segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Isto é lá com Santo Antônio

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Isto é lá com Santo Antônio (marcha/carn., 1934) - Lamartine Babo--clique para ouvir amostra da música


Eu pedi numa oração / Ao querido São João
Que me desse um matrimônio / São João disse que não!

São João disse que não! / Isto é lá com Santo Antônio!
Eu pedi numa oração / Ao querido São João
Que me desse um matrimônio / Matrimônio! Matrimônio!
Isto é lá com Santo Antônio!

Implorei a São João / Desse ao menos um cartão
Que eu levava a Santo Antônio / São João ficou zangado
São João só dá cartão / Com direito a batizado
Implorei a São João / Desse ao menos um cartão
Que eu levava a Santo Antônio / Matrimônio! Matrimônio!
Isso é lá com Santo Antônio!

São João não me atendendo / A São Pedro fui correndo
Nos portões do paraíso / Disse o velho num sorriso:
Minha gente, eu sou chaveiro! / Nunca fui casamenteiro!
São João não me atendendo / A São Pedro fui correndo
Nos portões do paraíso / Matrimônio! Matrimônio!
Isso é lá com Santo Antônio

História do Brasil

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História do Brasil (marcha/carnaval) - 1934 - Lamartine Babo

   A    B7                           E
Quem foi que inventou o Brasil?
B7
Foi seu Cabral!
E E7 D#7 D7
Foi seu Cabral!

C#7 A A#º
No dia vinte e um de abril
E F#7 B7 E
Dois meses depois do carnaval

B7
Depois
E
Ceci amou Peri
B7
Peri beijou Ceci
Ao som...
E
Ao som do Guarani!

E7 A
Do Guarani ao guaraná
Am E
Surgiu a feijoada
F#7 B7 E
E mais tarde o Paraty

B7
Depois
E
Ceci virou Iaiá
B7
Peri virou Ioiô

De lá...
E
Pra cá tudo mudou!
E7 A
Passou-se o tempo da vovó
Am E
Quem manda é a Severa
F#7 B7 E
E o cavalo Mossoró

Há uma forte corrente contra você

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Há uma forte corrente contra você (marcha/carnaval) - 1934
- Francisco Alves e Orestes Barbosa

Tom: C
Intr.:
F E Am C° C Am7 Dm7 G7 C G5+/7
C
Há uma forte corrente contra você
C#° G C#° G
Toma cuidado
G7
Que o seu vizinho do lado
C
Já anda desconfiado e você sabe o porquê
Dm7 D#° C Am7 Dm7
Se você continuar a viver dessa maneira
G7 C
Vai dar muito o que falar
Dm7 D#° C
Todo mundo já murmura
Am7 Dm7
Que a corrente deste caso
G7 C
É aquela criatura
C
Há uma forte corrente contra você
C#° G C#° G
Toma cuidado
G7
Que o seu vizinho do lado
C
Já anda desconfiado e você sabe o porquê
Dm7 D#° C
Não te faças de inocente
Am7 Dm7
Pois eu leio nos teus olhos
G7 C
Muito medo da corrente
Dm7 D#° C
Pois assim eu nunca vi
Am7 Dm7
Qualquer dia distraído
G7 C
Vais falar mesmo de ti
C
Há uma forte corrente contra você
C#° G C#° G
Toma cuidado
G7
Que o seu vizinho do lado
C
Já anda desconfiado e você sabe o porquê

Cidade maravilhosa

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cidade maravilhosa

A própria introdução parece ter sido feita para preceder um hino, com as notas do acorde fundamental de um clarim. É um chamamento alegre, até imponente, porém sem a sisudez de uma marcha militar, o que não lhe tirou a vez de ser escolhida como hino oficial do Rio de Janeiro trinta anos depois de seu lançamento. Mas, "Cidade Maravilhosa" é também um dos hinos do carnaval brasileiro, cantado com muito empenho nos salões, pois, quando a fanfarra ataca a introdução, avisa a todos que o baile esta chegando ao fim.

No início da década de 1930, o Rio era embelezado com a estátua do Cristo Redentor e a modernização de vários trechos da cidade, criando maiores condições para deixar o turista maravilhado. Foi nesta ocasião que, motivado por uma promoção chamada Festa da Mocidade, em que se elegia a Rainha da Primavera, André Filho compôs "Cidade Maravilhosa".

O título reproduzia uma expressão consagrada pelo escritor Coelho Neto. Gravada em 04.09.34, a marcha teve como intérprete Aurora Miranda, acompanhada pelo autor. A escolha de Aurora, uma iniciante de dezenove anos, refletia de certo modo a tendência de romper com uma constante da época: a hegemonia masculina na gravação do repertório carnavalesco.
Já favorita do público, "Cidade Maravilhosa" foi inscrita no concurso de marchas para o carnaval de 35, obtendo somente o segundo lugar, resultado que indignou André Filho. O esquecimento total relegado à vencedora, "Coração Ingrato" (de Nássara e Frazão), provaria a injustiça do julgamento.

Evocativa na segunda parte, que retorna à primeira numa modulação singela, a composição é vibrante no refrão. Este não se repete de modo rigorosamente igual, seguindo, assim, um esquema próprio dos grandes compositores populares: na repetição, os compassos finais sofrem uma alteração melódica que induz a primeira parte do refrão a duas de suas funções primordiais, sejam elas, a preparação para a segunda parte e o encerramento.

Acusada por alguns de ter sido inspirada num trecho do 3° ato da ópera "La Bohème", de Puccini, "Cidade Maravilhosa" permanece no tempo, cantada por gerações successivas, já fazendo parte da memória musical brasileira como um dos seus clássicos mais conhecidos.

Cidade Maravilhosa (marcha/carnaval) - 1934 - André Filho--clique para ouvir amostra da música

Tom: C
Introd.: C Bb A7 F F#o C D7 C Am Dm G7 C
  C           Dm   G7
Cidade Maravilhosa
Dm G7 C F7
Cheia de encantos mil
Em Ebo Dm A7
Cidade Maravilhosa
Dm G7 C G7
Coração do meu Brasil
   C           Dm   G7
Cidade Maravilhosa
Dm G7 C C7
Cheia de encantos mil
Fm Bb C
Cidade Maravilhosa
G7 C
Coração do meu Brasil
C7  Fm  Bb7      C  Am
Cidade Maravilhosa
Dm G7 C
Coração do meu Brasil
Cm D7 Ab7
Berço do Samba e das lindas canções
Dm G7 Cm
Que vivem na alma da gente
Fm G7 Cm
És o altar de nossos corações
Ab7 G7 C G7
Que cantam alegremente


Carneirinho

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Carneirinho (marcha/cantiga) - 1934 - Antônio Nássara

Carneirinho, carneirão / Sobe tudo que é balão
Ai meu São João / Vem caindo a saudade
Dentro do meu coração

Quando a noite do céu vem descendo
Traz consigo a saudade e a ilusão
Numa prece de amor revivendo
Acendem-se as luzes do meu São João

Coração é capela de sonho
Onde o amor vive sempre a rezar
Eu vivia contente e risonho
Num sonho constante e feliz de te amar

Caco velho

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Caco velho (samba-canção) - 1934 - Ary Barroso--clique para ouvir amostra da música


-----C ---------Db°------------ G7
Reside no subúrbio do Encantado
--------------E7------ Am-- Am/G
Num barracão abandonado
-----------D/Gb-------- G7 --Db° --Dm7 --G7
João de tal, cabra falado.
------C ---------D7-------- G
Dizem que viveu fora da lei,
----------Em
Foi um rei
------------------------A7
Que zombava da morte
-------D7------------ G7
E tinha um santo forte
----------------------C7
No meio da gente bamba
-------------------------------F
O seu prazer era tirar um samba
------Fm----------- C
Pulava, dava rasteira
------A7----- Dm------- G7----- C-- Bb7--- A7
Topava briga de qualquer maneira


--------Dm--- Dm/C -------C ----G7
Mas hoje--------- é um caco velho
------------------C
Que não vale nada
0--------------Bb7 ----------A7 -----------Dm
Tem a cabeça branca e a pele encarquilhada
-----------Fm------- G7----- C
Faz até pena ver o seu estado.
-----Bb7----- A7
Pobre coitado
------------Dm
A vida é essa,
-------------Eb° --------------------C
É um segundo que se esvai depressa.
--------------Bb7------A7-------- Dm
Todos nós temos o nosso momento
--------------G7 --------------C Ab C
E, depois dele, só o esquecimento ...

Alô, alô

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Alô, alô (samba) - 1934 - André Filho---clique para ouvir amostra da música


---------G
Alô... Alô? Responde
--------------------------G/B-- -Bbº-- D7/A
Se gostas mesmo de mim de ver....dade
----------D7
Alô... Alô? Responde
--------------------------------G
Responde com toda sinceridade

----------------D7/A
Tu não respondes
--------------------------G
E o meu coração em lágrimas
------Bbº-- D7/A
Desesperado
-----------------------G
Vai dizendo: Alô... Alô?
---------------D7
Ai, se eu tivesse
---------------------G-------- G/B
A certeza desse teu amor
------Bbº--- D7/A
A minha vida
-----------------------G
Seria um rosal em flor (responde então)

----------D7/A
Alô... Alô?
-------------------------G
Continuas a não responder
-------Bbº--- D7/A
E o tele...fone
--------------------------G
Cada vez chamando mais
---------------D7
É sempre assim
---------------------G-------------- G/B
Não consigo ligação, meu bem
------Bbº--- D7/A
Indife...rente
-------------------------------G
Não te importa com meus ais

Agora é cinza

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Vindo da legendária Turma do Estácio, Bide (Alcebíades Maia Barcelos) se juntou a Marçal (Armando Vieira Marçal) para formar uma das mais homogêneas parcerias da música popular brasileira. Sua produção nos anos trinta tem especial importância no processo de fixação do samba. Autores de música e letra, eles se salientavam principalmente pelas melodias, do que é exemplo "Agora É Cinza", campeão do carnaval de 34 e um dos melhores sambas de todos os tempos.

Nesta, como em outras composições, cada parte foi composta por um dos parceiros, uma característica da dupla, que preferia trabalhar assim. Depois de prontas, as partes se ajustavam com facilidade, graças a uma perfeita identidade de estilos. Além de compositores, Bide e Marçal foram percussionistas, sendo este último pai do também percussionista Nilton Delfino Marçal, o Mestre Marçal.

Agora é cinza (samba) - 1934 - Bide e Marçal--clique para ouvir amostra da música

----G-- E7--Am -----------------------D7
Você partiu / -----Saudades me deixou
-----------G -------------------Bb0-------- Am
Eu chorei / ---O nosso amor foi uma chama
------------D7-----------------G
Que o sopro do passado desfaz
-----E7------ Am
Agora é cinza
-------------G----- C7/9---- G
Tudo acabado / E nada mais......

-----G---- E7------------ Am
Você partiu de madrugada
----------D7-------------- G
E não me disse nada / Isso não se faz
---------E7---------------- Am
Me deixou cheio de saudade e paixão
------------------G
Não me conformo
-----------D7------- G--------- D7
Com a sua ingratidão (chorei porque)

------G ------E7----------- Am
Agora desfeito o nosso amor
-------------D7------------------ G
Eu vou chorar de dor / Não posso esquecer
----------E7--------------- Am
Vou viver distante dos teus olhos
---------------------G
Oh querida, não me deu
-----------D7----------- G------------- D7
Um adeus por despedida ( chorei porque)

Você só... mente

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Você Só...Mente (fox trot, 1933) - Noel Rosa e Hélio Rosa--clique para ouvir amostra da música


Não espero mais você, pois você não aparece
Creio que você se esquece das promessas que me faz
E depois vem dar desculpas, inocentes e banais

É porque você bem sabe
Que em você desculpo
Muitas coisas mais
O que sei somente

É que você é um ente
Que mente inconscientemente
Mas finalmente
Não sei porque
Eu gosto imensamente
De você

Invariavelmente, sem ter o menor motivo
Em um tom de voz altivo
Você quando fala mente
Mesmo involuntariamente, faço cara de inocente
Pois sua maior mentira, é dizer à gente que você
não mente

Vai haver barulho no chatô

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Vai haver Barulho no Chatô (samba, 1933)--clique para ouvir amostra da música
- Noel Rosa e Valfrido Silva

G7 --------------------------C
Vai haver barulho no "chatô"
----------------------G7 -----------------C
Porque minha morena falsa me enganou
------------------C7
Se eu ficar detido,
------------------------F
Por favor, vá me soltar,
-------------Fm-------- C
Tenho o coração ferido,
---A7--- D7 ---G7-- C
Quero me desabafar

------------------------F
Quase sempre eu evito
------------------------C
Bate-boca em nosso lar
--------------A7------------ D7
Pois não quero ir pro distrito
----------G7---------- C----- (G7 C)
Por questão particular...

----------------------F
Desta vez é impossível
---------------------C
Tenho que desacatar,
--------A7 --------------D7
Parece uma coisa incrível
-------------------G7 ---------C -----(G7 C)
Não ter quem queira me soltar

Quando o samba acabou

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Quando o samba acabou (samba) - 1933 - Noel Rosa

Tom: F7+
Intro: F7+ C7


F7+ Gm7 Am7
Lá no morro de Mangueira
Bb7+ Am7 C7/9- Gm7 D7/9-
Bem em frente a ribanceira, uma cruz a gente vê
Gm7 C4/7 Gm7 C4/7 Gm7
Quem fincou foi a Rosinha, que é cabrocha de alta linha
C7 F7+ C7
E nos olhos tem seu não-sei-quê
F7+ Gm7 Am7 Cm5-/7 F7/9-
Numa linda madrugada, ao voltar da batucada
Cm7 F7 Bb7+
Pra dois malandros olhou a sorrir
Bbm7 Am5-/7
Ela foi-se embora e os dois ficaram
D7 G7/11+ G7 C7 F7+
Dias depois se encontraram pra conversar e discutir
D7 Db7 Cm7 F7
Lá no morro uma luz somente havia
Bbm7
Era a lua que tudo assistia,
F7+ Dm7 Gm7 F7+ C7
e quando acabava o samba se escondia
F7+ Gm7 Am7 Bb7+ Am7
Na segunda batucada, disputando a namorada
D7/9- F#7 Gm7 Am5-/7 D7/9
Foram os dois improvisar
C4/7 Gm7 C4/7 Gm7
E como em toda façanha, sempre um perde e o outro ganha
C7 F7+ C7
Um dos dois parou de versejar
F7+ Gm7 Am7 Cm5-/7 F7/9-
E perdendo a doce amada, foi fumar na encruzilhada
Cm7 F7 Bb7+
Passando horas em meditação
Bbm7 Am5-/7 D7 G7/11+
Quando o sol raiou foi encontrado na ribanceira estirado
G7 C7 F7+
Com um punhal no coração
D7 Db7 Cm7 F7
Lá no morro uma luz somente havia
Bbm7
Era o sol quando o samba acabou
F7 Dm7 Gm7 C7 Bb7+ F7+
De noite não houve lua, ninguém cantou

Onde está a honestidade?

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Onde está a honestidade? (samba, 1933) - Noel Rosa--clique para ouvir amostra da música

Intr.:( G7 C7 F7  Bb Bb/Ab Eb/G Ebm/Gb Bb/F G7 C7 F7
Bb F7(#5) )

Bb
Você tem palacete reluzente
B° G7/B Cm G7/D Cm/Eb Eb7
Tem jóias e criados à vonta........de
D7 Gm
Sem ter nenhuma herança nem parente
C7 Ebm6/Gb F7 Bb7
Só anda de automóvel na cida........de

Eb Ebm Bb/D
E o povo já pergunta com maldade:
G7 C7
''Onde está a honestidade?
F7 Bb Bb/Ab
Onde está a honestidade?''
Eb/G Ebm/Gb Bb/F
E o povo já pergunta com maldade:
G7 C7
''Onde está a honestidade?
F7 Bb
Onde está a honestidade?''

Solo.:( G7 C7 F7 Bb Bb/Ab Eb/G Ebm/Gb Bb/F G7 C7 F7
Bb F7(#5) )

Bb
O seu dinheiro nasce de repente
B° G7/B Cm G7/D Cm/Eb Eb7
E embora não se saiba se é verda........de
D7 Gm
Você acha nas ruas diariamente
C7 Ebm6/Gb F7 Bb7
Anéis, dinheiro e até felicida........de

Eb Ebm Bb/D
E o povo já pergunta com maldade:
G7 C7
''Onde está a honestidade?
F7 Bb Bb/Ab
Onde está a honestidade?''
Eb/G Ebm/Gb Bb/F
E o povo já pergunta com maldade:
G7 C7
''Onde está a honestidade?
F7 Bb
Onde está a honestidade?''

Solo.:( G7 C7 F7 Bb Bb/Ab Eb/G Ebm/Gb Bb/F G7 C7 F7
Bb F7(#5) )

Bb
Vassoura dos salões da sociedade
B° G7/B Cm G7/D Cm/Eb
Que varre o que encontrar em sua fren.......te
Eb7 D7 Gm
Promove festivais de caridade
C7 Ebm6/Gb F7 Bb7
Em nome de qualquer defunto ausen.......te

Eb Ebm Bb/D
E o povo já pergunta com maldade:
G7 C7
''Onde está a honestidade?
F7 Bb Bb/Ab
Onde está a honestidade?''
Eb/G Ebm/Gb Bb/F
E o povo já pergunta com maldade:
G7 C7
''Onde está a honestidade?
F7 Bb
Onde está a honestidade?''

Não tem tradução

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Em 1933 Francisco Alves gravava o samba "Não Tem Tradução", de Noel Rosa. É uma crítica aos efeitos da influência do "cinema falado" sobre a língua pátria, com a adoção de expressões em francês e inglês. A letra diz "essa gente que tem a mania da exibição" e "não se lembra que o samba não tem tradução".


Não tem tradução - 1933 - Noel Rosa, F. Alves e Ismael Silva-clique para ouvir amostra da música

Tom: A
A7         F                  Dm            A
O cinema falado é o grande culpado da transformação
Em A7
Dessa gente que sente que um barracão
D
prende mais que o xadrez
Dm G7/9 A C#
Lá no morro, seu eu fizer uma falseta
F#7 C B7 E7 A6/9
A Risoleta desiste logo do francês e do Inglês
Em A7 D7+
A gíria que o nosso morro criou
B7 E7 C#
Bem cedo a cidade aceitou e usou
F#7 Bm Dm G7/9
Mais tarde o malandro deixou de sambar, dando pinote
C#m F#7 Bm E7 A
Na gafieira dançar o Fox-Trote
F Dm A
Essa gente hoje em dia que tem a mania da exibição
Em A7 D
Não entende que o samba não tem tradução no idioma francês
Dm G7/9 A
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
F#7 B7 E7 A
Com voz macia é brasileiro, já passou de português
Em A7 D
Amor lá no morro é amor pra chuchu
B E7 C#
As rimas do samba não são I love you
F# Bm Dm G7/9
E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny
C#m F#7 Bm E7 A Dm A
Só pode ser conversa de telefone..

Nancy

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Nancy (valsa) - 1933 - Luiz Lacerda e Bruno Arelli

(D)
Busquei ansioso um pensamento
-----------Em
Que pudesse traduzir
----------------A7
O que minh’alma fez por ti
-----------------D
Dentro em meu peito assim senti
Tudo que pode oferecer
-----------D7 ------------G
A alma que vibra em mim
--------------Ab°--------- D
É uma canção que idealizei
----------E7 -----A7----- D---- A7/5+
Para poder cantar assim
------D --------------------Em
Ouve esta canção que eu fiz
----------------A7
Pensando em ti

------Em-------- A7--------- D
É uma veneração, Nancy
---------------Em------ A7
Somente poderia a musa traduzir
---------Em----------- A7
Um nome que é poesia
-------D ------D7
Nancy
G------- Ab°--------- D
É a mais linda história de amor
-------------D7
Que conheci
------G---------- Ab°--- D ---------B7
Quando o teu nome assim eu repeti
---Em----- A7 ------D----- A7
Nancy, Nancy, Nancy

------D
Ouve esta canção
------------------Em------------- A7
Que eu mesmo fiz pensando em ti
------Em --------A7 -----D Gm D
É uma veneração, Nancy

Moreninha da praia

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O costume de abolir o uso das meias, adotado pelas cariocas no início dos anos trinta, foi motivo de preocupação para os vendedores da mercadoria e de protesto de jornalistas conservadores como João Luso, Viriato Correia e Sílvia Patrícia. Em compensação, inspirou "Moreninha da Praia": "Moreninha querida / da beira da praia / que mora na areia / todo o verão / que anda sem meia / em plena avenida / varia como as ondas / o teu coração...".

Com "Moreninha da Praia" e "Trem Blindado", João de Barro colheu seus primeiros sucessos como compositor de carnaval. Essas marchinhas serviram ainda pára fixar os dois pontos que norteariam sua extensa produção carnavalesca: a exaltação da mulher e a crônica do cotidiano. Esses temas ele desenvolveria num estilo que mistura simplicidade e bom gosto com doses certas de lirismo, humor e malícia.

Moreninha da Praia (marcha/carnaval) - 1933 - Braguinha (João de Barro)clique para ouvir amostra da música
------------------G ------------------D7
Moreninha querida / Da beira da praia
-----------------------------------G
Que mora na areia / Todo o verão
---------B7 --------C --------Dbº----- G/D
Que anda sem meia / Em plena Avenida
-----E7------------ A7------ D7 ------G
Varia como as ondas / O teu coração

----------------------------------G7
A tua ardência é que me assombra
----------------C--------------- Dbº
Tu tens quarenta graus à sombra
--------------G/D-------- E7-------- A7
Desta maneira / Só mesmo te botando
----------D7---- G
Numa geladeira

Moleque indigesto

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Moleque indigesto (marcha/carn., 1933) - Lamartine Babo--clique para ouvir amostra da música

C          G7      C                          G7
Eta, moleque bamba / Pega a cabrocha
C
Pisca o olho / E cai no samba

C7 F
Esse moleque / Sabe ser bom
A7 Dm
Faz o "footing" / Lá no Leblon
F Gbº C
Bebe, joga, fuma "Yolanda"
G7 C
Toca trombone na banda

C7 F
Esse moleque / É de encomenda
A7 Dm
Já foi vaqueiro / Numa fazenda
F Gbº C
Pega, pega, como ninguém
G7 C
Aquelas vacas de cem...

C7 F
Esse moleque / É bom rapaz
A7 Dm
Tem um defeito / Come demais
F Gbº C
Come, come, não deixa resto
G7 C
Ó que moleque indigesto!

Maria

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A necessidade urgente de uma música inédita para a peça teatral "Me deixa Ioiê" fez Luiz Peixoto criar os versos deste samba-canção sobre a melodia de "Bahia", uma composição pouco conhecida de Ary Barroso.

O nome Maria, que muito bem substituiu o do samba original, era uma homenagem à estrela da peça, a bela atriz portuguesa Maria Sampaio, famosa também pelo seu talento. Esforçando-se para impressionar a homenageada, Peixoto caprichou nos versos, sendo Maria uma de suas melhores produções.

Só o início - "Maria, o teu nome principia / na palma da minha mão... - já vale por um poema, e dos bons. Gravado duas vezes por Sílvio Caldas, este samba foi sucesso em 1934 e 1940.

Maria (samba-canção) - 1933 - Luís Peixoto e Ary Barroso--clique para ouvir amostra da música

----A--- Bbo-- E7--------------------- A
Maria ! /-------- O teu nome principia
------------------------Gbm-- B7------------------------- Bm
Na palma da minha mão / ------E cabe bem direitinho
-----------E7----------- A-- Co------- E7--- E7/5+
Dentro do meu coração--------- Maria
---A ----Bbo-- E7 ---------------------------A
Maria / ----------De olhos claros cor do dia
-------------------------Gbm--- B7----------------------- Bm
Como os de Nosso Senhor/----- Eu por vê-los tão de perto
E7----------------------- A-- Co----------- E7----- A7
Fiquei ceguinho de amor------------- Maria

--D------- A7-------D-- A7------ --D---- A7---- D
No dia, minha querida, em que juntinhos na vida
--------Ebo---------------- A---- Db7---- Gbm
Nós dois nos quisermos bem
-------------------------------Dbm-------- Gbm
A noite em nosso cantinho/ Hei de chamar-te
--------B7
baixinho
--------------------------------Bm--- E7---- E7/5+
Não hás de ouvir mais ninguém, Maria !

---A --------Bb0--- E7-------------------------- A
Maria ! /------------------- Era o nome que dizia
-----------------------Gbm---------------------------- Bm
Quando aprendi a falar / Da avózinha / Coitadinha
---------------E7-------- A---- C0 -------E7------ A7
Que não canso de chorar----------- Maria
-------D---------- A7----- D --A7------- D------ A7------- D
E quando eu morar contigo /---- Tu hás de ver que perigo
--------Eb0------------------ A---- Db7---- Gbm
Que isso vai ser, ai, meu Deus
-------------------------Gbm------ Dbm------- B7
Vai nascer todos os dias uma porção de Marias
--------------------------Bm----- E7 E7/5+ --------A F A
De olhinhos da cor do teus, Maria !----------- Maria !

Linda Morena

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A partir do sucesso de "O teu cabelo não nega", cresceu bastante a presença da marchinha no repertório carnavalesco. Houve mesmo uma certa supremacia sobre o samba, que durou até o início dos anos quarenta. Assim, em 1933, reinaram quase sem concorrência "Formosa" (que era samba e virou marcha, por sugestão de Francisco Alves), "Good bye", "Segura Esta Mulher", "Moreninha da praia", "Trem Blindado", "Moleque indigesto", "Aí, hein!", "Boa Bola" e "Linda morena", as quatro últimas de autoria de Lamartine Babo.

Ingênua, alegre, sentimental, bem representativa do estilo lamartinesco, "Linda Morena" foi um dos grandes sucessos do ano, tendo inspirado até várias par«dias, o que na época valia como comprovante de popularidade de uma canção.

Linda morena (marcha/carnaval) - 1933 - Lamartine Babo ---clique para ouvir amostra da música
             F       D7     Gm
Linda morena, morena
C7 F
Morena que me faz penar
D7 Gm Bbm
A lua cheia que tanto brilha
F C7 F
não brilha tanto quanto o teu olhar

Gm
Tu és morena, uma ótima pequena
C7 F
Não há branco que não perca até o juízo
Gm
Onde tu passas sai ás vezes bofetão
C7 F
Toda gente faz questão do teu sorriso

Gm
Teu coração é uma espécie de pensão
C7 F
de pensão familiar à beira-mar
Gm
Ó moreninha, não alugues tudo não!
C7 F
Deixa ao menos o porão pra eu morar

Gm
Por tua causa já se faz revolução
C7 F
Vai haver transformação na cor da lua
Gm
Antigamente a mulata era a rainha
C7 F
Desta vez, ó moreninha, a taça é tua!

Guacyra

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Guacyra – 1933 - Joraci Camargo e Hekel Tavares-- clique para ouvir amostra da música


---------------G
Adeus Guacyra,
--------------Bbo------ Am -----D7
Meu pedacinho de terra
-----------------G
Meu pé de serra,
---------------Bbo----------- Am
Que nem Deus sabe onde está.

---------------B7
Adeus Guacyra
----------------------Em
Onde a lua pequenina
------------------------A7
Não encontra na colina
--------------------------D7
Nem um lago prá se oiá

---------------G
Eu vou embora
--------------Bbo------ Am -----D7
Mas eu volto outro dia
---------------G -------G7------- C---- Cm
Virgem Maria, tudo há de permitir
--------------------G
E se ela não quiser
-------------E7----------- Am----- D7
Eu vou morrer cheio de fé
-----------------(G) (D7) (G)
Pensando em ti

Good bye

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Good-bye (marcha/carnaval)- 1933 - Assis Valente---clique para ouvir amostra da música


-----------A -----------A
"Good-bye, -----good-bye, boy"
A/C# --------------- Bm
Deixa a mania do inglês
É tão feio pra você
------E7
Moreno frajola que nunca freqüentou
---------------- A
As aulas da escola

------------------------ A
"Good-bye,---- good-bye, boy"
A7--------------------- D
Antes que a vida se vá
----------------------A
Ensinaremos cantando a todo mundo
-------D----- E7----- A
B e Bé, B e Bi, B a Ba

----------------------
Não é mais boa-noite
---------------A
Nem bom-dia
Só se fala "good morning"
---------E7
"Good night"
---Bm---------- D--------- A
Já se desprezou o lampião de querosene
-------------B7
Lá no morro
-----------------------E7
Só se usa luz da "Light"

Formosa

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Formosa (marcha/carnaval, 1933) - Antônio Nássara e J. Rui---clique para ouvir amostra da música


------------------------Dm
A saudade de um amor ô, ô, ô, ô
-------------------------A7
No meu peito quis entrar á, á, á, á
-------------------------Dm--- A7
O amor já foi-se embora
----------------------Dm
E a saudade quis ficar

---------C7----------------- F
Foi Deus quem te fez formosa
--------A7--------- D7
Formosa, ô, formosa
------Gm----------------- Dm
Porém este mundo te tornou
----------A7 ----------Dm
Presunçosa, presunçosa

---------------------Dm
Ó mulher o teu amor ô, ô, ô, ô
--------------------A7
Não é coisa de durar á, á, á, á
-------------------------Dm--- A7
Hoje é meu mas amanhã
------------------------Dm
Eu não sei de quem será

Fita amarela

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Noel Rosa compôs "Fita Amarela" a partir de uma batucada, conhecida nas rodas de samba, atribuída a Mano Edgar (Edgar Marcelino dos Passos), um bamba do Estácio. A batucada era assim: "Quando eu morrer / não quero choro nem nada / eu quero ouvir um samba / ao romper da madrugada".

Na mesma época (fins de 1932), Donga e Aldo Taranto usavam o tema para compor o samba "Quando Você Morrer", gravado por Carmen Miranda. A diferença era que enquanto Noel aproveitava apenas a idéia, Donga e Taranto copiavam também a melodia, segundo Almirante, que registrou o fato em sua coluna "Cantinho das Canções" (O Dia, 11.02.73).

O curioso é que, com o sucesso de "Fita Amarela", Donga protestou nos jornais, acusando Noel de plagiar seu samba. Já Mano Edgar não tinha como se manifestar. Havia sido assassinado num jogo de ronda em 24.12.31. De qualquer maneira, "Fita Amarela" é um ótimo samba em que ressalta mais uma vez o lado espirituoso de Noel. Marca ainda, juntamente com "Até amanhã", sua presença no carnaval de 33, ano pródigo em que teve mais de trinta composições gravadas.

Fita Amarela (samba) - 1933 - Noel Rosa --clique para ouvir amostra da música
Tom: Am

Am C/G D0
Quando eu morrer/ Não quero choro nem vela
E7 Am E7
Quero uma fita amarela/ Gravada com o nome dela
- BIS

Am A7 Dm
Se existe alma/ Se há outra encarnação
Am B7 E7 Am
Eu queria que a mulata sapateasse no meu caixão
- REFRÃO

Am A7 Dm
Não quero flores / Nem coroa com espinho
Am B7 E7 Am
Só quero choro de flauta, violão e cavaquinho
- REFRÃO

Am A7 Dm
Estou contente/ Consolado por saber
Am B7 E7 Am
Que as morenas tão formosas a terra um dia vai comer
-REFRÃO

Am A7 Dm
Não tenho herdeiros / Não possuo um só vintém
Am B7 E7 Am
Eu vivi devendo a todos mas não paguei ninguém
- REFRÃO

Am A7 Dm
Meus inimigos / Que hoje falam mal de mim
Am B7 E7 Am
Vão dizer que nunca viram uma pessoa tão boa assim
- REFRÃO

Feitio de oração

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O compositor Vadico (Osvaldo Gogliano) era um jovem de 22 anos e trabalhava no Rio havia pouco tempo, quando foi apresentado por Eduardo Souto a Noel Rosa, nos estúdios da Odeon. Razão da apresentação: o maestro acabara de ouvi-lo tocar ao piano uma música de sua autoria, ainda sem letra, e achara que o encontro poderia render uma boa parceria.

Noel, então, impressionado com a beleza e o clima místico da melodia, fez a letra de "Feitio de Oração", iniciando com uma obra-prima a parceria desejada. Pertence a esta letra os famosos versos: "Batuque é um privilégio / ninguém aprende samba no colégio..." A dupla Noel e Vadico durou quatro anos, deixando onze composições.

Feitio de Oração - 1933 - Noel Rosa e Vadico--clique para ouvir amostra da música


Tom: E

E F#m
Quem acha vive se perdendo
D#7 Am6/C B7
Por isso agora eu vou me defendendo
E/G# G#m E7
Da dor tão cruel desta saudade
A Am B7 E
Que, por infelicidade, meu pobre peito invade
F#m
Batuque é um privilégio
F#7 Am6/C B7
Ninguém aprende samba no colégio
E/G# F#m E7
Sambar é chorar de alegria
A Am B7 E
É sorrir de nostalgia dentro da melodia
F#m B7 E
Por isso agora lá na Penha vou mandar
E/G# F#m7 B7 E
Minha morena prá cantar com satisfação
D7 C#7 F#m
E com harmonia essa triste melodia
D#7/G G# B7
Que é meu samba em feitio de oração
E F#m F#7 Am6/C B7
O samba na realidade não vem do morro nem lá da cidade
E/G# G#m E7 A Am
E quem suportar uma paixão sentirá que o samba então
B7 E A A#º E/B C#7 F#7 B7 E
Nasce no coração

Ao luar (Dileta)

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Ao Luar (Dileta) - valsa-canção - 1933
Cândido das Neves (Índio)

(Am)
---------E7------- Am
Esta noite prateada / Minha eterna e doce amada
------------------------E7---------- Dm6---- E7
A chamar-te me insinua / Nos acordes desta lira
----------------------------------------------------------Am
Que de amor geme e suspira / Ante o albor níveo da lua
---------E7---------- Am
O rendado da neblina / Mas parece uma cortina
---------------------E7 ------------Dm6-- E7
Numa festa de noivado / A lua é noiva bela
-----------------------------------------------Am
Recostada na janela, de um palácio constelado
----------E7---------- Am
Que beleza nas estrelas / Ah! Se tu pudesses vê-las
-------------------E7-------------- Dm6------- E7
Como estão no céu sorrindo / Espreitando com cautela
--------------------------------------------------------Am
Pelas frestas da janela / Do quarto onde estás dormindo
---------E7--------------- Am
Minh’alma dorme sonhando / Geme e chora te chamando
------------------------E7------------------- Dm6--- E7
Pelo espaço como louca / Ah se a aurora despontasse
------------------------------------------------------Am
Quem dera que me encontrasse / A beijar a tua boca

------Dm ----Dm6-------------- Am ---------------------E7
Desperta, vem matar o meu desejo / A minh’alma vaga incerta à procura
-----------Am--- Dm----- Dm6 ----Am
do teu beijo / Dileta, tu formosa, eu poeta

---------------------------E7 ---------------------------Am
Quero para os tristes versos meus / As rimas dos beijos teus
--------E7 ------Am
A natureza te chama / O meu peito já reclama
-----------------------E7--------- Dm7------------ E7
A quentura dos teus seios / Os astros já são escassos
----------------------------------------------------------------Am
Vem sufoca-me em teus braços Antes que eu morra de anseios
---------E7--------- Am
As estrelas cintilantes / São lanternas dos amantes
------------------E7----------- Dm6-------E7
Pelo espaço a flutuar/ Como Deus é inspirado
------------------------------------------------Am
Inventou para o pecado / Estas noites de luar


------Dm----------- Dm6--------- Am -------------------------E7
Desperta vem matar o meu desejo / A minh’alma vaga incerta
----------------------Am----- Dm------ Dm6-- Am
À procura do teu beijo / Dileta, tu formosa, eu poeta
----------------------------E7------------------------- (Am) (E7) (Am)
Quero para os tristes versos meus / As rimas dos beijos teus

Chegou a hora da fogueira

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Ao contrário dos balões - que, mesmo proibidos, continuam subindo -, as marchas juninas desapareceram do repertório musical. Mas, para animar os festejos dos três santos (Pedro, Antônio e João), restaram os clássicos, na maioria lançados na década de 1930, que eram assinados por compositores como João de Barro, Alberto Ribeiro, Benedito Lacerda, Ary Barroso e Lamartine Babo, este último o mais prolífico no gênero.

Dele é "Chegou a Hora da Fogueira" ("Chegou a hora da fogueira / é noite de São João..."), gravado inicialmente pela dupla Carmen Miranda e Mário Reis, sustentada por um arranjo excepcional de Pixinguinha.

Chegou a Hora da Fogueira (marcha, 1933) - Lamartine Babo--clique para ouvir amostra da música

Chegou a hora da fogueira / É noite de São João
O céu fica todo iluminado / Fica o céu todo estrelado
Pintadinho de balão / Pensando no caboclo a noite inteira
Também fica uma fogueira / Dentro do meu coração

Quando eu era pequenino / De pé no chão
Eu cortava papel fino / Pra fazer balão
E o balão ia subindo / Para o azul da imensidão

Hoje em dia o meu destino / Não vive em paz
O balão de papel fino / Já não sobe mais
O balão da ilusão / Levou pedra e foi ao chão

Boas Festas

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"Boas Festas" foi composta no Natal de 32 por um Assis Valente solitário e saudoso da família, no quarto onde então morava na Praia de Icaraí (Niterói). Lançada por Carlos Galhardo com grande sucesso um ano depois, logo se tornaria nossa canção natalina mais conhecida, uma das poucas no gênero que conseguiram sobreviver. Seu sucesso foi muito importante para Valente e Galhardo (que a regravou várias vezes), ambos em início de carreira à época do lançamento.

Boas Festas (marcha) - 1933 - Assis Valente
       A    D          A      Gb7
Anoiteceu, o sino gemeu
B7 E7 A E7
A gente ficou feliz, a rezar
A D A Gb7
Papai Noel, vê se você tem
B7 E7 A (E) (E) (A)
A felicidade pra você me dar.

A
Eu pensei que todo mundo
Cº Bm E7
Fosse filho de Papai Noel
Bm
Vem assim, felicidade
E7
Eu pensei que fosse uma
A (E) (E) (A)
Brincadeira de papel

A
Já faz tempo que eu pedi
Cº Bm E7
Mas o meu Papai Noel não vem
Bm
Com certeza já morreu
E7
Ou então, felicidade

(A) (E) (A)
É brinquedo que não tem.

Até amanhã

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Até Amanhã (samba/carnaval) - 1933 - Noel Rosa--clique para ouvir amostra da música


C7----------- F --------------- F
Até amanhã,------ se Deus quiser
--------------Bb
Se não chover,
--------------------A7
Eu volto pra te ver, ó, mulher!
------C7------------------------- Dm
De ti gosto mais que outra qualquer
-------------------E7
Não vou por gosto
---------A7 -----------Dm
O destino é quem quer

-----A7 ----------------------Dm
Adeus é pra quem deixa a vida
-----C7------------------------- F
É sempre na certa em que eu jogo
-----------D7------------------------- Gm
Três palavras vou gritar por despedida
--------------G7----------- C7
"Até amanhã, até já, até logo!"


-------A7---------------------------- Dm
O mundo é um samba em que eu danço
--------C7 -------------------F
Sem nunca sair do meu trilho
------------D7------------------------ Gm
Vou cantando o seu nome sem descanso
-----------------G7--------------- C7
Pois do meu samba tu és o estribilho
------A7---------------- Dm
Eu sei me livrar do perigo
--------C7------------------- F
No golpe de azar eu não jogo
----------D7------------------- Gm
É por isso que risonho eu te digo:
-------------G7 ------------C7
"Até amanhã, até já, até logo!"

Arrasta a sandália

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Arrasta a Sandália (samba/carnaval) - 1933
Aurélio Gomes e Osvaldo Vasques

------D ---------------D#º--- Em
Arrasta a sandália aí, morena
A7 --------------------------D
Arrasta a sandália aí, morena

------D --------------D#º------ Em
Arrasta a sandália aí, no terreiro
-------------------A7------------- D
Estraga, que custa o meu dinheiro
-----------------A7
Arrasta a sandália, arrasta


---D----------------- D#º----- Em
Vou te dar uma sandália bonita
------------------A7------- D
De veludo, enfeitada de fita
------------------A7
Arrasta a sandália, arrasta

-------D------------- D#º -------Em
Arrasta a sandália, minha morena
-------------------A7------------ D
Estraga mesmo e não tenha pena
------------------A7
Arrasta a sandália, arrasta

-------D ------------D#º----- Em
Arrasta a sandália aí, todo dia
---------------------------A7------- D
Que eu mando vir outra lá da Bahia
------------------A7
Arrasta a sandália, arrasta

Aí, hein!

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Aí, hein! (marcha de Carnaval) - 1933---clique para ouvir amostra da música
Lamartine Babo Babo e Paulo Valença



Gbm
Aí hein!
B7 E D7 Db7
Pensas que eu não sei?
Gbm
Toma cuidado
B7 E
Pois um dia eu fiz o mesmo e me estrepei
Gbm
Aí hein
B7 E D7 Db7
Pensas que eu não sei?
Gbm
Sou camarada
B7 E
Faz de conta que eu não sei

Gbm
Menina que chega em casa
E E7 Eb7
Às quatro da madrugada
D7 Db7 Gb7
Enquanto pela escada vai subindo
B7 E
Na boca dos vizinhos vai caindo

Gbm
Velhota que anda sem meia
E E7 Eb7
Na praia, toda inocente
D7 Db7 Gb7
Brincando com as crianças lá na areia
B7 E
Vai pondo areia nos olhos da gente

A tua vida é um segredo

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A tua vida é um segredo (marcha, 1933) - Lamartine Babo --clique para ouvir amostra da música

          Am       E7              Am
A tua vida é... é um segredo
E7 Am
É um romance e tem... e tem enredo
G7 C B7 E7 Am
A tua vida, é um livro amarelado / Lembranças do passado
Bm E7 A7 Dm Am
Folhas soltas da saudade / A tua vida, romance igual ao meu
B7 E7 Am E7 Am
Igual a muitos outros / Que o destino me escreveu
G7 C B7 E7 Am
A tua vida, foi sonho e foi ventura / Foi lágrima caída
Bm E7 A7 Dm
No caminho da amargura / São nossas vidas
Am B7 E7 Am
Comédias sempre iguais / Três atos de mentira
E7 Am
Cai o pano e nada mais

Uma jura que fiz

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Uma Jura Que Fiz - 1932----clique para ouvir amostra da música
Ismael Silva, Francisco Alves e Noel Rosa

Não tenho amor / Nem posso amar
Pra não quebrar / Uma jura que fiz
E pra não ter / Em quem pensar
Eu vivo só / E sou muito feliz

Aquela que eu mais amava / Só pensava em me trair
Quando eu menos esperava / Partiu sem se despedir
Essa mesma criatura / Quis voltar mas eu não quis
E hoje cumprindo a jura / Vivo só e sou feliz

Tem francesa no morro

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A primeira letra de sucesso de Assis Valente foi Tem francesa no morro, samba gravado por Araci Cortes, em 1932, em que satiriza a moda dos burgueses cariocas de infestarem suas falas de expressões francesas.

O compositor insurgiu-se, não contra os neologismos franceses, mas contra os modismos, frutos da pura exibição de quem queria mostrar que sabia francês: ''Donê muá si vu plé lonér de dancê aveque muá'', escreve ele, limitando-se a transcrever o francês falado pela gente fina e nobre.

Debochado, acrescentava o estribilho, repetido a cada dupla de versos do desjeitoso francês: ''Dance Iaiá, dance Ioiô''. ''Si vu frequentê macumbe entrê na virada e finí por sambá/ dance Iaiá, dance Ioiô''. ''Vian petite francesa, dancê lê classique em cime da mesa/ Quand la dance comece, on dance ici, on dance aculá''.

E terminava dizendo: ''si vu ne pa dancê, pardon, ma cherri, adie, je me vá''. Naturalmente, não era necessário, como não é ainda, nenhuma tradução. Aquele francês macarrônico era entendido por todos.

Tem francesa no Morro - 1932 - Assis Valente

Donê muá si vu plé lonér de dancê aveque muá
Dance Ioiô / Dance Iaiá

Si vu frequenté macumbe entrê na virada e fini por sambá
Dance Ioiô / Dance Iaiá

Vian / Petite francesa
Dancê le classique / Em cime de mesa

Quand la dance comece on dance ici on dance aculá
Dance Ioiô / Dance Iaiá

Si vu nê vê pá dancê, pardon mon cherri, adie, je me vá
Dance Ioiô / Dance Iaiá

Sofrer é da vida

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Na linha dos versos simples mas bem-humorados, este samba fez um enorme sucesso no carnaval de 1932, quando lançado por Mário Reis. Repetiu a dose em 1967, ao fazer parte de um LP lançado para reviver os grandes momentos na voz de Mário, chamado Os grande sucessos de Mário Reis: “Sofrer é da vida/Eu já me convenci/Adeus, minha querida/Não foi pra você que eu nasci (...)”
Sofrer é da Vida (marcha/carnaval) - 1932---clique para ouvir amostra da música
------A
Sofrer é da vida,
------D6--- D#º--- A
Eu já me convenci
-----D6---- D#º---- A
Adeus minha querida
-------F#7------ B7------ E7- A
Não foi pra você que eu nasci...

--------D6--- D#º---- A
Você tem boa conversa
------------D6----D#º-- A
Mas não vai me tapear
---------D6--- D#º----- A
Pode até fazer promessa
------F#7--------- B7---- E7 A
Porque eu não torno a voltar

--------D6 -------D#º--- A
Seu amor ninguém atura
-------------D6--- D#º---- A
Quem me disse não mentiu
--------D6 -----D#º-- A
Você me fez uma jura
--------F#7-- B7----- E7-- A
Que até então não cumpriu

Só dando com uma pedra nela

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Só Dando com uma Pedra Nela (marcha)- 1932 - Lamartine Babo

Mulher de setenta anos / já cheia de desenganos
que usa vinte e cinco gramas / de vestido na canela

Só dando com uma pedra nela! / Só dando com uma pedra nela!

Menina que pede esmola / com um corre de ferro imenso
Que pede pra Santo Onofre / pra levar pra São Lourenço

Netinha da cozinheira / A avó já no cemitério
Na hora das três pós de cal / em vez de cal joga pá... nela

Cantora do Instituto / que canta toda semana
Ao escrever no quadro-negro / "Artilharia" Rusticana

Jogai quadro-negro nela! / Jogai quadro-negro nela!

Não tomo de voleibol / Não tomo de basquetebol
com esse meu corpinho assim / eu só tomo é leite Bol

Só dando com uma pedra em mim! / Só dando com uma pedra em mim!

Se ela perguntar

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Se ela perguntar (valsa) - 1932 - Dilermando Reis e Jair Amorim

--------------Dm ---------------------------Gm
Se ela um dia, por acaso perguntar por mim
---------------A7-------------- Dm----- A7
Diga, por favor, que eu sou feliz ...
---------Dm -------------Dm6 -------------Am
É preciso a própria mágoa disfarçar assim,
---------------------F E7------------------- Bb7--- A7
Dissimulando a dor à sombra de um sorriso...
--------Dm------------------------------------ Gm
Coração talvez não tenha aquela por quem dei
-----------------A7---------- Eb7--- D7
Tudo o que sofri e que sonhei
---------------Gm--------- ----------- Dm
Estrela solitária que no céu do meu amor
--------------------------------E7
Eternamente, desde que brilhou,
-----A7 ---------Dm
Nunca se apagou!
-------A7----------------- Dm
Esperança de revê-la ainda
--------D7------------------ Gm
Amargura de poder somente
-------------------------------------- Dm
Suplicar por ela, assim, alucinadamente
E7
Na paixão / Que é perdição / No amor
------------------A7
Que sempre é dor
---------------------Gm
Feliz porque não diz / As lágrimas que
------A7--------------------------- Dm
Sempre, sempre, esconderei sorrindo
---------D7--------------------- Gm
Desfolhando apenas malmequeres.
--------------------------------------- Dm
Pois ferir o coração é próprio das mulheres
--------E7------------ A7----- Dm
É sofrer, mesmo assim, é VIVER!

Pierrot

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O teatrólogo Pascoal Carlos Magno procurava uma canção inédita para a abertura de sua peça "Pierrô", prestes a estrear. Além de romântica, a canção deveria explorar o timbre agudo de Jorge Fernandes, o cantor escolhido para interpretá-la. Todos esses requisitos seriam preenchidos por Joubert de Carvalho, que compôs a tempo, sobre uma letra de Pascoal, a dramática canção "Pierrô" ( "Arranca a máscara da face, Pierrô / para sorrir do amor / que passou..."), sucesso no palco e no disco.
Pierrot (valsa-canção) - 1932----clique para ouvir amostra da música
- Joubert de Carvalho e Paschoal Carlos Magno

(Em)-------------------------- Am
Há sempre um vulto de mulher
------Em-------------------- B7------- E
Sorrindo / Em desprezo à nossa mágoa
-------------------- Gbm---- B7
Que nos enche os olhos d’água

---(E)-------- E------------------------ B7
Pierrot, Pierrot ! ... / Teu destino tão lindo
-----------------------------Gbm
É sofrer, é chorar toda a vida
----------------B7------------ B7/5--------- B
Por amor, do amor, de alguém ... de alguém
--------E7----------------- A------- Db°
Arranca a máscara da face, Pierrot,
------------E -------B7---- E----- Em
Para sorrir do amor / Que passou

----------------------------Am------- Em----------- B7----- E
Deixar de amar não deixarei / Porque o amor feito saudade
--------------- Gbm---B7----- (E)------- E
É a maior felicidade /------- Pierrot, Pierrot ! ....

O teu cabelo não nega

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A marchinha carnavalesca já existia desde a década de 1920, com características definidas por seus sistematizadores. O prestígio do gênero, porém, somente se consolidou a partir de 1932, com o lançamento de "O Teu Cabelo Não Nega", uma das maiores marchas de todos os tempos. A história de "O Teu Cabelo Não Nega" é curiosa. Em sua forma original - um frevo intitulado "Mulata", dos irmãos pernambucanos Raul e João Valença -, a composição foi oferecida à gravadora Victor para eventual aproveitamento em disco.

Aprovando em parte a melodia, mas achando que a letra tinha um teor excessivamente regional, a direção da gravadora encarregou, então, Lamartine Babo de adaptar "Mulata" ao gosto carioca. Especialista na arte de melhorar canções alheias, ele logo pôs mãos à obra, transformando o frevo na vitoriosa marchinha.

Conforme análise do maestro Roberto Gnattali, que comparou as partituras, o trabalho de Lamartine Babo pode ser resumido no seguinte: "Na primeira parte a letra é a mesma, sendo as notas quase todas iguais, salvo as quatro últimas do verso final que Lamartine, muito sabidamente, ao invés de descer, como no original, subiu, encerrando a estrofe para cima. O ritmo é semelhante, mas o adaptador lhe deu mais balanço, através de antecipações rítmicas, quebrando a quadratura do original. A harmonia é idêntica, estando as melodias construídas com apenas dois acordes: tônica e dominante.

Na segunda parte, letra e música são diferentes, com exceção de cinco notas do 9° para o 10° compasso (início da segunda frase musical) que Lamartine aproveitou. Aliás, é o melhor momento da música dos Valença nesta parte (mulata, mulatinha meu amor..), sendo a do Lamartine toda boa... A harmonia é praticamente a mesma (pelo menos nos pontos chave, nas cadências). As introduções são completamente diferentes".

Como se vê, Lamartine aproveitou o que tinha de aproveitar - como o excelente estribilho -, substituindo o que não prestava. Por exemplo, não há termo de comparação entre o humor pobre dos versos desprezados ("Tu nunca morre de fome / que os home / te dá sapato de sarto / bem arto / pra tu abalançá o gererê...") e a letra de Lamartine ("Quem te inventou / meu pancadão / teve uma consagração / a lua te invejando fez careta / porque mulata tu não és deste planeta..."). "Pancadão" e "não é do planeta" eram gírias da época, significando, respectivamente, "mulherão" e "pessoa ou coisa excepcionalmente valiosa".

Concluída a marchinha, o compositor ofereceu-a à dupla Jonjoca e Castro Barbosa, que gravava na Victor. A propósito, conta João de Freitas, o Jonjoca: "'O Teu Cabelo Não Nega' nos foi mostrada por Lamartine num encontro, casual na Cinelândia. Achamos uma beleza. Então ele disse: 'É de vocês podem gravá-la!' Dias depois, como íamos gravar também o 'Bandonô', de minha autoria, ocorreu-me a infeliz idéia de propor: 'Ô Castro, vamos gravar essas músicas individualmente. Você fica com uma e eu com a outra'. Quanto à escolha, decidimos num cara ou coroa. Deu cara e eu fiquei com `Bandonô'...".

Quem também se interessou pelo "O Teu Cabelo Não Nega" foi Almirante. Depois de conhecer a marcha através do cantor Minona Carneiro, ele chegou a pedir à direção da Victor para gravá-la. Mas era tarde, o disco já fora gravado no dia 21 de dezembro de 1931 por Castro Barbosa, acompanhado pelo Grupo da Guarda Velha, na ocasião composto de piano, dois saxofones, trompete, banjo, baixo, prato, cabaça, omelê, tantã e coro de seis vozes masculinas e uma feminina. O arranjo e a direção musical eram de Pixinguinha. As primeiras tiragens do disco omitiram, por culpa da gravadora, a co-autoria dos Irmãos Valença na composição. O fato gerou uma questão judicial, com repercussão na imprensa, que acabou por fazer valer os direitos dos reclamantes.

O Teu Cabelo Não Nega - 1932--- clique para ouvir amostra da música
- Lamartine Babo e Irmãos Valença

E7 A

O teu cabelo não nega mulata

E7 A

Porque és mulata na cor...

E7 A

Mas como a cor não pega mulata

E7 A

Mulata eu quero o teu amor

A B7

Tens um sabor / Bem do Brasil

E7 A

Tens a alma cor de anil

A7 D B7

Mulata, mulatinha, meu amor / Fui nomeado

E7

Teu tenente interventor

ESTRIBILHO

A B7

Quem te inventou / Meu pancadão

E7 A

Teve uma consagração.....

A7 D

A lua te invejando fez careta

B7 E7

Porque mulata, tu não és deste planeta

ESTRIBILHO

A B7

Quando meu bem / Vieste à terra

E7 A

Portugal declarou guerra

A7 D

A concorrência então foi colossal

B7 E7

Vasco da Gama contra o batalhão naval

ESTRIBILHO