sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Baianinho

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Baianinho (Eládio Gomes dos Santos), compositor, nasceu em Salvador, Bahia, em 03 de setembro de 1936. Começou em 1952 na banda de música da escola municipal, onde estudou, tocando clarineta e requinta. Em 1956 mudou-se para o Rio de Janeiro, indo morar no bairro de Cavalcanti.

Juntamente com outros músicos, fundou em 1959 o G. R. E. S. Em Cima da Hora, integrando a ala dos compositores. Em 1963, 1964 e 1973, a escola desfilou com samba-enredos de sua autoria, respectivamente Inssurreição pernambucana, Apoteose econômica e financeira do Império (ambos com Zeca do Varejo) e O sabor poético da literatura de cordel.

Em 1971 fez sucesso com o samba É baiana (com Fabricio da Silva, Ênio Santos Ribeiro e Miguel Pancrácio), gravado por Clara Nunes na Odeon.

Em 1972 integrou o conjunto Os Cinco Só e no ano seguinte apresentou-se como cantor no Teatro Opinião, do Rio de Janeiro.

Obras

É baiana (c/Fabrício da Silva, Ênio Santos Ribeiro e Miguel Pancrácio), samba, 1971; O sabor poético da literatura de cordel, samba-enredo, 1973.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira, Art Editora - PubliFolha.

Falando de samba

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Muitos dos nossos musicólogos e folcloristas, quando falam do samba carioca, música que, queiram ou não, é a mais difundida, mais amada e mais bela do Brasil, perdem-se numa desconcertante série de afirmativas não se sabe onde encontradas, tirando delas conclusões as mais levianas. Raras as exceções.

De origem africana, o samba, também chamado primitivamente "baiano", sofreu, desde sua implantação no Brasil, múltiplas transformações.

A música dos brancos, música religiosa, a ópera e a opereta (a primeira trazendo contribuição italiana, a segunda, a marca vienense), mais as cançonetas francesas (no princípio do século, em grande voga entre nós), a valsa, a polca, o shottisch, a mazurca, a quadrilha, todos esses elementos, e muitos outros, fizeram a amálgama que é o samba dos nossos dias.

O berço do samba atual é a cidade do Rio de Janeiro. Depois de uma época em que o tanguinho brasileiro era nome e disfarce para autêntica música nossa, depois do maxixe, fundindo toda a beleza e musicalidade de um ao buliçoso e brejeirice do outro, surgiu o samba.

O samba é um só. Os amantes de classificações mais ou menos arbitrárias falam de samba de morro, como o da primeira fase, samba da cidade, segunda etapa, esquecendo-se de que a subida ao morro, das populações da cidade, por motivos único e exclusivamente econômicos, só se deu depois do aparecimento "oficial" do primeiro samba, com partitura impressa e gravado em disco fonográfico comercial: o famoso Pelo telefone, de Ernesto dos Santos (Donga), em 1917, samba da cidade.

Por outro lado, as chamadas escolas de samba, também apontadas como precursoras, são ainda mais recentes, a primeira delas sendo fundada em 1923, no Estácio de Sá, bairro que fica no centro da cidade (Escola de Samba Deixa eu Falar).

Noel Rosa, simplificando a questão, disse, em uma de suas peças mais conhecidas, que "o samba nasce é do coração". Imagem de poeta. Mas a verdade é que o samba nasce onde se encontra um sambista; no morro, nos subúrbios distantes, na avenida Rio Branco, num apartamento no Catete, num café da Lapa ou em qualquer outro lugar. Sambista é o que tem a "bossa", palavra criada por eles e que significa musicalidade, ritmo, poesia e espírito carioca.

Alfabetizados ou não, têm saído deles as obras primas de um vasto cancioneiro popular, ao lado dos tanguinhos de Nazareth, das canções de Chiquinha Gonzaga, das valsas de Eduardo Souto, dos choros de Calado, Anacleto Medeiros e Pixinguinha.

Um pouco da história do samba

Depois do aparecimento de Pelo telefone, surgiriam as primeiras produções de João Barbosa da Silva, o Sinhô. Tipo autêntico de carioca, mulato contador de vantagens, gabola e valente, gaforinha desarrumada, pianista das gafieiras, amigo de políticos importantes, tipo querido e respeitado dentro da classe a que pertencia, Sinhô foi um grande artista. Tocando todos os instrumentos, o piano e o violão, bem como diversos outros de sopro, suas músicas tinham uma espontaneidade e um frescor raramente atingidos por outros. Seus versos, apesar das imagens rebuscadas e pernósticas, traziam a marca do dono e uma invejável poesia, primitiva e autêntica.

Peças como Jura, Cansei, A medida do Senhor Bonfim, A favela vai abaixo, Sabiá etc. são, ainda hoje, das melhores produzidas pela lira popular carioca. Malandro sabido, não tinha escrúpulos em se apropriar de certos refrões alheios, mas sempre melhorando-os e dando-lhes o sopro de sua personalidade. É dele a frase que ficou célebre: "Samba é como passarinho, de quem pegar..."

Rival de Sinhô, José de Luis de Morais, o Caninha, celebrizou-se com peças como Ó que vizinha danada e, mais recentemente, com É batucada. Com mais de oitenta anos de idade, Caninha ainda compõe sambas e freqüenta as rodas boêmias dos subúrbios cariocas.

José Francisco de Freitas foi outro valor da época. Dorinha, meu amor e Zizinha são pontos altos de sua produção numerosa. Também merece menção especial o compositor Luis Nunes Sampaio, o Careca, autor de Chuva não mata ninguém e do famoso Ai, seu Mé!

Tem se especializado no choro, gênero eminentemente instrumental, Alfredo da Rocha Viana (o Pixinguinha), talvez o nosso maior músico popular de todas as épocas, também produziu alguns sambas dos melhores: Samba de negro, Promessa e Festa de branco. Sua obra como chorão, orquestrador e regente é das maiores.

Outro que se especializou mais nas valsas e canções, o maestro Eduardo Souto, autor de Despertar da montanha, das valsas que celebram as quatro estações do ano, de quando em vez compunha sambas de sucesso, como é o caso de Tatu subiu no pau.

Mais recentes são os sambistas Ismael Silva que, com seu parceiro Nilton Bastos, fornecia o repertório principal dos cantores Francisco Alves e Mário Reis; João da Baiana, especialista nos corimas afro-brasileiros, mas autor de sambas como Cabide de molambo; Cícero de Almeida - O Baiano, Mário Travassos de Araújo, Walfrido Silva, Gadé, Leonel Azevedo, J. Cascata, Almirante, também cantor e hoje um dos melhores conhecedores da nossa música popular, Alcebíades Barcelos, Antonio Vieira Marçal, etc.

Os legendários

Ao lado desses, muitos outros faziam seus sambas sem procurar o disco e a celebridade, raramente abandonando os seus subúrbios ou os seus morros, funcionando nas suas próprias festas e entre seu adeptos. Gradim, Canuto, Brancura, Baiaco e, principalmente, Agenor de Oliveira — o Cartola, são os mais notáveis. Raramente gravaram discos e, quando isso acontecia, muitas vezes suas composições saíam com nomes de outros autores. Todos sempre foram, no entretanto, figuras das mais respeitadas entre seus pares.

Noel e Ari

Não esqueçamos, porém, os dois maiores compositores populares da segunda geração que são, indubitavelmente, Noel Rosa e Ari Barroso.

Nascido no dia 11 de dezembro de 1910, Noel Rosa pertencia à tradicional família carioca. Na casa modesta da rua Teodoro da Silva, nasceu, viveu e morreu. Vila Isabel foi a sua paixão, que cantou em mais de um samba inspirado. Chegando a freqüentar o segundo ano de medicina, com cultura acima do comum dos sambistas, era exímio no versejar, improvisando com facilidade espantosa. Violinista e boêmio, logo abandonou os estudos, passando a dedicar sua vida à música popular. Embora contando com diversos parceiros, era ele próprio um melodista dos melhores e não um simples letrista, como querem alguns. Várias de suas peças (letra e música) são verdadeiros clássicos do samba, como Até amanhã, Palpite infeliz, Silêncio de um minuto, Com que roupa? e muitos outros. Com Vadico, seu principal parceiro compôs Feitiço da Vila, Feitio de oração e mais cerca de oito números. Noel Rosa é, até hoje, um dos compositores mais amados pelo público de todo o Brasil e suas músicas são das mais gravadas e regravadas pelas nossas fábricas de disco.

Mineiro de Ubá, Ari Barroso é verdadeiro talento. Bacharel em direito, jornalista e ex-político militante, além de radialista dos mais populares, foi como compositor que seu nome se tornou imorredouro. Começando num estilo que lembrava o de Sinhô, com peças como Vou à Penha e Amizade, logo encontrou o seu próprio rumo a partir de Faceira, samba que já traz a marca inconfundível do seu autor. Algumas centenas de músicas constituem sua bagagem autoral, sendo que muitas delas — como Maria, Rancho fundo, Morena Boca de Ouro e, principalmente Aquarela do Brasil — são bastante conhecidas no mundo inteiro, levando o nome de Ari Barroso por todos os cinco continentes e sua música aonde quer que haja uma vitrola ou uma estação de rádio. De inspiração inesgotável, continua a produzir jóias musicais que são disputadas por intérpretes e editores.

Outros compositores

Impossível citar, no espaço limitado de um simples artigo, todos os compositores de mérito que têm cultivado o samba. Mas convém não esquecer Henrique Vogeler — autor de Ai, ioiô, Lamartine Babo — o rei da marchinha carnavalesca mas também sambista, Nássara, Geraldo Pereira, Bucy Moreira, Paulo da Portela, Custódio Mesquita, Evaldo Rui, Romualdo Peixoto, Francisco Matoso, Haroldo Barbosa, João de Barro, Bonfiglio de Oliveira, Jararaca, Vicente Paiva e os novíssimos Billy Blanco, Monsueto e Antonio Carlos Jobim (Tom).

O samba, de novo

Houve época em que o samba foi relegado a um segundo plano, não pelo povo, mas pelas estações de rádio e pelos fabricantes de discos, que se deixavam levar por compositores do chamado samba-slow, sem ritmo e sem características e influenciados pelos boleros e pelos mambos. Mas felizmente, tudo isso passou. O samba voltou a se apresentar com toda a sua grandeza, com seus tamborins e seus surdos, seus pandeiros e seus ganzás, para a alegria de um povo que tem na sua música popular um dos índices mais positivos de sua força e sua personalidade.

Fonte: "Falando de samba". Revista Esso. Rio de Janeiro, fevereiro de 1957. Não foi possível identificar o nome do autor.

Manuel Bandeira

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Manuel Bandeira

Manuel Bandeira (Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho) nasceu no Recife - PE no dia 19 de abril de 1886, na Rua da Ventura, atual Joaquim Nabuco, filho de Manuel Carneiro de Souza Bandeira e Francelina Ribeiro de Souza Bandeira. Em 1890 a família se transfere para o Rio de Janeiro e a seguir para Santos - SP e, novamente, para o Rio de Janeiro. Passa dois verões em Petrópolis.

Em 1892 a família volta para Pernambuco. Manuel Bandeira freqüenta o colégio das irmãs Barros Barreto, na Rua da Soledade, e, como semi-interno, o de Virgínio Marques Carneiro Leão, na Rua da Matriz.

A família mais uma vez se muda do Recife para o Rio de Janeiro, em 1896, onde reside na Travessa Piauí, na Rua Senador Furtado e depois em Laranjeiras. Bandeira cursa o Externato do Ginásio Nacional (atual Colégio Pedro II). Tem como professores Silva Ramos, Carlos França, José Veríssimo e João Ribeiro. Entre seus colegas estão Sousa da Silveira e Antenor Nascentes.

Em 1903 a família se muda para São Paulo onde Bandeira se matricula na Escola Politécnica, pretendendo tornar-se arquiteto. Estuda também, à noite, desenho e pintura com o arquiteto Domenico Rossi no Liceu de Artes e Ofícios. Começa ainda a trabalhar nos escritórios da Estrada de Ferro Sorocabana, da qual seu pai era funcionário.

No final do ano de 1904, o autor fica sabendo que está tuberculoso, abandona suas atividades e volta para o Rio de Janeiro. Em busca de melhores climas para sua saúde, passa temporadas em diversas cidades: Campanha, Teresópolis, Maranguape, Uruquê, Quixeramobim.

"... - O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado.

- Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?

- Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino."

Em 1910 entra em um concurso de poesia da Academia Brasileira de Letras, que não confere o prêmio. Lê Charles de Guérin e toma conhecimento das rimas toantes que empregaria em Carnaval.

Sob a influência de Apollinaire, Charles Cros e Mac-Fionna Leod, escreve seus primeiros versos livres,em 1912.

A fim de se tratar no Sanatório de Clavadel, na Suíça, embarca em junho de 1913 para a Europa. No mesmo navio viajam Mme. Blank e suas duas filhas. No sanatório conhece Paul Eugène Grindel, que mais tarde adotaria o pseudônimo de Paul Éluard, e Gala, que se casaria com Éluard e depois com Salvador Dali.

Em virtude da eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914, volta ao Brasil em outubro. Lê Goethe, Lenau e Heine (no sanatório reaprendera o alemão que havia estudado no ginásio). No Rio de Janeiro, reside na rua Nossa Senhora de Copacabana e na Rua Goulart.

Em 1916 falece sua mãe, Francelina. No ano seguinte publica seu primeiro livro: A cinza das horas, numa edição de 200 exemplares custeada pelo autor. João Ribeiro escreve um artigo elogioso sobre o livro. Por causa de um hiato num verso do poeta mineiro Mário Mendes Campos, Manuel Bandeira desenvolve com o crítico Machado Sobrinho uma polêmica nas páginas do Correio de Minas, de Juiz de Fora.

O autor perde a irmã, Maria Cândida de Souza Bandeira, que desde o início da doença do irmão, havia sido uma dedicada enfermeira, em 1918. No ano seguinte publica seu segundo livro, Carnaval, em edição custeada pelo autor. João Ribeiro elogia também este livro que desperta entusiasmo entre os paulistas iniciadores do modernismo.

O pai de Bandeira, Manuel Carneiro, falece em 1920. O poeta se muda da Rua do Triunfo, em Paula Matos, para a Rua Curvelo, 53 (hoje Dias de Barros), tornando-se vizinho de Ribeiro Couto. Numa reunião na casa de Ronald de Carvalho, em Copacabana, no ano de 1921, conhece Mário de Andrade. Estavam presentes, entre outros, Oswald de Andrade, Sérgio Buarque de Holanda e Osvaldo Orico.

Inicia então, em 1922, a se corresponder com Mário de Andrade. Bandeira não participa da Semana de Arte Moderna, realizada em fevereiro em são Paulo, no Teatro Municipal. Na ocasião, porém, Ronald de Carvalho lê o poema "Os Sapos", de "Carnaval". Meses depois Bandeira vai a São Paulo e conhece Paulo Prado, Couto de Barros, Tácito de Almeida, Menotti del Picchia, Luís Aranha, Rubens Borba de Morais, Yan de Almeida Prado. No Rio de Janeiro, passa a conviver com Jaime Ovalle, Rodrigo Melo Franco de Andrade, Prudente de Morais, neto, Dante Milano. Colabora em Klaxon. Ainda nesse ano morre seu irmão, Antônio Ribeiro de Souza Bandeira.

Desses encontros surgiu a oportunidade de Jaime Ovalle compor duas músicas para poemas seus que marcaram época: Azulão e Modinha. Anos depois, escreveu versos para Ary Barroso musicar, Portugal, meu avozinho, fado que nunca chegou a ser gravado.

Em 1924 publica, às suas expensas, Poesias, que reúne A Cinza das Horas, Carnaval e um novo livro, O Ritmo Dissoluto. Colabora no "Mês Modernista", série de trabalhos de modernistas publicado pelo jornal A Noite, em 1925. Escreve crítica musical para a revista A Idéia Ilustrada. Escreve também sobre música para Ariel, de São Paulo.

A serviço de uma empresa jornalística, em 1926 viaja para Pouso Alto, Minas Gerais, onde na casa de Ribeiro Couto conhece Carlos Drummond de Andrade. Viaja a Salvador, Recife, Paraíba (atual João Pessoa), Fortaleza, São Luís e Belém. No ano seguinte continua viajando: vai a Belo Horizonte, passando pelas cidades históricas de Minas Gerais, e a São Paulo. Viaja a Recife, como fiscal de bancas examinadoras de preparatórios. Inicia uma colaboração semanal de crônicas no Diário Nacional, de São Paulo, e em A Província, de Recife, dirigido por Gilberto Freyre. Colabora na Revista de Antropofagia.

1930 marca a publicação de Libertinagem, em edição como sempre custeada pelo autor. Muda-se, em 1933, da Rua do Curvelo para a Rua Morais e Vale, na Lapa. É nomeado, no ano de 1935, pelo Ministro Gustavo Capanema, inspetor de ensino secundário.

Grandes comemorações marcam os cinqüenta anos do poeta, em 1936, entre as quais a publicação de Homenagem a Manuel Bandeira, livro com poemas, estudos críticos e comentários, de autoria dos principais escritores brasileiros. Publica Estrela da Manhã (com papel presenteado por Luís Camilo de Oliveira Neto e contribuição de subscritores) e Crônicas da Província do Brasil.

Recebe o prêmio da Sociedade Filipe de Oliveira por conjunto de obra, em 1937, e publica Poesias Escolhidas e Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Romântica.

No ano seguinte é nomeado professor de literatura do Colégio Pedro II e membro do Conselho Consultivo do Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Publica Antologia dos Poetas Brasileiros da Fase Parnasiana e Guia de Ouro Preto.

Em 1940 é eleito para a Academia Brasileira de Letras, na vaga de Luís Guimarães Filho. Toma posse em 30 de novembro, sendo saudado por Ribeiro Couto. Publica Poesias Completas, com a inclusão da Lira dos Cinqüent'Anos (também esta edição foi custeada pelo autor). Publica ainda Noções de História das Literaturas e, em separata da Revista do Brasil, A Autoria das Cartas Chilenas.

Começa a fazer crítica de artes plásticas em A Manhã, em 1941, no Rio de Janeiro. No ano seguinte é nomeado membro da Sociedade Filipe de Oliveira. Muda-se para o Edifício Maximus, na Praia do Flamengo. Organiza a edição dos Sonetos Completos e Poemas Escolhidos de Antero de Quental.

Nomeado professor de literatura hispano-americana da Faculdade Nacional de Filosofia, em 1943, deixa o Colégio Pedro II. Muda-se, em 1944, para o Edifício São Miguel, na Avenida Beira-Mar, apartamento 409. Publica Obras Poéticas de Gonçalves Dias, edição crítica e comentada. No ano seguinte publica Poemas Traduzidos, com ilustrações de Guignard.

Recebe o prêmio de poesia do IBEC por conjunto de obra, em 1946. Publica Apresentação da Poesia Brasileira e Antologia dos Poetas Brasileiros Bissextos Contemporâneos.

Em 1948 são reeditados três de seus livros: Poesias Completas, com acréscimo de Belo Belo; Poesias Escolhidas e Poemas Traduzidos. Publica Mafuá do Malungo (impresso em Barcelona por João Cabral de Melo Neto) e organiza uma edição crítica das Rimas de João Albano. No ano seguinte publica Literatura Hispano-Americana e traduz O Auto Sacramental do Divino Narciso de Sóror Juana Inés de la Cruz.

A pedido de amigos, apenas para compor a chapa, candidata-se a deputado pelo Partido Socialista Brasileiro, em 1950, sabendo que não tem quaisquer chances de eleger-se. No ano seguinte publica Opus 10 e a biografia de Gonçalves Dias. É operado de cálculos no ureter. Muda-se, em 1953, para o apartamento 806 do mesmo edifício da Avenida Beira-Mar.

No ano de 1954 publica Itinerário de Pasárgada e De Poetas e de Poesia. Faz conferência no Teatro Municipal do Rio de Janeiro sobre Mário de Andrade. Publica 50 Poemas Escolhidos pelo Autor, em 1955. Traduz Maria Stuart, de Schiler, encenado no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em junho, inicia colaboração como cronista no Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, e na Folha da Manhã, de São Paulo. Faz conferência sobre Francisco Mignone no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Traduz Macbeth, de Shakespeare, e La Machine Infernale, de Jean Cocteau, em 1956. É aposentado compulsoriamente, por motivos da idade, como professor de literatura hispano-americana da Faculdade Nacional de Filosofia.

Traduz as peças Juno and the Paycock, de Sean O'Casey, e The Rainmaker, de N. Richard Nash, em 1957. Nesse ano, publica Flauta de Papel. Em julho visita para a Europa, visitando Londres, Paris, e algumas cidades da Holanda. Retorna ao Brasil em novembro. Escreve, até 1961, crônicas bissemanais para o Jornal do Brasil e a Folha de São Paulo.

Em 1958, publica Gonçalves Dias, na coleção "Nossos Clássicos" da Editora Agir. Traduz a peça Colóquio-Sinfonieta, de Jean Tardieu. Publicada pela Aguilar, sai em dois volumes sua obra completa - Poesia e Prosa.

No ano seguinte traduz The Matchmaker (A Casamenteira), de Thorton Wilder. A Sociedade dos Cem Bibliófilos publica Pasárgada, volume de poemas escolhidos, com ilustrações de Aldemir Martins.

Em 1960 traduz o drama D. Juan Tenório, de Zorrilla. Pela Editora Dinamene, da Bahia, saem em edição artesanal Estrela da Tarde e uma seleção de poemas de amor intitulada Alumbramentos. Sai na França, pela Pierre Seghers, Poèmes, antologia de poemas de Manuel Bandeira em tradução de Luís Aníbal Falcão, F. H. Blank-Simon e do próprio autor.

No ano seguinte traduz Mireille, de Fréderic Mistral. Começa a escrever crônicas semanais para o programa "Quadrante" da Rádio Ministério da Educação. Em 1962 traduz o poema Prometeu e Epimeteu de Carl Spitteler.

Escreve para a Editora El Ateneo, em 1963, biografias de Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Castro Alves. A Editora das Américas edita Poesia e Vida de Gonçalves Dias. Traduz a peça Der Kaukasische Kreide Kreis, de Bertold Brecht. Escreve crônicas para o programa "Vozes da Cidade" da Rádio Roquette-Pinto, algumas das quais lidas por ele próprio, com o título "Grandes Poetas do Brasil".

Traduz as peças O Advogado do Diabo, de Morris West, e Pena Ela Ser o Que É, de John Ford. Sai nos EUA, pela Charles Frank Publications, A Brief History of Brazilian Literature (tradução, introdução e notas de R. E. Dimmick), em 1964.

No ano de 1965 traduz as peças Os Verdes Campos do Eden, de Antonio Gala. A Fogueira Feliz, de J. N.Descalzo, e Edith Stein na Câmara de Gás de Frei Gabriel Cacho. Sai na França, pela Pierre Seghers, na coleção "Poètes d'Aujourd'hui", o volume Manuel Bandeira, com estudo, seleção de textos, tradução e bibliografia por Michel Simon.

Comemora 80 anos, em 1966, recebendo muitas homenagens. A Editora José Olympio realiza em sua sede uma festa de que participam mais de mil pessoas e lança os volumes Estrela da Vida Inteira (poesias completas e traduções de poesia) e Andorinha Andorinha (seleção de textos em prosa, organizada por Carlos Drummond de Andrade). Compra uma casa em Teresópolis, a única de sua propriedade ao longo de toda sua vida.

Com problemas de saúde, Manuel Bandeira deixa seu apartamento da Avenida Beira-Mar e se transfere para o apartamento da Rua Aires Saldanha, em Copacabana, de Maria de Lourdes Heitor de Souza, sua companheira dos últimos anos.

No dia 13 de outubro de 1968, às 12 horas e 50 minutos, morre o poeta Manuel Bandeira, no Hospital Samaritano, em Botafogo, sendo sepultado no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no Cemitério São João Batista.

Fonte: Dados obtidos em livros de Manuel Bandeira, e nas publicações "Homenagem a Manuel Bandeira" e "Bandeira a Vida Inteira", na Academia Brasileira de Letras e sites da Internet.

Barnabé

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Barnabé (João Ferreira de Melo), cantor e compositor (Botelhos MG, 08/12/1932 - São Paulo SP, 13/09/1968), criado no Paraná, trabalhou na roça e na construção de estradas.

Ainda adolescente, juntou-se aos artistas de um parque de diversões, apresentando-se em circos e cinemas como Nhô Peroba, que tocava violão e contava piadas. Levado para São Paulo pela dupla Tonico e Tinoco, passou a participar dos programas de rádio Na Beira da Tuia e Peru que Fala.

Gravou seu primeiro disco como Barnabé em 1965, na Continental, obtendo sucesso imediato. Seu humor ingênuo e espontâneo, misturando piadas e músicas caipiras bem-humoradas, como Sanfona da véia (Brinquinho e Brioso), Casamento do Barnabé (Capitão Furtado), O esculhambeque (paródia do sucesso da Jovem Guarda O calhambeque), rendeu ainda mais três LPs antes de sua morte, em 1968.

A partir de 1970, seu irmão caçula, José Ferreira de Melo (Ribeirão do Pinhal PR, 09/12/1949) passou a usar o mesmo nome artístico e lançou ainda nesse ano seu primeiro disco pela Continental. Nessa gravadora, o segundo Barnabé gravou mais de oito LPs e, entre suas composições, estão Bailinho bom (com Palmar) e Ponto negro (com M. Nascimento), sucesso de Chitãozinho e Xororó.

Publicou três livros de piadas editados pela Luzero. Na década de 90 continuou viajando por todo o Brasil e apresentando seus shows em circos, praças e rodeios.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.

Giane

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Giane

Giane (Georgina Morozinde dos Santos), cantora, nasceu em Ribeirão Preto, São Paulo, e pode ser considerada uma das precursoras da jovem guarda.

Iniciou a carreira em meados da década de 1960, durante o início da Jovem Guarda.

Seu maior êxito, como cantora profissional, foi ter ganho o Festival de San Remo, realizado na Itália em 1972, interpretando a música Estrada do sol, samba-canção de Tom Jobim e Dolores Duran.

Discografia

Esta É Giane - A Voz Doçura (1964) - A pronúncia italianada dos erres era típica velha-guarda, e a paulista Giane, nascida numa fazenda em Ribeirão Preto, estaciona aqui nalgum ponto intermediário entre o comércio à antiga e o mercadão pop nascente da “música jovem”, em quindins infanto-juvenis como a versão de Dominique (de Soeur Sourire): Dominique, nique, nique, sempre alegre, esperando alguém que possa amar/ o seu príncipe encantado, seu eterno namorado, que não cansa de esperar. Aos ouvidos de hoje, soa menos infanto-juvenil que infanto-infantil, mas Dominique termina a canção condoída, punida, nique, nique, nique, sempre triste a chorar o amor que se acabou.

Giane (1965) - Preste Atenção, versão para Fais Attention (de J.L. Chauby e Bob du Pac), abre o LP em feitio de dramalhão. Sempre com um pé em lancha “jovem” e outro em canoa “antiga”, Giane parece nesse momento mais determinada a pular de corpo inteiro na segunda embarcação. Os vocais infantis de rotação acelerada, tipo Pato Donald, de Eu Não Posso Namorar podem soar vexatórios a ouvidos de 2008. Mas não custa lembrar que, em 1961, também eram usados num disco de “brotolândia” por uma adolescente gaúcha chamada Elis Regina.

Suavemente (1965) - “Suavemente”? Não, dramas, draminhas e dramalhões como Se Eu Pudesse Encontrar Você ou 15 Primaveras não autorizam o mimoso advérbio que titula o LP. Notas curiosas sobre a instabilidade e a incerteza no imaginário musical de Giane: a) a presença do sambão Lago da Felicidade, de Lúcio Cardim e Nello Nunes; b) a regravação lamuriosa (e emprestada de vozes solenes como a de Maysa) da toada acaipirada de Adoniran Barbosa Bom-Dia, Tristeza, com versos pré-bossa nova de mr. Vinicius de Moraes. Era 1965, Roberto Carlos já mandava tudo para o inferno.

Fontes: Dicionário Cravo Albin da MPB; RUÍDO - blog musical de Pedro Alexandre Sanches

Germano Mathias

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Germano Mathias, cantor, nasceu em São Paulo-SP em 2 de junho de 1934. Sambista nascido no bairro da Barra Funda, foi contratado pela Rádio Tupi em 1955, depois de se apresentar em um programa de calouros da emissora cantando um samba.

No ano seguinte lançou o primeiro disco, com a música Minha nega na janela (com Doca). Em 1957 saiu seu primeiro LP, Germano Matias, o Sambista Diferente, título que se devia à sua maneira diferente de interpretar sambas e ao acompanhamento percussivo feito por tampa de lata, que executava.

Guarde a sandália dela, samba composto em parceria com Sereno em 1958, foi um dos seus grandes sucessos. Foi também um intérprete assíduo dos sambas de Zé Keti: Nega Dina, Malvadeza Durão e O assalto são exemplos.

Firmou-se como um dos grandes nomes do samba paulista, mas ultimamente não tem gravado tanto. Apresentou-se em 2000 no programa Musikaos, da TV Cultura.

Fontes: Wikipédia; ClicMusic.

Zé Menezes

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Zé Menezes (José Menezes França), violonista, nasceu em Jardim (CE) em 6/9/1921. Começou a tocar profissionalmente aos 8 anos, quando ainda explorava o cavaquinho, em Juazeiro do Norte (CE).Aos 11 anos era instrumentista da banda municipal, e trabalhou durante algum tempo como músico de cinema e bailes. No final dos anos 30 mudou-se para Fortaleza, onde trabalhou na Ceará Rádio Clube como violonista.

Em 1943 foi para o Rio de Janeiro a convite de César Ladeira, que o ouvira tocar em Fortaleza. Na então capital federal foi contratado da Rádio Mayrink Veiga, onde conheceu o sucesso como solista graças aos dois programas semanais que apresentava, tocando violão, cavaquinho, viola, guitarra, bandolim, violão tenor e banjo.

Em 1947 foi para a Rádio Nacional, onde tocou ao lado de Garoto. Como compositor, sua primeira música gravada foi Nova ilusão (parceria com Luís Bittencourt), pelo conjunto Os Cariocas.

Outros de seus sucessos foram Não interessa não, com Luís Bittencourt, gravado por César Ladeira e Heleninha Costa, Tudo azul, na interpretação de Zezé Gonzaga, Cinzas, cantada por Ernani Filho, Pau-de-arara, baião gravado por Carmélia Alves e outras composições, sempre em parceria com Luís Bittencourt.

Gravou vários discos como solista, alcançando o sucesso com suas interpretações de Copacabana (João de Barro e Alberto Ribeiro) e Um domingo no jardim de Alah (Lírio Panicali).

Viajou pela Europa com o Sexteto Radamés Gnattali em 1959, e formou o grupo Velhinhos Transviados, que gravou 13 LPs. Em 1995 lançou o CD Chorinho in Concert e em 1998 foi a vez de Relendo Garoto, só com músicas do violonista paulista com quem tocou com muito sucesso na década de 40.


Homem dos Mil Instrumentos

Chamá-lo de homem dos mil instrumentos nem chega a ser exagero. O cearense de Jardim, nascido em 1921, toca praticamente todos os de corda. Já atuou em dupla com o virtuose do violão Garoto durante o período áureo da Rádio Nacional, integrou o Quinteto do rigoroso Radamés Gnattali e reforçou os primeiros discos de Roberto Carlos tocando guitarra. Fez até a música de abertura do programa Os Trapalhões.

Onipresente nos bastidores de várias gerações (e estilos) da MPB, Zé começou muito cedo em um cavaquinho de uma corda só. Aos oito anos exibiu-se para o lendário Padre Cícero tocando sua composição Meus Oito Anos. Aprendeu requinta (um clarinete uma quinta acima), escalou o violão, o bandolim, o violão-tenor (quatro cordas) e não parou mais.

Ao lado de Radamés ao piano (e Vidal, baixo, Luciano Perrone, bateria, Chiquinho, acordeom), atuou com alguns dos principais intérpretes nacionais, mas nunca renunciou a sua assinatura pessoal. Compôs o samba-canção modernista Nova Ilusão (com Luiz Bittencourt), que se tornaria prefixo da primeira fase do grupo vocal Os Cariocas, em 1948, e também Comigo é Assim, outro sucesso do grupo (da mesma dupla) que Miúcha e Tom Jobim regravariam em 1977.

Outras composições suas conseguiram projetar-se como Mais uma Ilusão, na voz de Nuno Roland, Castigo por Gilberto Milfont e Pau-de-Arara por Carmélia Alves. Seu estoque de choros instrumentais também é expressivo: Sereno, Vitorioso, Encabulado, Caititu, entre outros.

Aos 11 anos, músico de banda em Juazeiro, foi descoberto por César Ladeira quando tocava na Ceará Rádio Clube, em 1943. Contratado pela Rádio Mayrink Veiga carioca, ele passaria mais tarde para a Nacional onde se apresentou em dupla com Garoto. Trabalhou ainda com o tecladista Djalma Ferreira no conjunto Milionários do Ritmo, excursionou pela Europa a bordo do Sexteto de Radamés Gnattali (que começou como quarteto e chegou a Orquestra Brasileira de Shows com Zé, Garoto e Bola Sete nas cordas).

Gravou treze discos com o bem-humorado grupo de estúdio Velhinhos Transviados, que "envelhecia" (e envenenava com Menezes na guitarra) por meio de uma formação de bandinha do interior os sucessos das paradas, incluindo rock e derivados. Sua enorme carreira discográfica, no entanto, tem poucos solos como os dois LPs de dez polegadas registrados na Sinter no início dos 50 (Dançando com Zé Menezes, A Voz do Violão) e os mais recentes CDs Chorinho in Concert, na CID, de 1995, e Relendo Garoto, produzido por Pelão em 1998, no qual ele realiza o velho sonho do parceiro que desejava ver suas músicas reintepretadas por orquestra. E de quebra por um homem-orquestra, o gênio modesto Zé Menezes.

Tárik de Souza - ENSAIO - 22/9/1998

Fontes: ClicMusic; SESC-SP MPB.

Luís Bittencourt

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Luís Bittencourt (Luís Gonzaga Bittencourt), compositor e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 6/5/1915. O pai, Antônio Lourenço Bittencourt, pianista que acompanhava filmes mudos, ensinou-lhe as primeiras noções de música.

Iniciou a carreira em 1930, participando de programas na Rádio Educadora do Brasil (hoje Tamoio) e também do programa Horas do Outro Mundo, de Renato Murce, na extinta Rádio Philips.

A partir de 1935, passou a dedicar-se profissionalmente à música, integrando a orquestra do Cassino da Urca. De 1936 a 1960, participou como violonista das orquestras da Victor e da Rádio Nacional. Em 1937, sua composição Lua triste (com Leonel Azevedo) foi gravada na Odeon por Sílvio Caldas.

Como instrumentista, atuou em conjuntos famosos, como o Regional de Dante Santoro, o de Benedito Lacerda, Conjunto Regional Victor, Conjunto Regional Guanabara, Regional Rogério Guimarães, além das orquestras das gravadoras Sinter, Musidisc e Continental.

Como compositor, tem cerca de 130 músicas gravadas, entre as quais Nova ilusão (com José Menezes), que fez sucesso em 1948 com Os Cariocas, Aquelas palavras (com Benny Woldoff), de 1945, Casadinhos (com Tuiú), de 1945, e A grande verdade (com Marlene), de 1948.

De 1950 a 1965, foi diretor musical e artístico de várias gravadoras, entre as quais a Sinter e a Musidisc, e de 1967 a 1975 exerceu cargos na Ordem dos Músicos do Brasil. Desde 1961, integra a Orquestra Sinfônica Nacional, do Ministério de Educação e Cultura.

Fontes: Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. São Paulo, Art Editora, 2000.