segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Branca

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"Aurora", "Branca" e "Elza" são os nomes femininos que intitulam três das mais conhecidas valsas de Zequinha de Abreu. Dessas, pelo menos "Branca" seria inspirada por uma musa verdadeira, a jovem Branca Barreto, filha do chefe da estação ferroviária de Santa Rita do Passa Quatro, terra do compositor.
Conta João Bento Saniratto - amigo de Zequinha, citado por Almirante num artigo publicado em O Dia - que a valsa foi composta de improviso, na presença de um grupo que conversava à porta do Grêmio Literário Recreativo. Como na ocasião a moça passasse pelo local, o autor (que era seu admirador) resolveu homenageá-la na composição.
"Branca" é uma bela valsa sentimental, de melodia triste, uma característica predominante na música de Zequinha de Abreu. Composta por volta de 1918, ganhou popularidade a partir de 1924, quando teve a sua primeira edição. Mas, ao que se sabe, somente seria gravada em 1931, no mesmo disco que lançou o Tico Tico no Fubá. Tem uma letra de Duque de Abramonte (Décio Abramo), embora seja uma valsa essencialmente instrumental.
Branca - Zequinha de Abreu e Duque de Abramonte---clique para ouvir amostra da música
Am-------------------------- A7------- Dm
Há tempos que a vi / Que eu a conheci
-----------------------Am
Ela era linda, um primor, de amor
-----B7------------------ E7
Misto de estrela e de flor
Am ----------------------A7------------ Dm
Mas também sofreu / Eu sei vou contar
---------------------Am --------E7------- Am
Pois li naquele olhar, / Cansado de chorar


E7 -----------------------Am
De tarde ao chegar / Os trens um a um
--------E7------------------------- Am
Ela viu desembarcar / Um estranho tentador
E7----------------------- Am ---------------A7
Vi Branca cismar / Num sono de amor
-----------Dm--------- Am ---------E7-------- Am
Ficou logo apaixonada / Do mancebo tentador


C------------ G7------------------------ C
Mas essa flor / Não sentiu florir o amor
---------------------G7 --------------------------C---- G7
Nunca o sentiu florir / Porque ele teve que partir
C--------------- G7--------------------------- C---- C7
Viu-o embarcar / Como um dia após o amar
F------ Fm--- C --A7 ------------------D7 ----G7
E nunca mais / ----Sentiu o puro amor
--------------------C
Do jovem tentador

Balada Número 7- Mané Garrincha

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Moacir Franco

Balada n.º 7 (Mané Garrincha) (1971) - Alberto Luiz

Tom: Am
  Am                                   Dm
Sua ilusão entra em campo no estádio vazio
G7 C
Uma torcida de sonhos aplaude talvez
Dm Am
O velho atleta recorda as jogadas felizes
F E7
Mata a saudade no peito driblando a emoção


Am                                     Dm
Hoje outros craques repetem as suas jogadas
G7 C
Ainda na rede balança seu último gol
Dm
Mas pela vida impedido parou
Am
E para sempre o jogo acabou
Am/G Am/Gb F
Suas pernas cansadas correram pro nada
E7
E o time do tempo ganhou


  A         E7
Cadê você, cadê você, você passou
A
O que era doce, o que não era se acabou
D
Cadê você, cadê você, você passou
Am E7 Am
No vídeo tape do sonho, a história gravou.


 Am                                            Dm
Ergue os seus braços e corre outra vez no gramado
G7 C
Vai tabelando o seu sonho e lembrando o passado
Dm
No campeonato da recordação
Am
faz distintivo do seu coração
Am/G Am/Gb F
Que as jornadas da vida, são bolas de sonho
E7
Que o craque do tempo chutou

Helena, Helena, Helena

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Helena, Helena, Helena - Alberto Land


--------------A7+ ----------------------Abm7
Talvez um dia / Por descuido ou fantasia
Db7------------------ Gbm ------------------------Em7
Helena, Helena, Helena / Nos meus braços debruçou
--------------A7------------- D7+-------------------------- Dm7
Foi por encanto ou desencanto / Ou até mesmo por meu canto, por meu pranto
---------------Db7-------------------------- Gb7
Ou foi por sexo / Ou viu em mim o seu reflexo
----------------------------B7 --------------------------Bm7
Ou quem sabe uma aventura / Ou até mesmo uma procura
E7----------------------------- A7+---- E5+ ------------------------------A7+
Pra encontrar um grande amor /----------- Mas hoje eu sei / Eu sei que um dia
------------------Abm7 -----Db7 --------------------Gbm
Por faltar telefonema / Helena, Helena, Helena, Helena
-------------------------Em7------------ A7 -------D7+
Nos meus braços pernoitou / Foi por um caso / Ou por acaso
--------------------------Dm7------------------------ Db7
Ou até mesmo por costume / Pra sentir o meu perfume
---------------------------Gb7 ----------------------B7
Dar seu corpo num programa / Dar amor por um programa
------------------------Bm7 ----------E7---------- A7+ -------E5+
Hoje vai e nem me chama / Um adeus é o que deixou
--------------A -----------------------------Abm7-------- Db7
Talvez um dia / Por esperança ou ser criança, deixei
-------------Gbm------------------------ Em7-------- A7
Helena, Helena / Com seus braços me guiar
--------------------------D7+ -----------------------Dm7
Fui sem destino tão menino / E hoje eu vejo o desatino
---------------------------Db7------------------------ Gb7
Estou perdido numa estrada / Peço ajuda a quem possa
----------------------------B7------------------------- Bm
Tanto amor pra dar de graça / Todo mundo acha graça
---------E7----------- A--- E5+ ---------A7+----------------- Abm7
Deste fim que me levou / ------Maria Helena e seus homens de renome
----------Db7-------- Gbm--------------- Em7------------ A7 -------------D7+
Entre eles fez seu nome/Entre eles se elevou / Foi sem amor, foi sem pudor
--------------------------------Dm7----------------- Db7
Mas hoje entendo um jeito desses / Pra salvar seus interesses
-------------------------Gb7--------------------- B7
Dar seu corpo custa nada / E com ar de apaixonada
-----------------------Bm7 ---------E7------- A7+------ E5+
Em suas rodas elevadas / Seu destino assegurou
--------------A7+ --------------Abm7----- Db7------------ Gbm
Talvez um dia / Por desejo de poesia / Helena, Helena, Helena
------------------------Em7 -------------A7 -----------D7+
Talvez queira dar a mão / Talvez tão tarde, até em vão
----------------------------------Dm7-------------------- Db7
Quem sabe eu tenha um rumo à vista / Ou quem sabe eu nem exista
-----------------------Gb7 ---------------------------B7
Ofereço este meu canto/ A qualquer preço / A qualquer pranto
------------------Bm7----------- E7 --------------A7+
Não quero o amor / Não se discute / Eu procuro quem me escute

Abismo de rosas

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O grande violonista Canhoto tinha apenas 16 anos quando compôs "Abismo de Rosas", em 1905. A composição era um desabafo a uma decepção amorosa, pois o autor acabara de ser abandonado pela namorada, filha de um escravo. Canhoto realizou três gravações desta valsa: a primeira, com o nome de "Acordes do Violão", lançada no disco Odeon número 121249, em meados de 1916; a segunda, já como "Abismo de Rosas", no disco Odeon 122932, em 1925; e, finalmente, a terceira no disco Odeon 10021- a que fazia parte do suplemento de agosto de 1927, um dos primeiros da era da gravação elétrica no Brasil.

Ressalta nesta terceira gravação seu vibrato característico e inigualável, que ele tirava de um violão de corpo mais fino com braço não muito rígido. Peça obrigatória no repertório de nossos violonistas - de Dilermando Reis a Baden Powell -, "Abismo de Rosas" é considerada o hino nacional do violão brasileiro pelo professor Ronoel Simões, uma autoridade no assunto.

Abismo de rosas - Canhoto/Letra de João do Sul---clique para ouvir amostra da música


Ao amor em vão fugir / Procurei / Pois tu
Breve me fizeste ouvir / Tua voz, mentira deliciosa
E hoje é meu ideal / Um abismo de rosas
Onde a sonhar / Eu devo, enfim, sofrer e amar !

Mas hoje que importa / Se tu'alma é fria
Meu coração se conforta / Na tua própria agonia
Se há no meu rosto / Um rir de ventura
Que importa / o mudo desgosto
De minha dor assim, / Sem fim

Se minha esperança / O que não se alcança
Sonhou buscar / Devo calar
Hoje, meu sofrer / E jamais dele te dizer
O amor se é puro / Suporta obscuro
Quase a sorrir / A dor de ver,
A mais linda ilusão morrer.

Humilde, bem vês que vou,/ A teus pés levar,
Meu coração que jurou,/ Sempre ser, amigo e dedicado,
Tenha, embora, que viver, / Neste sonho enganado,
Jamais direi, / Que assim vivi, porque te amei !

A noiva

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A noiva (La novia) - Joaquim Prieto

  G         C              G    G7
Branca e radiante vai a noiva
C G
Logo a seguir o noivo amado
D7 G
Quando se unirem os corações
C A7 Am D7
Vão destruir ilusões



G C G
Aos pés do altar está chorando
C G
Todos dirão que é de alegria
D7 G
Dentro, sua alma está gritando
A7 D7 G
Ave Maria



D7 G
Chorará também ao dizer o sim
D7 G
Ao beijar a cruz pedirá perdão
C G
E eu sei que esquecer não poderia
A7 Am D7
Que era outro o amor que ela queria



G C G
Aos pés do altar está chorando
C G
Todos dirão que é de alegria
D7 G
Dentro sua alma está gritando
A7 D7 G A7 G G
Ave Maria / Ave Maria

A mulata

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A mulata - Xisto Bahia e Mello Moraes Filho

Eu sou mulata vaidosa, / Linda, faceira, mimosa,
Quais muitas brancas não são! / Tenho requebros mais belos,
Se a noite são meus cabelos, / O dia é meu coração.

Sob a camisa bordada, / Fina, tão alva, rendada,
Treme-me o seio moreno: / É como o jambo cheiroso,
Que pende ao galho frondoso / Coberto pelo sereno!

Nos bicos da chinelinha, / Quem voa mais levezinha,
Mais levezinha do que eu?... / Eu sou mulata tafula;
No samba, rompendo a chula, / Jamais ninguém me venceu.

Ao afinar da viola, / Quando estalo a castanhola,
Ferve a dança e o desafio; / Peneiro num mole anseio,
Vou mansa num bamboleio, / Qual vai a garça no rio.

Aos moços todos esquiva, / Sendo de todos cativa,
Demoro os olhares meus; / "Que tentação... que maldita...
Bravo! Mulata bonita!" / – Adeus, meu ioiô, adeus...

Minhas iaiás da janela / Me atiram cada olhadela...
Aí! Dá-se? Mortas assim! / E eu sigo mais orgulhosa,
Como se a cara raivosa / Não fosse feita pra mim.

Na fronte, ainda que baça, / Me assenta o troço de cassa
Melhor que c’roa gentil; / E eu posso dizer ufana
Que, qual mulata baiana, / Outra não há no Brasil.

Nos meus pulsos delicados / Tragos corais engrazados,
Contas d’ouro e coralinas; / Prendo meu pano à cintura,
Que mais realça à brancura / Das saias de rendas finas.

Se tenho um desejo agora, / De meus afetos senhora,
Sei encontrá-lo no amor. / – Ai! Mulata! Ai! Borboleta!
É tua sina inquieta, / Tu pousas de flor em flor.

Meus brincos de pedraria / Tocam, fazendo harmonia
Com meu cordão reluzente; / Na correntinha de prata
Tem sempre e sempre a mulata / Figuinhas de boa gente.

Eu gosto bem desta vida, / Que assim se passa esquecida
De tudo que é triste é vão! / Um dito bem requebrado,
Um mimo, um riso, um agrado, / Cativam meu coração.

Nos presepes da Lapinha / Só a mulata é rainha,
Meiga a mostrar-se de novo: / De sua face ao encanto
Vai-se o fervor pelo santo, / P’ra o santo não olha o povo!

Minha existência é de flores, / De sonhos, de luz, de amores,
Alegre como um festim! / Escrava, na terra um dono,
Outro no céu sobre um trono, / Que é meu Senhor do Bonfim!

Na fronte, ainda que baça, / Me assenta o troço de cassa,
Melhor que c’roa gentil; / E eu posso dizer ufana
Que, qual mulata baiana, / Outra não há no Brasil.

A conquista do ar (Santos Dumont)

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A conquista do ar

O feito de Alberto Santos Dumont, contornando a Torre Eiffel em seu balão n° 6, no dia 19.10.1901, inspirou diversas composições, entre as quais a marcha "A Conquista do Ar", sucesso de 1902. Uma criação de Eduardo das Neves, a canção glorifica o inventor da aviação em versos desbragadamente ufanistas, que o público da época adorou ("A Europa curvou-se ante o Brasil / e clamou parabéns em meigo tom / brilhou lá no céu mais uma estrela / apareceu Santos Dumont").

Palhaço de circo, poeta, compositor e principalmente cantor, Eduardo das Neves foi o nosso artista negro mais popular no início do século. Pai do também compositor Cândido das Neves, deixou modinhas, lundus, cançonetas, sendo de sua autoria os versos em homenagem ao encouraçado Minas Gerais, feitos sobre a melodia da valsa "Vieni sul Mar", do folclore veneziano.

Aliás, ainda sobre a mesma melodia, o radialista Paulo Roberto escreveria, em 1945, nova letra exaltando o estado mineiro ("Lindos campos batidos de sol / ondulando num verde sem fim..."), mantendo o refrão popular ("Ó Minas Gerais / ó Minas Gerais / quem te conhece não esquece jamais...").

No auge da carreira, Dudu das Neves apresentava-se nos palcos de smoking azul e chapéu de seda (Figura: partitura de canção feita por Eduardo das Neves, em homenagem a Santos Dumont).

A conquista do ar (Letra e música do cantor Eduardo das Neves)----clique para ouvir amostra da música

A Europa curvou-se ante o Brasil / E clamou “parabéns” em meio tom. / Brilhou lá no céu mais uma estrela: / Apareceu Santos Dumont.

Salve, Estrela da América do Sul, / Terra, amada do índio audaz, guerreiro! / Santos Dumont, um brasileiro!

A conquista do ar que aspirava / A velha Europa, poderosa e viril, / Quem ganhou foi o Brasil!

Por isso, o Brasil, tão majestoso, / Do século tem a glória principal: / Gerou no seu seio o grande herói / Que hoje tem um renome universal.

Assinalou para sempre o século vinte / O herói que assombrou o mundo inteiro: / Mais alto que as nuvens. / Quase Deus, Santos Dumont – um brasileiro.

Fonte: Cifrantiga - História da MPB e Cifras.