quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Eustórgio Wanderley

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Eustórgio Wanderley nasceu no dia 5 de setembro de 1882, na cidade do Recife, PE, onde estudou e morou durante quase toda sua vida. Adulto, dedicou-se ao jornalismo, atuando no Diário da Manhã e no Jornal do Recife.

Dando vazão aos seus pendores musicais, foi parceiro de Nelson Ferreira em diversas valsas e canções, sendo um dos primeiros pernambucanos a participar, pelo selo da RCA – Victor, da discografia brasileira, através de suas cançonetas que fizeram muito sucesso, como A pianista, O almofadinha e A melindrosa.

Durante o tempo que morou no Rio escreveu no Correio da Manhã, em A Noite Ilustrada, no Jornal do Brasil e em O Malho.

Em 1909 compôs a versão mais e picante e maliciosa da polca No bico da chaleira (a primeira versão foi escrita por Juca Storoni também no mesmo ano), gravada na Casa Edison pelos Os Geraldos.

Poeta, teatrólogo, foi membro da Academia Pernambucana de Letras e do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco.

Quando residia no Recife, publicou em dois volumes, Tipos Populares do Recife Antigo (1953/54).

Faleceu no dia 31 de maio de 1962, no Rio de Janeiro.

Fonte: Dicionário de Folcloristas Brasileiros.

Adelmar Tavares

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Adelmar Tavares (Adelmar Tavares da Silva Cavalcanti), advogado, professor, jurista, magistrado e poeta, nasceu em Recife, PE, em 16 de fevereiro de 1888, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 20 de junho de 1963.

Ingressou na Faculdade de Direito do Recife, onde colou grau em 1909. Ainda estudante, começou a colaborar na imprensa como redator do Jornal Pequeno. Em 1910, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde ocupou importantes cargos.

Foi professor de Direito Penal na Faculdade de Direito do Estado do Rio de Janeiro; promotor público adjunto (1910); curador de resíduos e testamentos (1918); curador de órfãos (1918-1940); advogado do Banco do Brasil (1925-1930); desembargador da Corte de Apelação do Distrito Federal (1940) e presidente do Tribunal de Justiça (1948-1950).

Enquanto desenvolvia sua carreira na magistratura, Adelmar Tavares continuava colaborando na imprensa, e seu nome se tornara conhecido em todo o Brasil no setor da trova, sendo considerado, até hoje, o maior cultor desse gênero poético no Brasil.

Suas trovas sempre mereceram referência na história literária brasileira. Sua obra poética caracteriza-se pelo romantismo, lirismo e sensibilidade, sendo recorrentes temas como o da saudade e o da vida simples junto à natureza. É de sua autoria, junto com o compositor Abdon Lyra, a modinha Estela (1910).

Era membro da Sociedade Brasileira de Criminologia, do Instituto dos Advogados, da Academia Brasileira de Belas Artes, membro e patrono da Academia Brasileira de Trovas. Era considerado o Príncipe dos Trovadores Brasileiros. Foi presidente da Academia Brasileira de Letras em 1948.

Obras

Descantes, trovas (1907); Trovas e trovadores, conferência (1910); Luz dos meus olhos, Myriam, poesia (1912); A poesia das violas, poesia (1921); Noite cheia de estrelas, poesia (1925); A linda mentira, prosa (1926); Poesias (1929); Trovas (1931); O caminho enluarado, poesia (1932); A luz do altar, poesia (1934); Poesias escolhidas (1946); Poesias completas (1958).
Fonte: Academia Brasileira de Letras http://www.academia.org.br/.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Edith Veiga

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Edith Veiga (15/2/1939 - Juquiá, SP). Nascida no interior paulista, teve uma infância simples e com 15 anos, devido à morte de seu pai, mudou com a família para São Paulo. Ali trabalhou como demonstradora de artigos eletrodomésticos e cabelereira. Começou a participar de programas de calouros, entre os quais, "O telefone está chamando" e "A Hora do Pato".

Sua carreira deslanchou em 1961, quando obteve o segundo lugar no concurso "A Voz de Ouro ABC", programa que era líder de audiência da TV Record de São Paulo, cantando o samba-canção Castigo (Dolores Duran), sucesso da cantora Marisa Gata Mansa. Esta apresentação foi vista pelo diretor artístico da gravadora Chatecler, o cantor e compositor Diogo Mulero, o Palmeira, que gostou de seu timbre de voz e resolveu contratá-la.

Na ocasião, gravou o bolero Faz-me rir (Me da Risa) (F. Yoni e E. Arias - versão de Teixeira Filho) e o fox Never on Sunday (M. Hadjidakis e Steve Bernard - versão de Valéria). Faz-me rir tornou-se um dos maiores sucessos do ano e o disco vendeu 500 mil cópias, sendo o principal êxito da carreira de Edith Veiga.

Em seguida, gravou o bolero De quem estás enamorado (De quién estás enamorada - Rafael Ramirez e Alba Prado), a balada Rumores (de Joaquim Prieto - versão: Palmeira), o samba Volta (Ruth Amaral e Manoel Teixeira) e o bolero Minha vida em tuas mãos (Nízio). Faz-me rir", Rumores e Tua vida em minhas mãos fizeram muito sucesso e foram incluídas juntamente como o bolero Vivemos para amar (Luiz Mergulhão, Toso Gomes e Umberto Silva) em um compacto duplo. Por conta do sucesso alcançado, a gravadora Chantecler lançou no mesmo ano o LP Faz-Me Rir e outros sucessos. Com o sucesso obtido com seus primeiros discos foi agraciada com os troféus "Roquete Pinto" e "Chico Viola", na categoria de "Cantora Revelação".

Em 1962, estreou como compositora gravando o bolero Saia da frente em disco que trazia no lado A o bolero Sozinha (Rago e Teixeira Filho), que fez sucesso e propiciou o lançamento de um LP com o mesmo título. Nesse disco, fizeram sucesso as músicas Acho graça, e a música título, que foi tema da novela A canção que a noite levou, da TV Tupi, na qual ela chegou a atuar ao lado do cantor Hugo Santana.

Em 1963, sua carreira se encontrava no auge e era considerada uma das principais cantoras do país, tendo feito shows no Japão, Europa e em quase toda a América Latina. Ainda em 63 lançou o LP Noite Sem Ninguém. Também em 1963, passou a apresentar, no Canal 2 de São Paulo, o programa "Edith Veiga em Dois Tempos", que ficou mais de um ano no ar, onde recebia personalidades da época, e nele apresentou pela primeira vez ao público o cantor Altemar Dutra.

Casou-se em 1967, diminuindo o ritmo das apresentações. Com o nascimento da primeira filha no ano seguinte, praticamente se afastou das gravações. Retornou aos discos em 1972, quando lançou pela gravadora Sinter dois compactos simples.

Em 1974, lançou novo LP, Edith Veiga, mais de dez anos após ter lançado o último. Na década de 1970, participou de importantes programas na televisão como "Almoço com as Estrelas", "Globo de Ouro", "Silvio Santos", e "Chacrinha". Neste ano, teve a composição Menino incluída na trilha sonora do filme A força do sexo.

Em 1976, fez sucesso com a música Eu te amei, eu te amo, eu sempre te amarei, de Silfrancis e Jean Garfunkel, lançada em compacto simples. Em 1977, lançou o LP Eu te amei, eu te amo, eu sempre te amarei.

Em 1980, se apresentou no Carnegie Hall, nos EUA. No mesmo ano, gravou diretamente de Nova York dois clips para o programa "Fantástico" da TV Globo interpretando as músicas Fim de comédia, de Ataulfo Alves, e Não lhe quero mais.

Em 1982 lançou o LP Pensando em ti. Em 1987 gravou o LP Como Se Fosse. No mesmo ano foi lançado o LP Faz-me-rir e outros sucessos de Edith Veiga. Em 1988 lançou pela RGE o LP Começo da Vida.

Em 1989, casou-se pela segunda vez e por imposição do marido abandonou a carreira artística e passou a residir em sua cidade natal. Entretanto, no ano de 2001, retornou à carreira artística realizando shows por todo o Brasil.

Em 2003, lançou o CD Edith Veiga canta Amália Rodrigues - Eternamente o Fado. Em 2004, foi homenageada pelo selo Revivendo com o lançamento do CD Faz-me rir com 18 gravações originais totalmente remasterizadas. No mesmo ano, fez o primeiro show aberto ao público da nova casa de shows Nauty Club.

Em 2006, em comemoração aos 45 anos de carreira, lançou dois novos CDs, O sucesso de Edith Veiga e a coletânea Warner 30 Anos. Os discos foram apresentados ao público em show realizado no Teatro Augusta, em São Paulo, e que contou com as participações de Agnaldo Timóteo e Cauby Peixoto.

Nas décadas de 1960 e 1970, período de seu maior sucesso, ficou conhecida como "A Rainha do bolero". Foi chamada pelo apresentador Chacrinha de "As pernas que cantam".

Fonte: Site Oficial.

Grupo Caxangá

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caxangá

Por volta de 1913 João Pernambuco (João Teixeira Guimarães - Jatobá PE, 02/11/1883 - Rio de Janeiro RJ, 16/10/1947) teve a idéia de formar o Grupo Caxangá, de inspiração nordestina, tanto no repertório, como na indumentária, onde cada integrante do conjunto adotava para si um codinome sertanejo.

Em sua primeira formação, o grupo reunia o próprio Pernambuco (Guajurema), Caninha (Mané Riachão), Raul Palmieri, Jacó Palmieri (Zeca Lima), Pixinguinha (Chico Dunga), Henrique Manoel de Souza (Mané Francisco), Manoel da Costa (Zé Porteira), Osmundo Pinto (Inácio da Catingueira), Bonfiglio de Oliveira, Quincas Laranjeiras, Zé Fragoso, Lulu Cavaquinho, Nelson Alves, José Correia Mesquita, Vidraça e Borboleta.

Em 1914 Donga integra o Caxangá com o nome de guerra de "Zé Vicente". No carnaval deste ano o grupo percorre os principais pontos da Avenida Rio Branco, e o batuque Caboca di Caxangá torna-se grande sucesso musical.

O grupo se dissolve em 1919. Os artistas se integram a outros conjuntos como os Turunas Pernambucanos e Oito Batutas.

Por incumbência de Arnaldo Guinle, Pernambuco viaja por vários Estados, para recolher temas folclóricos brasileiros, trabalho do qual participam também Donga e Pixinguinha.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Zezé Gonzaga

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zeze gonzaga

Zezé Gonzaga (Maria José Gonzaga), cantora, nasceu em Manhuassu, MG (03/09/1926). Filha e neta de músicos, sua mãe chamava-se Oraide e era flautista. O pai, Rodolpho, era "luthier", tendo inclusive construído um instrumento para Luperce Miranda.

Começou a cantar aos 13 anos, quando se mudou para a cidade vizinha de Além-Paraíba e passou a apresentar-se no Rex Clube. Recebeu incentivo da família, que apoiava que seguisse a carreira de cantora lírica. Começou a estudar canto com a professora Graziela de Salerno, que gostava muito de seu registro de soprano ligeiro, e além de canto, estudou piano e leitura musical.

Fez seus estudos escolares na cidade vizinha de Porto Novo, com bolsa de estudos, compensada por pequenos serviços realizados por seu pai, já que sua família vivia com dificuldade. Foi em Porto Novo que fez sua primeira apresentação, cantando a valsa Neusa, de Antônio Caldas (pai do cantor Sílvio Caldas), grande sucesso de Orlando Silva.

Iniciou sua carreira como caloura no programa de Ary Barroso, em 1942. Na ocasião, recebeu a nota máxima ao interpretar Sempre no meu coração. Logo em seguida, recebeu convite para se apresentar no programa radiofônico Escada do Jacó, do popular radialista Zé Bacurau. Depois de curta temporada no Rio de Janeiro, retornou a Porto Novo para continuar seus estudos. Nessa época, costumava fazer pequenas apresentações num clube de jazz, o que lhe causou problemas na escola, pois além da discriminação racial, enfrentava a discriminação por ser artista.

Mudou-se definitivamente para o Rio de Janeiro em 1945. Nesse ano, conquistou o primeiro lugar no programa Pescando estrelas, da Rádio Clube do Brasil, apresentado por Arnaldo Amaral. Isso lhe valeu um contrato de 800 mil-réis com a emissora, que duraria até 1948. Nessa época, formou com a cantora Odaléa Sodré (filha de Heitor Catumbi) uma dupla chamada As Moreninhas do Ritmo. Com a parceira, cantou no conjunto do pianista Laerte, na Rádio Jornal do Brasil.

Em 1948, assinou contrato com a Rádio Nacional do Rio. Foi levada para lá a partir de um contato do cantor Nuno Roland, que marcou uma reunião com ela a pedido do diretor geral da rádio, Victor Costa. Na ocasião, Victor Costa lhe ofereceu um salário bem mais alto e a cantora, dias depois, já integrava o "cast" da Nacional, tendo como "padrinhos musicais" o próprio Victor Costa, ao lado do cantor Paulo Tapajós.

No ano seguinte, gravou seu primeiro disco, pela Star, com os sambas-canção Inverno, de Clímaco César e Desci, de Alcir Pires Vermelho e Cláudio Luiz. Foi por essa época que Paulo Gracindo começou a chamá-la de "minha namorada musical", em seu programa na Rádio Nacional, nos anos 1940, devido a sua técnica e afinação impecável. Depois, integrou vários conjuntos vocais (de diversas formações), alguns dos quais são: As Moreninhas, Cantores do céu e Vocalistas modernos. Além disso, participou do coro de inúmeras gravações na Rádio Nacional.

Em 1951, gravou pela Sinter o samba-canção Foi você, de Paulo César e Ênio Santos, e o bolero Canção de Dalila, de Victor Young, com versão de Clímaco César com o qual fez bastante sucesso. Nesta etiqueta gravou outros discos solo e também com o grupo As Moreninhas.

Em 1952, gravou os sambas Não quero lembrar, de Sávio Barcelos, Ailce Chaves e Paulo Marques e Quero esquecer, de Brasinha, Salvador Miceli e Mário Blanco, a valsa Festa de aniversário, de Joubert de Carvalho e a marcha Um sonho que eu sonhei, de Alcyr Pires Vermelho e Sá Róris.

Em 1953, gravou o baião É sempre o papai, de Miguel Gustavo. No ano seguinte, gravou o bolero Meu sonho, de Pedroca e Alberto Ribeiro e o Baião manhoso, de Manoel Macedo e Marcos Valentim. Ainda em 1954, foi contratado pela Columbia e gravou o fox Canário triste, de V. Floriano com versão de Juvenal Fernandes e o samba canção Razão de tudo, de Umberto Silva e Nilton Neves.

Em 1955, gravou os sambas canção Sedução, de Carlito e Nazareno de Brito e Óculos escuros, de Valzinho e Orestes Barbosa, seu maior sucesso. Em 1956, gravou a toada Moreno que desejo, de Bruno Marnet e a valsa Natal das crianças, de Blecaute. No mesmo ano, gravou seu primeiro LP, Zezé Gonzaga, que foi considerado o melhor disco do ano e trazia entre suas faixas "Ai ioiô (Linda flor), de Henrique Vogeler e Luiz Peixoto, que passou a ser considerada uma de suas grandes interpretações, além de Nunca jamás, de Lalo Ferreira, numa versão de Marques Porto.

Em 1957, gravou os boleros Não sonhe comigo, de Fernando César, Tédio, de Fernando César e Nazareno de Brito e Vivo a cantar, de Cícero Nunes e Bruno Marnet. No ano seguinte, gravou o samba jongo Cafuné", de Denis Brean e Gilberto Martins e o samba canção Saia do caminho, de Custódio Mesquita e Evaldo Rui.

Em 1959, gravou duas músicas da parceria Tom Jobim e Vinícius de Moraes: o samba A felicidade e Eu sei que vou te amar. Em 1961, passou a gravar na Continental e registrou A montanha, de Agueró e Moreu, com versão de Fernando César e o samba Que culpa tenho eu?, de Armando Nunes e Othon Russo. No mesmo ano, gravou o bolero Há sempre alguém, de Luiz Mergulhão e Umberto Silva e o samba Um beijo, nada mais, de Almeida Rego e Índio.

Em 1962, gravou a balada Rosa de Maio, de Custódio Mesquita e Evaldo Rui, o rasqueado Decisão cruel, de Palmeira e o samba Neném, de Tito Madi.

Considerada uma das mais belas vozes do cast da Rádio Nacional, era com freqüência escalada para participar dos grandes musicais noturnos da emissora, dos quais eram responsáveis os grandes maestros como Radamés Gnattali, Léo Peracchi e outros. Gravou vários discos infantis pela fábrica Carrossel, com produção de Paulo Tapajós, e na Continental, quando se juntou aos Trios Madrigal e Melodia, para cantar e contar historinhas para crianças.

Na década de 1960, associou-se com o maestro Cipó e Jorge Abicalil em uma agência de jingles, vinhetas e trilhas para rádio, TV e cinema (a Tape Produções Musicais Ltda.), onde trabalhava como cantora e compositora. Em parceria com o escritor, produtor e apresentador de rádio Luiz Carlos Saroldi, compôs o tema de abertura do Projeto Minerva, apresentado pela Rádio MEC.

Em 1967, gravou o LP Canção do amor distante pelo selo Fontana com destaque para Sorri, de Elton Medeiros e Zé Kéti, Faça-me o favor, de Fernando César e Britinho, Não fique triste não, de Jorge Ben e Veja lá, de Luiz Fernando Freire e Baden Powell.

Em 1979, gravou com o Quinteto de Radamés Gnattali um disco em homenagem a Valzinho, que também participou do disco só de composições suas, com produção de Hermínio Bello de Carvalho. O disco Valzinho - Um doce veneno teve, além da edição brasileira, uma tiragem destinada ao mercado estrangeiro.

Fez algumas apresentações nos anos 1980 com o grupo Cantoras do Rádio, ao lado de Nora Ney, Rosita Gonzales, Violeta Cavalcanti e Ellen de Lima, que lhe renderam dois CDs. Em 1999 gravou o disco Clássicas ao lado da cantora Jane Duboc, que também rendeu show encenado no Rio, São Paulo e outras praças brasileiras. O disco trazia entre outras, Linda flor, de Henrique Vogeler, Marques Porto e Luiz Peixoto, Olha, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos e Cidade do interior, de Mário Rossi e Marino Pinto, entre outras. No mesmo período, também participou do espetáculo Lupicínio Rodrigues, ao lado de Áurea Martins, montado em várias casas noturnas do Rio e de São Paulo.

Em 2000, participou do Projeto MPB: A História de Um Século, estrelando o primeiro da série de quatro shows no CCBB, Do choro ao samba, ao lado de Paulo Sérgio Santos e Maria Tereza Madeira, com roteiro e direção de Ricardo Cravo Albin.

Em 2001, apresentou show no Paço Imperial no rio dem Janeiro. Em 2002, gravou pelo selo Biscoito Fino o CD Sou apenas uma senhora que canta, dedicado à parceira de profissão Elizeth Cardoso, no qual interpretou, entre outras, Meu consolo é você, de Roberto Martins e Nássara, Vida de artista, de Sueli Costa e Abel Silva, Pra machucar meu coração, de Ary Barroso, Chão de estrelas, de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa e Por que te escondes?, letra inédita do poeta Thiago de Mello para um choro de Pixinguinha.

Fonte: Cantoras do Brasil - Zezé Gonzaga

Wilma Bentivegna

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Wilma Bentivegna, cantora (17/07/1929, São Paulo, SP). Natural da capital paulista, Wilma Bentivegna foi uma importante cantora no rádio paulista na década de 50, mesmo não tendo sido uma cantora de popularidade nacional. De estatura baixa, sempre pareceu uma menina, sendo chamada por todos de Wilminha.

Começou sua carreira aos nove anos no programa Clube do Papai Noel, de Homero Silva, na Rádio Difusora. Começou depois a atuar em radioteatro na Rádio Tupi, sob direção de Otávio Gabus Mendes e na Rádio Difusora, com Oduvaldo Viana. Fazia papeis infantis, pois sua voz também era de menina. Foi a caçula da Caravana da Alegria, que viajou por várias cidades do interior de São Paulo.

Atuou já no primeiro dia da TV Tupi, cantando junto com os Garotos Vocalistas. Foi contratada pela gravadora Sinter em 1954, ocasião em que gravou a guaracha Me voy a morir (F. Cabrera) e o samba-canção Chove (Geraldo Vietri). Em 1955 foi contratada pela Rádio Nacional de São Paulo e pela TV Paulista.

Em 1956 passou a gravar pela Odeon, lançando o fox Rififi (Gerard e Rue - versão de Haroldo Barbosa) e o bolero Ama-me amor (Panzeri e Mascheroni - versão de Valdir Cardoso).

Em 1957, gravou as canções Pollyana (N. Schultze e B. Balzo - versão de Ribeiro Filho) e Marcelino, pão e vinho (P. Sorozobal e P. Sorozobal Jr - versão de Ribeiro Filho), duas de suas gravações de maior projeção nacional.

Em 1959 gravou a canção francesa Hino ao amor (Edith Piaf e Monnot - versão de Odair Marzano), o seu maior sucesso,e o samba Só tristeza (Paulo Rogério e Odair Marzano).

Em 1960 gravou Minha devoção (O. Cesana) e o samba-canção Vontade de enlouquecer (Guerra Peixe e Odair Marzano). Em 1961 lançou As folhas verdes de verão (D. Tiomkin e P. F. Webster - versão de Paulo Rogério) e Canção do amor que eu lhe dou (Lourival Faissal). Em 1962 gravou Canção de um triste (Paulo Rogério e Oldair Marzano) e Preciso de alguém (Paulo Rogério).

Em 2005, o selo Revivendo lançou o CD Wilma Bentivegna - Hino ao amor com 18 interpretações suas, entre as quais, a música título, pela qual ficou conhecida fora do estado de São Paulo.

Especializou-se em gravar principalmente versões de canções estrangeiras de sucesso na época. Além de cantora, Wilma Bentivegna foi uma das pioneiras da televisão, tendo sido também apresentadora e atriz de novelas. Fez TV de Vanguarda (TV Tupi) e Teledrama Três Leões (TV Paulista), em papéis célebres, em companhia de atores importantes.

Foi apresentadora de O Mundo é das Mulheres, ao lado de Hebe Camargo, Lourdes Rocha e Eloísa Mafalda.

Fonte: Cantoras do Brasil - Wilma Bentivegna.

Nestor de Holanda

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Nestor de Holanda (Nestor de Hollanda Cavalcanti Neto) nasceu a 1º de dezembro de 1921, em Vitória de Santo Antão, Pernambuco. Seu pai, Nestor de Hollanda Cavalcanti Filho, era farmacêutico. Sua mãe, Maria de Lourdes Galhardo de Hollanda Cavalcanti, era médica, filha de Estevão Galhardo, calabrês, e de Joana de Queiroz Galhardo, napolitana.

Fez seus estudos no Recife. Cedo ingressou no jornalismo. Ainda no ginásio, dirigiu o semanário A Fama, por qual acabou sendo preso e proibido por motivos políticos. Sua primeira função: aprendiz de suplente de revisor. E trabalhou na Gazeta do Recife, Jornal Pequeno, Jornal do Comércio e Diário da Manhã.

Aos 17 anos, fez parte de um grupo de jovens que se iniciavam na imprensa e nas letras. O grupo fundou a editora Geração, através da qual Nestor publicou livro de poemas, Fontes Luminosas. Faziam parte de Geração: Guerra de Holanda, Paulo Cavalcanti, Mário Souto Mayor, Sousa Leão Neto, Raul Teixeira, Aristóteles Soares, Dagoberto Pires e outros.

Contando com o estímulo de Valdemar de Oliveira, o grande realizador do teatro pernambucano, Nestor escreveu a comédia-histórica Nassau, que obteve êxito marcante, inclusive através da Rádio Clube de Pernambuco, quando transmitida por iniciativa de Luiz Maranhão. E produziu várias outras comédias.

Também na música popular, em diversas ocasiões marcou tentos no famoso carnaval pernambucano, destacando-se os frevos-canções Fala, Pierrô, com Levino Ferreira, Barafunda, com Ernani Reis, O Frevo é assim, com Nelson Ferreira, e Não deixe a minha companhia, com João Valença, um dos Irmãos Valença, autores de O teu cabelo não nega, marcha adaptada por Lamartine Babo para o carnaval carioca.

Em 1941, foi para o Rio de Janeiro onde foi redator de A Cena Muda, Revista da Semana, Brasilidade, Vida, Deca, e das rádios Vera Cruz, Transmissora e Educadora. Convocado para o Exército, esteve em operações de guerra e chegou a sargento. Ganhou aí o apelido de Sargento Iolando (por que os recrutas confundiam seu Holanda com Iolanda).

Voltou à vida civil, depois da Guerra. Trabalhou em diversos jornais: Folha Carioca, Democracia, O Imparcial, A Noite, Folha do Rio, Shopping News, Diário Carioca, Última Hora e Diário de Notícias. Nas revistas: Manchete, A Noite Ilustrada e Carioca. Estações de Rádio: Clube Fluminense, Cruzeiro do Sul, Clube do Brasil , Globo, Nacional e Ministério da Educação e Cultura. Emissoras de televisão: Continental, Excelsior e Rio.

Escreveu muito para teatro, desde revistas como A Bomba da Paz, Está em Todas, TV para Crer e Terra do Samba, a comédias como Um Homem Mau e A Bruxa. Produziu mais de uma centena de composições populares, como Quem Foi? , Seu Nome Não é Maria, Xém-ém-ém ( que figurou na trilha sonora de um filme de Walt Disney ), Periquito da Madame, Último Beijo, Muito Agradecido, Eu Sei que Ele Chora, Meu Mundo é Você, e fez parcerias com Ary Barroso, Ismael Neto, Haroldo Lobo (a marcha Dança chinesa, de 1953), Jorge Tavares, Valzinho, Luiz Gonzaga e outros. Foi um dos fundadores da SBACEM, foi fundador da SADEMBRA e filiado à Sociedade Brasileira de Autores Teatrais e à Associação Brasileira de Imprensa.

Graças a seu estilo leve, bem-humorado, de marcante penetração popular, figurou entre os escritores que mais venderam no Brasil, e esteve entre os mais traduzidos. Livros seus, como Diálogo Brasil-URSS, O Mundo Vermelho, Sossego - Rua da Revolução, Jangadeiros, A Ignorância ao Alcance de Todos, Itinerário da Paisagem Carioca, Telhado de Vidro e outros figuram entre os recordistas de venda, alguns com edições sucessivas, sendo que o último lhe rendeu o título de Cidadão Carioca, por decisão da Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara.

Nestor de Holanda foi casado, desde 1947, com dona Kezia Alves de Hollanda Cavalcanti. E o casal teve dois filhos, o compositor Nestor de Hollanda Cavalcanti e Maria Marta.

Faleceu no Rio de Janeiro em 14 de novembro de 1970.

Fonte: Nestor de Holanda ( samba & choro).

Olivinha Carvalho

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Olivinha Carvalho (Olívia Corvacho), cantora, nasceu no Rio de Janeiro-RJ em 30/3/1930. Iniciou carreira artística aos cinco anos de idade, no programa Heraldo Português, da antiga Rádio Cajuti, do Rio de Janeiro.

Em 1936, apresentou-se em São Paulo-SP na Rádio Cosmos (depois Rádio América) e no Teatro Boavista. Sua primeira gravação foi em 1940, com Folhas ao vento e o fado Evocação (ambos de Antônio Russo e Américo Morais).

Em 1953, Olivinha gravou a marcha Dança chinesa, parceria de Haroldo Lobo com Nestor de Holanda.

Intérprete de fados e canções portuguesas, seu maior sucesso foi o fado A Mouraria. Atuou em diversos filmes, entre os quais Esta é fina (1947), Fogo na canjica (1947) e Eu quero é movimento (1949), dirigidos por Luís de Barros.

Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha; Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

Vanja Orico

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Vanja Orico (Evanjelina Orico - 15/11/1929, Rio de Janeiro, RJ), atriz e cantora, é filha do escritor paraense Oswaldo Orico, membro da Academia Brasileira de Letras.

Foi descoberta em 1952 pelos cineastas Alberto Lattuada e Federico Fellini, quando atuava em Roma no show chamado Macumba, patrocinado pela Rádio e TV Italiana, iniciando então sua carreira de atriz.

Atuou em diversos filmes, como Mulheres e luzes, dirigido por Lattuada e Fellini, onde cantou a música folclórica Meu limão, meu limoeiro, Lampião, O rei do cangaço, de Carlos Coimbra, e, em 1953, O cangaceiro, de Lima Barreto, que ganhou o Prêmio de Melhor Filme de Aventura no Festival de Cannes daquele ano, entre outros. É desse ano sua gravação de maior sucesso, Sodade meu bem sodade (Zé do Norte), da trilha sonora de O cangaceiro.

Seu primeiro LP foi lançado em 1954 pela gravadora Sinter, onde cantou, entre outras, músicas como Uirapuru (Waldemar Henrique) e João Valentão (Dorival Caymmi). Seu segundo disco foi gravado durante uma turnê pela União Soviética, onde se apresentou cantando as músicas de O Cangaceiro, especialmente Mulher rendeira, grande sucesso por quase toda Europa.

No começo da década de 60 apresentou-se no Carnegie Hall, de Nova York. De 1957 a 1962, gravou em discos temáticos de filmes, entre eles: O império do sol e Os bandeirantes, este último de Marcel Camus.

Em 1964, lançou pela gravadora Chantecler seu terceiro LP. Morou em Paris durante a maior parte da década de 60, onde gravou diversos discos em 45 rpm. Em 1969 gravou Viola enluarada (Marcos Valle - Paulo Sérgio Valle) numa versão em francês que fez grande sucesso em países europeus.

Na década de 1980, criou o projeto Rio Boa Praça, com música, teatro e outras artes, desenvolvido na Praça do Méier, subúrbio do Rio de Janeiro. Em 1997, lançou no Brasil o CD Vanja Orico e Quinteto Violado, no qual interpretou Manhã de carnaval (Luiz Bonfá e Antônio Maria), Chaquito (Geraldo Vandré), De chapéu de sol (Capiba) e uma composição inédita de Carlos Lyra, Amarga vinha.

Em 2002 iniciou a filmagem de um video sobre sua vida e carreira, dirigido pelo cineasta Luiz Carlos Ribeiro Prestes.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Rosita Gonzales

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Rosita Gonzales (Jussara de Melo Vieira), nasceu no Rio de Janeiro (08/11/1929) e faleceu na mesma cidade (28/2/1997). Iniciou a carreira artística em 1946 quando foi contratada pela Rádio Nacional.

No início dos anos 1950 ingressou na Rádio Mayrink Veiga. Assinou contrato com o selo Elite Special e lançou o primeiro disco em 1952 com os boleros Noite após noite,de Vitor Berbara e Haroldo Eiras e O 'm' da minha mão, de Mário Gennari Filho e Ribeiro Filho. No mesmo ano, gravou os mambos Passa mañana, de Denis Brean e Blota Jr. e Sonrie la luna, de Alexandre Gnattali, J. Castilho e Clarice Gnattali e os boleros Lunita blanca, de Juanita Castilho e Alexandre Gnattali e Nenhuma ilusão, de Vitor Berbara e Altamiro Carrilho.

Ainda em 1952,assinou contrato com a Odeon e gravou com o instrumentista Roberto Ferri no solovox o bolero Numa noite de luar, de Hianto de Almeida e Haroldo de Almeida.

Em 1953, gravou o fox Chinita, Chinita, de Osvaldo Farrés e o beguine Porque volvi, de Haroldo Eiras e Vitor Berbara. Ainda nesse ano, gravou o samba-canção Aconteceu, de Luiz de França e Oscar Bellandi e o samba O mal que eu fiz, de Luiz Bittencourt.

Gravou no ano seguinte o pasodoble El novillero, de Agustín Lara e o bolero Si te llego a perder, de Roberto Martins e Aguimar. Ainda em 1954, participou com a Orquestra Ruy Rey, Grande Otelo, Jorge Veiga, Cauby Peixoto, Jackson do Pandeiro, Dircinha Batista e Emilinha Borba de show promovido pela Associação dos Servidores do Trabalho, Indústria e Comércio em comemoração ao Dia do Trabalhador.

Em 1955, gravou o tango A toca do José, de R. Adler, J. Ross e Ghiaroni e o bolero Não sei como foi, de Haroldo de Almeida. Em 1958, realizou uma longa temporada cantando em boates de São Paulo.

Em 1960, foi contratada pela gravadora Philips e gravou o tango A carta, de Bidu Reis e Murilo Latine e a guarânia Quero fitar teus olhos, de Arsênio de Carvalho e Lourival Faissal. Nesse ano, lançou pela Philips o LP Lo que te gusta a ti e no ano seguinte, o LP Boleros inolvidables.

Gravou em 1963 o bolero Confesion, de Joaquin Oliver e o cha cha cha Cuando calienta el sol, de Carlos Rigual e Mario Rigual. Em 1964, gravou pelo selo Repertório o choro Pranto, de Felício dos Santos e Gadé e a fantasia Noche azul, de Ricardo Bardaguer.

Na década de 1970, integrou o elenco do Brazilian follies, que fez temporada no Hotel Nacional, no Rio de Janeiro. Participou em 1989, ao lado das cantoras Nora Ney, Carmélia Alves, Violeta Cavalcanti, Zezé Gonzaga, e Ellen de Lima, do show As Eternas Cantoras do Rádio. Desse show foi gravado um LP lançado dois anos depois no qual interpretou as músicas As cantoras do rádio, de Alberto Ribeiro, João de Barro e Lamartine Babo, juntamente com as outras cantoras; Fascinação, de D.Marchetti e M. de Feraudy e Noche de ronda, de Maria Tereza Lara.

Na década de 1990,participou do CD Coisas Nossas, tributo a Noel Rosa, da Leblon Records, interpretando Pastorinhas, de Noel Rosa e João de Barro.

Norma Bengell

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Norma Bengell (Norma Aparecida Almeida Pinto Guimarães d'Áurea Bengell), atriz, diretora, produtora, cantora e compositora, com status de estrela desde que estreou nas telas, aos 23 anos, fazendo uma paródia de Brigitte Bardot na chanchada O homem do Sputnik (1959), de Carlos Manga.

Atuou também no teatro e lançou-se como diretora de cinema em 1987 com Eternamente Pagu, sobre a poeta e feminista Patrícia Galvão, que se tornou figura importante do modernismo brasileiro.

Em 1961, em Os cafajestes, de Ruy Guerra, foi protagonista do primeiro nu frontal da história do cinema brasileiro e foi alvo de críticas violentas dos setores mais conservadores da sociedade brasileira.

Carioca de 1935, antes do cinema trabalhou em teatro de revista com Carlos Machado, e a partir de O pagador de promessas, de Anselmo Duarte (1962), Palma de Ouro no Festival de Cannes, iniciou carreira internacional, participando de produções italianas e francesas como Mafioso (1962), de Alberto Lattuada e La Constanza della Ragione (1964),de Pasquale Festa Campanile.

De volta ao Brasil, atuou em Noite vazia (1964), de Walter Hugo Khoury, Os deuses e os mortos (1970), de Ruy Guerra, A casa assassinada (1970), de Paulo Cezar Saraceni, Mar de rosas (1977), de Ana Carolina, A idade da Terra (1981), de Glauber Rocha, Rio Babilônia (1982), de Neville D'Almeida, e Vagas para moças de fino trato (1993), de Paulo Thiago.

Em 1996, produziu o longa O guarani, filme com o qual volta à direção. Em 2003 concluiu um documentário sobre Guiomar Novaes, primeira parte de uma trilogia sobre as grandes pianistas brasileiras, que vai enfocar ainda a vida e a carreira de Antonietta Rudge e Magdalena Tagliaferro.

Como cantora, seu primeiro sucesso foi o 78 rpm com A lua de mel na lua e E se tens coração (da trilha sonora do filme Mulheres e milhões, de Jorge Ilely).

Em 1959, lançou OOOOOO! Norma, seu primeiro LP, com uma sonoridade bastante próxima da bossa nova, com várias canções de Tom Jobim e João Gilberto.

Após anos gravando participações em trilhas sonoras e discos de outros artistas, seu segundo LP Norma canta mulheres, sai apenas em 1977, com composições de Dona Ivone Lara, Luli e Lucina, Marlui Miranda, Dolores Duran, Chiquinha Gonzaga, Rosinha de Valença, Glória Gadelha, Sueli Costa, Rita Lee, Joyce e Maysa, além de Em nome do amor, parceria de Norma com Glória Gadelha.

Fonte: Wikipédia; Quem é Quem.

Noemi Cavalcanti

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Noemi Cavalcanti (Noemi Knupp Brustt), cantora, nascida em Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo (1926), integrou, em 1950, o Trio de Ouro na sua segunda formação (Nilo Sérgio e Herivelto Martins), quando do desquite de Herivelto com Dalva de Oliveira.

Em 1952 Noemi e Nilo Chagas passaram a atuar em dupla, ocasionando uma nova formação no Trio de Ouro: Herivelto, Raul Sampaio (Raul Coco, Cachoeiro de Itapemirim 1928—) e Lourdinha Bittencourt (Lourdes Bittencourt, São Paulo, 30/10/1923—Rio de Janeiro, 19/08/1979).

Noemi formou também, com sua irmã Odemi, o duo Irmãs Cavalcanti. Em 1954, gravaram pela Columbia o baião Lumiô, lumiô, de autoria da dupla, e a guarânia Ponta Porã, de Pereirinha e Jamir da Silva Araújo. No mesmo ano gravaram os rasqueados Além das fronteiras, de Pereirinha, e Noites do Paraguai, de S. Aguayo e Herivelto Martins.

Em 1955, gravaram de Pereirinha e Noemi Cavalcanti o rasqueado Terra distante, e de autoria das irmãs a valsa Saudosa Minas Gerais.

Seu marido era maestro do cantor e barítono Vicente Celestino, que foi seu padrinho de casamento, com a cineasta Gilda de Abreu como madrinha. Morava em Friburgo-RJ quando contraiu tuberculose. Foi para a casa de seu filho em Bauru-SP, onde veio a falecer em 26 de abril de 2001. Nenhum jornal comentou a sua morte (pobre memória da nossa MPB!).

Fontes: Noemi Cavalcanti e o Trio de Ouro - de Roberto de Azevedo (forniturarob@ig.com.br) - Agenda do Samba & Choro; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - PubliFolha; Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira; Cine Claquete - atores - Lurdinha Bittencourt; Loronix: Challenge / What is the name of this vocal group and whohttp are they? (imagem de Noemi Cavalcanti).

Lourdinha Bittencourt

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Lourdinha Bittencourt (Lourdes Bittencourt), cantora e atriz de cinema, nasceu em 30 de outubro de 1923, em São Paulo. Logo recém-nascida, ela é abandonada no Asilo Melo Matos. Ainda com quatro meses ela é adotada pela professora de música, Maria Bittencourt.

Desde pequena, Lourdinha teve boa desenvoltura na música e na dança, o que fez com que a professora investisse em sua carreira com cursos voltados a essas artes. Logo, a futura atriz e cantora já estava trabalhando profissionalmente no Cassino da Urca, como menina prodígio.

Em 1935, atua no filme Noites Cariocas; em 1936, nos filmes Maria Bonita e Cidade Mulher; É Proibido Sonhar (1943); Moleque Tião (1943); Asas do Brasil (1947); Obrigada Doutor e Poeira de Estrelas (1948); O Homem Que Passa e Não Me Digas Adeus (1949); Guerra ao Samba (1955); Pirata do Outro Mundo (1957); Samba na Vila (1957); e Com a Mão na Massa (1958).

Em 1952 se integra ao Trio de Ouro, nessa época formado pelo compositor Herivelto Martins e Raul Sampaio (Raul Coco, Cachoeiro de Itapemirim 1928—). Sua estréia foi marcada pela regravação de antigo sucesso, Ave Maria do morro, na Victor.

O trio assina contrato com a Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, onde permanecem por dois anos. Excursionam pelo Norte do país, Minas Gerais e São Paulo. Faz temporadas na Argentina, Chile, Uruguai e Peru.

Atuaram também, por longo tempo, como atração da Rádio Clube de Pernambuco e lançou, na Victor, musicas carnavalescas, como os sambas Noite enluarada (Herivelto Martins e Heitor dos Prazeres) e Sereno (Herivelto Martins e Nelson Gonçalves), gravado na Victor, em 1952, ao lado do cantor Nelson Gonçalves.

Gravaram ainda a guarânia Índia (J. A. Flores e M. O Guerrero, versão de José Fortuna); o baião Caboclo abandonado (Herivelto Martins e Benedito Lacerda), a catira História cabocla (Herivelto Martins e Jose Messias), a rancheira Festa no Sul (Raul Sampaio e Rubens Silva), Negro telefone (Herivelto Martins e David Nasser), todos na Victor, em 1953; Saudades de Mangueira (Nelson Trigueiro e Bartolomeu Silva), Me deixa em paz (Jovelino Marques), ambas na Victor, para o Carnaval de 1954, e Boca fechada (Lupicínio Rodrigues), também na Victor em 1954.

Em 1957 o trio foi novamente dissolvido por problemas de saúde da cantora, que viria a falecer aos 55 anos no Rio de Janeiro, em 19 de agosto de 1979, vítima de derrame cerebral. .

Em 1970 Lourdinha atuou na telenovela Irmãos Coragem (como Manuela). Foi a segunda esposa do cantor Nelson Gonçalves.

Fontes: Cine Claquete - atores - Lurdinha Bittencourt; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Lenita Bruno

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Lenita Bruno (08/12/1926 - 24/8/1987, Rio de Janeiro, RJ), cantora, teve uma formação lírica. Iniciou sua carreira aos 14 anos, em programas de calouros da Rádio Nacional e da Rádio Cruzeiro do Sul. Na época, saiu vencedora de vários. Em 1946 assinou seu primeiro contrato com a Rádio Mayrink Veiga, para temporada de seis meses.

Em 1949, venceu o concurso Chiquinho a procura de uma Lady crooner, promovido pela Rádio Clube do Brasil. Em 1950, retornou à Mayrink Veiga, onde se apresentou com o cantor Dick Farney, em um programa dedicado ao jazz. Cantava em vários idiomas, principalmente inglês, interpretando o repertório jazzístico americano com competência, segundo a crítica da época. Com esse repertório, de músicas como Always, de Irving Berlin; Tonight, de Leonard Bernstein e Sondheim e Someone to watch over me, de George e Ira Gershwin, Lenita fez vários programas na Rádio Nacional nos anos 50. Essas interpretações podem ser encontradas na Collector's Editora Ltda, que em 1989 as lançou em LP.

A cantora participou de vários dos mais conceituados programas musicais da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, entre eles: Operetas famosas; Um milhão de melodias; Festivais GE; Canção da lembrança; Quando os maestros se encontram e Mestres da música.

Gravou seu primeiro disco em 1952, pela Sinter, interpretando duas músicas de Lírio Panicali e Evaldo Rui: Um domingo no Jardim de Alahe Enquanto houver. Em 1958, gravou duas versões feitas por Aloysio de Oliveira, pela Odeon: Sayonara e Love me again. Conheceu Tom Jobim através de seu marido, o maestro Leo Peracchi, que orquestrou Orfeu da Conceição, em 1957.

Em 1959, lançou o LP Modinhas fora de moda, com a orquestra de Leo Peracchi, onde a cantora gravou várias modinhas brasileiras. O disco, lançado pela etiqueta Festa, recebeu elogios da crítica, do maestro Heitor Villa-Lobos e apresentação do maestro Edino Krieger. Ainda em 1959, Tom Jobim a convidou para gravar o LP Por toda a minha vida, só com músicas dele e de Vinícius de Moraes. O disco recebeu orquestração de Leo Peracchi.

Em 1964, deixou a Rádio Nacional e foi para Nova York, onde se apresentou ao lado de Laurindo de Almeida. Nos EUA gravou o LP Lenita Bruno em Hollywood, onde interpreta somente músicas brasileiras, algumas com versão em inglês, acompanhada de Laurindo de Almeida, Clare Fischer e Bud Shank. Fez também um especial na TV ao lado de José Feliciano. Gravou, em seguida, outro LP, ao lado de Bud Shank, intitulado Work of love. Ao retornar ao Brasil, participou de um show na Sala Funarte, em homenagem a Mário de Andrade.

Realizou o show Tom Jobim, popular ou clássico? em 1985, no Projeto Seis e Meia da A. B. I. , no Rio de Janeiro. Fez sua última apresentação em 1986, no Restaurante Botanic, no Rio de Janeiro, no show Para amar e sofrer.

Carminha Mascarenhas

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Carminha Mascarenhas (Cármina Allegretti), cantora, nasceu em Muzambinho - MG (14/4/1930). Descendente de italianos, mudou-se com a família para São Paulo, quando tinha ainda poucos meses de idade e, mais tarde, foi morar em Poços de Caldas, MG. Formou-se como professora primária.

Começou a cantar no coral da Igreja Matriz de Poços de Caldas, destacando-se pela voz de contralto. Interessou-se pela música popular, acompanhada pelo pai e pelo tio ao violão. Iniciou sua carreira artística como crooner do conjunto de José Maria, ao lado do pianista Raul Mascarenhas, com quem veio a casar-se em 1952, com quem teve um filho, o saxofonista Raul Mascarenhas Jr, que foi casado com a cantora Fafá de Belém, casamento do qual nasceu Mariana, também cantora.

No ano seguinte, gravou seu primeiro disco com as canções de Hervé Cordovil Nossos caminhos divergem e Folha caída. Nessa época, transferiu-se com o marido para Belo Horizonte, apresentando-se com ele na Rádio Inconfidência e em casas noturnas.

Em 1955, estreou como crooner do Copacabana Palace, substituindo Nora Ney. Ainda nesse ano foi eleita, juntamente com Sylvia Telles, "Cantora Revelação do Ano" e contratada para fazer parte do elenco da Rádio Nacional, estreando na emissora no programa Nada além de 2 minutos, produzido por Paulo Roberto.

Em 1956, deixou o trabalho do Copacabana Palace e começou a apresentar-se na boate Sacha's. Separou-se do marido e viajou para o Uruguai, onde se apresentou na boate Cave e no Cassino de Punta del Este. Seguiu, depois, para Argentina e Paraguai. Gravou vários discos em 78 rpm e participou, com Elisete Cardoso e Heleninha Costa, de um LP dedicado à obra de Fernando Lobo.

Em 1959, gravou seu primeiro LP solo, intitulado Carminha Mascarenhas, em que registra a faixa Eu não existo sem você, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Ainda nesse ano, assinou contrato com a TV Rio para apresentar o programa Carrossel, atuando ao lado de Lúcio Alves, Elizeth Cardoso, Carlos José, Hernany Filho, Norma Bengel e Elizabeth Gasper.

Em 1960, foi convidada para participar do show Ary Barroso, 1960, ao lado do compositor e de Os Cariocas, Castrinho, Terezinha Elisa e Joãozinho da Goméia. O show ficou um ano e meio em cartaz na boate Fred's. Em seguida, participou, ainda com o mesmo elenco de artistas, do show Os quindins de Yá Yá, parcialmente gravado pela Copacabana Discos no compacto duplo Musical Ary Barroso, 1960.

Compôs, em parceria com Dora Lopes, as músicas Toalha de mesa, uma homenagem a São Paulo, gravada por Noite Ilustrada, e Samba da madrugada, gravada até no exterior, sendo considerado um hino dos boemios dos anos 1960 e 1970 em Copacabana, razão porque foi dedicada pelas autoras à cantora Maysa. Mais tarde participou, com Marisa Gata Mansa e Hernany Filho, do LP Em cada estrela uma canção, em homenagem à obra de Newton Mendonça, interpretando as faixas Discussão, Meditação, Desafinado e Samba de uma nota só, parcerias do compositor com Tom Jobim.

Viajou diversas vezes para o exterior e participou de discos de vários intérpretes. Ainda na década de 60, registrou no LP A noite é de Carminha as canções que apresentava na noite carioca. O LP incluiu Per omnia saecula, saeculorum, samba de Miguel Gustavo, cuja execução foi proibida pela censura.

Nos anos 80, apresentou-se no Sambão e Sinhá, casa noturna de Ivon Curi, com o espetáculo Carnavalesque, que ela própria escreveu. Mudou-se para Teresópolis, em 1986, apresentando-se ocasionalmente em shows.

Em 1999, comemorou 50 anos de carreira em espetáculo realizado na Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Em 2001, depois de retirada em sua casa de Teresópolis por vários anos, atuou ao lado de Ellen de Lima, Carmélia Alves e Violeta Cavalcanti no espetáculo As Cantoras do Rádio: Estão voltando as flores. No show, que revivia a época de ouro de cantoras que marcaram a história do rádio no Brasil, Carminha Mascarenhas cantava, do repertório de Isaura Garcia, Mensagem, além de sucessos da sua própria carreira, bem como os das carreiras de Dolores Duran, Carmen e Aurora Miranda e Linda e Dircinha Batista.

Bidu Reis

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A cantora, compositora, poeta, pianista e radioatriz Bidu Reis (Edila Luísa Reis) nasceu em 1920 no Rio de Janeiro, RJ. Pertence à União Brasileira de Compositores e é uma das diretoras da Associação Defensora dos Direitos dos Fonomecânicos. Em 2000, era também presidente da Associação das Donas de Casa da zona norte da cidade do Rio de Janeiro (na foto: Emilinha Borba e Bidu Reis).

Foi integrante do grupo As Três Marias, ao lado de Marília Batista e Salomé Cotelli. O grupo, formado em 1942 na Rádio Nacional do Rio de Janeiro por seu diretor artístico, José Mauro, lançou o primeiro disco ainda em 1942, acompanhando Linda Batista nos sambas Bom-dia, de Herivelto Martins e Aldo Cabral e Aula de música, de Haroldo Barbosa e Herivelto Martins. Em 1943, lançaram o segundo disco, acompanhando Francisco Alves e participaram, cantando, do filme É proibido sonhar, de Moacir Fenelon. No ano seguinte o conjunto lançou discos, acompanhando Roberto Paiva, Nilo Sérgio e Albertinho Fortuna.

Em 1945, saiu do grupo para cantar na Rádio Globo e na Orquestra Tabajara. Em 1951, gravou no selo Carnaval a marcha Não me fale em pretoria, de Fernando Lobo e Nestor de Holanda. Em 1954, foi escolhida pelo Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro como "Rainha dos músicos" com a expressiva soma de 98.185 votos.

Em 1955, gravou na Continental o baião Adeus, minha gente, de Alcir Pires Vermelho e Gilvan Chaves e o samba Sozinha, de sua autoria e José Bastos com acompanhamento de Radamés Gnattali e seu conjunto. No mesmo ano, o conjunto vocal Os Cariocas gravou seu samba Qu'est ce que tu penses, parceria com Haroldo Barbosa.

Em 1956, teve o samba Quatro histórias diferentes, parceria com Dora Lopes gravado pelo grupo Quatro Estrelas e a canção É Natal, parceria com Arsênio de Carvalho, por Emilinha Borba na Continental.

Em 1957, seu bolero Interesseira, parceria com Murilo Latini foi gravado pelo grupo Os Sinuelos na gravadora Sinter. Essa mesma música foi regravada no ano seguinte pelo grupo Os Seresteiros na gravadora Columbia e por Jairo Aguiar na Copacabana, além de ter sido posteriormente grande sucesso na voz de Anísio Silva. Ainda em 1957, conheceu seu maior sucesso, Bar de noite, parceria com Haroldo Barbosa e gravada por Creusa Cunha na Mocambo. Esta música foi regravada por inúmeros intérpretes, o principal dos quais foi Nora Ney, que a incorporaria ao seu repertório permanente. Em 1960, Lúcio Alves gravou na Philips a valsa Festa de luz, parceria com Murilo Latini, sendo posteriormente regravada por Dilu Melo.

É autora do livro A inteligência dos animais, história infantil que foi radiofonizada na década de 1960 e que somente em 1996 foi publicada como livro pela Editora Sette Letras. Bar da noite (Garçon, apaga esta luz/ Que eu quero ficar sozinha), em parceria com Haroldo Barbosa, é considerada um dos clássicos mais significativos do samba-canção. Gravada ao final da década de 1950 por Nora Ney, a música foi incluída no CD Estão voltando as flores - com as Cantoras do Rádio, no registro de Carmélia Alves, em expressa homenagem ao repertório de Nora Ney.

Em 2003, teve a composição Folhas mortas, parceria com Motta Vieira gravada pela cantora Marion Duarte no CD Fonte de energia, para o qual escreveu a apresentação.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Zilá Fonseca

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Zilá Fonseca (Iolanda Ribeiro Angarano), cantora (12/4/1929, São Paulo, SP - 30/5/1992, Rio de Janeiro, RJ), nasceu na capital paulista, onde iniciou sua carreira, sendo durante muito tempo, considerada uma especialista na arte de cantar tangos e boleros.

Em 1938, lançou pela Columbia, seu primeiro disco, com acompamento de Antônio Rago e seu conjunto regional, interpretando a marcha Se ele perguntar por mim e o samba Fiz esta canção, ambas do compositor Sereno.

Em 1939, foi contratada pela Rádio Tupi de São Paulo. Trabalhou depois na Rádio Cruzeiro do Sul, transferindo-se em seguida para a Mayrink Veiga, do Rio de Janeiro, onde filmou, em 1940, Vamos cantar, direção de Leo Marten. Gravou um disco na Columbia, incluindo o samba Coração em festa (José Maria de Abreu e Alberto Ribeiro) e Carta verde (Valfrido Silva e Armando Lima), no mesmo ano lançou dois de seus grandes sucessos, a marcha A charanga do Oscar, de Malfitano, Silva Araújo e Geraldo Mendonça e o samba Sei lá si tá, de Valfrido Silva e Alcir Pires Vermelho.

Em 1942, gravou na Victor as marchas A vontade do freguês, de Malfitano e Jorge Faraj e Olha a conga, de Malfitano e Silva Araújo. Em 1945, foi contratada pela Odeon e lançou os sambas Já não posso mais, de Milton de Oliveira e Gilberto de Carvalho e o grande sucesso de Muita gente no samba, de autoria de Ari Monteiro. No ano seguinte gravou Nicanor vai ser chutado, samba de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira.

Em 1948, transferiu-se para a Star, onde gravou Quero um samba, de Assis Valente e Júlio Zamorano, Onde vamos morar de Antonio Valentim dos Santos e Aldacir Evangelista, Eta pessoal (Henrique de Almeida, Gadé e Humberto de Carvalho) e o grande sucesso A aurora vem raiando, de Nelson Trigueiro, além da marcha carnavalesca Galo garnizé (Antônio Almeida, Luís Gonzaga e Miguel Lima).

Em 1949, atuou no filme Estou aí, com direção de José Cajado Filho. Nesse mesmo ano, casou-se com Osvaldo Luís, na época locutor da Rádio Mayrink Veiga. Em 1951, foi para a Odeon, gravando com grande sucesso o samba de Ari Monteiro Muita gente no samba e, transferiu-se neste mesmo ano para a Todamérica, estreando com a marcha Meu barracão não cai, de Valdir Gonçalves e Irani de Oliveira e o samba Nome manchado, de Paulo Marques e Alice Chaves, e para o Carnaval Balança mas não cai (Abel Ferreira), seguido de Não te quero mais (Mário Sena e Armando Rosas), Revés do passado (Plínio Gesta), Minha vida e meus amores (Luís Vieira) e O príncipe Maru (Oldemar Magalhães).

Em 1952 gravou o baião A jangada não vem, de sua parceria com Osvaldo Silva e o samba Agradeço a você, de Altamiro Carrilho e Armando Nunes. No ano seguinte, retornou para a Columbia e gravou o samba canção Jerusalém, de Castro Perret e a canção Noite de luz, de Gruber e Osvaldo Molles.

Em 1954, gravou com Cauby Peixoto o bolero Vaya con Dios, de Russel, James e Pepper, com versão de Joubert de Carvalho e o baião Elvira, de Rômulo Paes e Henrique de Almeida. No ano seguinte gravou o clássico samba A voz do morro, de Zé Keti.

Em 1956, registrou o samba Vingança de pobre, de Hianto de Almeida e Francisco Anysio e no ano seguinte o samba Se acaso você chegasse, de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins. Gravou ainda na Chantecler e nos pequenos selos Sarau e Ritmos.

Marion

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A cantora e atriz Marion (Penha Marion Pereira) nasceu em São Paulo, SP no dia 8 de setembro de 1924. Aos oito anos participou do programa infantil da cantora Sônia Carvalho, na Rádio Educadora Paulista, e três anos depois cantou pela primeira vez em um auditório.
Em 1938, como amadora, passou a apresentar-se no programa Tia Chiquinha, na Rádio Tupi, de São Paulo. Mais tarde, o compositor Assis Valente convidou-a para cantar suas composições na boate Guarujá, onde ele atuava. Com o sucesso de suas apresentações, numa viagem ao Rio de Janeiro RJ, Jaime Redondo, diretor artístico dos cassinos Icaraí (Niterói RJ) e da Urca, contratou-a por quatro anos.
Em 1943 assinou contrato com a Rádio Educadora e um ano depois Moacir Fenelon convidou-a para tomar parte no filme Tristezas não pagam dívidas, de José Carlos Burle e J. Rui. No mesmo ano foi para a Rádio Nacional, ali permanecendo até 1947, quando seguiu para Buenos Aires, Argentina, como vedete do Teatro Maipo, apresentando-se durante cinco meses.
Sua primeira gravação, na Continental, foi Doce veneno (Valzinho, Carlos Lentine e Esperidião Machado Goulart). Apareceu em vários filmes da Atlântida, cantando e imitando o estilo de Carmen Miranda, entre os quais Segura esta mulher (1946), Este mundo é um pandeiro (1947), Carnaval no fogo (1950), É fogo na roupa (1952), todos de Watson Macedo, Tira a mão daí (1956), de J. Rui, e Garota enxuta (1959), de J. B. Tanko.

O Corso

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Corso carnavalesco, ou simplesmente corso, é o nome que os passeios das sociedades carnavalescas do século XIX adquiriram no início do século XX, no Rio de Janeiro, após uma tentativa de se reproduzir do país as batalhas de flores características dos carnavais mais sofisticados da virada do século, como, por exemplo, o da cidade de Nice, no sul da França (Foto de Augusto Malta, sem data).

A brincadeira consistia no desfile de carruagens enfeitadas – e, posteriormente, de automóveis sem capota –, repletos de foliões que percorriam o eixo Avenida Central-Avenida Beira-Mar.

Ao se cruzarem, os ocupantes dos veículos (geralmente grupos fantasiados) lançavam uns nos outros, confetes, serpentinas e esguichos de lança-perfume.

Por sua própria natureza, o corso era uma brincadeira exclusiva das elites, que possuíam carros ou que podiam pagar seu aluguel nos dias de carnaval.

O corso era o mais difundido evento do carnaval carioca na primeira década do século XX, ocupando todo eixo carnavalesco durante os três dias de folia e abrindo espaço somente (e mesmo assim em horários predeterminados) para os grupos populares (chamados genericamente de ranchos) na noite de segunda-feira e para as Grandes Sociedades, na noite de terça-feira gorda.

Os grandes centros urbanos brasileiros rapidamente aderiram à moda surgida na capital e passaram a apresentar corsos em suas principais artérias durante o carnaval.

Uma importante divulgação do corso aconteceu durante o carnaval de 1907, quando as filhas do então presidente Afonso Pena, fizeram um passeio no automóvel presidencial, pela Avenida Beira-Mar, no Rio de Janeiro.

Segundo Eneida de Moraes, autora do livro História do Carnaval Carioca, a popularização dos automóveis afastou os foliões das classes alta e média, e nos anos 40, o corso acabaria desaparecendo de vez.

Felipe Ferreira, em seu O Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro, sugere que o surgimento de bailes exclusivos para elite (como o famoso Baile do Municipal) após a organização do carnaval carioca em 1932, teve papel determinante na decadência do corso.

É também chamado de Corso a tradicional guerra de frutas entre a Escola Politécnica da USP e a Escola Paulista de Medicina, ambas da cidade de São Paulo. O evento dá-se durante o período do PauliPoli, cinqüentenária competição atlética entre os alunos de ambas escolas. A "batalha" se dá atualmente na Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu, e frutas, verduras e legumes, de preferência podres, são a munição dessa guerra, um pouco indigesta.

Fonte: Wikipédia.

É samba, sinhá

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— Negro, que batuque é esse?

— É samba, sinhá!

Samba é um verbo conguês da 2ª conjugação, que significa adorar, invocar, implorar, queixar-se, rezar — ensina o filólogo Antônio Joaquim Macedo Soares em seus Estudos lexicográficos do dialeto brasileiro, na parte que trata Sobre palavras africanas introduzidas no português que se fala no Brasil. Samba é, pois, rezar. No angolense ou bundo, igualmente, rezar é casumba: na conjugação, o verbo perde a sílaba inicial do presente do infinito, de sorte que, além deste tempo e modo, em todos os outros o termo bundo é samba, e assim é também o substantivo adoração, reza, samba, mussambo. Dançar é, no bundo, cuquina; no congo, quinina. Como, pois, samba é dança? É, sem dúvida; mas uma dança religiosa, como é o candombe, uma cerimônia do culto, dança em honra e louvor de uma divindade — ensina ainda A. J. Macedo Soares.

Alfredo de Sarmento informa em Os sertões d'África, que samba provém de semba, umbigada em Luanda.Samba é nome angolense que teve sua ampliação e vulgarização no Brasil, consagrando-se no segundo lustro do século XIX, informa Luís da Câmara Cascudo, que revela ter sido feito por frei Miguel do Sacramento Lopes Gama, no jornal Carapuceiro, de 03 de fevereiro de 1838, no Recife, o primeiro registro da palavra samba, ao esbravejar, indignado, contra o Samba d'Almocreves. Na edição de 12 de novembro de 1842, registra o Carapuceiro — quem informa é ainda Cascudo — que "Aqui pelo nosso mato ? Qu'estava então mui tatamba ? Não se sabia outra coisa ? Senão a dança do samba".

Almirante, que é Henrique Foréis, fixa o aparecimento localizável do primeiro samba, ao contrário do que informa Câmara Cascudo, em 1889. Esse samba, segundo Almirante, foi feito sobre a mulata Sabina, que vendia laranjas à porta da Academia de Medicina, no Rio de Janeiro, e que, certo dia, foi proibida por um ministro de Estado, a continuar com a venda. As laranjas da Sabina, apareceu como se fosse tango (...), com vozes gêges e nagôs, na semi-escuridão da senzala. Os pretos em roda esmurram os atabaques, sacodem ganzás, batem rumpis, vibram agogôs e cabaças. Isso é samba. Uma negra entra na roda:

Penera, penera
Penerô
Penera, penera
Penerô


E tome uma punga, uma imbigada. Isso é samba. Guilherme de Melo, no seu livro A música no Brasil, dá a informação de que a transformação do samba africano em samba brasileiro não ocorreu na Bahia, para onde ele foi importado da África, pelos negros escravos, mas nos sertões do Maranhão, o que não deixa de ser uma revelação surpreendente. Diz ele: "Compõe-se este samba dos seguintes instrumentos: o perenga, atabaque de pequena dimensão que exerce o papel de cantante por ser o mais agudo; o fungador, que por ser o médio faz o contratempo; o socador, que por ser grave faz a marcação e, finalmente, o roncador, que por ser muito grande e produzir sons muito graves exerce o papel do contrabaixo ou bombardão e emite, compassada e alternativamente, sons tão profundos e cavernosos que parecem sair misteriosamente das entranhas da terra".

Esse samba ainda é conservado no Maranhão, mesmo na capital, com o nome de tambor de crioula. Com idênticas características existem o sarambete, semba, sorongo, saramba e quimbebe em Minas Gerais e Bahia; o cateretê, em São Paulo e estado do Rio de Janeiro, o coco de zambê, no Rio Grande do Norte. No estado do Rio de Janeiro, existiu o jongo, e, no município do Rio, o xiba. Em Pernambuco e em determinadas regiões da Bahia, o samba era samba mesmo.

Os negros escravos dançavam o samba, ao som do batuque, e cantavam o lundu, o quilombo e o quicumbre. Na coreografia do samba eram empregados passos chamados corta-jaca, miudinho e baião ou baiano. Os cânticos se chamavam congos ou taieras.

O samba continuou no norte, apareceu no sul o fandango, dançado ao ar livre como o samba de roda, ao som de violão, viola, viola de arame, cavaquinho, pratos e pandeiros. No centro, surgiram o caxambu e o sarambu. No nordeste, o maracatu, o cacumbi e o sorongo, cariantes do batuque, acompanhados pelas batidas do mulungu, atabaque, vuvu e por quissange, marimba, berimbau, ganzá e agogô.

O lundu, que os negros bantos trouxeram de Angola para a Bahia, desceu ao Rio de Janeiro, e dele nasceram a chula e o tango brasileiro, sem qualquer semelhança com o argentino. Misturando-se, mais tarde, o lundu com a rítmica da habanera e a andadura da polca, surgiu no Rio, o maxixe, que passou a ser dançado nos cabarés de baixa categoria e cantado nas revistas teatrais. Artur Ramos classifica o maxixe como a primeira dança nacional brasileira, e Luciano Gallet diz ter sido ele uma dança típica do Brasil.

No tempo do maxixe, a dança de batuque no Rio de Janeiro era a xiba, e samba era reunião de malandros, com violão, mulher e cachaça, principalmente nos botequins do bairro de Botafogo. Era também baile popular urbano e rural, sinônimo de pagodeira, função, fobó, arrasta-pé, forró, forrobodó, fungaga. Em Alagoas, tomava o nome de balança-flandre. Aos poucos, a xiba foi desaparecendo e o samba passou a ser dançado na cidade, em substituição ao maxixe, e tocado nas salas de espera dos cinemas, como atração. Renato de Almeida, em A música no Brasil, acentua que o samba substituiu o maxixe, sem oferecer coreograficamente o mesmo interesse e a variedade de passos e figuras da velha dança carioca.

Diz Guilherme de Melo que o samba chegou ao Rio de Janeiro com os ranchos, que nasceram das taieras cantadas nas procissões de São Benedito, na Bahia, tornando-se a predileção carioca. Foram mulheres baianas que chegaram ao Rio, como companheiras dos soldados remanescentes da Guerra de Canudos, que trouxeram o batuque do samba. Esses soldados e essas mulheres baianas passaram a residir no morro de São Diogo, e como elas eram da serra da Favela, o morro passou a ser chamado de morro das Mulheres da Favela e, mais tarde, apenas morro do Favela.

As velhas baianas

As baianas do morro da Favela ficaram velhas, passaram a morar nas ruas adjacentes da Cidade Nova, e vendiam quitutes baianos na atual praça Onze. Eram: tia Amélia, tia Presciliana de Santo Amaro, tia Mônica, tia Verdiana, tia Gracinda e a mais famosa, por ser a mais festeira, era tia Ciata, consoante informa Ari Vasconcelos. Essas mulheres eram mães de batuqueiros bambas, que deitaram fama na roda do samba. Tia Amélia era mãe de Donga. Tia Presciliana era mãe de João da Baiana. Tia Mônica era mãe de Pendengo.

Tia Ciata, cujo nome verdadeiro era Hilária Batista de Almeida, ensaiava rancho, fazia sessão de cabdombe e vendia os melhores e mais apimentados quitutes baianos em sua casa, na rua Visconde de Itaúna. Para as sessões de candombe, para ensaiar no rancho e entrar nas comidas, não saíam da casa de tia Ciata, os banqueiros e chorões Donga, Pixinguinha, Heitor dos Prazeres, João da Mata, Caninha, João da Baiana, Sinhô e Alvear.

Ari Vasconcelos informa que, em 1914, os cantores Baiano e Júlia, e o Grupo da Casa Edison, gravaram, em disco de cera, uma música com o nome de Samba. Em 1916, a gravadora Odeon, aproveitando a música de uma toada nordestina muito em voga (Olha a rolinha ? Sinhô, sinhô / Se embaraçou / Sinhô, sinhô), fez um disco com execução da Banda do Corpo de Bombeiros. No ano seguinte, o chefe de polícia, Aurelino Leal, que se dispôs a acabar com o jogo e com o amor a céu aberto no Rio de Janeiro, após sofrer violenta campanha do jornal A Noite, afirmou que não havia mais condições para a instalação de uma banca de jogo sequer na cidade. Castelar de Carvalho e Eustáquio Alves, repórteres de A Noite, para provar que o jogo continuava franco, montaram uma roleta do largo da Carioca, defronte da redação do jornal.

Foi aproveitando esse episódio que Donga e o jornalista Mauro de Almeida lançaram, com a música de Olha a rolinha / Sinhô, sinhô, o samba Pelo telefone, que fez furor no carnaval desse ano de 1917, gravado que foi pela voz de Baiano.

Pelo telefone

Pelo telefone não tem ainda a sua autoria suficientemente esclarecida. Há quem acredite que ele seja da autoria de Didi da Gracinda, de João da Mata, Mestre Germano, Caninha. O certo, porém, é que o samba se consagrou, por ter sido o primeiro a obter sucesso, e a sua autoria ficou sendo como de Donga (Ernesto dos Santos) e Mauro de Almeida. Pelo telefone teve muitas letras, mas a tradição conserva a que começa assim:

O chefe de polícia
Pelo telefone
Mandou-me avisar
Que na Carioca
Tem uma roleta
Para se jogar


Sinhô e Caninha, rivais no samba, trouxeram o samba, com a sua rivalidade, das batucadas do morro da Favela para a consagração do carnaval — informa Marisa Lira em Brasil sonoro, ressaltando que surgiu então o samba do partido alto, o verdadeiro ritmo do samba, que era lançado por um e pelo outro na festa da Penha, em outubro, como um desafio e eram repetidos nos dias de carnaval. Sinhô produziu então um samba que se tornaria clássico na música popular brasileira: Jura. É assim:

Jura! Jura! Jura!
Pelo Senhor
Jura pela imagem
Da Santa Cruz do Redentor
Pra ter valor a tua
Jura! Jura! Jura!
De coração
Para que um dia
Eu possa dar-te o meu amor
Sem mais pensar na ilusão
Daí então dar-te eu irei
O beijo puro na catedral do amor
Dos sonhos meus, bem junto aos teus
Para livrar-nos da aflição da dor


Sinhô e Caninha glorificaram o malandro em seus sambas. E o samba foi caminhando, ganhando novas nuanças, com as composições de Nilton Bastos, Aricles França, Candoca da Anunciação, João da Gente, Sá Pereira, Bequinho, Cartola, De Chocolate, Chico da Baiana, José Francisco de Freitas, Pixinguinha, Almirante, Baiano, Ismael Silva. Em 1929, apareceu uma moça, nascida na rua do Matoso, que recebeu o nome de Araci Cortes, que cantava com muita graça e brejeirice num circo de subúrbio, e gravou os sambas de Sinhô. Nos teatros de revistas cantava Otília Amorim. Sinhô descobriu em Mário Reis, um moço de sociedade, que com ele queria aprender a tocar violão, um cantor de muita bossa para criar os seus sambas. E Mário Reis, cantando os sambas de Sinhô, introduziu a música da gente dos morros nos salões da alta roda.

A primeira escola

Em 1928, no bairro do Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, foi formada a primeira escola de samba, a Escola de Samba Deixa Falar, por Ismael Silva, Nilton Bastos, Bide, Marçal, Rubens, Geraldo Cara de Cão, Edgar Brancura — informa Sérgio Cabral em seu ensaio pioneiro Escolas de samba, publicado nas edições do Jornal do Brasil de 8 de janeiro de 1961 até às vésperas do carnaval. Francisco Alves ia cantando, à frente da Deixa Falar. Em 1929, Claudionor, Cartola, Gradim, Antonico, Carlos Cachaça organizaram a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Prazeres inventou as pastoras, e uma delas foi a cantora Carmem Costa. Na década de 1940, Herivelto Martins introduziu no samba o refrão esquindó, com uma composição com esse nome e essa grafia. O skindô que anda por aí deve ser outra coisa. As escolas de samba meteram apito, pratos de cozinha e frigideiras no samba. Sem falar no couro de gato, que teve as honras de um samba de Noel.

O couro do gato

O samba, no Rio de Janeiro, descobriu o gato. O malandro sambista morou no couro do gato, mandou que o couro mais forte e mais harmônico para o choro do batuque era o do gato. E saiu pelo morro, pulando os telhados de zinco, com laços de arame na mão, caçando gatos. Orestes Barbosa informa como os malandros fazem a operação cirúrgica nos gatos, para lhes transformar o couro em cuíca e tamborim.

É assim: laçados os gatos, são feitos dois cortes nas patas dianteiras; sangrando-lhes os cortes com canudos de mamoeiro e o gato, morto e cheio de vento, fica como uma bola. Aí, então, é só dar um talho reto da goela ao fim do ventre, e o couro sai. Assim retirado, o couro é posto ao sol, conservado em cinza de fogão; dentro de oito dias, mais ou menos, esse couro de gato é mais um tamborim ou uma cuíca vibrando surda ao samba brasileiro:

Chora, couro de gato!
Fala, meu tamborim!


Os apelidos do samba

Sinhô, cujo nome verdadeiro era João Barbosa de Morais, se intitulou Rei do Samba. Noel Rosa foi o Filósofo do Samba. Araci Cortes, que foi batizada como Zilda de Carvalho Espínola, era a Alma do Samba. Luís Barbosa foi o Caricaturista do Samba, que hoje é título de Jorge Veiga. Mário Reis era o Samba de Smoking. Nonô, que era o pianista Romualdo Peixoto, foi o Chopin do Samba. Otília Amorim foi a Mulher-Samba. Caninha foi Doutor em Samba, o único a ganhar diploma como tal, dado pela Prefeitura do antigo Distrito Federal. Ismael Silva é o Cidadão Samba. Ciro Monteiro é o Senhor Samba. E Araci de Almeida é o Samba em Pessoa. Geraldo Pereira foi o maior dos sambistas. Monsueto é o Sambista de Verdade. Donga é a Tradição do Samba. Orestes Barbosa foi o Sambista da Cidade. Paulo da Portela é o Sambista Imortal. Almirante é o Arquivo do Samba.

Os tipos de samba

Há, atualmente, sete tipos de samba. A informação é de José Ramos, que as enumera: samba de escola ou de morro, samba de carnaval, samba de partido alto, samba-canção, samba-choro, samba de breque e samba de meio de ano. E explica que samba de escola ou de morro é o samba de enredo, destinado aos desfiles das Escolas de Samba. Samba de partido alto é o mais próximo do batuque e do samba de roda, à base de um estribilho ou refrão e de versos tirados de improviso, ou empregando quadras que se podem considerar folclóricas, pela sua sobrevivência na memória dos sambistas. Samba-canção, de ritmo variável, alguns chegando a confundir-se quase com boleros, foxes-blues e outros ritmos estrangeiros: certos compositores criaram, inclusive, as expressões sambalada e sambolero para definir esse tipo de samba fabricado. Samba-choro é aquele cujo ritmo se aproxima do chorinho. Samba de breque — diz ainda José Ramos — é o de paradas súbitas, em que se intercalam frases faladas. Samba de meio de ano é todo aquele que aparece fora de carnaval.

Num samba que foi o vencedor do carnaval de 1933, Caninha disse que:

Samba de morro
Não é samba, é batucada
É batucada


Ari Barroso, recentemente, afirmou que Samba sem telecoteco / Não é samba / Não é samba. João Roberto Kelly é da mesma opinião de Ari Barroso, e fez um samba dizendo que Samba que não tem telecoteco / Não é samba / É xaveco.

A voz dos críticos

Lúcio Rangel classifica, pela ordem, como os melhores sambas, estes dez: Agora é cinza, de Bide e Marçal; Jura, de Sinhô; Ai, ioiô (Linda flor), de Henrique Vogeler, Luís Peixoto e Marques Porto; Maria, de Ari Barroso e Luís Barroso; Só pode ser você, de Noel Rosa; Novo amor, de Ismael Silva; Divina dama, de Cartola; Deixa esta mulher chorar, de Brancura; Leva meu samba, de Ataulfo Alves; e Faceira, de Ari Barroso.

Os melhores letristas para Lúcio Rangel são: Noel Rosa, Sinhô, Evaldo Rui, Orestes Barbosa, Lamartine Babo, Almirante, Vinicius de Morais, Ataulfo Alves, Luís Peixoto, Haroldo Barbosa, Billy Blanco, Monsueto, Miguel Gustavo e Luís Antônio. Musicistas: Sinhô, Ari Barroso, Henrique Vogeler, Bide e Marçal, Gadé e Valfrido Silva, Noel Rosa, Cartola, Brancura, Wilson Batista e Haroldo Lobo, Nonô, Bororó, Ismael Silva e Nilton Bastos. Eis os melhores cantores de samba para Lúcio Rangel: Araci de Almeira, Mário Reis, Sílvio Caldas, Moreira da Silva, Francisco Alves, Ciro Monteiro, Luís Barbosa, J. B. de Carvalho, Araci Cortes e Marilia Batista.

Sérgio Porto, que é também Stanislaw Ponte Preta, considera como os melhores sambas: Agora é cinza, de Bide e Marçal; Jura, de Sinhô; Implorar, de Kid Pepe e Germano; A fonte secou, de Monsueto; Saudades de Amélia, de Ataulfo Alves e Mário Lago; Maria, de Ari Barroso e Lamartine Babo; Provei, de Noel Rosa e Vadico; Solução, de Raul Sampaio; Se você jurar, de Ismael Silva e Nilton Bastos; e Se todos fossem iguais a você, de Vinicius de Morais e Antônio Carlos Jobim.

Como melhores letristas, Sérgio Porto aponta: Noel Rosa, Evaldo Rui, Haroldo Barbosa, Billy Blanco, Lamartine Babo, Luís Antônio, Orestes Barbosa, Monsueto, Luís Peixoto e Vinicius de Morais. Musicistas: Cartola, Nélson Cavaquinho, Ismael Silva e Nilton Bastos, Ari Barroso, Vadico, Ataulfo Alves, Geraldo Pereira, Sinhô, Zé da Zilda, Bide e Armando Marçal, Haroldo Lobo e Wilson Batista. Estes são os melhores cantores na opinião de Sérgio Porto: Araci de Almeida, J. B. de Carvalho, Mário Reis, Ciro Monteiro, Jamelão, Moreira da Silva, Sílvio Caldas, Marília Batista, Miltinho e Luís Barbosa.

Ari Vasconcelos enumera os seguintes sambas como os melhores feitos até hoje: Agora é cinza, de Bide e Marçal; Jura, de Sinhô; Saudades de Amélia, de Ataulfo Alves e Mário Lago; Na virada da montanha, de Lamartine Babo e Ari Barroso; Feitiço da Vila, de Noel Rosa e Vadico; Ai, ioiô (Linda flor), de Henrique Vogeler, Luís Peixoto e Marques Porto; Se você jurar, de Ismael Silva e Nilton Bastos; Deixa esta mulher chorar, de Brancura; Divina Dama, de Cartola; e Longe dos olhos, de Cristóvão de Alencar e Djalma Ferreira.

Ari Vasconcelos acha que Noel Rosa, Jorge Faraj, Aldo Cabral, Ataulfo Alves, Mário Lago, Lupicínio Rodrigues, Assis Valente, Evaldo Rui, Marino Pinto e Pedro Caetano são os melhores letristas. Musicistas: Sinhô, Noel Rosa, Ari Barroso, Cartola, Lamartine Babo, Ismael Silva, Nilton Bastos, Wilson Batista, Bide e Ataulfo Alves. Estes são os melhores cantores de samba na opinião de Ari Vasconcelos: Araci de Almeida, Sílvio Caldas, Mário Reis, Luís Barbosa, Vassourinha, Carmem Miranda, Dircinha Batista, Ciro Monteiro, Orlando Silva, Sílvio Caldas e Moreira da Silva.

Sérgio Cabral aponta como os melhores sambas: Agora é cinza, de Bide e Marçal; Jura, de Sinhô; Três apitos, de Noel Rosa; Alô, padeiro, de Haroldo Lobo e Wilson Batista; Fita meus olhos, de Cartola; Saudades de Amélia, de Ataulfo Alves e Mário Lago; Ai, ioiô (Linda flor), de Henrique Vogeler, Luís Peixoto e Marques Porto; Falsa baiana, de Geraldo Pereira; Notícias, de Nelson Cavaquinho; e Faceira, de Ari Barroso e Luís Peixoto.

Eis os melhores letristas na opinião de Sérgio Cabral: Sinhô, Noel Rosa, Ataulfo Alves, Evaldo Rui, Geraldo Pereira, Orestes Barbosa, Lamartine Babo, Luís Peixoto, Monsueto e Haroldo Barbosa. Musicistas: Sinhô, Ari Barroso, Cartola, Ismael Silva e Nilton Bastos, Bide e Marçal, Wilson Batista, Noel Rosa, Nélson Cavaquinho, Gadé e Valfrido Silva, e Ataulfo Alves. Os melhores cantores apontados por Sérgio Cabral: Araci de Almeida, Marília Batista, Ciro Monteiro, Sílvio Caldas, Luís Barbosa, Moreira da Silva, Mário Reis, Jamelão, Jorge Veiga e Roberto Silva.

José Ramos, que às vezes usa o peseudônimo de Tinhorão, destaca como melhores os seguintes sambas: Agora é cinza, de Bide e Marçal; Arrasta a sandália, supostamente de Balaco (Osvaldo Vasques) e Aurélio Gomes; O orvalho vem caindo, de Noel Rosa e Kid Pepe; Não tenho lágrimas, supostamente de Max Bulhões e Milton de Oliveira, com verdadeira autoria atribuída a Wilson Batista; A tua vida é um segredo, de Lamartine Babo; Emília, de Haroldo Lobo; Saudades de Amélia, de Ataulfo Alves e Mário Lago; Antonico, de Ismael Silva; Notícia, de Nélson Cavaquinho; e Tiradentes, de Mano Décio da Viola, feito de encomenda para o enredo do desfile da Escola de Samba Império Serrano, do ano de 1945. As suposições e atribuições sobre a autoria dos sambas são do próprio José Ramos.

José Ramos acha Noel Rosa, Evaldo Rui, Orestes Barbosa, Assis Valente, Lamartine Babo, Ataulfo Alves, Lupicínio Rodrigues, Jorge Faraj, Haroldo Lobo e Mário Lago os melhores letristas que o samba teve ou ainda tem. Musicistas: Custódio Mesquita, J. Cascata, Lamartine Babo, Assis Valente, Cartola, Nélson Cavaquinho, Ataulfo Alves, Wilson Batista, Ismael Silva e Nilton Bastos. Eis, para José Ramos, os melhores cantores: Araci de Almeida, Mário Reis, Francisco Alves, Orlando Silva, Ciro Monteiro, Moreira da Silva, Roberto Silva, Marilia Batista, Isaurinha Garcia e Carmem Costa.

Édison Carneiro acha que os melhores sambas são: Agora é cinza, de Bide e Marçal; O xis do problema, de Noel Rosa; Saudades de Amélia, de Ataulfo Alves e Mário Lago; Camisa amarela, de Ari Barroso; Praça Onze, de Grande Otelo e Herivelto Martins; Café Society, de Miguel Gustavo; Bamboleô, de André Filho; Tenha pena de mim, de Haroldo Lobo; Ai, ai, meu Deus, de Babau e Ciro de Souza; e Madalena, de Ari Macedo.

Para Édison Carneiro, são estes os melhores letristas: Noel Rosa, Mário Lago, Haroldo Lobo, Lamartine Babo, André Filho e Monsueto. Musicistas: Sinhô, Cartola, Ismael Silva e Noel Rosa. Como melhores cantores, Édison Carneiro aponta Araci de Almeida, Mário Reis, Moreira da Silva e Jorge Veiga.

Você partiu
Saudade me deixou
Eu chorei
O nosso amor
Foi uma chama
Que o sopro do passado
Desfaz
Agora é cinza
Tudo acabado
E nada mais
Você partiu
De madrugada
E não me disse nada
Isso não se faz
Me deixou
Cheio de saudade
E paixão
Não me conformo
Com a sua ingratidão


Esta é a letra de Agora é cinza, considerado o maior samba de todos os tempos, segundo Lúcio Rangel, Sérgio Porto, Sérgio Cabral, Ari Vasconcelos, José Ramos e Édison Carneiro, adoradores do samba, defensores intransigentes da pureza e da autenticidade do samba como manifestação popular brasileira. Alcebíades Barcelos, o Bide, integrou, tocando afoxé, por várias vezes o Conjunto da Velha Guarda, de Pixinguinha, e é, no momento, componente da equipe rítmica da Orquestra da Rádio Nacional. Armando Marçal, seu parceiro do samba Agora é cinza, era um crioulo, marceneiro de profissão, que morreu tuberculoso.

Fontes: Jangada Brasil - Novembro 2008; Masson, Nonato. "É samba. sinhá". Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 30 de dezembro de 1961.