sábado, 23 de julho de 2011

Arthur Napoleão

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Arthur Napoleão (Arthur Napoleão dos Santos), pianista, professor e compositor, nasceu na cidade do Porto, Portugal, em 6/3/1843, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12/5/1925. Aos sete anos, deu seu primeiro concerto de piano, que obteve alguma repercussão no meio musical europeu. 

Apresentou-se então em várias capitais do continente, tocando para a rainha Vitória, da Inglaterra, o rei da Prússia e Napoleão III, da França. Foi aplaudido por importantes compositores da época. Acompanhou ao piano dois famosos violinistas, Henri Vieuxtemps (1820—1881) e Henryk Wieniawsky (1835—1880).

Veio ao Brasil pela primeira vez em agosto de 1857, apresentando-se em quatro concertos no Teatro Lírico Fluminense, no Rio de Janeiro. Compôs nessa ocasião uma polca-mazurca para piano intitulada Uma primeira impressão do Brasil

Em janeiro do ano seguinte tocou no Teatro São Pedro de Alcântara, e a 10 de fevereiro realizou uma festa de despedida no Teatro Lírico Fluminense. Cinco anos depois iniciou uma tournée pela Europa e Américas.

Em 1866 transferiu-se definitivamente para o Brasil, fixando-se no Rio de Janeiro. Três anos depois fundou uma loja de instrumentos musicais, e no mesmo ano, em sociedade com Narciso José Pinto Braga, a loja Narciso & A. Napoleão, editora que durante um século levou seu nome e que teve papel de destaque no estímulo à produção musical brasileira. Foi professor de piano, tendo entre seus alunos Chiquinha Gonzaga e João Nunes.

Escreveu estudos de técnicas pianísticas baseados nos exercícios de Johann Baptist Cramer (1771—1858), oficialmente adotados pelo Conservatório de Música, do Rio de Janeiro, editados pela Casa Schott, de Milão, Itália.

Dedicou-se também à composição, e em 1883 fundou, com o violinista cubano José White (1836-1918), a Sociedade de Concertos Clássicos, onde se apresentou diversas vezes como pianista.

Obras

Música orquestral: Camões, p/orquestra e banda, s.d.; L’Africaine, p/piano e orquestra, s.d.; Hino do Acre, s.d.; Hino do Espírito Santo, s.d. 

Música instrumental: A brasileira, p/piano, s.d.; A caprichosa, p/piano, s.d.; Elvira, p/piano, s.d.; A fluminense, p/piano, s.d.; Uma primeira impressão do Brasil, p/piano, s.d.; Soirée de Rio (1. Chant d’adieu, 2. Une fleur, 3. Gavotte impériale, 4. Nocturne dramatique, 5. Tarantelle, 6. Le Rêve, 7. Heroíde, 8. Berceuse, 9. La Fougère), p/piano, s.d.; Soirées intimes (1. Ma pensée, 2. Pressentiment, 3. Tarantelle, 4. Confidence, 5. Rêverie, 6. Menuet, 7. Aveu, 8. Marche de nuit, 9. Tendresse, 10. Mazurka, 11. Barcarolie, 12. Légende), p/piano, s.d.; Souvenir de Naples, p/piano, s.d.; Teus olhos, p/piano, s.d. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - São Paulo - 2a. Edição - 1998.

A impressão musical no Brasil - Parte 4

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Casa Narciso & Arthur Napoleão. Rio de Janeiro, 1878.
Em 1835 chegou ao Brasil, vindo de Gênova, Itália, Isidoro Bevilacqua, e a 7 de setembro de 1846 abriu com Milliet-Chesnay um Armazém de Pianos e Música, na Rua dos Ourives, 52, e sobrado do n. 53, onde morava, dedicando-se ao ensino de piano e canto e também vendendo músicas.

Em 1848 tinha instalado uma oficina no sobrado, “dirigida pelo hábil fabricante de pianos José Estêvão Napoleão Le Breton”, que se dizia discípulo de Ignaz Joseph Pleyel (1757—1831). No ano seguinte tentou instalar indústria de pianos na Rua Princesa dos Cajueiros, com a ajuda de técnicos estrangeiros, mas o projeto fracassou e ele continuou com o Armazém até 1857, quando deu sociedade a seu antigo empregado, Narciso José Pinto Braga.

Bevilacqua & Narciso começaram a imprimir modinhas, lundus e música de salão de autores da época, como Joseph Ascher (1829—1869), Ignace Leybach (1817—1891), Alexandre Édouard Gloria etc, em coleções intituladas As brasileiras — coleção de modinhas, Álbum de modinhas, Lundus para piano e canto, Lira dos compositores e outras, com chapas numeradas (B.& N. ...). Datam dessa época, entre outras, as edições das primeiras composições de Artur Napoleão, que, como jovem pianista, visitava freqüentemente o Brasil e de quem Narciso era grande amigo, bem como os ensaios em composição de Francisco Alfredo, filho primogênito de Isidoro, que veio a ser professor de piano do então I.N.M.

Desfeita a sociedade com Narciso em 1865, com um total de uma centena de peças publicadas, Isidoro continuou imprimindo (I. Bevilacqua), mas já sem numeração, e em 1875 mudou-se para o n. 43 da mesma rua. Continuou as coleções iniciadas e mais Novo álbum de modinhas brasileiras, Álbum de canto italiano, Álbum de canto francês, Choix de romances françaises et italiennes, Colar de pérolas, Flores do baile, Pérolas e diamantes, Sucesso da dança etc.

Em 1879 o filho caçula Eugênio, assessorado pelo primo Ângelo Bevilacqua, assumiu a gerência do estabelecimento, dando grande impulso à imprensa de música, equipando as oficinas, tanto a de impressão como a de consertos de piano, com a mais moderna aparelhagem. Por volta de 1890, começaram a numerar novamente suas edições, partindo de 1.000, tendo sido republicadas e numeradas muitas das peças anteriormente impressas.

Em setembro de 1880, inauguraram o Salão Bevilacqua com uma festa a Carlos Gomes, concerto do qual participaram Alfredo Bevilacqua, Vincenzo Cernicchiaro e Marengo. Em 1888 publicaram um folheto em tiras desdobráveis, Miniatura musical, com seis peças para piano de compositores nacionais e estrangeiros e uma relação de obras impressas pela editora, uma espécie de prévia ao Catálogo geral das publicações musicais de E. Bevilacqua & Cia. (62 p.), que editaram em 1900, com as obras classificadas por instrumentos e por gêneros, inclusive obras didáticas, métodos etc., cada item acompanhado do respectivo número de chapa, num total de 4.446 peças.

Em 1890 haviam aberto filial em São Paulo, na Rua São Bento, 14A, e em 1892 Eugênio e Ângelo entraram como sócios da firma, que, por morte de Isidoro, em 24 de janeiro de 1897, passou a E. Bevilacqua & Cia., com o lema “Labor omnia vincit”.

De 1904 a 1908 publicaram A Renascençarevista mensal de letras, ciências e artes, tendo por diretores Rodrigo Otávio e Henrique Bernardelli, e apresentando um suplemento musical com peças só de compositores brasileiros (saíram 52 números). Em 1905, com a abertura da Avenida Rio Branco, mudaram-se para a Rua do Ouvidor, 151, e dois anos depois morreu Eugênio Bevilacqua.

Em 1911 a firma passou para o n. 187 da mesma rua e em 1913 para o n. 145, quando foi publicado mais um Catálogo das edições Bevilacqua (82 p.), reunindo cerca de 7.000 peças. Além da filial em São Paulo, possuíam agências em Juiz de Fora MG, Porto Alegre RS e Recife PE.

Em 1912, a filial de São Paulo mudara-se para a Rua Direita, 17, e em 1924 foi vendida a J. Carvalho & Cia., continuando a loja até hoje com o nome de Casa Bevilacqua, mas desde 1941 de propriedade dos Irmãos Vitale. A matriz do Rio de Janeiro, que passara por sérias dificuldades, sob a direção de Eduardo, filho de Eugênio, em 1925 estava com a Viúva Bevilacqua no n. 115 da Rua do Ouvidor, tendo encerrado suas atividades em 1929. No ano seguinte o Catálogo Bevilacqua foi vendido a A. Tisi Neto, que o arrendou a E. S. Mangione, para continuar a impressão das peças.

Em 1941 Adélia Bevilacqua, filha de Eugênio, recuperou a propriedade do Catálogo, mantendo Mangione & Filhos como editores autorizados. No referido Catálogo, constata-se uma presença equilibrada de compositores estrangeiros e brasileiros, entre os quais Carlos Gomes, Leopoldo Miguez, Ábdon Milanez, Alberto Nepomuceno, Henrique Oswald, Francisco Braga, Barroso Neto, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e outros autores de música popular, num total de mais de 70.

Eis a concordância aproximada das chapas das edições Bevilacqua com as respectivas datas (chapas 1.000 a 2.499, com muitos números rasurados, substituídos (dificultando a identificação das datas). de 1890 em diante:

2.500 a 2.655 (1890) 5.965 a 6.136 (1906)
2.656 a 2.797 (1891) 6.137 a 6.324 (1907)
2.798 a 2.955 (1892) 6.325 a 6.489 (1908)
2.956 a 3.116 (1893) 6.490 a 6.604 (1909)
3.117 a 3.244 (1894) 6.605 a 6.670 (1910)
3.245 a 3.432 (1895) 6.671 a 6.861 (1911)
3.433 a 3.681 (1896) 6.862 a 7.059 (1912)
3.682 a 3.896 (1897) 7.060 a 7.240 (1913)
3.897 a 4.190 (1898) 7.241 a 7.425 (1914)
4.191 a 4.472 (1899) 7.426 a 7.519 (1915)
4.473 a 4.779 (1900) 7.520 a 7.808 (1916)
4.780 a 5.025 (1901) 7.809 a 7.753 (1917)
5.026 a 5.265 (1902) 7.754 a 7.942 (1918)
5.266 a 5.526 (1903) 7.943 a 8.170 (1919)
5.527 a 5.746 (1904) 8.171 a 8.362 (1920)
5.747 a 5.964 (1905) 8.363 a 8.512 (1921)

De 1921 a 1929 não é possível a separação por ano, tendo a numeração atingido cerca de 9.400 peças.

Narciso José Pinto Braga, que fora sócio de Isidoro Bevilacqua (1857-1865), abriu em 1866 uma loja própria, na Rua dos Ourives, 62, vendendo pianos e músicas. Em 1867 recomeçou a impressão, com chapas numeradas, de composições de seu amigo Artur Napoleão: fantasias sobre óperas e operetas, bem ao gosto da época, inclusive algumas também de Alfredo, irmão do pianista, música de salão e várias peças para piano de Louis Moreau Gottschalk, pianista norte- americano que em 1869 realizou no Rio de Janeiro temporada de concertos.

Em fevereiro de 1869, Narciso comprou o acervo de cinco imprensas de música do Rio de Janeiro: Sucessores de Laforge, J. C. Meireles, Rafael Coelho Machado, Januário da Silva Arvelos e N. Garcia, enriquecendo assim seu patrimônio, que já atingia cerca de 1.540 peças, e estendendo a loja ao n. 60 da mesma rua.

Em março do mesmo ano, Artur Napoleão resolveu se fixar definitivamente no Rio de Janeiro e abriu um Grande Depósito de Pianos, na Rua dos Ourives, 54-56. Passados poucos meses, os dois amigos entraram em sociedade, inaugurando em setembro de 1869 a loja, na Rua dos Ourives, 60-62, Narciso & A. Napoleão. A loja existiu até 1877, tendo mudado, cerca de dois anos antes, para a Rua dos Ourives, 56-58. Publicaram nesse período por volta de 2.000 peças de autores nacionais e estrangeiros, todas com chapa (N.&A.N. ...).

Em 1871 apresentavam um Catálogo das músicas impressas no imperial estabelecimento de pianos e músicas de Narciso & A. Napoleão (55 p.), talvez o primeiro a ser publicado por casa editora no Brasil. Em 1877, A. Napoleão deixou a firma, instalando-se, em setembro de 1878, em prédio que pertencera ao Diário do Rio, na Rua do Ouvidor, 89, que sofrera reforma geral para instalação, não só da loja e oficinas de impressão, mas ainda de um salão de concertos. Leopoldo Miguez, que iniciava sua carreira de musicista, era seu novo sócio, e logo no ano seguinte começaram a publicação de um “semanário artístico” intitulado Revista Musical e de Belas Artes.

Com esplêndida colaboração, muito noticiosa e com longos artigos sobre história da música e de instrumentos musicais, biografias de compositores etc., teve, entretanto, curta duração (de janeiro de 1879 a dezembro de 1880), publicando ainda, em suplemento, umas poucas peças musicais. Foram colaboradores da Revista André Rebouças, o visconde de Taunay, Oscar Guanabarino e o crítico Alfredo Camarate, entre outros. Narciso continuara imprimindo música, em sua loja da Rua dos Ourives, 56-58, até março de 1880, quando resolveram reunir-se novamente em sociedade, agora com o nome Narciso, A. Napoleão & Miguez. Dois anos mais tarde, Miguez deixou a firma, ficando a casa com Narciso & A. Napoleão até 1889, quando Narciso morreu.

Em 1890 seu único proprietário era A. Napoleão, mas sérias dificuldades econômicas fizeram-no transformar a firma em sociedade anônima — Cia. de Música e Pianos, Sucessora de A. Napoleão, com dois diretores, o próprio Napoleão e Francisco Coelho Sampaio. Em 1893, porém, conseguiram superar a crise e formar a firma A. Napoleão & Cia., sempre na Rua do Ouvidor, 89, com acervo de mais de 7.000 peças publicadas.

Em 1911 mudaram-se para a Avenida Central, 122 (no ano seguinte denominada Avenida Rio Branco), e em 1913 Sampaio, Araújo & Cia. tomavam conta da Casa Artur Napoleão — Estabelecimento de Pianos e Músicas. Em 1915, publicaram o Catálogo geral da Casa A. Napoleão de Sampaio, Araújo & Cia., impresso na Tipografia Leuzinger. São 209 páginas relacionando obras classificadas por instrumentos, gêneros, métodos etc., com predominância de compositores estrangeiros e, entre os brasileiros, Henrique Alves de mesquita, Carlos Gomes, Leopoldo Miguez, Ábdon Milanez, Chiquinha Gonzaga, Antônio Cardoso de Meneses, os irmãos Napoleão e outros. Claude Debussy (1862—1918) já figurava com suas Arabesques, bem como toda a série Les classiques du piano, editada por Félix Le Couppey (1811—1887); muitas coleções para principiantes de piano; inúmeras fantasias sobre óperas (só de Il Guarany, de Carlos Gomes, mais de 30); canto em português, francês, italiano e espanhol; vasto repertório de música de dança e peças para violino, violoncelo, flauta e bandolim.

Em 1936 foi publicado o sexto de uma série de suplementos, atualizando o Catálogo. Foram os editores das primeiras composições de Villa-Lobos (década de 1920), na sua maioria obras para piano solo, canto e piano, e violoncelo. Durante a atuação do compositor como chefe do Serviço de Educação Musical e Artística (SEMA), iniciaram, sob sua direção, a publicação da Coleção escolar, com numeração independente, uma parte da que se constituiu mais tarde no conhecido Guia prático, de Villa-Lobos.

Na década de 1950 a firma foi comprada por Hélio Mota e passou para Casa A. Napoleão Músicas S/A., na Rua Evaristo da Veiga, 73, e Rua das Marrecas, 46 (durante curto período chamada Rua Juan Pablo Duarte), e por volta de 1961 para Ed. A. Napoleão Ltda. Em 1968 a editora Fermata do Brasil comprou o Catálogo da Ed. A. Napoleão Ltda., sendo atualmente únicos distribuidores do mesmo. Nesse mesmo ano, publicaram um Catálogo de obras nacionais da Ed. A. Napoleão (35 p.).

Concordância, aproximada, dos números de chapas da editora Narciso & A. Napoleão (e sucessores) com as respectivas datas:

1 a aprox. 1.750 (1 869-1875), Rua dos Ourives, 60-62;
1.751 a 1.960 (1875-1877), Rua dos Ourives, 56-58;
2.030 a 3.360 (1880-1893), Rua do Ouvidor, 89;
3.361 a 7.010 (1893-1913), Rua do Ouvidor, 89;
7.011 a 7.620 (1913-1915), Avenida Rio Branco, 122;
7.621 a 8.300 (191 5-1925), Avenida Rio Branco, 122;
8.301 a 9.150 (1925-1935), Avenida Rio Branco, 122;
9.151 a 9.500 (1 935-1945), Avenida Rio Branco, 122.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - São Paulo - 2a. Edição - 1998.

Rafael Coelho Machado

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Rafael Coelho Machado, musicólogo, organista, professor e compositor, nasceu na Ilha da Madeira, Portugal, em 1814, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 15/8/1887. Chegou ao Brasil em 1835, estabelecendo-se no Rio de Janeiro, onde se destacou como professor.

Em 1842, escreveu o primeiro dicionário musical editado no país mais tarde lançado também em Paris, França. Em 1845 foi organista da igreja da Candelária. Em 1855 voltou a trabalhar como organista da igreja da Candeiária. Em 1866 deixou a igreja da Candelária e continuou ensinando piano, canto, composição e órgão até 1877. Foi também professor de instrumentos de sopro, harmonia e regras de instrumentação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos.

Compôs músicas sacras, como os Cantos religiosos e colegiais para uso das casas de educação, a Grande missa, a Missa de Santa Luzia e um Te Deum

Cavaleiro da Ordem da Rosa, fundou um estabelecimento comercial de pianos e uma editora musical, tendo também traduzido vários métodos: Grande método de flauta, compilação dos métodos de François Devienne (1759—1803) e Benoit-Tranquille Berbiguier (1782—1838), Rio de Janeiro, 1843; Método de piano forte, de Franz Hünten (1793—1878); Escola de violino, de Jean-Delphin Alard (1815—1888); Método completo de violão, de Matteo Carcassi (c. 1792—1853). 

Publicou Dicionário musical..., Rio de Janeiro, 1842 (2a. ed. aumentada, Rio de Janeiro, 1855; 3a. ed., Paris, 1888); Princípios de música prática para uso dos principiantes, Rio de Janeiro, 1842; ABC musical, Rio de Janeiro, 1845 (várias vezes reeditado); Método de afinar piano, Rio de Janeiro, 1845 (várias vezes reeditado); Breve tratado de harmonia, Paris, 1852 (várias vezes reeditado); Elementos de escrituração musical ou arte de música, Lisboa, 1852; Método de órgão expressivo, Rio de Janeiro, 1854; Método de oficlide, Rio de Janeiro, 1856. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - São Paulo - 2a. Edição - 1998.

Henrique Alves de Mesquita

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Henrique Alves de Mesquita, compositor, organista, regente e professor, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 15/3/1830, e faleceu na mesma cidade, em 12/7/1906. Iniciou estudos musicais com Desidério Dorison, e em 1847 já executava solos de trompete.

No ano seguinte ingressou no Liceu Musical, na classe de Gioacchino Giannini, que depois seria seu professor no Conservatório de Música. Em fins de 1853, com o clarinetista Antônio Luís de Moura, abriu, na Praça da Constituição, o Liceu e Copistaria Musical, estabelecimento que oferecia cursos de música, copiava partituras, fornecia orquestras para bailes e vendia instrumentos.

São dessa época suas primeiras composições: a modinha O retrato, 1854; a romança Ilusão, 1855; a valsa Saudades de Madame Charton e o lundu Beijos de frade, as duas últimas publicadas em 1856 por T. B. Dinis. Nesse ano diplomou-se no Conservatório de Música, obtendo medalha de ouro nos cursos de Gioacchino Giannini (contraponto e órgão). Foi o primeiro aluno a receber prêmio de viagem à Europa, para aperfeiçoar-se. 

Em julho de 1857 seguiu para a França, onde cursou o Conservatório de Paris, estudando harmonia com François-Emmanuel-Joseph Bazin (1816—1878). Na capital francesa fez encenar a opereta La nuitau chateau (libreto de Paul de Koch) e obteve êxito com a quadrilha Soirée brésilienne. A coleção Abelha Musical (1858—1859) publicada no Rio de Janeiro pelo sucessor de Pedro Laforge, continha trechos de sua ópera Noivado em Paquetá. De Paris enviou obras ao Rio de Janeiro, como uma Missa executada a 26 de agosto de 1860, na igreja da Cruz dos Militares, sob a regência de Francisco Manuel da Silva; uma abertura sinfônica L’Étoile du Brésil, executada em 1861 na festa de distribuição de prêmios do Conservatório de Música. 

Sua ópera O vagabundo ou A infidelidade, sedução e vaidade punidas (libreto em italiano de Francesco Gumirato) foi representada a 24 de outubro de 1863 no Teatro Lírico Fluminense, pela empresa da Ópera Nacional, com libreto traduzido por Luís Vicente de Simoni. Alcançou êxito, sendo reencenada em 1871, desta vez cantada no original italiano. Ainda em Paris, envolveu-se em problemas pessoais, perdendo a pensão e regressando ao Brasil em julho de 1866. 

No Rio de Janeiro, integrou durante algum tempo a orquestra do Alcázar como trompetista, e a partir de 1869 passou a atuar como regente da orquestra do Teatro Fênix Dramática. Ali apresentou várias operetas de sucesso: Trunfo às avessas, 1871; Ali Babá (libreto de Eduardo Garrido), 1872; Coroa de Carlos Magno, 1873, entre outras. Segundo consta, foi o primeiro compositor brasileiro a usar a palavra tango para designar o tipo de música teatral até então conhecido como habanera ou havaneira, quando assim intitulou sua composição Olhos matadores, de 1871. 

Em 1872 foi nomeado professor de solfejo e princípios de harmonia no Conservatório de Música. Desse ano até 1886 foi organista da igreja de São Pedro. Em 1877 foi representada sua opereta Loteria do diabo no Teatro Fênix Dramática, e em 1885, A Gata Borralheira, no mesmo teatro, seu último êxito. 

Afastando-se do teatro, continuou a ensinar no Conservatório de Música. Em 1890 foi efetivado como professor de instrumentos de metal, aposentando-se em 1904, pelo já então I.N.M. 

Obras 

Música dramática: Ali Babá, opereta, 1872; Coroa de Carlos Magno, opereta, 1873; A Gata Borralheira, opereta, 1885; Loteria do diabo, opereta, 1877; La nuit au chateau, opereta, c. d.; Trunfo às avessas, opereta, 1871; O vampiro, drama fantástico, 1873. 

Outros: Ali Babá ou Os quarenta ladrões, tango, V.C.&C., s.d.; Ali Babá ou Os quarenta ladrões, quadrilha, A.N.&C., s.d.; À terra um anjo baixou, romance, J.P.S., s.d.; Aurora, polca, N.J.P.B.; s.d.; Batuque, tango, V.M.&C., s.d.; La brésilienne, polca, N.J.RB., s.d.; La brésilienne, polca, O.L., s.d.; Camões, polca, N.A.N.&M., s.d.; La coquette, quadrilha, A.N.&C., s.d.; A coroa de Carlos Magno, p/piano, s.d.; Esaudito amore, canto-piano, B.&G., s.d.; Espectro horrível, modinha lúgubre, B.&G., s.d.; A Gata Borralheira, quadrilha, N.&A.N., s.d.; Mayá, polca, M.A.G., s.d.; Minha estrela, recitativo, N., s.d.; A oração da infância, recitativo, A.N.&C., s.d.; A pêra de Satanás, quadrilha, A.N.&C., s.d.; Quadrilha heróica, N.&A.N., s.d.; Quebra, quebra minha gente, polca, A.N., s.d.; Raios do sol, quadrilha, A.N., s.d.; Remissão dos pecados, tango, N.&A.N., s.d.; Romance da ópera O vagabundo, R.N.&C., s.d.; Recitativo: sempre, N.&A.N., s.d.; Soirée brésilienne, quadrilha, N.&A.N., s.d.; Soirée brésilienne, quadrilha, S.R., s.d.; Souvenir du Tejo, polca, N.&A.N., s.d.; A surpresa, polca, N.&A.N., só.; Trunfo às avessas, recitativo, N.&A.N., só.; Trunfo às avessas, polca, A.N.&C., s.d.; Trunfo às avessas, quadrilha, T.H.C., s.d.; A vaidosa, tocata, B.G.&I., s.d. 

 Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - São Paulo - 2a. Edição - 1998.