segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Luciene Franco

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A cantora Luciene Franco (Luciene Habib Franco Freitas Câmara), nascida no Rio de Janeiro-RJ em 3/1/1939, é filha única de Alexandrino Franco e Sarah Habib Franco. Estudou no Colégio Mello e Souza, no Rio, onde sempre viveu (salvo um período de dois anos em que morou em São Paulo, entre 1965 e 1967). Foi casada duas vezes e além da atividade artística é empresária do ramo hoteleiro, sendo proprietária de um hotel em Cabo Frio-RJ.

Uma das intérpretes favoritas de Ary Barroso, iniciou a carreira de cantora em 1957 atuando no rádio carioca. No mesmo ano, lançou pela Copacabana seu primeiro disco, assinando apenas Luciene, com o bolero Tarde morena de Espanha, composição de Luiz Bonfá e o samba-canção Ave Maria, de Vicente Paiva. Por essa época, foi levada por Ary Barroso para cantar com Ernâni Filho na boate "Friend's", no Rio de Janeiro.

Em 1958, atuou na TV Rio, indicada pelo violonista Luís Bonfá. No mesmo ano, gravou pela Copacabana os sambas Paz de espírito, de Luiz Bonfá e Reinaldo Dias Leme, e Eu fui de novo à Penha, de Ary Barroso. No ano seguinte, gravou o samba-canção Conversa, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, e o samba Não foi a saudade, de Severino Filho e Alberto Paz.

Ainda em 1959, gravou de Luiz Bonfá e Antônio Maria, o samba-canção Manhã de Carnaval e o Samba do Orfeu. Ainda na década de 1950, participou da festa de aniversário do presidente Juscelino Kubitschek no Palácio Laranjeiras a convite de Ary Barroso. Com o compositor de Aquarela do Brasil trabalhou em três temporadas na extinta boate Fred's, no Rio de Janeiro cantando ao lado de Ernâni Filho.

Em 1961, gravou um de seus maiores sucessos, o samba-canção Ternura antiga, de Dolores Duran e Ribamar, da qual foi a primeira intérprete, no I Festival da Canção ("Festival do Rio"), realizado no Rio de Janeiro no mesmo ano, sob o patrocínio de "O Rei da Voz". Também em 1961, lançou o samba-canção Poema do adeus, de Luís Antônio.

Em 1962, gravou Folha caída, de Hélio Justo e Berenice Ramos e Imenso amor, de Luiz Bonfá e Maria Helena Toledo. Em 1963, gravou o fox Gente maldosa, de Fernando e Glauco Pereira, e o schuffle Oração da esperança, de Toso Gomes, Paulo César e Correia. No mesmo ano, gravou com Moacir Franco as canções O bicho papão, de Rogério Cardoso e Luzes da ribalta, de Charles Chaplin, com versão de Antônio de Almeida e João de Barro.

Em 1964, lançou pela Copacabana o LP Luciene a notável com orquestração do maestro Severino Filho, com destaque para o samba Dois amigos, de Ary Barroso, os sambas-canção Diga adeus e vá, de Hianto de Almeida e Macedo Netto, e Chamando você, de Luiz Bonfá, e o Baião triste, de Altamiro Carrilho e Miguel Gustavo.

Gravou três elepês e cerca de dez compactos duplos, tendo tido discos lançados na Espanha, Portugal, França e Argentina. Outros sucessos foram Ma vie, de Alain Barrière, música francesa gravada no original, que ficou nove meses na parada de sucessos em todo o Brasil e Gente maldosa, de Glauco Fernando Pereira.

Fez shows em quase todos os estados brasileiros, salvo o Amazonas, Rondônia, Roraima, Amapá e Acre. Fez shows em vários países. Em Portugal, esteve em várias temporadas, inclusive no Cassino Estoril, onde cantou para o príncipe Vittorio Emanuele da Itália, além de apresentações na RTP. No Uruguai, apresentou-se no Cassino San Rafael, em Punta del Este. Na Espanha, fez temporada na Boate Flamingo, em Madri. Na Itália, apresentou-se na embaixada do Brasil, em Roma, a convite do embaixador Hugo Gouthier. Fez apresentações no México e no Peru.

Foi a primeira cantora a gravar uma composição de Geraldo Vandré (Rosa flor, em parceria com Baden Powell) e de Edu Lobo. Na TV, atuou em todos os principais shows como os de Flávio Cavalcanti, Chacrinha, Jota Silvestre, Jair de Taumaturgo, Sílvio Santos, Blota Jr., Aerton Perlingeiro, Airton Rodrigues e Murilo Nery.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

Lana Bittencourt

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Lana Bittencourt

Lana Bittencourt (Irlan Figueiredo Passos) nasceu no Rio de Janeiro-RJ em 05/02/1931 e desde menina causava sensação cantando nas festas familiares e em casa de vizinhos e amigos da família. Antes de escolher a carreira artística, cursava línguas anglo-germânicas na Faculdade de Filosofia.

Abandonou, em 1954, o curso para ser cantora, estreando, nesse ano, na Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, transferindo-se depois para a Rádio Mayrink Veiga. Logo gravou um jingle que fez muito sucesso na época. No mesmo ano, já gravaria seu primeiro disco em 78 rpm, com as músicas Samba da noite, de Luís Fernando e Wilton Franco e Emoção, de Emanuel Gitahy e Wilson Pereira. Logo depois foi contratada pela Rádio Mayrink Veiga, do Rio de Janeiro.

Nessa época, excursionou pelo interior do Brasil. Sempre se destacou pela capacidade de cantar em vários idiomas, o que lhe valeu um prefixo nas rádios: Lana Bittencourt, "A internacional". Grande parte de seus discos foram gravados na Colúmbia. Em 1954, chegou a ter um programa, exclusivamente seu, na TV Paulista (canal 5 de SP), que tinha a duração de 30 minutos.

Nos anos 60, lançou vários discos: o LP Musicalscope, que trazia a música Se alguém telefonar, de Jair Amorim e Alcir Pires Vermelho e, além de outras, um de seus grandes sucessos, a música Little darling, de Williams; o LP Intimamente; o LP Sambas do Rio, com músicas de Luís Antônio (Amor... amor, Chorou, chorou) e de Tom Jobim (Corcovado); o LP O sucesso é Lana Bittencourt e o LP Exaltação ao samba, com as músicas "Exaltação à Bahia", de Vicente Paiva e Chianca de Garcia e Os quindins de Iaiá, de Ary Barroso (este LP foi reeditado em CD, com o nome de Exaltação à Bahia).

Em 1965, ainda gravou o LP Lana no 1800, com as músicas Castigo, de Dolores Duran, Ma vie e Au revoir, ambas de Alain Barrière, Vidalin e Bécaud. Em 1997, teve lançado pela Polydisc um CD com seus maiores sucessos.

Fonte: Cantoras do Brasil - Lana Bittencourt.

Juca Chaves

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O cantor, compositor e humorista Juca Chaves (Jurandir Czaczkes Chaves) nasceu no Rio de Janeiro em 22/10/1938. Começou a aprender violão aos sete anos e sempre gostou de escrever poesias. Estudou, em São Paulo, no Colégio Mackenzie, onde costumava organizar festas de que participava cantando composições suas. Nessa época, passava férias na praia e, do contato com o mar e os pescadores, surgiu sua inspiração para canções e poesias praieiras.

Estudou com Guerra-Peixe (noções de harmonia, contraponto e fuga), Alceu Maynard Araújo (curso de folclore), Osvaldo Lacerda (teoria) e Nair Medeiros (piano). Foi aluno também do maestro Eleazar de Carvalho, com quem fundou o movimento da Juventude Musical Brasileira.

Aos 16 anos, teve sua composição Nas águas de Saquarema interpretada por Leny Eversong, na Rádio Nacional, de São Paulo, onde Guerra-Peixe era regente da orquestra. Com um grupo de rapazes do Largo São Francisco, de São Paulo, fundou, nessa época, o Grupo de Seresteiros de São Paulo e, entre 16 e 19 anos, produziu diversos poemas. Com Lemos Brito e Ricardo Amaral, foi um dos fundadores em 1955 da revista Rua Augusta Chic, em que escrevia crônicas e versos.

Em 1955, apresentou-se na TV Tupi, de São Paulo. Patrocinado por jovens da alta sociedade, fez seu primeiro recital, em 1957, no Teatro Leopoldo Fróis, contando com a participação de Ricardo Bandeira e sua companhia de mímica. Também no final da década de 1950, editou Pincel da sociedade, coletânea de poemas satíricos, esboçou um início de carreira jornalística, trabalhando como foca nos jornais dos Diários Associados e no diário Última Hora.

Apresentado por Araci de Almeida a Henrique Lobo, diretor da Rádio Bandeirantes, estreou na gravadora Chantecler em 1960, com o disco Nós, os gatos e Chapéu de palha com peninha preta. No ano seguinte registrou em discos compactos, da RGE, seus primeiros sucessos, a modinha Por quem sonha Ana Maria e as sátiras Nasal sensual (referência ao próprio nariz) e Presidente bossa nova (referência ao presidente Juscelino Kubitschek), que seria proibida pela censura, assim como também sua música de 1962 O Brasil já vai à guerra (comentando a compra de um porta-aviões pelo Brasil).

Ainda em 1962, destacou-se com Caixinha.., obrigado, Seguirei teus dúbios passos e Contrabando de café, e, em 1963, gravou Dona Maria Teresa. Nesse mesmo ano foi para a Europa, passando por Portugal, onde realizou apresentações, e depois fixou-se em Roma, Itália; aí tocou órgão em uma igreja, passando depois a tocar piano em cabaré e a se apresentar na televisão.

Compôs, em 1967, Lé com lé, cré com crê, e marcou sua volta ao Brasil, em 1969, com a estréia do show Circo Sdruws, apresentado por todo o país. A seguir teve um programa na TV Record, de São Paulo: Juca, Caviar e Mulher.

Apresentou-se, em 1974, no espetáculo Vá tomar caju, que, tendo sido levado inicialmente na boate Sucata, no Rio de Janeiro, percorreu depois várias cidades do país. Em 1975 lançou Rimas sádicas, música proibida pela censura pelo uso da palavra “tesão”.

Nos anos seguintes, compôs Paixão segundo o nosso amor, Viver de humor, morrer de amor, É vero, ti amo e Sentir-se jovem. No início da década de 1990, criou a gravadora independente Sdruws Records.

Em 1994 lançou novas sátiras musicais e inaugurou, em São Paulo, o Jucabaré — Theatro Inteligente. Dois anos depois, no Teatro Municipal de São Paulo, apresentou o espetáculo Juca Chaves — O menestrel do Brasil, acompanhado pelo Coral Paulistano e pela Camerata Atheneum.

Juca Chaves, o Menestrel do Brasil

A Sátira é a caricatura dos erros de uma sociedade na qual Juca, há mais de três décadas é o seu artista maior. Com sua voz diferente, mas afinidade única, cantava aos dezoito anos, os defeitos do País, debochando, em trovas e canções ousadas demais para a época, políticos, povo e seus costumes. Assim como Gregório de Matos O boca do inferno - Este Cirano moderno, de nariz agressivo, que do violão fez sua espada, pagou e paga um alto pedágio para sua voz, segundo o imortal Jorge Amado, "a mais livre do Brasil". As portas das rádios e TVs se lhe fecharam, os jornais por medo silenciaram e em setembro de 62, com três anos de carreira, o menestrel, assim por todos chamado, exila-se em Lisboa, recebendo de um Jornal de oposição, a República, a alcunha de O Trovador Maldito.

Durante um espetáculo no Teatro Tivoli, para delírio de uma platéia de intelectuais, jovens e estudantes, muitos vindos especialmente de Coimbra só para ouvi-lo, uma piada sua ao Presidente da República, irritou as autoridades portuguesas, em especial o temível PIDE (Polícia Internacional de Defesa de Estado), órgão de repressão do Governo Salazarista, que também não concordou com sua arte liberal. Um novo exílio, desta vez para a Itália onde, por 5 anos virou personagem e fez sua fama.

De retorno à Pátria, em plena ditadura, enfrenta a censura, a imprensa e o temor dos poderosos. Independente, com filosofia própria e sem pertencer a grupos políticos ou, participar de manifestações ideológicas, um modismo dos anos 70, transporta suas músicas aos teatros. Inaugura então seu Circo SDRUWS, atuando sempre sozinho, como um mito isolado da MPB.

Satiriza a Nova República, seus novos hábitos e a velha corrupção. Desafia o poder da comunicação e ironiza a mídia, sendo naturalmente boicotado por algumas revistas, jornais e emissoras de TV e Rádio, que impõem-lhe a Lei do Silêncio. Por outro lado, cativa ainda mais seu público fiel, em programas alternativos. Propõe no Senado o Disco Numerado em defesa do autor, não recebe apoio das autoridades, tampouco da classe e é definitivamente vetado pelas gravadoras e FMs. Cria seu selo independente, a SDRUWS RECORDS - "A VEZ DO DONO" e não "A VOZ DO DONO" - ironizando o cachorrinho da RCA, "Além de burro, ele é surdo", disse Juca - o que lhe custou novo processo.

Em 1994 lança novas sátiras musicais e inaugura seu próprio Theatro Inteligente, o Jucabaré, em São Paulo, onde se apresentou por um ano e fechou as portas para se apresentar nos teatros em todo o país, para segundo ele, "Atender a inúmeros pedidos de credores". Seu lar fica em Itapoã, Bahia. "Lá não faço nada, faço curso para ministro..."

Trinta e nove anos de carreira ou "prostituição artística", como afirma Jurandyr Chaves, o satírico Juca e romântico Juquinha é, inegavelmente, o mais completo e querido one man show. Nisto leva a vantagem de ser man mesmo, ironiza. Compositor, poeta, sonetista das rimas ricas - segundo o Príncipe dos Poetas, Guilherme de Almeida - músico de formação erudita por sua vasta obra (mais de quatrocentas músicas, entre sátiras políticas e sociais e modinhas).

É um mito à parte da cultura brasileira. Recebeu da imprensa portuguesa o título de "O Menestrel da Liberdade" e da brasileira, "O Menestrel do Brasil", na luta contra os patrulhamentos políticos e sociais. Segundo para Zélia Gattai: "É um anarquista". "Graças a Deus", conclui Juca.

Eis aí nosso Juquinha, o Grande Menestrel. Maldito para uns, irreverente para outros, mas para ele mesmo, um Vendedor de Sonhos. O sonho da liberdade, exclusividade daqueles que são e pensam livremente.

Músicas do Juca neste blog

A cúmplice, Por quem sonha Ana Maria, (letras cifradas); A situação, Ah! Se o seu fusca votasse, Amor non sense, Aquarela de sonhos, Assim é o Rio, Atraso ou solução, Auto-retrato, Brasil já vai a guerra, Caixinha obrigado, Cantiga para Iara dormir e sonhar, Dona Maria Tereza, Jeová, Jeová, Legalidade, Melô da merda, Menina, Nasal sensual, Pena preta de urubu, Pequena marcha para um grande amor, Políticos de cordel, Presidente Bossa Nova, Sou sim e daí, Take Me Back To Piauí (só letras).

Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora / PubliFolha; http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/.