir conduzindo a imaginação de quem ouve, até que surja o sorriso.

A lágrima de Noel sempre esteve estampada em sua face. Surgiu em seu parto: uma operação difícil, resolvida a fórceps, que mobilizou dois médicos e teve como principal conseqüência uma fratura no maxilar inferior do bebê. Mas uma fratura que não foi percebida de imediato e que só seria notada meses depois, passado tempo demais para uma correção definitiva. A criança ficará marcada para o resto da vida. Porém, mais profunda que a deformação física, será a de formação no espírito. Noel carregará um grande complexo. A linha reta que une seu pescoço ao lábio inferior, quase sem a presença do queixo, será responsável por várias amarguras que o acompanharão por todos os caminhos da vida.

Nesse caminhos, Noel Rosa passará inúmeras vezes pelo bulevar 28 de setembro. Em 1932, esta já é a principal rua do bairro de Vila Isabel, zona norte do Rio de Janeiro. Noel não passa despercebido. Ele tem as costas ligeiramente encurvadas, está sempre acompanhado de um violão e é assim que as pessoas que estão nos bares, nos botequins e nas portas de casas o reconhecem e o cumprimentam. E ele pára para conversar e alonga o tempo do trajeto, que o leva até o ponto do bonde e, de lá, para o Café Nice, no centro, ou para os bares e prostíbulos da Lapa ou do Mangue, na zona norte.

Em 1932, Noel Rosa já é um compositor popular. No carnaval passado, o de 1931, sua música Com que roupa? foi a mais executada. A partir daí, Noel incorporaria o bairro de Vila Isabel ao cenário artístico brasileiro. Ele mudou a vida daquela comunidade. Transformou aquelas ruas, casas, pessoas e botequins, tipicamente cariocas e de classe média, em imagens que passaram a povoar a imaginação coletiva brasileira a partir de 1929, quando, aos 19 anos, ele começou, efetivamente, a produzir música. Noel aos 21 anos já põe em prática um estilo de vida boêmio que o levaria ao sucesso e à fama, mas, aos poucos, também lhe tiraria a vida.

Noel já havia começado a fazer diferença no bairro onde nasceu e morou ainda na infância. Era uma criança inquieta, que sempre chegava em casa com as roupas rasgadas, o corpo suado das brincadeiras da rua. Sempre a rua, que seria mais seu lar que sua própria casa. Seria na rua que Noel construiria boa parte de sua personalidade. Ali, ele trataria com os personagens da vida cotidiana, humilde, miserável, fanfarrona e malandra do Rio de Janeiro de então. A criança, que desde cedo aprendera a conviver com o infortúnio do queixo, com o infortúnio do suicídio da avó enforcada numa arvore do quintal, o mesmo Noel que, anos mais tarde, enfrentaria um segundo suicídio: o de seu pai.

O artista abraçaria o mundo de Vila Isabel e, a partir dele, construiria um novo, no qual as formas se aproximariam do real mas seriam, de algum modo, mais fluidas. O malandro das ruas seria transformado por Noel em símbolo. Os olhos do artista se lançariam sobre o dia-a-dia e encontrariam as ironias, as anedotas, as brincadeiras, os amores e as desilusões de todo dia. Mas Noel Rosa era mesmo um pândego, incapaz de levar a vida dentro de padrões normais de bom comportamento da época. Quando fez dezessete anos, foi convocado pelo exército e serviu no Tiro de Guerra. Sua passagem pelos quartéis ficou marcada por várias repreensões, em função das paródias que ele costumava inventar para as quadrinhas cantadas durante as marchas.

Ainda no Colégio São Bento onde ele completou seus estudos de segundo grau, ficou famoso o episódio em que ele, Noel, seguia à frente de um desfile, comandando um pelotão de alunos. Ele marchava firme, com a espada desembainhada, apontada para o alto, e os colegas o acompanhavam. Mas, de repente, ele começou a dançar e a rebolar e os outros caíram na gargalhada e dispersaram a parada. Valeu uma suspensão.

Depois do exército, estava decidido a realizar o sonho de sua família e se tornar médico. Prestou o vestibular e não passou. No ano seguinte, tentou novamente e foi aprovado. Começou a cursar, mas nessa época, o samba já o absorvia por inteiro. Foi um período em que ele ficou em dúvida sobre que caminhos deveria adotar para continuar a vida. Pensava em se dividir, fazer medicina e continuar sambista. Mas, logo percebeu que a mistura era impossível. A Medicina foi abandonada, mas deixou lembranças, como a letra do samba Coração, uma música anatômica, como afirma o próprio Noel.

Essa mistura de deboche e inconseqüência foi a marca, também, de seu casamento. Por volta de 1930, sua mãe, Dona Martha, já havia transformado a casa da família em uma escola e uma de suas alunas era uma garota chamada Lindaura. E tudo começou com Noel esperando por ela no final das aulas, a pretexto de acompanhá-la até em casa. Como todo namoro, evoluiu para as mãos dadas, os beijinhos e logo, mesmo contra a vontade da mãe de Lindaura, ela já estava casada aos 13 anos de idade. Casada com um Noel 11 anos mais velho que ela, já sambista, já boêmio. Lindaura conta que o casamento foi um misto de alguns momentos hilários e de muitos momentos tristes. Ela se lembra da vez em que os dois combinaram ir ao cinema no centro. Antes, decidiram parar numa leiteria para comer arroz doce. Sentado de frente para a rua, Noel logo avistou algum conhecido e saiu para conversar. Não voltou. Lindaura ficou lá, esperando, em vão, sem dinheiro nenhum para pagar a conta ou tomar o bonde. Foi socorrida pelo garçom que conhecia Noel e lhe emprestou o dinheiro. E ela voltou para casa, dez da noite — o que para os padrões da época era de madrugada —, decidida a nunca mais sair de casa com o marido.

Mas havia o outro lado de Noel. Que deixava versos e bilhetes de amor presos às cordas do violão, para que ela os encontrasse pela manhã, quando ele ainda não havia chegado em casa vindo da noite de boemia. A mesma noite e a mesma boemia que, misturadas ao álcool, foram alguns dos responsáveis por seus pulmões perfurados pela tuberculose, que acabaria levando-o à morte, quando tinha apenas 26 anos, quatro meses e vinte e três dias. Essa foi sempre a marca de Noel. Sua criação não requeria uma condição especial. À noite, a bebida e a poesia iam se misturando e se transformando em canções. Não havia rituais. Sua música não pedia estados de torpor, adormecimento ou euforia. Seus elementos eram outros. E, talvez, tivessem como únicos requisitos o lugar: era na rua que eles surgiam e era nos botequins que eles cresciam e ganhavam a cidade.

No caso de Noel, a música brotava espontaneamente. As sim, quase a esmo. Era uma atividade tão corriqueira quanto conversar com os amigos. Começava cantarolando, as palavras iam se misturando aos sons e pronto! Mais um samba estava terminado. Para Noel, a música sempre foi uma solução. Era a música que lhe aliviava a carga da deformação na face, lhe garantia acesso fácil às mulheres, que, de outra maneira, poderiam desprezá-lo. Era a música que garantia uma certa complacência da família para com seu comportamento até certo ponto irresponsável e lhe abria espaços no meio da sociedade de então. Era por meio da música que ele dava vazão à sua personalidade irreverente e ambígua. Noel Rosa era aquele tipo especial de pessoa que carrega uma tristeza nos olhos mas consegue melhorar um pouco a vida dos que estão em volta.

A trajetória de Noel foi um caminho de duas vias. De um lado, o trágico de sua vida pessoal. De outro, a alegria dos versos e das músicas. Quando ele morreu, já havia virado mito, estava cravado no imaginário popular e suas músicas faziam coro na memória das pessoas. E na memória da MPB.

Cifras e letras de músicas

A.b.surdo, Adeus, AEIOU, Araruta, Até amanhã, Boa viagem, Cem mil réis, Coisas nossas, Com mulher não quero mais nada, Com que roupa?, Conversa de botequim, Cor de cinza, Coração, Cordiais saudações, Dama do cabaré, De babado, Espera mais um ano, Eu sei sofrer, Eu vou pra Vila, Feitiço da Vila, Feitio de oração, Filosofia, Fita amarela, Fui louco.

Gago apaixonado, João Ninguém, Julieta, Maria Fumaça, Mentir, Minha viola, Mulato bamba, Mulher indigesta, Na Bahia, Não tem tradução, O maior castigo, O orvalho vem caindo, O que é que você fazia?, O 'x' do problema, Onde está a honestidade?, Palpite infeliz, Para atender a pedido, Para me livrar do mal, Pastorinhas, Pela décima vez, Picilone, Pierrô apaixonado, Pra que mentir, Provei.

Quando o samba acabou, Quantos beijos, Que bom, felicidade que vai ser, Que se dane, Quem não quer sou eu, Quem ri melhor, Rapaz folgado, Saí da tua alcova, Século do progresso, Seja breve, Sem tostão, Só pode ser você, Tarzan (O filho do alfaiate), Tipo zero, Três apitos, Triste cuíca, Último desejo, Uma jura que fiz, Vai haver barulho no chatô, Você só... mente , Você vai se quiser.

Obra completa

A-B-Surdo (c/Lamartine Babo), marcha, 1930; A-E-l-O-U (c/Lamartine Babo), marchinha, 1931; Adeus (c/Francisco Alves e Ismael Silva), samba, 1932; Agora, samba, 1931; Alô, beleza, s.d.; Amar com sinceridade (c/Sílvio Pinto) samba, s.d.; Amor de parceria, samba-choro, 1933; Ando cismado (c/lsmael Silva), samba, 1933; Ao meu amigo Edgar (João Nogueira), samba, 1935/1976; Araruta (c/Orestes Barbosa), samba, 1932; Arranjei um fraseado, samba, 1933; Assim, sim (c/Francisco Alves e Silva), marcha, 1932; Atchim (c/Hamilton Sbarra), marcha, 1935/1969; Até amanhã, samba, 1933; Baianinha, choro, 1929; Balão apagado (c/Marília Batista), samba, 1936/1961; Belo Horizonte, paródia, 1935; Boa viagem (c/Ismael Silva), samba, 1934; Boas tensões (c/Arnold Glückmann), valsa, 1935; Bom elemento (c/Quidinho), samba, 1930; Brincadeira de roda, s.d.; Cabrocha do Rocha (c/Sílvio Caldas), samba, s.d.; Cadê trabalho? (c/Canuto), samba, 1932; Canção do galo capão, marcha-paródia, 1935; Cansei de implorar (c/Arnold Glückmann), samba, 1935; Cansei de pedir, samba, 1935; Canta Colombina (c/Jorge Faraj), 1935; Capricho de rapaz solteiro, samba 1933; Cem mil-réis (ou Você me pediu) (c/Vadico), samba, 1936; Choro, choro, s.d.; Chuva de vento, embolada, 1937; Cidade-mulher, marcha, 1936; Coisas do sertão, samba, 1929; Coisas nossas (ou São coisas nossas), samba, 1932; Com mulher não quero mais nada (c/Sílvio Pinto), samba, s.d.; Com que roupa?, samba, 1930; Condena o teu nervoso, paródia, 1935; Contraste, samba, 1933; Conversa de botequim (c/Vadico), samba, 1935; Cor de cinza, samba, 1933; Coração, samba, 1933; Cordiais saudações, samba, 1931; Cumprindo a promessa, 1925; Dama do cabaré, samba, 1936; De babado (c/João Mina), samba, 1936; De qualquer maneira (c/Ari Barroso), samba, 1933; Deixa de ser convencida (c/Wilson Batista), samba, 1935; Devo esquecer (c/Gilberto Martins), samba, 1930; Disse-me adeus, samba, 1935; Disse-me-disse, samba-choro, 1935; Dona Araci, marcha, 1930; Dona do lugar (c/lsmael Silva e Francisco Alves), samba, 1933; Dona do meu nariz, paródia, 1933; Dona Emilia (c/Glauco Viana), marcha, 1930; É bom parar (c/Rubens Soares), 1936; É difícil saber fingir, s.d.; Envio essas mal traçadas, paródia, 1935; É peso, samba, 1932; É preciso discutir, samba, 1931; Escola de malandro (c/Ismael Silva e Orlando Luís Machado), samba, 1932; Espera mais um ano, samba, 1932; Esquecer e perdoar (c/Canuto), samba, 1931; Esquina da vida (ou Na esquina da vida) (c/Francisco Matoso), samba, 1933; Estamos esperando, samba, 1932; Estátua da paciência (c/Gerônimo Cabral), fox-trot, 1931; Este meio não serve (c/Donga), samba, 1936; 5 da manhã (c/Ari Barroso), samba, 1933; Eu agora fiquei mal (c/Antenor Gargalhada), samba, 1931; Eu não, preciso mais do seu amor, s.d.; Eu queria um retratinho de você (c/Lamartine Babo), samba, 1933; Eu sei sofrer, samba, 1937; Eu vi num armazém, paródia, 1935; Eu vou pra Vila, samba, 1930; Faz de conta que eu morri (c/Henrique Gonzales), s.d.; Faz três semanas, paródia, s.d.; Feitiço da Vila (ou Feitiço sem farofa) (c/Vadico), samba, 1934; Feitio de oração (c/Vadico), samba-canção, 1933; Felicidade (ou Que bom, felicidade que vai ser) (c/René Bittencourt), samba, 1932; Festa do céu, toada, 1930; Filosofia (c/André Filho), samba, 1933; Finaleto (c/Arnold Glückmann), samba canção, 1935; Fiquei rachando lenha (c/Hervé Cordovil), samba, 1934; Fiquei sozinha (c/Adauto Costa), marcha-rancho, 1931; Fita amarela, samba, 1933; Fita de cinema, 1935; Foi ele, paródia, 1935; Fui louco (c/Bide), samba, 1933; Fui uma vez, paródia, s.d.; Gago apaixonado, samba, 1930; A Genoveva não sabe o que diz, paródia, 1935; Gosto mas não é muito (c/Francisco Alves e Ismael Silva), marcha, 1931; Habeas-corpus (c/Orestes Barbosa), samba, 1933; Ingênua (c/Glauco Viana), valsa, 1930; Isso não se faz (c/Ismael Silva e Francisco Alves), samba, 1933; Já não posso mais (c/Canuto, Puruca e Almirante), samba, 1932; Já sei que tens novo amor (c/Ismael Silva e Francisco Alves), samba, 1933; João Ninguém, samba-canção, 1935; João teimoso (c/Marília Batista), samba, s.d.; O Joaquim é condutor (c/Arnold Glückmann), marcha, 1935; Julieta (c/Frazão), fox-trot, 1931; Juju, marcha, 1935; Lataria (c/João de Barro e Almirante), marcha, 1930; Leite com café (ou Morena ou loura) (c/Hervé Cordovil), samba, Linda pequena (c/João de Barro), marcha, 1934; Lira abandonada, canção, 1930; Madame honesta, s.d.; O maior castigo que eu te dou, samba, 1934; Mais um samba popular (ou Fiz um poema) (c/Vadico), samba, 1934; Malandro medroso, samba, 1930; Mão no remo (ou Iça a vela) (c/Ari Barroso), samba, 1931; Marcha da prima... Vera, 1934; Marcha do dragão (c/Vadico), 1936; Mardade de cabocla, canção sertaneja, 1931; Maria Fumaça, samba, 1936; Mas como... outra vez? (c/Francisco Alves), marcha, 1932; Mas quem te deu tudo isso?, 1937; A melhor do planeta (c/Almirante), samba, 1934; Menina dos meus olhos (c/Lamartine Babo), marcha, 1936; Mentir (ou Mentira necessária), samba, 1933, Mentiras de mulher, samba, 1932; Meu barracão, samba, 1933; Meu bem, samba, 1931; Meu sofrer (ou Queixumes) (c/Henrique Brito), canção, 1930; Minha viola, embolada, 1930; Morena sereia (c/José Maria de Abreu), marcha, 1936; Muito riso, pouco siso, s.d.; Mulata fuzarqueira (ou Fuzarqueira), samba, 1931; Mulato bamba (ou Mulato forte), samba, 1931; Mulher indigesta, samba, 1932; Na Bahia (c/José Maria de Abreu), samba, 1936; Não brinca não (ou E não brinca não), embalada, 1932; Não digas (c/Ismael Silva e Francisco Alves), samba, 1933; Não faz, amor (c/Cartola), 1932; Não há castigo (c/Donga), samba, 1932; Não me deixam comer, marcha, 1932; Não morre tão cedo!, s.d.; Não quero mais (c/Nonô), samba, 1933; Não resta a menor dúvida (c/Hervé Cordovil), marcha, 1935; Não tem tradução (ou Cinema falado), samba, 1933; Nega (c/Lamartine Babo), samba, 1931; Negócio de turco, paródia, s.d.; Nem com uma flor (c/Francisco Alves), samba, 1933; No baile da flor-de-lis, samba, s.d.; Nos três dias de folia, samba, 1937; Numa noite à beira-mar, valsa, 1936; Nunca dei a perceber (c/Ismael Silva e Francisco Alves), samba, 1933; Nunca... jamais, samba, 1931; Nuvem que passou, samba, 1932; Onde está a honestidade?, samba, 1933; O orvalho vem caindo (c/Kid Pepe), samba, 1933, Paga-me esta noite, paródia, 1934; Palpite (c/Eduardo Souto), marcha, 1932; Palpite infeliz, samba, 1935; Para atender a pedido, samba, s.d., Para bem de todos nós (c/Arnold Glückmann), marcha, 1935; Para me livrar do mal (c/Ismael Silva), samba, 1932; Pastorinhas (c/João de Barro), marcha-rancho, 1934; Pela décima vez, samba, 1935; Pela primeira vez (c/Cristóvão de Alencar), samba, 1936; Perdão, meu bem (c/Ernani Silva), samba, s.d.; Perdoa este pecador (c/Arnold Glückmann), fox-trot, 1935; Perna bamba (c/Renato Murce), samba, 1930; Pesado treze, paródia, 1931; Picilone, samba, 1931; Pierrô apaixonado (c/Heitor dos Prazeres), marcha, 1935; Por causa da hora, samba, 1931; Por esta vez passa, samba, 1931; Por você sou capaz, s.d.; Positivismo (ou Araruta) (c/Orestes Barbosa), samba, 1933; Pra esquecer, samba, 1933; Pra lá da cidade, s.d.; Pra que mentir? (c/Vadico), samba, 1934; Prato fundo (c/João de Barro), marcha, 1933; Prazer em conhecê-lo (c/Custódio Mesquita), samba, 1932; Precaução inútil, paródia, 1935; Pregando no deserto (c/Nonô), samba, 1933; Primeiro amor (c/Ernâni Silva), samba, 1932; Proezas de seu Fulano, s.d.; Provei (c/Vadico), samba, 1936; O pulo da hora (ou Que horas são?), samba, 1931; Qual a razão? (c/Hélio Rosa), s.d.; Qual foi o mal que eu te fiz? (c/Cartola), samba, 1932; Quando o samba acabou, samba, 1933; Quando pelas aulas ando, paródia, 1927; Quantos beijos (c/Vadico), samba, 1936; Que a terra se abra, paródia, 1935; Que baixo (c/Nássara), marcha, 1936; O que é que você fazia? (c/Hervé Cordovil), marcha, 1935; Que orgulho é este? (c/Alfredo Lopes Quintas), samba, s.d.; Que se dane (c/Jota Machado), samba, 1931; Queimei teu retrato (c/Henrique Brito), samba-canção, s.d.; Quem dá mais? (ou Leilão do Brasil), samba-humorístico, 1930; Quem não dança, samba, 1932; Quem não quer sou eu (c/Ismael Silva), samba, 1933; Quem parte, não parte sorrindo, s d., Quem ri melhor, samba, 1936; Quero falar com você (c/Lauro dos Santos), samba, 1932; Rapaz folgado, samba, 1933; A razão dá-se a quem tem (c/Francisco Alves e lsmael Silva), samba, 1933; Remorso, samba, 1934; Retiro de saudade (c/Nássara), marcha-rancho, 1934; Rir (c/Cartola e Francisco Alves), samba, 1932; Riso de criança (ou Seu riso de criança), samba, 1935; Roubou, mas não leva, paródia, 1935; Rumba da meia-noite (c/Henrique Vogeler), rumba, 1931; Saber amar (c/Alfredo Lopes Quintas), samba, 1935; Saí da tua alcova, canção, s.d.; Saí do presídio, s.d.; Salada russa (c/Renato Murce), embolada, 1930; Samba da boa vontade (c/João de Barro), samba, 1931; Se a sorte me ajudar (c/Germano Augusto Coelho), samba, 1934; Século do progresso, samba, 1934; Sei que vou perder (c/Alfredo Lopes Quintas e Nonô), samba, 1933; Seja breve, samba, 1933; Sem tostão (c/Artur Costa), samba, 1932; Seu Jacinto, marcha, 1933; Seu Zé, paródia, 1935; Silêncio de um minuto, samba, 1935; Sinhá Ritinha (c/Moacir Pinto Ferreira), canção sertaneja, 1931; Só pode ser você (ou Ilustre visita) (c/Vadico), samba, 1935; Só pra contrariar (c/Manuel Ferreira), samba, 1932, Só você, s.d.; O sol nasceu pra todos (c/Lamartine Babo), samba, 1933; Sorrindo sempre (c/Lauro dos Santos, Ismael Silva e Francisco Alves), samba, 1933; Suspiro (c/Orestes Barbosa), samba, s.d.; Tarzã, o filho do alfaiate (c/Vadico), samba-choro, 1936; Tenentes do diabo (c/Visconde de Bicuiba e Henrique Vogeler), marcha, 1932; Tenho raiva de quem sabe (c/Kid Pepe e Zé Pretinho), samba, 1934; Tenho um novo amor (c/Cartola), samba, 1932; Tipo zero, samba, 1934; Três apitos, samba, 1933; Triste cuíca (c/Hervé Cordovil), samba, 1934; Tudo nos une (c/Arnold Glückmann), marcha, 1935; Tudo pelo teu amor (c/Arnold Glückmann), samba-canção, 1935; Tudo que você diz, samba, 1933; Último desejo, samba, 1937; Uma coisa ficou (c/Hervé Cordovil), 1933; Uma jura que eu fiz (c/Francisco Alves e lsmael Silva), samba, 1932; Vagolino de cassino, paródia, s.d.; Vai haver barulho (c/Francisco Alves), samba, 1933; Vai haver barulho no chatô (c/Valfrido Silva), samba, 1933; Vai para casa depressa (ou Cara ou coroa) (c/Francisco Matoso), samba, 1933; Vaidosa, samba, 1931; Vejo amanhecer, samba, 1933; Verdade duvidosa, samba, s.d.; Vingança de malandro, samba-canção, 1930; Vitória (c/Nonô), samba, 1932; Você é um colosso (ou Pisando no meu calo), samba, 1934; Você foi meu azar (c/Artur Costa), samba, 1931; Você, por exemplo, marcha, 1933; Você sabe de onde eu venho?, paródia, 1928; Você só... mente (c/Hélio Rosa), fox-trot, 1933; Você vai se quiser, samba, 1936; Voltaste pro subúrbio (ou Voltaste), samba, 1934; Vou fazer um samba (c/Russo do Pandeiro), samba, 1934; Vou te ripá 1, samba, 1930; Vou te ripá 2, samba, 1930; O x do problema, samba, 1936; Yolanda, samba, 1935.

Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora PubliFolha; MPB Compositores - Noel Rosa - Editora Globo; Site Cifrantiga - Cifras e História da MPB.