terça-feira, 3 de julho de 2007

Luiz Peixoto

english mobile

Considerado o maior revistógrafo brasileiro de todos os tempos, Luiz Peixoto (1889-1973) fez brilhar nos palcos do teatro de revista não apenas os seus sambas. Letrista inspirado, criador de sucessos, era disputado por consagrados parceiros.

Em 1923, depois de dois anos em Paris, Luiz Peixoto lança no Rio de Janeiro um espetáculo com muito êxito, a revista Meia Noite e Trinta. O público lotava o Teatro São José, curioso por ver o que os críticos classificavam como a revista mais original que alguém escrevera até então no Brasil. Luiz Carlos Peixoto de Castro, com 34 anos, estava destinado, ao longo de sua proveitosa vida, a interferir na cultura brasileira, tanto no teatro como na poesia .ou na música popular. Até morrer, com 84 anos, foi um respeitado criador.

Caricaturista na juventude, companheiro de Raul Pederneiras e Kalixto, encontrou no teatro de revistas o maior campo para seu talento. Ali, foi tudo. Autor, cenógrafo, compositor, diretor, diretor artístico, figurinista, mas sobretudo um homem voltado para as coisas brasileiras, principalmente a música.

Quando chegou da Europa, veio disposto a abrir espaço para substituir o uso musical de ritmos ultrapassados, pela utilização intensa de ritmos da atualidade, especialmente os das composições populares brasileiras, no dizer da pesquisadora Neyde Veneziano. Transformou-se, assim, no maior revistógrafo brasileiro. Poeta inspirado, tornou-se letrista de um sem-número de músicas e parceiro de sambas memoráveis, lançados em revistas de sua autoria ou, mesmo de outros autores. É dele, Ai Ioiô (Linda flor), feita com Henrique Vogeler e Marques Porto, que consagrou Araci Cortes, na revista Miss Brasil, em 1928.

Amigo de Carmen Miranda, desde a incursão da Pequena Notável no teatro de revista, fez para ela dois sambas que marcaram a carreira da estrela: Na batucada da vida, com Ary Barroso, e Voltei pro morro, com Vicente Paiva. Elizeth Cardoso consagrou-se com É luxo só, feita em sua homenagem, pela dupla Luiz Peixoto/Ary Barroso. Sílvio Caldas gravou, também dos dois, além do impecável samba Maria, o belíssimo Por causa dessa cabocla. A força do samba Paulista de Macaé, de parceria com Marques Porto, foi tanta que, lançado na revista Prestes A Chegar, em 1926, tornou-se ele próprio uma revista em 1927. Inovando em sua estréia, após retorno da Europa, sempre moderno, Luiz Peixoto foi acima de tudo um compositor com a alma no palco.

Raul pederneiras_Luiz peixoto_Kalixto

Ilustração: Três amigos, três caricaturistas, três artistas: Raul Pederneiras, Luiz Peixoto e Kalixto.

Luperce Miranda

english mobile

Luperce Bezerra Pessoa de Miranda, instrumentista e compositor, nasceu em Recife PE em 28/7/1904 e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 5/4/1977. Nasceu no bairro dos Afogados. O pai, João Pessoa de Miranda, tocava bandolim, violão e piano, tendo organizado com os 11 filhos uma orquestra caseira. Tocou bandolim desde os oito anos; aos 15, compôs seu primeiro frevo, e no ano seguinte organizou a Jazz Leão do Norte, orquestra de nove elementos, em que tocava piano, atuando na Confeitaria A Glória, de Recife.

Em 1926 fazia parte do conjunto Turunas da Mauricéia, com o cantor Augusto Calheiros (Patativa do Norte), o violonista cego Manuel de Lima, o violonista e diretor João Frazão, e seus irmãos João, cavaquista, e Romualdo, violonista. O conjunto seguiu sem ele para o Rio de Janeiro no início de 1927 e, no final do ano, gravou 20 músicas na Odeon, sendo três de Luperce com Augusto Calheiros: a canção Belezas do sertão, o samba O pequeno fiururu e a embolada Pinião, sucesso do Carnaval de 1928.

Ainda em 1927, animado com o sucesso dos Turunas, organizou em Recife novo conjunto - Voz do Sertão, com Meira, violão; José Ferreira, cavaquinho; Robson Florence e ele próprio, bandolins, o cantor de emboladas Minona Carneiro e, depois, Romualdo e veio para o Rio de Janeiro. Aí conheceu o violonista Tute (Artur Nascimento), de quem o conjunto gravou Pra frente é que se anda e Alma e coração, valsa que foi grande sucesso, regravada na década de 1950 pela Sinter. Com o Voz do Sertão lançou, pela Parlophon, Moto contínuo, Lá vai madeira, Festa do Pina, O caboclo alegre e Barulhento (todas de sua autoria).

Em 1929 constituiu o Regional Luperce Miranda, atuando na Rádio Clube do Brasil; gravou com o Bando de Tangarás, ao lado de Almirante, e compôs com Manuel Lino Vaca maiada, gravada por Almirante, na Parlophon. Ao lado de Tute e do Regional, acompanhou os grandes cantores da época, como Carmen Miranda (cuja introdução de No tabuleiro da baiana é de sua autoria), Francisco Alves, Mário Reis em Se você jurar, e Noel Rosa na primeira gravação de Com que roupa?.

No ano seguinte, formou o conjunto Alma do Norte e em 1931 apresentou-se na Radio El Mundo, de Buenos Aires, Argentina, com Carmen Miranda, Francisco Alves, Mário Reis, Tute, Célia Zenatti e Nestor Figueiredo. Na Victor lançou Alma em delírio, Vamos dançar, Segura o dedo (as três de sua autoria) e Carinhos (Pixinguinha).

Em 1936 foi para a Rádio Mayrink Veiga. Em 1945 transferiu-se para a Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, e no ano seguinte voltou para o Nordeste, instalando-se em Recife até 1955, quando reintegrou o elenco da Nacional (aposentando-se em 1973). Em 1956 gravou na Sinter o choro Picadinho à baiana, de sua autoria. Na década de 1950, viajou ainda para a então República Federal da Alemanha. Gravou, pela Odeon, Gozada risonha, Quem disse, Fui ao mar buscar laranja, Me deixa em paz, Ao luar, Agüenta a mão e Noite da minha terra.

Fundador da Academia de Música Luperce Miranda, especializada em instrumentos de corda, foi o primeiro a receber o título de Bacharel da Música Popular Brasileira pelo MIS, do Rio de Janeiro, em 1970. Nessa oportunidade foi lançado um LP em que interpreta choros e valsas de Pixinguinha, Anacleto de Medeiros, Zequinha de Abreu, Orestes Barbosa e Antenógenes Silva. No ano seguinte, lançou o LP Luperce Miranda, pela Som, com Caprichos do destino (Pedro Caetano e Claudionor Cruz); Cantiga por Luciana (Paulinho Tapajós e Edmundo Souto); Prelúdio em ré maior (de sua autoria), bem como Risonha, Norival aos 60, e outras.

Marília Batista

english mobile

Marília Batista (Marília Monteiro de Barros Batista), cantora e compositora, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 13/4/1918 e faleceu em 9/7/1990. Neta do poeta Luís Monteiro de Barros, começou a tocar violão e a compor desde criança e mais tarde estudou no I.N.M., formando-se em teoria, solfejo e harmonia, e abandonando o curso de piano no quarto ano.
A 29 de agosto de 1930, com 12 anos, levada pelo jornalista Lauro Sarno Nunes (pai de Max Nunes), deu seu primeiro recital de violão no Cassino Beira-Mar, cantando entre canções sertanejas, sambas e cateretês, suas primeiras composições.
Josué de Barros (lançador de Carmen Miranda), que a ouviu, ofereceu-se para lhe dar aulas de violão, de graça. Durante seis meses estudou com ele, mas depois, como pretendia ser concertista, tomou aulas de violão clássico com José Rebelo. Em 1931, convidada para cantar no espetáculo Uma Hora de Arte, no Grêmio Esportivo Onze de Junho, conheceu Noel Rosa e, numa festa na casa da cantora Elisinha Coelho, onde também cantou e foi muito aplaudida, conheceu Hekel Tavares, Luiz Peixoto, Almirante e Bando de Tangarás. No ano seguinte, acompanhada de João Martins (bandolim) e Rogério Guimarães (violão), gravou pela Victor seu primeiro disco, cantando duas composições suas feitas em parceria com seu irmão Henrique Batista - o samba Pedi, implorei e a marcha Me larga.
Em 1933, a convite de Almirante, participou, ao lado de Sílvio Caldas e Ary Barroso, do show Broadway Cocktail, levado no Cine-Teatro Broadway, e logo depois foi contratada por Ademar Casé, que assistira ao espetáculo, para seu programa na Rádio Philips. No programa Casé, apresentou-se inicialmente (1934) ao lado de Noel Rosa, com quem improvisava versos cantados com o estribilho "De babado sim / De babado não", e depois sozinha (1935), lançando pelo rádio o samba de Noel Pela décima vez.
No ano seguinte gravou, com Noel, na Odeon, De babado (Noel Rosa e João Mina) e Cem mil réis (Noel Rosa e Vadico). Ainda com Noel e acompanhada pelo conjunto de Benedito Lacerda, lançou mais dois discos nesse ano: pela Victor, os dois cantaram os sambas Quem ri melhor (Noel Rosa) e Quantos beijos (Noel Rosa e Vadico); e, em disco Odeon, registraram Provei (Noel Rosa e Vadico) e Você vai se quiser (Noel Rosa). Aos poucos, foi-se tornando conhecida como compositora e uma das principais intérpretes de Noel Rosa. Já por essa época, seu trabalho lhe valeu o título de Princesinha do Samba e, em 1940, gravou na Victor o samba-canção de Noel Rosa Silêncio de um minuto.
Em 1945 casou-se e interrompeu por alguns anos suas atividades musicais, retornando à vida artística cinco anos depois, quando lançou pela Musidisc o LP Samba e outras coisas, que reuniu as composições que fez com o irmão Henrique Batista - Nunca mais, Você não é feliz porque não quer, Imitação, Vai, eu te dou liberdade, Praia da Gávea, Vila dos meus amores e mais duas composições de Noel Rosa.
Pela mesma etiqueta, gravou, em 1954, LP só com músicas de Noel Rosa, nele incluindo o samba Tipo zero e, nove anos mais tarde, voltou a gravar só composições do compositor de Vila Isabel, num álbum com dois LPs, editado pelo selo Nilser, de Nilo Sérgio, intitulado História musical de Noel Rosa.
Em 1967 voltou a gravar sambas desse compositor. Em toda a sua carreira, gravou cerca de 30 discos, além dos LPs citados. Dentre seus méritos, o maior foi ter contribuído para a divulgação de Noel Rosa.

Mário Reis

english mobile

Mário Reis (Mário da Silveira Reis), cantor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 31/12/1907 e faleceu em 4/10/1981. Filho de um comerciante sócio de uma casa de ferragens, de boa situação financeira, passou a infância no bairro carioca da Tijuca, cursando o primário e o secundário no Instituto Lafayette, e aos 15 anos jogava como meia-direita na equipe juvenil do América Futebol Clube. Começou a estudar violão com Carlos Lentine, e em 1926, ano em que entrou para a Faculdade de Direito da rua do Catete, conheceu Sinhô na loja A Guitarra de Prata. Passou a tomar aulas de violão com o compositor, e este, impressionado com a interpretação que o aluno dava a seus sambas, convidou-o a tentar uma gravação.
Em agosto de 1928 a Odeon lançou seu primeiro disco, com Que vale a nota sem o carinho da mulher? e Carinhos de vovô (ambas de Sinhô); acompanhado ao violão pelo autor e por Donga, obteve grande êxito: a interpretação brejeira e ritmada do novo intérprete contrastava com a dos demais cantores da época, geralmente influenciados pelo bel-canto operístico. Contratado pela Odeon, gravou outras músicas de Sinhô: Sabiá e Deus nos livre dos castigos das mulheres, e, em seguida, Jura e Gosto que me enrosco, disco este que bateu recordes de vendagem na época.
Em 1929 lançou o samba Vou à Penha, a primeira composição gravada de Ary Barroso, seu colega de faculdade, e ainda desconhecido como autor. Em 1 ° de agosto do mesmo ano estreou no rádio, cantando o samba Vamos deixar de intimidade (Ary Barroso), na Rádio Sociedade. Mais tarde atuou na Rádio Clube e no famoso Programa Casé.
Em 1930 formou, com o cantor Francisco Alves, uma dupla responsável por 12 discos, dos quais o primeiro foi Deixa essa mulher chorar (Brancura) e Quá, quá, quá (Lauro dos Santos). O êxito alcançado provocou o surgimento de várias duplas de cantores no cenário da música popular da época. Formado em direito em 1930, não chegou a advogar, trabalhando como fiscal de jogo a partir de 1933.
Em 1931, visitando São Paulo SP, gravou na Columbia um 78 rpm com o pseudônimo de C. Mendonça, por ser contratado exclusivo da Odeon. O disco, número de série 22.031, é hoje um exemplar raro. Nesse ano, ao lado de Francisco Alves, Carmen Miranda, Luperce Miranda, Tute e os dançarinos Nestor Figueiredo e Célia Zenatti, excursionou a Buenos Aires, Argentina. Ainda em 1932 deixou a Odeon, gravando na Columbia dois discos, com músicas de Noel Rosa: Filosofia (com André Filho), Vejo amanhecer, Na esquina da vida (com Francisco Matoso) e Meu barracão.
Logo transferiu-se para a Victor, onde, para o Carnaval de 1933, gravou dois dos maiores sucessos de sua carreira, a marcha Linda morena e o samba A tua vida é um segredo (ambos de Lamartine Babo), que o acompanhou na gravação, cantando. Do mesmo autor lançou ainda, entre outras, a marcha junina Chegou a hora da fogueira, gravada em dupla com Carmen Miranda, em 1933. Atuando na Rádio Mayrink Veiga a partir desse ano, lançou Agora é cinza, o grande sucesso da dupla de compositores Bide e Marçal e Alô, alô (André Filho), em dueto com Carmen Miranda, ambos para o carnaval de 1934.
Ainda em 1934 gravou com Carmen Miranda, para as festas juninas, Isto é lá com Santo Antônio (Lamartine Babo). Em 1935 e 1936 interpretou sucessos carnavalescos nos filmes musicais Alô, alô Brasil e Estudantes, ambos de Wallace Downey, e Alô, alô, Carnaval, de Ademar Gonzaga, todos produzidos pela Waldow-Cinédia.
Retornando à Odeon em fins de 1935, de seus nove discos lançados, obteve sucesso apenas com a marcha Cadê Mimi? (João de Barro e Alberto Ribeiro). Seu prestígio começou a declinar em parte por sua aversão a entrevistas, fotografias e aparições em público. Aceitou o cargo de oficial de gabinete da prefeitura do então Distrito Federal e abandonou a vida artística, aparecendo esporadicamente no cenário musical.
Em 1939, no show beneficente Joujoux et balangandans, apresentado no Teatro Municipal, interpretou o samba Voltei a cantar e a marcha Joujoux et balangandans (ambos de Lamartine Babo). Depois de gravar essas músicas, e mais quatro discos na Columbia, afastou-se novamente da vida artística.
Só retornou em 1951, pela Continental, com um álbum de três discos de 78 rpm, nos quais relançou antigos sucessos de Sinhô, além de outro disco para o Carnaval de 1952, com a marcha Flor tropical (Ary Barroso) e o samba Saudade do samba (Paulo Soledade e Fernando Lobo). Deixou gravados 82 discos em 78 rpm, com 161 músicas, quase que exclusivamente sambas e marchas.
Residindo desde 1957 no Copacabana Palace Hotel, aceitou convite de Aloysio de Oliveira, em 1960, para gravar na Odeon o LP Mário Reis canta suas criações em Hi-Fi. Em 1967 a gravadora Elenco lançou o LP O melhor do samba, no qual aparece como intérprete, ao lado de Billy Blanco, Araci de Almeida e Ciro Monteiro.
Em 1971 a Odeon lançou novo LP seu, com antigos sucessos, e ainda A banda (Chico Buarque). Como a censura, nesse LP proibisse o samba Bolsa de amores (Chico Buarque), exigiu que a faixa destinada à música saísse em branco. A gravação só foi lançada em 1993, no CD Mário Reis canta suas criações em Hi-Fi.

Oito Batutas

english mobile

Conjunto musical organizado em 1919, quando Isaac Frankel, gerente do cinema carioca Palais, pediu a Pixinguinha que selecionasse alguns integrantes do Grupo do Caxangá para atuarem na sala de espera do cinema.

O grupo estreou em 7 de abril de 1919 e, em sua primeira formação, incluía Pixinguinha (flauta), China (canto, violão e piano), Donga (violão), Raul Palmieri (violão), Nelson Alves (cavaquinho), José Alves (bandolim e ganzá), Jacó Palmieri (pandeiro) e Luís de Oliveira (bandola e reco-reco), tocando repertório de maxixes, canções sertanejas, batuques, cateretês e choros.

Fez grande sucesso entre a elite carioca, trazendo pela primeira vez, para o centro da cidade, um conjunto popular que executava música brasileira, utilizando instrumentos até então só conhecidos nos morros e nos subúrbios. Até o aparecimento dos Oito Batutas, as orquestras de cinema apresentavam a chamada música fina: valsas vienenses e tangos de Ernesto Nazareth, que se exibia então no Cine Odeon, em frente ao Palais. Luís de Oliveira, falecido logo após a estréia, foi substituído por João Tomás. Nessa época, participaram da opereta Flor de tapuia, dirigida por Eduardo Vieira. A peça ficou meses em cartaz, até ser suspensa repentinamente, quando o maestro português fugiu com a partitura que escrevera para ela.
Alcançando grande popularidade, o conjunto apresentou-se em festas elegantes, exibindo-se, em setembro de 1920, para os reis da Bélgica, no piquenique da Tijuca oferecido pelo governo brasileiro aos visitantes. Além de excursões por São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, em 1921 o conjunto apresentou-se no elegante Cabaré Assírio, do Rio de Janeiro, acompanhando Duque e Gaby. Por influência de Duque, o milionário Arnaldo Guinle financiou uma viagem do grupo a Paris, França, possibilitando, assim, a primeira exibição de um conjunto de música popular brasileira no exterior.
Em janeiro de 1922, no navio Massilia, viajaram sete instrumentistas, pois os irmãos Palmieri e João Tomás desistiram, sendo substituídos por Feniano (pandeiro) e José Monteiro (cantor). Rebatizados por Duque, Les Batutas estrearam em Paris no Dancing Sheherazade, incluindo em seu repertório o samba Sarambá (de J. Tomás, com colaboração de Duque na versão para o francês). O sucesso foi imediato, e durante seis meses apresentaram-se com êxito no dancing.
Em fins de julho de 1922 voltaram ao Brasil para participar dos festejos da Exposição do Centenário da Independência. As influências do jazz, sofridas no exterior, tornaram-se logo evidentes, pela inclusão de saxofones, clarinetas e trompetes, pela utilização de arranjos instrumentais no estilo das jazz-bands e pelas alterações no repertório, que passou a incluir fox-trots, shimmys, ragtimes e outros ritmos estrangeiros da moda. Voltando a atuar no Cabaré Assírio, o grupo participou da revista Vila Paris, da companhia francesa Bataclan, que se apresentou pela primeira vez no Rio de Janeiro em 1922.
Ainda nesse ano, excursionaram pela Argentina com a seguinte formação: Pixinguinha (flauta e saxofone), João Tomás (bateria), China (violão e banjo), Donga (violão e banjo de seis cordas), J. Ribas (piano), Nelson Alves (cavaquinho) e José Alves (bandolim, banjo e ganzá). Além de apresentação no Teatro Empire, de Buenos Aires, o conjunto gravou dez discos na Victor Argentina: Meu passarinho (China) e Até eu! (Marcelo Tupinambá), sambas; Urubu (Pixinguinha) e Caruru (João Tomás e Donga), choros; Graúna (João Pernambuco), maxixe, e Me deixa serpentina! (Nelson Alves), polca; Pra quem é?... (J. Bicudo), maxixe, e Lá-ré (Pixinguinha), polca; Tricolor (Romeu Silva), maxixe, e Se papai souber (Romeu Silva), samba-maxixe; Ba-ta-clan (A. Treilesberk) e Lá vem ele (J. G. Oliveira Barreto), maxixes; Não presta pra nada (J. Bicudo), maxixe, e Nair (Aristides J. de Oliveira), polca; Já te digo (China e Pixinguinha) e Faladô (João Tomás), sambas; Três estrelinhas (Anacleto de Medeiros), choro, e Vira a casaca! (Joubert de Carvalho), marcha; Vitorioso (Gaudio Vioti), marcha, e Até a volta (Marcelo Tupinambá), tanguinho.
Voltaram em 1923 e, nesse mesmo ano, sua constituição começou a variar, chegando a contar com doze elementos. Havia começado a época das grandes orquestras no estilo das jazz-bands norte-americanas, e o grupo passou a se apresentar mais raramente. Depois, foram organizados conjuntos e orquestras incluindo elementos dos Batutas. Na Odeon, por exemplo, o nome do conjunto foi utilizado em gravações realizadas por volta de 1928, muitos anos depois da dissolução do grupo primitivo.
8batutas
Os Oito Batutas em sua formação original: Jacob Palmieri, Donga, José Alves Lima, Nélson Alves, Raúl Palmieri, Luiz Pinto da Silva, China e Pixinguinha.
A epopéia dos Batutas

No Carnaval de 1921 o grupo foi atração no desfile do Tenentes do Diabo, cantando em cima de um carro alegórico. Tudo isso chamou a atenção do bailarino brasileiro Duque - Antônio Lopes de Amorim Diniz - que dançando o maxixe com a francesa Gaby era a sensação de Paris e que convenceu Arnaldo Guinle a financiar a viagem dos Batutas para uma temporada na capital francesa.
Em 29 de janeiro de 1922, com sete elementos e rebatizado como Les Batutas, um modificado grupo embarcou rumo à Europa, para se apresentar no Dancing Scheherazade, em Paris. As mudanças aconteceram porque os irmãos Palmieri e Luiz Pinto desistiram da viagem. Em seus lugares entraram Sizenando Santos (pandeirista), José Monteiro (cantor e ritmista) e J. Thomaz (ritmista).

Na última hora Thomaz não viajou e assim o grupo virou Les Batutas ou L' Orquestre des Batutas. Mais uma vez a imprensa se divide, torcendo o nariz por ver o Brasil representado por negros e "música de gentinha", ou elogiando a oportunidade da Europa conhecer o que se fazia no país em termos de música popular, por intermédio de um grupo extremamente talentoso.
Foram seis meses de sucesso em Paris, onde uma parceria entre Duque e Pixinguinha garantia no mais puro francês: "Nous sommes batutas,/ Batutas, batutas / Venus du Brésil / Ici tout droit / Nous sommes batutas,/ Nous faisons tout le monde / Danser le samba / Le samba se danse / Touj ours en cadence / Petit pas par ci / Petit pas par là / Il faut de l'essence / Beaucoup d'elegance / Le corps se balance / Dansant le samba".
8 batutas
Em 24 de setembro de 1920, os Oito Batutas, ainda antes de Paris: Pixinguinha, Raul Palmieri, José Alves, China, Jacó Palmieri, Luiz de Oliveira, Donga, Nélson Alves com o empresário, José Segreto.
De retorno ao Rio, os Batutas voltaram a ser oito (embora em algumas fotos apareçam nove elementos, sendo o nono o empresário) e desfrutaram da projeção internacional com apresentações no Jockey Club e no Teatro Lírico, na companhia de revista francesa Ba-Ta-Clan, no espetáculo Vila Paris. Eram o grande destaque musical do pais quando embarcaram, em novembro de 1922, para temporada em Buenos Aires.
Novamente modificado - ficaram Pixinguinha, China, Donga, Nélson Alves e José Alves, e entraram J. Thomaz (bateria), Josué de Barros (violão) e J. Ribas (piano) -, o êxito da Europa se repetiu. 0 grupo gravou dez discos na Victor argentina, antes de se desentender, depois do que quatro de seus integrantes retornaram ao Brasil.
Pixinguinha, China, Josué e Ribas tentaram sobreviver com shows no interior do país, mas a penúria foi tal que Josué de Barros teve de bancar o faquir em Río Cuarto, enterrado vivo. Foi salvo pela piedade da mulher do chefe da polícia, que interrompeu a exibição. Repatriados pela embaixada, voltaram ao Brasil para seguir carreiras independentes, já que Os Oito Batutas qual trágico tango - "morreram" na Argentina.
8 batutas
Os Oito Batutas durante a excursão a Argentina, em 1923. Essa viagem precipitaria o fim do grupo que, em solo portenho, teve que se apresentar em espetáculos mambembes para conseguir dinheiro para voltar para o Brasil: enganados pelo empresário que fugira com o lucro das bilheterias.

Turunas da Mauricéia

english mobile

Turunas da Mauricéia

Conjunto vocal e instrumental organizado em 1926 no Recife PE e composto por Luperce Miranda, Augusto Calheiros, Manuel de Lima (Manuel Bezerra de Lima, ?-Recife 1943), Piriquito (João Frazão ?-?) e Romualdo Miranda (Recife 1887-id. 1930).
Viajando para o Rio de Janeiro, sem Luperce Miranda, em 1927, tiveram uma estréia memorável no Teatro Lírico, em festa patrocinada pelo Correio da Manhã. Trajando roupas sertanejas, com chapéus de abas largas, Augusto Calheiros - o Patativa do Nordeste -, Manuel de Lima (violonista cego), Piriquito, também violonista, além de Riachão (bandolim) e Romualdo Miranda (violão), irmãos de Luperce, cantaram cocos, emboladas etc., ritmos até então pouco divulgados no Rio de Janeiro, apresentando-se na Rádio Clube com grande êxito.
Gravaram Helena (Luperce Miranda) e a embolada Pinião (Augusto Calheiros e Luperce Miranda), esta logo cantada em toda a cidade, tornando-se o grande sucesso do Carnaval de 1928.

Jararaca e Ratinho

english mobile

Dupla sertaneja formada em 1927 por José Luís Rodrigues Calazans, o Jararaca (Maceió AL 1896-Rio de Janeiro RJ 1977) e Severino Rangel de Carvalho, o Ratinho (Itabaiana PB 1896-Duque de Caxias RJ 1972). José Luís encontrou Severino em 1918, nas rodas artísticas de Recife PE. Começaram a tocar juntos, organizando um conjunto, os Turunas Pernambucanos, onde apareciam ao lado de Pirara e Romualdo Miranda (violões), Robson (cavaquinho) e Artur Sousa (ganzá). Todos os integrantes adotaram apelidos de bichos, permanecendo os de Jararaca e Ratinho mesmo depois da dissolução do conjunto.
Em 1921 os Turunas exibiram-se por 15 dias no Cine-Teatro Moderno, com o conjunto Oito Batutas, que visitava Recife. Foi o estímulo decisivo para o grupo, convidado então para os festejos do centenário da Independência, no Rio de Janeiro, em 1922, fazendo grande sucesso com suas emboladas, cocos, baiões, e com seus trajes típicos: alpercatas e chapéu de couro. O vespertino A Noite deu-lhe ampla cobertura, chefiada pessoalmente por seu proprietário, Irineu Marinho. O conjunto foi convidado a gravar dois discos na Odeon, obtendo grande êxito com Espingarda-pá-pá-pá-pá - arranjo de Jararaca sobre tema folclórico - (escute uma amostra dessa música no fim do artigo), e Jararaca gravou também um disco solo, com Vamos embora Maria, samba sertanejo, e Passarinho verde, canção nortista (ambas de sua autoria).
O conjunto excursionou então pelo Sul e, contratado pela companhia Abigail Maia, apresentou-se em Buenos Aires, Argentina, desfazendo-se em seguida. Jararaca (violão e canto) e Ratinho (saxofone) ainda se apresentaram por algum tempo no Café Rio Branco, em Montevidéu, Uruguai, mas a dupla só se formou com a inauguração do Teatro Santa Helena, na Praça da Sé, de São Paulo SP, em 1927, fazendo grande sucesso com emboladas entremeadas de quadros humorísticos. Em 1928 Francisco Alves gravou, de Jararaca, Meu sabiá, na Odeon, e no ano seguinte Meu Brasil, na Parlophon; e foi na Odeon que a dupla gravou seu primeiro disco, em 1929, apresentando, de sua autoria, Caipirada e Lista do baile. Começou então a desenvolver seus quadros, explorando determinadas situações, como as relações dos "turcos" com os caipiras, das quais Aniversário do Abdula e A loja do turco são um exemplo.
A dupla excursionou pelo interior com Cornélio Pires. Em 1930 Ratinho gravou ao saxofone alguns choros e valsas de sua autoria, entre os quais Saxofone, por que choras (amostra da música no fim desse artigo), Curiatã de coqueiro, Cenira, Eu e eles. Dois anos depois a dupla cantava músicas nordestinas e regionais, e contava piadas na Casa de Caboclo, apresentando-se também na Rádio Mayrink Veiga, do Rio de Janeiro. Jararaca passou então a compor com o maestro Vicente Paiva, fazendo sucesso no Carnaval de 1937 com a marcha Mamãe eu quero, gravada por Jararaca na Odeon. Outra composição da dupla, o samba Pode ser que sim foi gravado pelo conjunto Os Trigêmios Vocalistas em 1943, na Columbia. Com o advento do Estado Novo, veio a fase áurea da Rádio Nacional e o apogeu da dupla, que teve programa próprio, além de participar do programa Eucalol, em que Ratinho tocava choros e valsas ao saxofone.
Em 1942 a dupla gravou pela Odeon um disco representativo dessa fase, apresentando, de sua autoria, o desafio Desafiando e a embolada Oi, Chico, seguindo-se, em 1945, disco com a marcha Bonito e a batucada Meu pirão primeiro. Dois anos depois, Ratinho gravou, ainda na Odeon, o choro Pinicadinho, grande sucesso da dupla. Na Rádio Nacional, onde atuou de 1936 e 1945, e excursionando pelo país, a dupla integrou a famosa Lira do Xopotó, banda que sugeria um conjunto do interior do Brasil, em que Jararaca fazia o papel de Mestre Filó e Ratinho o de Jararaca. Quando a programação radiofônica começou a ser feita em disco, a dupla passou para a televisão, estreando com o programa A-E-I-O-Urca, na TV Tupi.
Em 1960 a dupla apresentou em São Paulo a burleta Por que me ufano de Bananal, desempenhando nessa década o mesmo papel de compadres caipiras representado durante toda a carreira, nos programas Balança mas não Cai, UAU e Aquele Abraço, na TV Globo. Após a morte de Ratinho, Jararaca continuou se apresentando em papéis cômicos na televisão, em diversos programas.
Algumas amostras de músicas :
Espingarda-pá-pá-pá-pá-clique para ouvir amostra da música, Sapo no saco-clique para ouvir amostra da música, Saxofone, por que choras?-clique para ouvir amostra da música, Vamo apanhá limão-clique para ouvir amostra da música

turunas pernambucanos

Foto: Em 1922 os Turunas Pernambucanos desembarcavam no Rio de Janeiro. Entre eles, Jararaca (o terceiro senatado à direita) e Ratinho (de pé, à esquerda, com o clarinete).

Zequinha de Abreu

english mobile

De formação singela, Zequinha de Abreu tornou-se figura decisiva da música popular brejeira e de classe média no Brasil do começo do século XX. Graças a Carmen Miranda, ficou internacionalmente conhecido.
José Gomes de Abreu, conhecido como Zequinha de Abreu, nasceu em Santa Rita do Passa Quatro SP, em 19 de setembro de 1880. Estudou num seminário de São Paulo, de onde fugiu de volta para a cidade natal. Compôs então uma de suas primeiras valsas, Flor da estrada. Quando se tornou funcionário público, já compunha choros, tangos, marchinhas e foxtrotes.
Seu título mais famoso, o choro Tico-tico no fubá, é de 1917. Divulgado mais tarde por Carmem Miranda nos Estados Unidos, tornou-se uma das músicas populares brasileiras mais gravadas em todo o mundo. Em 1918, Zequinha de Abreu compôs sua valsa mais conhecida, Branca.
No ano seguinte, com a morte do pai, mudou-se para São Paulo e passou a tocar piano em bailes, cabarés e casas de famílias ricas, onde também muitas vezes vendia suas partituras. Em 1933, fundou a banda Zequinha de Abreu, com 25 integrantes. O compositor morreu em São Paulo, em 22 de janeiro de 1935. Sua vida inspirou o filme Tico Tico no Fubá (1952), dirigido por Adolfo Celi e Fernando de Barros.

Ismael Silva

english mobile

Foi na praia de Jurujuba, em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro que nasceu Ismael da Silva, em 14 de setembro de 1905. Seu pai, Benjamim da Silva, era cozinheiro, segundo alguns autores, operário, segundo outros. Aos três anos, Ismael ficou órfão e na companhia da mãe Emília, que era lavadeira, transferiu-se para o Rio de Janeiro, tendo como primeiro endereço - uma espécie de premonição - o bairro do Estácio de Sá. Mudou-se algumas vezes para outros bairros, mas aos 17 anos estava definitivamente de volta ao Estácio. Trazia na bagagem seu primeiro samba, Já desisti, composto aos 15 anos.

Começa a freqüentar as rodas de malandragem, convivendo com sambistas como Mano Edgar, Brancura, Mano Rubens, Nílton Bastos e outros. Gostava de ir aos encontros de sambistas no Café Apolo, solidificando amizades que seriam de grande valia no aprendizado. A mesma coisa acontecia em suas idas habituais ao samba dos morros da Mangueira e do Salgueiro.

Em 1925, teve seu primeiro samba gravado, o Me faz carinhos, quando foi registrada apenas a melodia, por um pianista conhecido como Cebola. O prestigio de Ismael como compositor começa a ser comentado e, em 1927, quando se restabelecia de uma enfermidade no hospital da Gamboa, recebe a visita do compositor Bide.

Bide trazia uma proposta do cantor Francisco Alves, que pretendia comprar um samba de Ismael. Da transação resultou a gravação de Me faz carinhos em disco Odeon, aparecendo apenas o nome de Chico como autor. Em seguida, Francisco Alves repetiu a compra, com Amor de malandro, e o sucesso dos dois discos provocou um contrato (que incluía a parceria de Nilton Bastos), pelo qual Ismael se comprometeu a dar exclusividade de sua produção ao cantor. Esse contrato foi rompido depois, mas do acerto surgiram sambas de sucesso. Nem é bom falar e Não há podem ser apontados como exemplos, além do grande êxito Se você jurar, de 1931, cantado em dupla por Francisco Alves e Mário Reis.

Ismael já estava integrado no ambiente do samba, conhecia seus meandros e sabia como se movimentar na área. Em 1931 Nilton Bastos morreu vítima de tuberculose e Mano Edgar foi assassinado em uma roda de jogo. Procurando outros lugares para viver, Ismael se mudou para a rua Visconde do Rio Branco e iniciou parceria com Noel Rosa. O primeiro samba da dupla, Para me livrar do mal, foi gravado por Francisco Alves, em 1932, e na esteira dele Mário Reis registra Uma jura que fiz. Com Noel, Ismael Silva fez ainda Adeus, Ando cismado e A razão dá-se a quem tem.

Como intérprete, Ismael gravou em 1932 Escola de malandro, cantando com Noel Rosa, quando se afastou do meio artístico por largo período. Voltou em 1950 com o samba Antonico, e se firmou, aparecendo no show O Samba Nasce no Coração, da boate Casablanca, no Rio. Em 1960, foi eleito Cidadão Samba.

Após novo período afastado, ressurgiu no restaurante Zicartola, em 1964. Fez, em 1965, com Araci de Almeida, no Teatro Opinião, o musical O Samba Pede Passagem, gravado ao vivo. Sua última aparição no palco foi em 1973, no espetáculo Se você Jurar, estreado no Teatro Paiol de Curitiba. Faleceu em 14 de março de 1978, aos 72 anos de idade. Seu corpo foi velado no Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro, e sepultado no Cemitério do Catumbi.

Obra completa

Adeus (com Francisco Alves e Noel Rosa), samba, 1932; Afina a viola, samba, 1973; Agradeça a mim, samba, 1934; Alegria, samba, 1973; Aliás, samba, 1973; Amar (com Francisco Alves e Nilton Bastos), samba, 1932; Amor de malandro (com Francisco Alves), samba, 1930; Anda, vem cá (c/Francisco Alves e Nilton Bastos), samba, 1932; Ando cismado (com Noel Rosa), samba, 1933; Antes não te conhecesse (c/Francisco Alves), samba, 1932; Antes só, samba, 1929; Antonico, samba, 1950; Anúncio, samba, 1950; Ao romper da aurora (c/Francisco Alves e Lamartine Rabo), samba, 1932; Arrependido (c/Francisco Alves e Nilton Bastos), samba, 1931; Assim é que é, samba, 1942; Assim, sim (com Francisco Alves e Noel de Rosa), marcha, 1932; Batalhão, samba, 1931; Bico da cegonha, marcha, 1951; Boa boca, marcha, 1942; Boa viagem (c/Noel Rosa), samba, 1934; Cara feia é fome, marcha, 1934; Choro, sim, samba, 1935; Com a vida que Deus me deu, 1950; Com a vida que pediste a Deus, samba, 1940; Comilão, marcha, 1951; Contrastes, samba, 1973; O destino Deus é quem dá... (c/Francisco Alves), samba, 1928; Deus sabe o que faz, samba, 1933; O dinheiro faz tudo, samba, 1929; Dona do lugar (com Francisco Alvos), samba, 1933; É bom evitar (c/Francisco Alves e Nilton Bastos), samba, 1932; Entrada franca, samba, 1973; Eu bem sei (c/Francisco Alves e Nilton Bastos), samba, 1932; Eu sou um, marcha, 1940; Fama sem proveito (c/Heitor Catumbi), samba, 1942; , samba, 1942; Feiticeira, samba, 1931; Feiticeiro (com Francisco Alves e Nilton Bastos), samba, 1932; Foi um sonho, samba, 1932; Gandaia (com Francisco Alves), samba, 1932; Gosto mas não é muito (com Francisco Alves e Noel Rosa), marcha, 1932; Ironia (c/Francisco Alves e Nilton Rastos), samba, 1931; Isso não se faz, samba, 1933; Uma jura que eu fiz (com Francisco Alves e Noel Rosa), samba, 1932; Jurema, samba, 1931; Liberdade (com Francisco Alves), samba, 1932; Macaco me lamba, marcha, 1951; Maestro, toque aquela (c/José de Almeida), samba, 1943; Me diga teu nome, samba, 1932; Me faz carinhos (c/Francisco Alvos), samba, 1928; Meu batalhão (c/Francisco Alves e Nilton Rastos), samba, 1931; Meu único desejo, samba, 1950; Minha vida, samba, 1931; Não apoiado, marcha, 1936; Não deixarei de beber (c/Sebastião Gomes e J. Gonçalves), samba, 1953; Não digas, samba, 1933, Não e isso que eu procuro (c/Francisco Alves), samba, 1928; Não é tanto assim, samba, 1934; Não faltará ocasião, marcha, 1934; Não faz eu falar, samba, 1939; Não há (c/Francisco Alves e Nilton Bastos), samba, 1931; Não posso me queixar, samba, 1935; Não te dou perdão, samba, 1930; Não tenho nota, samba, 1934; Não tenho queixa (c/Davi Raw), samba, 1943; Não vá atrás de ninguém, samba, 1942; Não vejo jeito, marcha 1939; Nem é bom falar (c/Francisco Alves e Nilton Bastos), samba, 1931; Ninguém faz fé (c/Paulo Medeiros), marcha, 1953; Novo amor, samba, 1929; Nunca dei a perceber, samba, 1933: O que será de mim (c/Francisco Alves e Nilton Bastos), samba, 1931; Olê-leô (c/Francisco e Nilton Bastos), samba, 1931; Para me livrar do mal (c/Noel Rosa), samba, 1932; Peçam bis, samba; Por causa de alguém, samba, 1942; Primeiro amor, samba, 1934: Quando souberes amar, samba, 1933; Quem não quer sou eu (c/Noel Rosa), samba, 1933; Quero sossego (c/Nilton Bastos), samba-choro 1931; A razão dá-se a quem tem (c/Francisco Alves e Noel Rosa). 1933: Realidade, samba, 1953; Receio, samba, 1973; Reminiscências da Lapa (c/ J. C. Silva e E. Guedes), samba 1953; Rir, s.d; Rir para não chorar (c/Francisco Alves) samba, 1928; Se eu tiver que escolher(c/Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti). samba, 1946; Se você jurar (com Francisco Alves e Nilton Bastos), samba 1931; Seja o que Deus quiser, samba, 1933; Sofrer é da vida (c/Francisco Alves), samba, 1932; Sonhei (c/Francisco Alves e Nilton Bastos), samba, 1932; Tradição, samba-canção, 1954; Tristezas nao pagam dívidas, samba. 1933; Você gosta de mim? (c/Francisco Alves), marcha, 1932; Você merece muito mais, samba, 1936; Você prometeu (c/Dan Mallio), samba, 1935.

Alberto Ribeiro

english mobile

Alberto Ribeiro (Alberto Ribeiro da Vinha), compositor e cantor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 27/8/1902 e faleceu em 10/11/1971. Nascido no bairro da Cidade Nova, iniciou sua carreira fazendo músicas para o bloco carnavalesco Só de Tanga, do qual participava.

Sua primeira composição editada foi o samba Água de coco (com Antônio Vertulo), em 1923. Transferiu-se para o bairro do Estácio, onde conheceu Bide (Alcebíades Barcelos), com quem compôs algumas músicas. Por essa época, iniciou curso de engenharia, que logo abandonou pela medicina. Em fins de 1929, organizou o Grupo dos Enfezados, do qual participava como cantor integrado por Sátiro de Melo (violão), Nelson Boina (cavaquinho) e Mesquita (violão). Por influência de Eduardo Souto, o grupo gravou dois discos, na Odeon, em 1930. Formou-se médico em 1931 e especializou- se em homeopatia.
Em 1933, como cantor gravou As brabuleta (de sua autoria), na Columbia. Em parceria com Nássara, em 1934 fez a marchinha Tipo sete, cujo tema era o mercado do café, que, gravada por Francisco Alves na Odeon, obteve o primeiro lugar no concurso da prefeitura.
Em 1935 conheceu João de Barro, através do editor Mangione, que os convidou para musicar o filme carnavalesco Alô, alô, Brasil, do norte-americano Wallace Downey. A partir de então, tornaram-se parceiros constantes e, ainda em 1935, lançaram sua primeira composição, Deixa a lua sossegada, gravada por Almirante. Juntos, continuaram a trabalhar em cinema, como autores de trilhas sonoras de vários filmes carnavalescos e, às vezes, como diretores e argumentistas. Entre os filmes de que participaram, como argumentistas, destacam-se, além de Alô, alô, Brasil (1935), Estudantes (1935), com direção de Wallace Downey e Alô, alô, Carnaval (1936), com direção de Ademar Gonzaga.
Tendo ainda João de Barro como parceiro, em 1935 compôs Seu Libório, choro gravado em 1941 por Vassourinha, na Columbia. Também de 1935 é a marcha junina Sonho de papel (com João de Barro), grande sucesso, que fez parte da trilha sonora do filme Estudantes e foi gravada por Carmen Miranda em 1935, na Odeon.
Em 1937 compôs Cachorro vira-lata, samba-choro gravado por Carmen Miranda. Em 1938 compôs Yes, nós temos bananas (com João de Barro), gravada por Almirante, na Odeon (regravada em 1967 por Caetano Veloso, na Philips); do outro lado desse disco, Almirante interpretou sua marcha Touradas em Madri (com João de Barro), e ambas foram grande sucesso no Carnaval de 1938. Touradas em Madri chegou a vencer um concurso carnavalesco em 1938, mas a competição foi anulada sob a alegação de que se tratava de um paso doble e, portanto, de música estrangeira. Em seu lugar, venceu a música Pastorinhas (João de Barro e Noel Rosa).
Em 1943, continuando a parceria com João de Barro, fez a marcha China pau, gravada por Castro Barbosa. Em 1946, o cantor estreante Dick Farney lançou, pela Continental, o samba-canção Copacabana, um dos maiores sucessos da dupla. Em 1948, a marcha Tem gato na tuba (com João de Barro) obteve grande êxito na voz de Nuno Roland, e, no ano seguinte, Chiquita Bacana, da mesma dupla, gravada por Emilinha Borba, foi uma das músicas mais cantadas no Carnaval.
Em 1956, o compositor lançou um LP de dez polegadas, pela Continental, chamado Aviso aos navegantes, em que interpretou 16 músicas de sua autoria, todas de cunho social. Por problemas cardíacos, em 1959 aposentou-se como médico, profissão que exercia com caráter humanitário, cobrando preços simbólicos pelas consultas. Em janeiro de 1967, prestou depoimento sobre sua vida no MIS, do Rio de Janeiro.
Obras
Acabou-se o que era doce (c/Antonio Almeida), choro, 1942; Adeus diferente (c/Demerval da Fonseca), samba, s.d.; Adeus, priminha (c/João de Barro), marcha 1945; Adeus, vou-me embora (c/José Maria de Abreu) samba, 1950; Adolfito mata-mouros (c/João de Barro), marcha, 1943; Água de coco (c/Antonio Vertulo) samba, 1923; Amar até morrer(c/João de Barro), valsa 1937; Amargura (c/Radames Gnattali), samba, 1950; Amores de Carnaval (c/João de Barro), marcha, 1937, Anseio (c/Nilo Sergio), samba-canção, 1951; Anuncio (c/Frazão), samba, 1940; As armas e os barões, marcha, 1936; Asas do Brasil (c/João de Barro), marcha, 1942; Avião do amor (c/André Filho), marcha, 1934, Balancê (c/João de Barro), marcha, 1937; Bandeira da minha terra (c/João de Barro), samba,. 1943; Barbeiro de Sevilha, marcha, 1939; Barqueiro do São Francisco (c/Alcir Pires Vermelho), samba, 1946; Barquinho pequenino (c/João de Barro e Muraro), marcha, 1938, Barquinho sem vela, valsa, 1941; Barra azul (c/Alcir Pires Vermelho), samba, 1947; Bate um sino além(c/José Maria de Abreu), samba, 1952; Beija-flor (c/Nássara), marcha, 1938; A bênção, Papai Noel (c/Bide), marcha 1934; Biquini de filó (c/João de Barro), marcha, 1953; O Biriba esteve aqui (c/João de Barro e José Maria de Abreu), samba, 1948; Blom, blom (c/Sátiro de Melo) marcha, 1938; Boca negra (c/Antônio Almeida), sam ba, 1949; As brabuleta, marcha, 1933; O Brasil canta e chora, samba-canção, 1956; Briga do peru (c/Amado Regis e Gadé), marcha, 1945; Cabelo azul (c/Amado Régis e Gadé), marcha, 1945; Cachorro vira-lata, samba choro, 1937; Cadê Mimi (c/João de Barro), marcha, 1936; As cadeiras de iaiá (c/Antônio Almeida), samba embolada, 1946; Canção de aniversário (c/José Maria de Abreu), marcha, 1949; Canção de São Paulo, samba, s.d.; Cansada de tudo (c/Osvaldo Sá), cançao, 1949; Cantores do rádio (c/João de Barro e Lamartine Babo), marcha, 1936; Capelinha de melão (com João de Barro), toada, 1949; Capricho de mulher (c/Ronaldo Lupo), fox, 1948; Casadinha triste (c/João de Barro), samba- fantasia, 1948; Catraia do porto (c/Alberto Dias Ribeiro), fado, 1952; Cena campestre, samba, 1956; Cenário de revista, samba, 1938; Chico pança (c/Antonio Almeida), marcha, 1948; Chimarrão (c/José Maria de Abreu), toada-baião, s.d.; China pau (c/João de Barro), marcha, 1943; Chiquita bacana (c/João de Barro), marcha, 1949; Chuva e vento (c/José Maria de Abreu), valsa, 1949; O circo chegou (c/João de Barro e Antonio Almeida), marcha, 1949; Ciúme sem razão (c/João de Barro), valsa, 1937; Cochichando (c/Pixinguinha e João de Barro), choro, 1944; Coisas que ficaram para trás (c/Almanir Greco), choro, 1945; Coitado do Frederico (c/José Maria de Abreu), marcha, 1949; Colombina do amor (c/Ataulfo Alves), marcha, 1937; Companheira de quem ama (c/Antônio Almeida), samba, 1947; Comprei uma fantasia de pierrô (c/Lamartine Babo), samba, 1936; Continuas em meu coração (c/João de Barro), valsa, 1944; Contraste (c/José Maria de Abreu), samba, 1948; Conversando com a saudade (c/Antônio Almeida), canção, 1940; Convite ao Rio (c/João de Barro), samba-canção, 1956; Copacabana (c/João de Barro), samba, 1946; Coração, samba, 1938; Coração em festa (c/José Maria de Abreu), samba, 1954; Coração sonhador (c/Antônio Almeida), samba, 1939; Corre, vento, toada, 1957; Corsário (c/João de Barro), marcha, 1949; Definição, samba, 1956; Deixa a lua sossegada (c/João de Barro), marcha, 1935; Derradeiro romance, samba, 1957; Dia sim, dia não, marcha, 1938; Dois amores (c/Nássara), marcha, 1934; Dois extremos (c/José Maria de Abreu), samba, s.d.; Dois marujos (c/Alcir Pires Vermelho), marcha, 1945; Dolores (c/Marino Pinto e Arlindo Marques Júnior), samba, 1942; Dona turista (c/João de Barro), marcha, 1941; Dor de recordar (c/José Maria de Abreu), samba, 1956; Dou-lhe uma... (c/André Filho), marcha, 1937; Ela era boa (c/Roberto Roberti), marcha, 1947; Ele ou eu?, fox-canção, 1935; Em mil e novecentos (c/Roberto Roberti), valsa, 1942; Enfim, sós, samba, s.d.; Entra, Vasco (c/Antônio Almeida), marcha, 1939; Era uma vez (c/João de Barro), fox-cançao, 1939; És a areia, sou o mar (c/Lobo Pereira), fox, s.d.; Espantalho (c/Berimbau), toada, 1957; Esperar, por que? (c/José Maria de Abreu), samba, 1948; Esquina da saudade (c/Radamés Gnattali e Chiquinho do Acordeom), samba, 1958; Eu agora vou casar (c/Paulo Barbosa), marcha, 1943; Eu bem que quis ser feliz (c/Aluísio Silva Araújo), foxtrot, 1933; Eu fiz um fado (c/Janete de Almeida), marcha, 1946; Eu nem te ligo (c/Antônio Almeida), samba, 1946; Eu quero é sambar (c/Peterpan), samba, 1945; Eu sei de alguém (c/João de Barro), samba, 1937; Eu sou atômica (c/João de Barro), choro, 1956; Existe alguém que já me quis (c/Benjamim Silva Araújo), canção, 1933; Falua (c/João de Barro), canção, 1951; Fantasia escocesa (c/Alcir Pires Vermelho), marcha, 1949; Fim de semana em Paquetá (clJoão de Barro), samba, 1947; Flauta de Pã (c/João de Barro), marcha, 1947; Flor de inverno (c/J. Aimbere), fox-trot, s.d.; Flor de lótus (c/Sílvio Caldas), valsa, 1938; A flor e o vento (c/João de Barro), marcha-rancho, 1940; Flor mulher (c/Paulo Barbosa), valsa, 1948; Foi, é e sempre será (c/Roberto Roberti), samba, 1944; Fon-fon (c/João de Barro), samba, 1937; Gabriela (c/Antônio Almeida), marcha, 1956; Galinha no choco (c/Dunga), 1952; Garota do dancing(c/Jorge Faraj), samba-canção, 1939; Os gregos eram assim (c/Nássara), marcha, 1951; Guerra ao pardal (c/Peterpan), marcha, 1948; Havaiana (c/João de Barro), marcha, 1939; Helena, vem me buscar (c/João de Barro e Alcir Pires Vermelho), samba, 1943; Hermengarda, samba, 1956; Hino às mães, 1956; Hora de amar (c/Radamés Gnattali), canção, 1968; Ilusão (c/Aimbere), tango, s.d.; Implorando o meu perdão (c/Bide), samba, 1934; Isabel (c/Antônio Almeida), samba, 1946; ltaipuaçu, samba, 1953; Jangada (c/João de Barro), canção, s.d.; Joaninha vai casar (c/João de Barro), conga, 1942; João Paulino (c/José Maria de Abreu), marcha, 1950; Josefina (c/Antônio Almeida), samba, 1947; Junto de mim (c/José Maria de Abreu), samba, 1949; Lá vem formosa (c/Dorival Caymmi), samba, 1945; Lala (c/João de Barro), marcha, 1935; Linda borboleta (c/João de Barro), valsa, 1938; Linguagem dos olhos (c/José Maria de Abreu), samba, 1953; Lua-de-mel (c/Alcir Pires Vermelho), marcha, 1940; A lua não mudou... (c/Vicente Paiva), marcha, 1934; Mãe (c/Sátiro de Melo), valsa, 1941; Manhãs de sol (c/João de Barro), marcha, 1936; Mar, imagem da vida, samba, 1955; Marcha do caçador (c/João de Barro), 1957; Marcha para o Oeste (c/João de Barro), marcha, 1939; Mares da China (c/João de Barro), valsa, 1938; Maria (c/Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti), marcha, s.d.; Maria (c/José Maria de Abreu), fox, s.d.; Maria, acorda que é dia (c/João de Barro), marcha, 1936; Maria do Céu (c/Alcir Pires Vermelho), samba, 1942; Maria do sobrado (c/Antônio Almeida), marcha, 1950; Marinhas (c/dJoão de Barro), canção, 1939; A mascote da Marinha (c/Olinda Vale), samba, s.d.; Me dá, iaiá (c/José Maria de Abreu), samba, 1948; Menina do regimento (c/João de Barro), marcha, 1939; Menina internacional (c/João de Barro), marcha, 1935; Mensageiro da dor, samba, 1952; Meu beguine (c/Naylor Sá Rego), marcha, 1935; Meu lampião (c/Alcir Pires Vermelho), samba-canção, 1953; Meu sonho de criança, valsa, 1937; O meu sonho foi balão (c/Hervé Cordovil), marchinha, 1935; Mimoso jacaré (c/José Maria de Abreu), marcha, 1950; Minha brasileirinha (c/Antônio Almeida), valsa, 1950; Minha casa, canção, 1931; Minha terra tem palmeiras (c/João de Barro), marcha, 1937; Miragem no deserto (c/Dunga), samba, 1947; Moreninha carioca (c/Ronaldo Lupo), samba, 1949; Muito riso, pouco siso (c/João de Barro), marcha, 1936; Mulata Risoleta (c/Radamés Gnattali), choro, 1945; A mulher do Fu-man-chu (c/João de Barro), marcha, 1958; Mulher vampiro (c/Alcir Pires Vermelho), marcha, 1936; Na beira do cais, valsa, 1944; Na Lapa não brigo, não, samba, 1952; Nada de novo na frente ocidental (c/João de Barro), marcha, 1939; Não acredito, samba, s.d.; Não chora (c/Sílvio Caldas), samba, 1938; Não fale mal da mulher (c/Saint-Clair Sena), samba, 1947; Nao há de quê (c/Bide), samba, 1937; Não levem meu samba, samba, s.d.; Não olhes pra trás, samba, 1938; Não posso esquecer (c/José Maria de Abreu), samba, s.d.; Não te cases, Beatriz (c/Antônio Almeida e Arlindo Marques Júnior), marcha, 1942; Nasce pobre menina (c/Alcir Pires Vermelho), samba, 1957; Nem que chova canivete, marcha, 1933; Ninguém fica pra semente (c/Bide), marcha, 1937; No alto da serra (c/Paulo Barbosa), samba, 1952; Noite de luar (c/José Maria de Abreu e lvon Curi), toada, 1951; Noites de junho (c/João de Barro), marcha, 1939; Noites do Rio (c/José Maria de Abreu), samba, 1951; Numa noite assim (c/Mário Lago), marcha-rancho, 1941; Olga (c/Sátiro de Melo), samba, 1942; Olha bem para mim (c/Radamés Gnattali), choro, 1945; Olhando o céu e vendo o mar (c/Sátiro de Melo), valsa, 1938; Onde o céu azul é mais azul (c/João de Barro e Alcir Pires Vermelho), samba, 1940; A orquestra está mudada (c/Roberto Martins), samba, 1948; As palavras não dizem tudo (c/Demerval da Fonseca), samba, 1952; Papagaio de Berlim, marcha, 1944; Parei com elas (c/Nássara), marcha, 1937; Paris (c/Alcir Pires Vermelho), marcha, 1938; Pássaro urbano (c/Donga), valsa, 1936; Pastora dos olhos castanhos (c/Dino), choro, 1947; Penando, samba, 1932; Pepita de Guadalajara (c/João de Barro), marcha, 1953; Pirata (c/João de Barro), marcha, 1936; Pirulito (c/João de Barro), marcha, 1939; Polquinha dos meus amores (c/João de Barro), polca, 1956; Por causa dela, marcha, 1935; Por cima e por baixo (c/João de Barro), marcha, 1946; Por um ovo só (c/João de Barro), marcha, 1937; Pra que negar (c/José Maria de Abreu), samba, 1951; Praiana (c/Radamés Gnattali), 1957; Prece, samba-canção, 1956; Preso ao teu sorriso (c/Antônio Almeida), valsa, 1940; Primavera de amor (c/João de Barro), marcha, 1937; Prometi, samba, s.d.; Quando a fartura voltar(c/Alcir Pires Vermelho), samba, s.d.; Quando a lua vem saindo, marchinha, 1938; Quando a Violeta se casou (c/João de Barro e Alcir Pires Vermelho), marcha, 1940; Quanto mais tu foges mais te quero, canção, 1938; O que será de nós dois (c/Bide), samba, 1935; Quebra tudo (c/João de Barro), marcha, 1941; Quem canta (c/João de Barro), samba, 1937; Quem díria? (c/José Maria de Abreu), samba, 1951; Ratoeira (c/André Filho), marcha, 1938; Ré misteriosa (c/Roberto Martins), marcha, 1948; Recruta biruta (c/Antônio Almeida e Nássara), marcha 1951; Rosa morena (c/Alberto Dias Ribeiro), fado, 1952; Rosa tirana (c/João de Barro), samba, 1949; Salve ela (c/Ataulfo Alves), samba-batucada, 1937; Samba brasileiro (c/Antônio Almeida), 1950, Santo Antônio casamenteiro (c/Antônio Almeida), marcha, 1951; São Tomé (c/Bide), marcha, 1935; Saudade peste (c/José Maria de Abreu), samba, 1949; Saudade, vai dizer a ela (c/Radamés Gnattali), samba-canção, 1962; Se eu fosse pintor (c/Bide), marcha, 1935; Se eu tivesse um milhão de cruzeiros (c/João de Barro), samba, 1942; Se houver algum “valiente” (c/Antônio Almeida), marcha, 1940; Se o dinheiro chegasse (c/Antônio Almeida), samba, 1942; Segura a saia, iaiá (c/Radamés Gnatalli), toada, 1950; Sem banana (c/João de Barro), marcha, 1939; Sem você (c/Alcir Pires Vermelho), samba, 1948; A semana de Maria (c/João de Barro), samba- choro, 1946; Sempre o mesmo velho Rio (c/João de Barro), valsa, 1941; Sempre te amando (c/Antônio Almeida), marcha, 1948; Senhor (c/João de Barro), marcha, 1956; Sentinela do Brasil (c/Antônio Almeida), marcha, 1943; Ser ou não ser (c/José Maria de Abreu), samba, 1948; A serpente do faquir (c/João de Barro), marcha, 1948; Seu Gregório, samba, 1946; Seu Libório (c/João de Barro), choro, 1941; Seu Onofre (c/João de Barro), samba, 1944; Só por ti (c/Nonô), samba-canção, 1933; Sonho de papel, marcha, 1935; Sonhos azuis (c/João de Barro), valsa, 1936; Sonhos de amor não morrem (c/Alcir Pires Vermelho), valsa, 1939; A sopa vai se acabar (c/Antônio Almeida), marcha, 1946; O sorriso do presidente (c/Alcir Pires Vermelho), samba, 1942; Um sorriso.., uma lágrima... (c/Júlio de Oliveira) fox-trot, 1934; Sorvete, iaiá (c/Nássara), marcha, 1936; Sou marmiteiro (c/Antônio Almeida), marcha, s.d.; Tá gostoso (c/Antônio Almeida), marcha, 1942; Tapera (c/Custódio Mesquita), canção, 1935; Tarde de maio (c/Osvaldo de Sá), samba-canção, 1949; Tem dó (c/João de Barro, Antônio Almeida e Dorival Caymmi), samba, 1943; Tem gato na tuba (c/João de Barro), marcha, 1948; Tempo quente (c/João de Barro), marcha, 1941; Terra brasileira (c/João de Barro), hino, 1939; Teus olhos negros (c/F. Salgado), marcha, s.d.; Tin-do lê-lê(c/Antônio Almeida), valsa, 1941; Tipo sete (c/Nássara), marcha, 1934; Toada (c/Radamés Gnattali), 1957; Touradas em Madrid (c/João de Barro), marcha, 1938; Toureiro de araque, marcha, 1957; Trá-lá-lá-lá, marcha, 1937; Trenzinho do amor (c/João de Barro), marcha, 1937; Tua vida entortou, samba, 1933; Vai subindo.., vem caindo, marcha, 1934; Valsa do balancê (c/Alcir Pires Vermelho), 1942; Velha baiana (c/Napoleão Tavares), cena típica, 1932; Velho marinheiro (c/Wilson Batista), samba, 1951; Vem, jardineira (c/João de Barro), marcha, 1944; Vem, morena (c/Alcir Pires Vermelho), samba, 1947; Vendedor de pipoca (c/Bonfiglio de Oliveira), rumba, 1932; Veneno pra dois (c/João de Barro), samba, 1938; Venho de longe (c/Demerval da Fonseca), samba, 1952; Vingança (c/Roberto Martins), samba, 1948; A vingança da Estela, choro, s.d.; Vira pra cá (c/João de Barro), marcha, 1938; Vírgula (c/Frazão), marcha, 1940; Você é quem brilha (c/Nássara) samba, 1936; Você fugiu de mim (João de Barro), samba, 1937; Você me deu o bolo (dBide), samba, 1935; Você sambou pra mim (c/Alcir Pires Vermelho), samba 1939; Volta (c/José Maria de Abreu), modinha, s.d.; Uma voz de longe me chamou (c/Hervé Cordovil), samba, 1936; Xodó (c/José Maria de Abreu), samba-canção, 1948; Yes! nós temos bananas... (c/João de Barro), marcha 1938; Zefa, embolada, 1932.

Alcir Pires Vermelho

english mobile

Alcir Pires Vermelho, compositor, nasceu em Muriaé MG, em 8/1/1906 e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 24/5/1994. Aprendeu piano primeiro com a mãe e depois com o professor Amadeu Pacífico, que lhe conseguiu um emprego de pianista no cinema de Muriaé. Começou a tocar em festas, no estilo jazzística, que era moda na época. Aprovado num concurso para bancário do Minas Bank, foi transferido para Carangola MG, onde organizou uma orquestra, da qual participavam o violinista Pessoa e o trombonista Passarinho.

Depois de três anos em Carangola, trabalhou, ainda como bancário, em Rio Casca MG, Cataguases MG e Ubá MG, onde conheceu Ary Barroso e sua tia Ritinha, com quem teve aulas de música. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1929, e foi aprovado em concurso para trabalhar no Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais.

No Carnaval de 1933 conheceu Lamartine Babo, a quem muito admirava, fazendo com ele para o Carnaval seguinte sua primeira música, a marcha Dá cá o pé...loura, gravada em 1933 por Lamartine, na Victor. Estreou em rádio na Rádio Clube do Brasil, como pianista. Tocava também em casas noturnas e clubes. Com Walfrido Silva compôs seu primeiro grande sucesso, o samba O tic-tac do meu coração, gravado por Carmen Miranda em 1935. Três anos depois, Carmen Miranda gravou sua marcha Paris (com Alberto Ribeiro), dedicada aos futebolistas brasileiros na Copa de 1938.
No Carnaval de 1939 sua marcha A casta Susana (com Ary Barroso), teve grande êxito, na voz de Deo. Em 1942, compôs a valsa Alma dos violinos (com Lamartine Babo), gravada por Morais Neto, e, em 1957, compôs o samba Laura (com João de Barro), gravado por Jorge Goulart.
Muitos de seus sucessos foram lançados por Francisco Alves: Dama das camélias (com João de Barro), Onde o céu azul é mais azul (com João de Barro e Alberto Ribeiro), Sandália de prata e A dama de vermelho (ambas com Pedro Caetano), Sob a máscara de veludo, Canta Brasil, Esmagando rosas e A mulher e a rosa (estas quatro com David Nasser). Utilizou, esporadicamente, o pseudônimo A. Romero.
Obras
Alma dos violinos (c/Lamartine Babo), valsa, 1942; Barqueiro do São Francisco (c/Alberto Ribeiro), samba, 1946; Brasil, usina do mundo (c/João de Barro), samba, 1942; Bronzes e cristais (c/Nazareno de Brito), fox-canção, 1962; Canta Brasil (c/Davi Nasser), cena brasileira, 1941; A casta Susana (c/Ari Barroso), marcha, 1938; Dama das camélias (c/com João de Barro), marcha, 1939; A dama de vermelho (c/Pedro Caetano), valsa, 1943; Decadência de pierrô (c/Lamartine Babo), marcha, 1940; Dorme, sonharei contigo (c/Tito Madi), samba-canção, 1960; Esmagando rosas (c/Davi Nasser), bolero, 1941; Navio negreiro (c/J. Piedade e Sá Róris), samba-jongo, 1940; Onde o céu azul é mais azul (c/João de Barro e Alberto Ribeiro), samba, 1940; Sandália de prata (c/Pedro Caetano), samba, 1942; Se alguém telefonar (c/Jair Amorim), samba, 1958; A vizinha das vantagens (c/Ari Barroso), samba, 1939.

Aldo Cabral

english mobile

Antônio Guimarães Cabral, compositor e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 3/2/1912 e faleceu em 5/6/1994. Nascido no bairro de Santo Cristo, foi jornalista, produtor de rádio, autor do teatro de revista e poeta. Um dos grandes letristas de nossa música popular, começou com um clássico, a valsa Boneca (gravada por Sílvio Caldas em 1935), com melodia de Benedito Lacerda, seu parceiro mais constante. Para o Carnaval de 1936, os dois fizeram o samba Pra fazer você chorar, gravado por Carmen Miranda, e a marcha Abel e Caim, gravada por Sônia Carvalho; em seguida, lançaram a valsa No palco da vida, gravada por Nestor Amaral.

Em 1937 lançaram, também no Carnaval, as marchas Serpente do amor, gravada por Carlos Galhardo, e Noite de Carnaval, por Sílvio Caldas. Em seguida compuseram a valsa Iracema, gravada por Nuno Roland, e o grande sucesso Amigo leal, samba, por Orlando Silva, cuja continuação, Amigo infiel, foi gravada pelo mesmo cantor no ano seguinte.

Em 1939, a dupla alcançou grande sucesso com o samba-canção Espelho do destino, gravado por Orlando Silva, e talvez o seu maior êxito, com o samba-exaltação Brasil, lançado por Francisco Alves e Dalva de Oliveira. No Carnaval de 1940, foi a vez do samba Despedida de Mangueira, sucesso na voz de Francisco Alves. Na expectativa da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, compuseram Voz do dever, valsa gravada por Orlando Silva e Ismênia dos Santos.

Em 1942 lançaram o samba-canção Carnaval da minha vida, gravado por Francisco Alves. Com outro parceiro compôs, ainda em 1942, o samba Bom-dia (com Herivelto Martins), gravado por Linda Batista e As três Marias, e em 1945 o samba Mensagem (com Cícero Nunes), o maior sucesso de Isaura Garcia. Para o teatro musicado, escreveu a burleta O feitiço da baiana (1936) e a revista Mordomo em grande gala (1939), ambas com músicas de Benedito Lacerda; a revista Cadeia da sorte (1935), com Nestor Tangerini; as revistas O teu dia chegará (1941), com Saint-Clair Sena, e De boca em boca (1950), com Nestor Tangerini e De Chocolat.

Obras

A você (c/Ataulfo Alves), valsa, 1937; Bazar (c/Custódio Mesquita), fox-canção, 1941; Carnaval na minha terra (c/Kid Pepe), marcha, 1938; De tanto sambar (c/Benedito Lacerda), samba, 1940; Dilema (c/Ataulfo Alves), samba, 1952; Molengo (c/Severíno Araújo), choro, 1950; Nunca (c/Benedito Lacerda), valsa, 1941; Podes mentir (c/Georges Moran), fox, 1943; Quem chorou fui eu (c/Benedito Lacerda), marcha, 1940; Sinceridade (c/Valdemar Gomes), samba, 1945; Teus ciúmes (c/Laci Martins), valsa, 1936; Tudo é possível (c/Cícero Nunes), samba, 1945; A volta (c/Benedito Lacerda), valsa, 1945.

André Filho

english mobile

André Filho (Antônio André de Sá Filho), compositor, cantor e instrumentista nasceu no Rio de Janeiro RJ em 21/3/1906 e faleceu em 2/7/1974. Órfão cedo, foi criado pela avó, e aos oito anos começou a estudar música com Pascoale Gambardella, que lhe ensinou ritmo e harmonia. Mais tarde aprendeu a tocar diversos instrumentos, entre os quais violino, violão, bandolim e piano. No Colégio Salesiano de Santa Rosa, em Niterói RJ, onde foi colega do radialista Almirante, formou-se em ciências e letras. Iniciou sua carreira cantando na Rádio Educadora.

Em seguida foi compositor, arranjador, locutor e autor de jingles em várias emissoras, entre as quais a Philips, a Mayrink Veiga, a Tupi e a Guanabara. Em 1929 0 seresteiro Henrique de Melo Morais gravou na Parlophon sua canção Velho Solar, e um ano depois Carmen Miranda lançou na Victor um disco com o samba O meu amor tem e a marcha Eu quero casar , ambos de sua autoria. Ainda em 1930 foi lançada pela Victor Nem queiras saber (com Felácio da Silva), na voz de Sílvio Caldas. Com Noel Rosa compôs o samba Filosofia, gravado por Mário Reis, que não chegou a alcançar popularidade.
Em 1931 Carmen Miranda gravou na Victor os sambas Bamboleô e Quero só você, e dois anos depois, juntamente com Mário Reis, Alô... alô. Como cantor estreou na Victor com os sambas Vou navegar e Nosso amor vai morrendo, de sua autoria para o Carnaval de 1933, gravando como intérprete músicas até 1939, quase todas suas.
De 1934 é sua composição mais famosa, a marcha Cidade maravilhosa, que gravou na Odeon juntamente com Aurora Miranda. Inscrita no concurso de Carnaval da prefeitura do Rio de Janeiro, no ano seguinte, classificou-se em segundo lugar, tornando-se um grande sucesso e passando a ser tradicionalmente executada no encerramento dos bailes em todos os Carnavais. Em 1960 foi oficialmente decretada como hino da cidade do Rio de Janeiro.
Por volta de 1940 esteve internado com problemas psíquicos numa casa de saúde particular; a partir dessa época afastou-se da vida artística, passando praticamente recluso seus últimos anos. Em 1975 Chico Buarque regravou Filosofia.
Obras
Alô... alô..., samba, 1933; Baiana do tabuleiro, samba, 1937; Bamboleô, samba, 1931; Cidade maravilhosa, marcha, 1934; Filosofia (com Noel Rosa), samba, 1933; Mamãezinha está dormindo, canção, 1930; Marisa, valsa, 1936; Mulato de qualidade, samba, 1932; Quando a noite desce (com Roberto Borges), canção, 1930.

Antenógenes Silva

english mobile

Antenógenes Silva (Antenógenes Honório da Silva). Instrumentista e compositor nasceu em Uberaba MG, em 30/10/1906. Filho de serralheiro e respeitado sanfoneiro de oito baixos, fez os primeiros estudos em sua cidade natal, chegando apenas ao segundo ano do grupo escolar. Aprendeu a tocar os oito baixos e aos 14 anos compôs a primeira música, com o nome da namorada.
Em 1927 mudou-se para Ribeirão Preto SP, e iniciou carreira artística; em 1928 estava em São Paulo SP, onde começou a tocar no Bar Excelsior e na Rádio Educadora Paulista. Em 1929 gravou dois discos na Victor paulistana, com o choro Gostei de tua caída e a valsa Norma, ambas de sua autoria.
Em 1933 mudou-se para o Rio de Janeiro RJ, assinando contrato com a Victor. Tornou-se nacionalmente conhecido e fez tournée em Buenos Aires, Argentina. Em 1934 passou a gravar na Odeon. Como acordeonista, acompanhou vários artistas, nacionais e internacionais, e foi o primeiro a tocar música lírica no Teatro Municipal. Aprendeu harmonia, solfejo e orquestração, e teve aulas com Guerra Peixe. Prosseguiu os estudos interrompidos na infância e, em 1949, formou-se em química industrial.
Em 1957, na Alemanha, no festival de gaitas Honner, ganhou o primeiro prêmio tocando sanfona de oito baixos, sendo reconhecido como um dos melhores do mundo. Entre seus maiores sucessos estão as valsas Saudades de Matão (Jorge Galati e Raul Torres, com seu arranjo), em 1938, e Ave Maria (Erothides de Campos), com voz de Augusto Calheiros, em 1939. E, entre suas composições, destacam-se Pisando corações (com Ernani Campos), gravada com Augusto Calheiros, em 1936; as valsas Uma grande dor não se esquece (com Ernani Campos) e Santa Teresinha, gravada com Gilberto Alves, em 1943; Mês de Maria, em 1947, gravada com Alcides Gerardi; e muitas outras.
Conhecido como O Mago do Acordeom, gravou, de 1929 a 1963, cerca de 162 discos em 78 rpm, com 324 músicas, e vários LPs. Manteve por muitos anos, no Rio de Janeiro, uma escola de acordeom para profissionais, com cursos de teoria, solfejo e harmonia.
Obras
Adeus mãezinha (com José Duduca de Morais), valsa, 1944; Bebê chorão (com Irani de Oliveira), marcha, 1941; O Carnaval é rei, s.d.; Uma grande dor não se esquece (com Ernâni Campos), valsa, 1940; Mês de Maria, valsa, 1947; Pisando corações (com Ernâni Campos), valsa, 1936; Santa Teresinha, valsa, 1944; Saudades de Matão (com Jorge Gallati e Raul Torres), valsa, 1937.

Araci de Almeida

english mobile

Araci Teles de Almeida (19/08/1914 - 20/06/1988), cantora, nasceu e foi criada no subúrbio carioca de Encantado; o pai, Baltasar Teles de Almeida, era chefe de trens da Central do Brasil. Estudou num colégio em Engenho de Dentro, onde foi colega do radialista Alziro Zarur, e passou depois para o Colégio Nacional, no Meyer. Costumava cantar hinos religiosos na Igreja Batista e, quando conheceu Custódio Mesquita, por intermédio de um amigo, cantou para ele Bom dia, meu amor (Joubert de Carvalho e Olegário Mariano), conseguindo que aquele compositor a levasse para cantar na Rádio Educadora (depois Tamoio), em 1933.

Já no ano seguinte, gravou para o Carnaval seu primeiro disco, pela Columbia, com a música Em plena folia (Julieta de Oliveira), e, em 1935, assinou seu primeiro contrato com a Rádio Cruzeiro do Sul. Nesse ano, gravou, pela Columbia, Riso de criança (Noel Rosa), de quem se tornaria uma das principais intérpretes.
Transferindo-se para a Victor, participou do coro de diversas gravações, e lançou ainda em 1935, como solista, Triste cuíca (Noel Rosa e Hervé Cordovil), Cansei de pedir, Amor de parceria (ambas de Noel Rosa) e Tenho uma rival (Valfrido Silva). A partir de então, tornou-se conhecida como intérprete de sambas, músicas carnavalescas e, principalmente, de Noel Rosa, tendo sido apelidada por César Ladeira de O Samba em Pessoa.
Foi casada com um famoso goleiro de futebol (Rei), de quem se separou. Trabalhou também na Rádio Philips (fazendo dupla com Sílvio Caldas, no Programa Casé), na Cajuti, Mayrink Veiga e Ipanema, excursionando com Carmen Miranda ao Rio Grande do Sul. Em 1936, foi para a Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, e gravou com sucesso duas músicas de Noel Rosa: Palpite infeliz e O 'x' do problema. No ano seguinte, atuou na Rádio Nacional e destacou-se com os sambas Tenha pena de mim (Ciro de Sousa e Babaú), Eu sei sofrer (Noel Rosa e Vadico) e Último desejo, de Noel Rosa, que faleceu nesse ano. Gravou, em 1938, Século do progresso (Noel Rosa) e Feitiço da Vila (Noel Rosa e Vadico), e, em 1939, lançou em disco Chorei quando o dia clareou (Davi Nasser e Nelson Teixeira) e Camisa amarela (Ary Barroso).
Para o Carnaval de 1940, gravou a marcha Passarinho do relógio (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) e, no ano seguinte, O passo do canguru (dos mesmos autores). Em 1942, lançou o samba Fez bobagem (Assis Valente), Caramuru (B. Toledo, Santos Rodrigues e Alfeu Pinto), Tem galinha no bonde e A mulher do leiteiro (ambas de Milton de Oliveira e Haroldo Lobo). Fez sucesso no Carnaval de 1948 com Não me diga adeus (Paquito, Luís Soberano e João Correia da Silva) e, em 1949, gravou João Ninguém (Noel Rosa) e Filosofia (Noel Rosa e André Filho).
Entre 1948 e 1952, trabalhou na boate carioca Vogue, sempre cantando o repertório de Noel Rosa; graças ao sucesso de suas interpretações nessa temporada, lançou pela Continental dois álbuns de 78 rpm com músicas desse compositor: o primeiro deles, lançado em setembro de 1950, continha Conversa de botequim (com Vadico), Feitiço da Vila (com Vadico), O X do problema, Palpite infeliz, Não tem tradução e Último desejo; no segundo, lançado em março de 1951, interpretou Pra que mentir (com Vadico), Silêncio de um minuto, Feitio de oração (com Vadico), Três apitos, Com que roupa? e O orvalho vem caindo (com Kid Pepe).
Mudou-se para São Paulo SP, em 1950, e viveu durante 12 anos nessa cidade. Em 1955, trabalhou no filme Carnaval em lá maior, de Ademar Gonzaga, e lançou, pela Continental, um LP de dez polegadas só com músicas de Noel Rosa, no qual foi acompanhada pela orquestra de Vadico, cantando, entre outras, Coisas nossas, Fita amarela e as composições inéditas Meu barracão, Cor de cinza, Voltaste e A melhor do planeta (com Almirante). Três anos depois, lançou pela Polydor o LP Samba em pessoa. Em 1962 a RCA, reaproveitando velhas matrizes, editou o disco Chave de ouro.
Em 1964 gravou com a dupla Tonico e Tinoco o cateretê Tô chegando agora (Mário Vieira) e apresentou-se com Sérgio Porto e Billy Blanco na boate Zum-Zum (Rio de Janeiro). Em 1965 fez vários shows no Rio de Janeiro: Samba pede passagem, no Teatro Opinião, Conversa de botequim, dirigido por Miele e Boscoli, no Crepúsculo, e um espetáculo na boate Le Club com o cantor Murilo de Almeida. No ano seguinte, a Elenco lançava o disco Samba é Araci de Almeida. Com o cômico Pagano Sobrinho, fez É Proibido Colocar Cartazes, programa de calouros da TV Record, de São Paulo, em 1968. No ano seguinte, a dupla apresentou-se na boate paulistana Canto Terzo. Ainda em 1969, fez o show Que maravilha!, no Teatro Cacilda Becker, de São Paulo, ao lado de Jorge Ben Jor, Toquinho e Paulinho da Viola.
Participou como jurada do programa de calouros A Buzina do Chacrinha e do programa Sílvio Santos. Em 1988 saiu o LP póstumo Araci de Almeida ao vivo e à vontade, pela Continental, documentando uma apresentação da cantora no teatro Lira Paulistana em 1980. CDs Orlando Silva, Carmen Barbosa e Araci de Almeida, 1991, Revivendo CD-012; Noel Rosa por Araci de Almeida e Mário Reis, 1992, Revivendo CD 027; Mestres da MPB: Araci de Almeida (2 CDs), 1995, Continental 0630/0776-2.