sábado, 30 de junho de 2007

Herivelto Martins

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Agente ferroviário apaixonado pelo teatro, Felix Bueno Martins empenhava a maior parte de seu ganho, para manter as atividades ligadas às artes, e a paixão contaminou, desde cedo, seu filho Herivelto, irmão de Hedelacy, Hedenir e Holdira, os quatro filhos que tivera com a mulher, Carlota de Oliveira. Aos cinco anos, Herivelto morava com a família, em Barra do Piraí, onde o pai fundou a Sociedade Dramática Dançante Carnavalesca Florescente de Barra do Piraí, misto de clube e teatro. E lá se ia quase todo o dinheiro do salário, obrigando D. Carlota a costurar para fora e a fazer doces. Não ficou nisso, o Seu Félix. Organizou as Pastorinhas de Barra do Piraí, com as quais Herivelto saía no Natal, de Papai Noel.
Tais gastos o levaram a hipotecar a casa, que acabou perdida, forçando-os a se mudarem para a periferia da cidade. Ali, Herivelto começa a aprender violão e cavaquinho e compõe seu primeiro samba, Nunca Mais.
Em 1930, Seu Felix foi transferido para São Paulo, Herivelto não se adapta e vai tentar a vida no Rio de Janeiro. Hospeda-se em um quartinho com o irmão Hedelacy, que era barbeiro. Ali, acabaram morando oito rapazes. Segundo Herivelto, "só melhorou com a Revolução de 32: morreram quatro".
Conheceu o compositor Príncipe Pretinho, que o levaria até o cantor J. B. de Carvalho. Tudo começaria aí. J. B. de Carvalho gravou seu samba Da Cor do Meu Violão e Herivelto passou a fazer parte do coro do Conjunto Tupi. Tornou-se amigo de Francisco Sena e, um dia, ao fazerem um dueto, foram ouvidos por Vicente Marzullo, empresário, que se impressionou com o improviso da dupla. Na primeira oportunidade apresentou os dois para cantar nos intervalos do cinema Odeon. Marzullo inventou o : "É a dupla do preto e do branco". Herivelto compôs o samba Preto e Branco, sucesso imediato.
A Odeon gravou em 1934, mas o êxito acabaria no ano seguinte com a morte de Sena. Sozinho, Herivelto Martins foi trabalhar no Cine Pátria, onde conheceu a cantora Dalva de Oliveira. Depois de cantarem juntos, namorarem, passaram a morar juntos. Encontra Nilo Chagas e forma a segunda dupla Preto e Branco. Dalva começa a se apresentar com os dois e grava um disco com o título de Dalva de Oliveira e a Dupla Preto e Branco. César Ladeira leva-os para seu programa na Rádio Mayrink Veiga: "Com vocês o conjunto vocal Dalva de Oliveira e a dupla Preto e Branco. Um trio de ouro". Estava batizado um dos mais famosos trios vocais da MPB. Nasce Peri, o primeiro filho, em 1937. Dois anos depois, Herivelto e Dalva de Oliveira casam-se e nasce Ubiratan. O êxito se transfere para o Cassino da Urca, onde o trio fica até o fechamento do jogo, em 1946.
Nilo Chagas, Dalva de Oliveira e Herivelton Martins no Trio de Ouro (foto 1). Herivelto Martins, Dalva de Oliveira, Dorival Caymmi e Nilo Chagas (foto 2).
Como compositor, Herivelto marca presença com sucessos como Praça Onze, Ave Maria do morro, Odete, Ela, Caminhemos e outras tantas.
No final dos anos 50, Nilo Chagas foge na Venezuela com uma vedete e o Trio de Ouro acaba lá. Herivelto e Dalva entram em processo de separação, o que rende uma série de músicas, um combate de sucessos de parte a parte. Herivelto reorganiza o Trio de Ouro por duas vezes, com Noemi Cavalcanti e Nilo Chagas, que tinha reaparecido, e depois com Lurdinha Bittencourt e Raul Sampaio, dissolvendo-se em 1957. Daí para a frente, Herivelto prefere afastar-se da vida artística. Presidente do Sindicato dos Compositores do Rio, em 1971, trabalha com direitos autorais por muitos anos vindo a falecer em 17 de setembro de 1992.
Algumas músicas
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Gilberto Alves

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Gilberto Alves Martins, cantor, nasceu no Rio de Janeiro em 15/04/1915 e faleceu em Jacareí SP, em 04/04/1992. Foi criado no subúrbio de Lins de Vasconcelos. Aos 12 anos, fugiu de casa com o irmão mais velho e arranjou emprego de carregador de marmitas, passando a viver desse serviço. Depois, começou a trabalhar como carregador de sapatos, até que aprendeu o ofício de sapateiro, ao qual passou a dedicar-se por conta própria. Paralelamente, cursava o secundário e iniciava-se em música, reunindo-se com amigos para serestas nas ruas de Lins de Vasconcelos e Meyer.
Conheceu Jacó do Bandolim, então garoto, que viria a ser seu grande amigo, e depois dos 16-17 anos começou a freqüentar os cabarés da Lapa e o Café Nice, travando conhecimento com Grande Otelo e Sílvio Caldas.
Por volta de 1935, as serestas começaram a ser proibidas, e a guarda noturna dissolvia os grupos de seresteiros que encontrava. Nessa época, conheceu Almirante, que, depois de ouvi-lo cantar, o convidou para se apresentar na Rádio Clube do Brasil. Começou a cantar naquela emissora, mas sem contrato, recebendo apenas cachê. Passou, depois, a apresentar-se na Rádio Guanabara, programa de Luís Vassalo, para onde foi levado pelos compositores Cristóvão de Alencar e Nássara, que conheceu numa seresta em Vila Isabel. Cantou ainda na Rádio Educadora, programa dos irmãos Batista (Marília e Henrique), atuando paralelamente em outras emissoras.
Em 1938 gravou seu primeiro disco, com os sambas Mulher toma juízo (Ataulfo Alves e Roberto Cunha) e Favela dos meus amores (Roberto Cunha), na Columbia. Conheceu então Roberto Martins e Mário Rossi, gravando seu segundo disco com uma música dessa dupla de compositores, Mãos delicadas, além de Duas sombras, esta de Roberto Martins e Jorge Faraj, também lançadas pela Columbia. Daí em diante gravou vários sucessos da dupla Roberto Martins e Mário Rossi, entre os quais seu primeiro êxito em disco, Trá-lá-lá, em 1940, pela Odeon.
A este seguiram-se outros sucessos, como Natureza bela (Felisberto Martins e Henrique Mesquita), em 1942, a marcha Cecília, no Carnaval de 1943, e no ano seguinte o fox Adeus, dos mesmos autores. Ainda em 1944 gravou Despedida (Tito Ramos), Algum dia te direi (Cristóvão de Alencar e Felisberto Martins), Sinfonia dos tamancos (Roberto Martins) e Capital do samba (José Ramos).
No ano seguinte, deixou a Odeon e foi para a Victor, gravando em 1948 o sucesso carnavalesco Rosa Maria (Aníbal Silva e Éden Silva). No mesmo ano, passou a atuar na Rádio Nacional. Em 1949 casou com Jurema Cardoso. No ano seguinte, transferiu-se para a Rádio Tupi, onde permaneceu até 1970, quando se aposentou. Os maiores sucessos de sua carreira foram Pombo correio (Benedito Lacerda e Darci de Oliveira), Agora é tarde (Tito Ramos e Mário Rossi), Recordar é viver (Aldacir Louro e Aluísio Martins), De lanterna na mão (com Elzo Augusto e J. Sacomani), Louca pela boêmia (Alcebíades Barcelos e Armando Marçal), além de Cecília e Natureza bela.
Mesmo depois de aposentado, continuou apresentando-se em emissoras de rádio e televisão. Em 1975 completou quarenta anos de carreira; nos últimos anos de sua vida apresentava-se em churrascarias e na televisão, ao lado de cantores da chamada velha guarda.

Hervé Cordovil

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Herve Cordovil

Hervé Cordovil, compositor, pianista e regente, nasceu em Viçosa MG (3/2/1914) e faleceu em São Paulo SP (16/7/1979). Foi criado no Rio de Janeiro RJ. O pai era médico e político e a mãe tinha formação musical. Estudou música desde pequeno e, entre 1924 e 1930, no Colégio Militar, foi aluno de Romeu Malta, que era também maestro da banda do colégio. Nessa época, começou a compor, mas foi desencorajado por Eduardo Souto, diretor da Casa Edison, a quem mostrou suas primeiras músicas.

Estreou como pianista e compositor em 1931, na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, e na Orquestra de Romeu Silva. Em 1933, já como um dos pianistas mais solicitados pelas rádios cariocas, transferiu-se para a Rádio Philips. No ano seguinte, compôs com Lamartine Babo um dos seus primeiros jingles, a marcha Madame do barril. No ano seguinte sua composição Triste cuíca (com Noel Rosa) foi lançada por Araci de Almeida. Ainda em 1935, trabalhou como maestro da orquestra do filme Estudantes, de Wallace Downey, e, a partir de então, musicou diversas peças de teatro, entre elas Da favela ao Catete, escrita por Freire Júnior, participando como pianista de diversas gravações.

Em 1936 formou-se em direito, mas, antes de acabar o curso, sua carreira como compositor popular já se firmara com a marcha Carolina (com Bonfiglio de Oliveira), que, gravada pelo então desconhecido Carlos Galhardo, fez muito sucesso no Carnaval de 1934. Ainda em 1936, compôs com Noel Rosa a marcha Não resta a menor dúvida, para o filme Alô, alô Carnaval, de Ademar Gonzaga, compondo depois para vários outros filmes. Nesse ano transferiu-se para a Rádio Guarani, de Belo Horizonte MG, em que, por dois anos seguidos, teve de compor e apresentar, diariamente, uma canção nova.

Nessa época compôs, com a prima Marisa Pinto Coelho, Pé de manacá, que fez grande sucesso na voz de Isaura Garcia, em 1950. Em 1938, de volta ao Rio de Janeiro, compôs a marcha Esquina da sorte (com Lamartine Babo), jingle para uma casa lotérica, gravada por Lamartine e Araci de Almeida, na Victor, para o Carnaval do ano. Em 1940, foi trabalhar na Rádio Tupi, de São Paulo.

Entre 1941 e 1945, trabalhou como advogado em Manhuaçu MG. Foi durante esse período que compôs o baião Cabeça inchada, grande sucesso em 1951, quando foi gravado por Carmélia Alves, e que teve mais de 50 gravações diferentes na Europa. Em 1945 voltou a São Paulo, passando a trabalhar como maestro orquestrador na Rádio Record, emissora em que se aposentou 26 anos depois.

Em 1946 compôs, com Mário Vieira, Sabiá lá na gaiola, outro grande sucesso gravado por Carmélia Alves, em 1950. Compôs com Correia Júnior, em 1966, Canto ao Brasil, peça sinfônica orquestrada por Gabriel Migliori e executada pela Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo. No conjunto de sua obra destacam-se as marchas Seu Abóbora (com Lamartine Babo), gravada por Carmen Miranda em 1935, Seu Gaspar, gravada por Sílvio Caldas em 1938, e Esta noite serenou, gravada por Dalva de Oliveira em 1951; a toada Me leva (com Rochinha), gravada por Ivon Curi em 1951; o samba-canção Uma loura, gravado por Dick Farney em 1951; além dos já citados baiões Pé de manacá, Sabiá na gaiola e Cabeça inchada.

Compôs ainda algumas músicas jovens, como Rua Augusta e Boliche legal, ambas em 1964, e a versão Biquini de bolinha amarelinha. Tem músicas feitas em parceria com seus filhos Ronnie Cord e René Cordovil, também compositores. Em 1977 participou do show comemorativo 30 anos de baião, realizado no Teatro Municipal, de São Paulo, com Luiz Gonzaga, Carmélia Alves e Humberto Teixeira. Em 1997 foi publicado 0 livro Hervé Cordovil - Um gênio da música popular brasileira, de autoria de Maria do Carmo T. Passiago (João Scortecci Editora, São Paulo).

Humberto Teixeira

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Humberto Cavalcanti Teixeira, compositor e instrumentista, nasceu em Iguatu CE (5/1/1916) e faleceu no Rio de Janeiro RJ (3/10/1979). Sobrinho do maestro cearense Lafaiete Teixeira, desde criança interessou-se por música, sendo sua primeira composição a Valsa triste. Estudou bandolim em Iguatu, e fez secundário em Fortaleza CE, onde começou a aprender flauta com o maestro Antônio Moreira, da Orquestra Majestic. Aperfeiçoando-se no instrumento com seu tio Lafaiete, aos 13 anos teve sua primeira composição editada, Miss Hermengarda. Dois anos depois, deixou a capital cearense para fixar-se no Rio de Janeiro RJ.
Em 1934, seu samba Meu pedacinho ficou em quinto lugar no concurso carnavalesco de sambas e marchas da revista O Malho, classificando-se ao lado de Índio, Capiba, José Maria de Abreu e outros nomes. Continuou editando composições de vários gêneros, como valsas, toadas, modinhas e canções.
Em 1943, diplomou-se pela Faculdade Nacional de Direito do Rio de Janeiro, passando a exercer advocacia, paralelamente às atividades musicais. No ano seguinte teve sua primeira composição gravada, o samba apoteótico Sinfonia do café (com Lírio Panicali), por Deo e Coro dos Apicás, na Continental. Ainda em 1944, Natalina (com E. Guimarães) foi gravada pelos Quatro Ases e Um Curinga.
Em 1945 conheceu Luiz Gonzaga, que estava à procura de um letrista que se interessasse pelos ritmos nordestinos, pouco conhecidos no restante do país. Formada a parceria, escolheram o baião como ritmo ideal para iniciar a divulgação dos ritmos do Nordeste. Em 1946, foram gravadas Deus me perdoe e Só uma louca não vê (ambas com Lauro Maia), respectivamente, por Ciro Monteiro, na Victor, e Orlando Silva, na Odeon. Ainda nesse ano, lançou a primeira composição com Luiz Gonzaga, Baião, interpretada pelos Quatro Ases e Um Curinga em disco Odeon, em que apareciam instrumentos como acordeom, triângulo e zabumba, pouco divulgados no cenário musical da época, dominado pelo samba, samba-canção e ritmos importados.
O lançamento do primeiro baião teve grande sucesso e deu início a uma série de êxitos da dupla, que durou até inícios da década de 1950, como Asa branca, No meu pé de Serra, Mangaratiba, Juazeiro, Paraíba, Qui nem jiló, Baião de dois, Assum preto e Lorota boa, entre outros.
Por 1950 desfez a parceria, depois de eleito deputado federal, tendo obtido votação maciça no Ceará, após campanha apoiada por seu trabalho musical com Luiz Gonzaga. Em 1958 conseguiu a aprovação, pelo Congresso Nacional, da Lei Humberto Teixeira, para a formação de caravanas artísticas de divulgação da música popular brasileira no exterior. A primeira delas foi no mesmo ano para a Europa, integrada pelo conjunto Os Brasileiros, do qual faziam parte o Trio Yrakitan, os instrumentistas Abel Ferreira, Sivuca, Pernambuco, Dimas e o maestro Guio de Morais, apresentando-se em várias capitais. Seguiram-se várias caravanas, até 1964, sempre dirigidas por ele, que se tornou compositor internacionalmente conhecido, com obras gravadas em vários idiomas.
Em 1966, Asa branca foi regravada por Geraldo Vandré no LP Hora de lutar (RGE). A partir de 1967 reiniciou sua luta pelo direito autoral, sendo eleito, em 1971, vice-diretor da UBC. Um ano depois, o grupo baiano liderado por Gilberto Gil e Caetano Veloso interessou-se pelo baião, tendo incluído em seu repertório vários sucessos seus com Luiz Gonzaga. Na Philips, Caetano Veloso gravou Asa branca e Gal Costa Assum preto. Além disso, outras músicas da dupla foram incluídas em shows do grupo.
Teve mais de 400 composições gravadas por importantes intérpretes da nossa música, como Carmélia Alves, Orlando Silva e Araci de Almeida, entre muitos outros. Além de Luiz Gonzaga, Felícia Godói e Lauro Maia foram seus parceiros constantes, tendo composto ainda com Sivuca e com o maestro Copinha. Obteve grande sucesso com o baião, mas escreveu também sambas, marchas, xótis, sambas-canções e toadas.

Klécius Caldas

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Klécius Pennafort Caldas, compositor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 6/5/1919. Nascido no bairro de Lins de Vasconcelos, estudou no Colégio Pedro II e na Academia Militar do Realengo, chegando ao posto de coronel do Exército.

Começou a compor em meados da década de 1940, quase por acaso: no mesmo edifício residia seu colega de farda Armando Cavalcanti, que o convidou para parceiro. Os dois fizeram juntos uma série de composições, a partir de O velho bar, lançada por Francisco Alves num programa na Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, e gravada na Continental muito mais tarde por Helena de Lima, no início de sua carreira.

De autoria da dupla, Dick Farney gravou Somos dois (1948) e Francisco Alves, Palavras amigas (1949). Na época de maior sucesso da música nordestina, os dois fizeram várias composições no gênero, como Sertão de Jequié e Boiadeiro, gravadas respectivamente por Dalva de Oliveira e Luiz Gonzaga, que transformou essa última composição em prefixo de suas apresentações.

A dupla é responsável também por vários sucessos de Carnaval: Marcha do gago, gravada em 1950 por Oscarito, por sugestão de David Nasser (e que abriu o caminho para que outros cômicos, vedetes e animadores lançassem discos carnavalescos); Papai Adão (1951), Maria Candelária (1952), gravadas por Blecaute; Máscara da face (1953), gravada por Dircinha Batista; Piada de salão, primeira colocada no concurso do ano de 1954, Maria Escandalosa (1955), gravadas por Blecaute. Outros êxitos foram as músicas de meio de ano, como Neste mesmo lugar, samba de 1956, e Sua majestade, o neném, balada gravada em 1960.

Na década de 1960, a dupla continuou produzindo destaques de Carnaval: A letra jota (1961 ), A lua é dos namorados (com um terceiro parceiro, Brasinha, 1961), Marcha do paredão (1962), O último a saber (1963), A lua é camarada (1963) e Casa de sapé (1965).

Fez parcerias também com Francisco Alves, Luís Antônio, Hélio Mateus, Rutinaldo, Herivelto Martins, Vítor Freire e Dick Farney. Em 1994 publicou o livro Pelas esquinas do Rio - Tempos idos e jamais esquecidos, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro.

Algumas músicas

Jorge Veiga

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Jorge Veiga (Jorge de Oliveira Veiga}. cantor e compositor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 6/12/1910 e faleceu em 29/5/1979. Nascido no subúrbio do Engenho de Dentro, trabalhou desde menino como engraxate, vendedor de bananas e em biscates. Costumava cantarolar enquanto trabalhava, e sua oportunidade surgiu quando executava serviços de pintor de paredes num armazém cujo proprietário tinha contatos na Rádio Educadora do Brasil.
Levado ao Programa Metrópolis, estreou em 1934, cantando no estilo de Sílvio Caldas, um dos intérpretes de maior prestígio na época. Por influência de Heitor Catumbi e, depois, Rogério Guimarães, resolveu mudar de estilo.
Integrante do elenco da Rádio Tupi a partir de 1942, o cantor firmou-se sobretudo como intérprete de sambas malandros e anedóticos e ainda de sambas de breque, característica marcante de seu repertório, merecendo de Paulo Gracindo, em cujo programa atuava, o nome de Caricaturista do Samba. Estreou no disco com a gravação do samba Iracema (Raul Marques e Otolino Lopes), grande sucesso do Carnaval de 1944.
Nos anos seguintes alcançou novos êxitos, interpretando Rosalina e Cabo Laurindo (ambas de Haroldo Lobo e Wilson Batista) e Na minha casa mando eu (Ciro de Sousa), em 1945; Vou sambar em Madureira (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) e Pode ser que não seja (Antônio Almeida e João de Barro), em 1946.
No Carnaval de 1947, sua interpretação da marcha Eu quero é rosetá (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira), alcançou enorme sucesso. Na Rádio Tupi, e a partir de 1951 na Rádio Nacional, ficou famoso pela fórmula, criada por Floriano Faissal, com a qual iniciava seus programas: "Alô, alô senhores aviadores que cruzam os céus do Brasil, aqui fala Jorge Veiga, da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Estações do interior, queiram dar os seus prefixos para guia de nossas aeronaves".
Como compositor, em 1955 lançou, em parceria com José Francisco (Zé Violão), o samba Aviadores do Brasil, entre outros. Durante a década de 1950, obteve seus maiores sucessos com as gravações dos sambas Estatutos de gafieira (Billy Blanco), lançado em 1954, e Café Soçaite (Miguel Gustavo), em 1955.
No ano seguinte lançou o LP Boate Tralalá, cuja música-título é de Miguel Gustavo. Bigorrilho (Paquito, Sebastião Gomes e Romeu Gentil) foi grande êxito no Carnaval de 1964. Em 1971 gravou, com Ciro Monteiro, o LP De leve, pela RCA Victor, em que cantaram seus respectivos repertórios, em dupla ou sozinhos. Em 1975 gravou na Copacabana o LP O melhor de Jorge Veiga.

Linda Batista

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Linda Batista (Florinda Grandino de Oliveira), cantora e compositora, nasceu em São Paulo SP (14/6/1919) e faleceu no Rio de Janeiro RJ (17/4/1988). Filha do ventríloquo e humorista Batista Júnior (João Batista de Oliveira) e irmã da cantora Dircinha Batista, sua família já residia no Rio de Janeiro, no bairro do Catete, quando nasceu na casa da avó.
Fez o curso primário no Colégio Sion. Por essa época, levada pela empregada, costumava ouvir música na Corbeille de Flores, gafieira próxima de sua casa. Aos dez anos começou a aprender violão com o cantor Patrício Teixeira, chegando a compor uma música intitulada Tão sozinha. Aos 12 anos passou a freqüentar programas de rádio, acompanhando a irmã Dircinha ao violão. Terminado o ginásio no Colégio São Marcelo iniciou cursos de contabilidade e corte-e-costura.
Em 1936, por um atraso de Dircinha, substituiu-a, estreando como cantora no programa que Francisco Alves fazia na Rádio Cajuti, interpretando Malandro, de Claudionor Cruz. Obteve sucesso, sendo convidada para outras apresentações nessa emissora. No ano seguinte foi eleita Rainha do Rádio, num concurso promovido no Iate dos Laranjas, barco carnavalesco atracado na Esplanada do Castelo, título que manteve durante 11 anos consecutivos.
A 31 de março de 1937 casou com Paulo Bandeira, de quem se separou menos de seis meses depois. Ainda em 1937 atuou no filme Maridinho de luxo, de Luís de Barros, e realizou uma excursão ao Nordeste. Tornou-se crooner da orquestra de Kolman, no Cassino da Urca e, em 1938, pela Odeon, lançou seu primeiro disco, em que interpretava, em dupla com Fernando Álvarez, Chimarrão (Djalma Esteves) e Churrasco (Djalma Esteves e Augusto Garcez).
Em 1939 participou do filme Banana da terra, de J. Rui, e, no mesmo ano, quando viajou a São Paulo, para uma temporada na Rádio Cultura, foi convidada para se apresentar na inauguração do cassino da Ilha Porchat, em São Vicente SP, onde acabou ficando por seis meses. Retornou ao Rio de Janeiro em abril de 1939 e começou a atuar no Cassino da Urca, onde foi atração até 1946; nesse período lançou vários sucessos, inclusive do compositor Chiquinho Sales, contratado pelo cassino especialmente para compor para ela.
Em 1940 transferiu-se para a Victor, onde sua primeira gravação foi a marcha-conga Passei na ponte (Ary Barroso). Em 1941 fez uma excursão a Buenos Aires, Argentina, e lançou Tudo é Brasil (Vicente Paiva e Sá Róris) e Batuque no morro (Russo do Pandeiro e Sá Róris), com muito sucesso; nesse mesmo ano, apresentou-se na Rádio Nacional. No ano seguinte viajou novamente à Argentina e em 1943 assinou contrato com a Rádio Tupi. Para o Carnaval de 1944 lançou Clube dos barrigudos (Cristóvão de Alencar e Haroldo Lobo).
Em 1946 excursionou pelas capitais brasileiras e no ano seguinte, além de atuar no filme Caídos do céu, de Luís de Barros, gravou com êxito No boteco do José (Wilson Batista e Augusto Garcez). Em 1947 foi contratada pela boate Vogue, onde permaneceu até 1952.
Em 1948 gravou Enlouqueci (Luís Soberano, Valdomiro Pereira e João Sales). Nega maluca (Fernando Lobo e Evaldo Rui), samba lançado para o Carnaval de 1950, foi um dos seus maiores sucessos, chegando a ser nome de uma rua no bairro paulistano do Jabaquara.
Em 1951 voltou à Rádio Nacional, com o programa Coisinha Linda. Também nesse ano atuou no filme Agüenta firme, Isidoro, dirigido por Luís de Barros e Ademar Gonzaga; viajou à Europa, apresentando-se em Portugal, na boate Vogue, em Paris, França, na televisão, e na boate Open Gate, em Roma, Itália; e lançou o samba-canção Vingança (Lupicínio Rodrigues), o maior sucesso de sua carreira.
Em 1952 trabalhou nos filmes Tudo azul, de Moacir Fenelon, Está com tudo, de Luís de Barros, e É fogo na roupa, de Watson Macedo. Em 1954 participou dos filmes Carnaval em Caxias, de Paulo Wanderley, e O petró!eo é nosso, de Watson Macedo.
Em 1955 passou para a Rádio Mayrink Veiga e atuou no filme Carnaval em Marte, de Watson Macedo. No ano seguinte transferiu-se para a Rádio Tupi e atuou nos filmes Tira a mão daí, de J. Rui, e Depois eu conto, de José Carlos Burle, e, em 1957, em Metido a bacana, de J. B. Tanko. Nesse ano e no seguinte excursionou pelo Uruguai, tendo ainda participado do filme É de xuá, de Vítor Lima.
Após uma viagem à Argentina, em 1959 voltou à Rádio Nacional e recebeu da UBC e da SBACEM o troféu Noel Rosa, por gravar exclusivamente música brasileira. A partir de 1960 lançou principalmente músicas de Carnaval (inclusive algumas de sua autoria), participando de programas de televisão. Seguindo a trajetória de suas companheiras Emilinha Borba, Marlene, Nora Ney e a irmã Dircinha Batista, autênticas representantes da fase áurea do rádio carioca, também afastou-se a partir dos anos de 1960 das atívidades artísticas.

Lúcio Alves

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Lúcio Ciribelli Alves, cantor, compositor e instrumentista, nasceu em Cataguases MG 28/1/1927 e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 3/8/1993. Filho de um maestro da banda de Cataguases, aos seis anos começou a aprender violão. Um ano depois mudou-se para o Rio de Janeiro RJ, onde aos nove anos participou do programa Bombonzinho, de Barbosa Júnior, cantando a música Juramento Falso (Pedro Caetano), na época grande sucesso de Orlando Silva.
Apresentou-se depois no Picolino, programa do mesmo Barbosa Júnior, na Rádio Mayrink Veiga. No ano seguinte, interpretou Aladim, na radio-novela Aladim e a lâmpada maravilhosa, da Rádio Nacional, onde também participou do programa Ora Bolas!, recebendo na época o apelido de "cantor das multidinhas", dado por Silvino Neto.
Em 1941, com um grupo de amigos, organizou o conjunto Namorados da Lua, destacando-se como violonista, crooner e arranjador. No mesmo ano, o grupo tirou o primeiro lugar num programa de calouros de Ary Barroso, na Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, e, com a música Nós, os carecas (Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti), uma das mais tocadas no Carnaval, venceu concurso carnavalesco do Teatro República, do Rio de Janeiro.
O conjunto gravou seu primeiro disco pela Victor, em 1942, cantando Vestidinho de iaiá e Té logo, sinhá (ambas de Assis Valente). Sempre como líder do conjunto, participou de várias formações diferentes do grupo, que, em seus seis anos de existência, gravou vários discos, atuou na Rádio Nacional e nos casinos Atlântico e Copacabana. Entusiasmado com o desempenho dos Namorados da Lua, começou também a compor e, em 1943, fez com Haroldo Barbosa o samba De conversa em conversa, originalmente intitulado Não sou limão, gravado quatro anos mais tarde por Isaura Garcia, na Victor.
Eu quero um samba (Haroldo Barbosa e Janet de Almeida), gravado com sucesso em junho de 1945 pelo conjunto, chamou a atenção do público para sua voz e, ao serem desfeitos os Namorados da Lua, em 1947, tornou-se cantor independente, lançando sua primeira gravação individual pela Continental, em março de 1948, cantando Solidão, versão feita por Aluísio de Oliveira sobre o bolero Tres palabras (Osvaldo Farres), apresentada no filme Música, maestro, de Walt Disney. No mês seguinte, lançou novo disco, com Aquelas palavras e Seja feliz... adeus (ambas de Luís Bittencourt e Benny Woldorff).
Ainda em 1948 foi para Cuba, México e E.U.A., apresentando-se com o conjunto Anjos do Inferno, retornando alguns meses depois. Daí em diante gravou vários sucessos pela Continental, como Terminemos (Paulo Soledade e Fernando Lobo), Sábado em Copacabana (Carlos Guinle e Dorival Caymmi), Manias (Flávio e Celso Cavalcanti), Xodó (Jair Amorim e José Maria de Abreu), Valsa de uma cidade (Ismael Neto e Antônio Maria), Se o tempo entendesse (Marino Pinto e Mário Rossi) e Na paz do Senhor (José Maria de Abreu e Luiz Peixoto), todas gravadas no início da década de 1950 e grandes êxitos em disco.
Em 1952, novamente com Haroldo Barbosa, compôs Baião de Copacabana. Em junho de 1954, gravou em dupla com Dick Farney um 78 rpm pela Continental, com o samba Tereza da praia (Tom Jobim e Billy Blanco) e Casinha pequena, toada que compôs especialmente para o disco.
A partir de 1955, quando o gênero romântico da dupla começou a sair de moda , os sucessos se tornaram mais raros e ele passou a compor para outros cantores. No final da década de 1950 voltou a gravar, lançando o LP Cantando depois do sol, na Philips, que incluía Emília (Wilson Batista e Haroldo Lobo) e Minha palhoça (J. Cascata).
Com a bossa nova seu nome voltou a ter destaque e, além de participar de vários shows de televisão, boate e teatro, lançou novos LPs. Em 1960, na Odeon, gravou Lúcio Alves interpreta Dolores Duran, no qual homenageava a compositora falecida em outubro de 1959, cantando A noite do meu bem, Fim de caso e outras. Em 1961 gravou pela Philips o LP A bossa é nossa, que incluía Dindi (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira ), Nova ilusão (Luís Bittencourt e José Meneses), O samba da minha terra (Dorival Caymmi) e outras composições do gênero.
Em 1963 transferiu-se para a gravadora Elenco, de Aloysio de Oliveira, onde gravou o LP Balançamba, que também continha repertório típico da bossa nova, como Rio, Ah! se eu pudesse e O barquinho (todas de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli). Na década de 1960 utilizou sua experiência, sobretudo em conjuntos vocais, orientando e produzindo gravações e programas de televisão. No programa da TV Record, de São Paulo SP, Corte Rayol Show, em 1965, produziu um quadro musical, Roda de samba, que reunia quatro cantores diferentes em interpretações de quartetos vocais.
Em 1973 passou a trabalhar como produtor musical da TV Educativa, do Rio de Janeiro, gravando ainda outro sucesso, Helena, Helena, Helena (Alberto Land). Em 1975 voltou a gravar na RCA o LP Lúcio Alves, que incluía músicas com nomes de mulher, entre as quais Juraci (Antônio Almeida e Ciro de Sousa), Januária (Chico Buarque), Lígia (Tom Jobim), Carolina (Chico Buarque) e Rosa (Pixinguinha e Otávio de Sousa). Em 1988 lançou o disco Há sempre um nome de mulher.
Algumas músicas cifradas:

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Luís Antônio

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Luís Antônio (Antônio de Pádua Vieira da Costa), compositor e letrista, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 16/4/1921 e faleceu em 1/12/1996. Estudou em uma escola pública e no Colégio Militar do Rio de Janeiro, de onde passou para a Escola Militar de Realengo, saindo aspirante em 1944.
Compositor desde os 14 anos, autor das músicas cantadas nas competições esportivas dos cadetes, escreveu o Hino da Escola Militar, depois oficializado. Tenente de infantaria integrou em 1945 a Força Expedicionária Brasileira na campanha da Itália.
Passou a compor profissionalmente em 1948, e sua primeira canção gravada foi Somos dois (com Klecius Caldas e Armando Cavalcanti). Grande sucesso em 1951 com o samba carnavalesco Sapato de pobre (com Jota Júnior) gravado por Marlene, no Carnaval seguinte consolidaria seu prestígio com a marcha Sassaricando (com Jota Júnior e Oldemar Magalhães) e o samba Lata d'água (com Jota Júnior). Marcaria presença novamente no Carnaval de 1953, com Zé Marmita (com Brasinha) e o clássico Barracão (com Oldemar Magalhães). Em algumas de suas letras sobressai a preocupação com temas sociais.
De 1959 a 1962, viveu a segunda grande fase de sua carreira, com uma série de sambas românticos como Menina moça, Mulher de 30, Poema do adeus e, com Djalma Ferreira, Recado, Lamento, Devaneio e outros mais, a maioria na voz do cantor Miltinho. Seu último sucesso foi o samba Eu bebo sim (com João do Violão), gravado por Elizeth Cardoso, em 1973.

Luiz Gonzaga

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Luiz Gonzaga do Nascimento, compositor, cantor e instrumentista, nasceu em Exu PE (13/12/1912) e faleceu em Recife PE (2/8/1989). Filho do sanfoneiro Januário, que tocava em bailes e nas horas vagas consertava sanfonas, aprendeu a tocar o instrumento com o pai. Nascido numa fazenda, desde pequeno trabalhou na roça, tocando em bailes, forrós e feiras. Já era relativamente conhecido como sanfoneiro, quando, em 1930, fugiu de casa e foi para Fortaleza CE onde ingressou no Exército.
Com a revolução de 1930, seu batalhão deslocou-se para a Paraíba e outros Estados do Nordeste, seguindo depois para Juiz de Fora MG. Ali conheceu Dominguinhos Ambrósio, famoso sanfoneiro mineiro que também estava no Exército e com quem estudou, além de aprender as músicas mais populares no Sul. Transferido para Ouro Fino MG, apresentou-se como sanfoneiro num clube local.
Em 1939 foi para São Paulo SP, para comprar uma sanfona nova, seguindo depois para o Rio de Janeiro RJ, onde deu baixa do Exército. Passou então a se apresentar nos bares cariocas do Mangue, tocando fados, foxes, valsas e tangos em dupla com o guitarrista português Xavier Pinheiro. Atuava também em cabarés da Lapa e festinhas, além de tocar nas ruas, passando o pires para recolher dinheiro. Depois, começou a participar de programas de calouros, sempre apresentando um repertório de ritmos estrangeiros, sem êxito. Até que, no programa de calouros de Ary Barroso, na Rádio Nacional, cantou o chamego Vira e mexe, obtendo grande sucesso.
Passou, então, a participar de vários programas radiofônicos e, em 1941, depois de acompanhar Genésio Arruda em uma gravação na Victor, foi convidado a gravar como solista. De início gravou apenas música instrumental - mais de 50 músicas. Lançou dois 78 rpm pela Victor com a mazurca Véspera de São João (com Francisco Reis), as valsas Numa serenata (de sua autoria) e Saudades de São João del Rei (Simão Jandi), e o chamego Vira e mexe. Ainda em 1941 foi contratado pela Rádio Clube do Brasil, apresentando-se em vários programas, entre os quais Alma do Sertão, onde substituiu Antenógenes Silva. Foi depois para a Rádio Tamoio, continuando também a gravar como sanfoneiro na Victor.
Em 1943, na Rádio Nacional, umas das principais divulgadoras de ritmos regionais, em obediência à política de união cultural de Getúlio Vargas, encontrou-se com o sanfoneiro Pedro Raimundo, cujos trajes tipicamente gaúchos faziam grande sucesso, e teve a idéia de vestir-se como vaqueiro nordestino. Nesse mesmo ano, conheceu seu primeiro parceiro, Miguel Lima, que colocou letra em Vira e mexe, transformando-a em Xamego, música gravada com sucesso por Carmen Costa. Nessa época recebeu de Paulo Gracindo o apelido de Lua.
No início de 1945, gravou pela primeira vez como cantor, lançando pela Victor sua mazurca Dança, Mariquinha (com Miguel Lima). Continuando a compor com Miguel Lima, gravou Dezessete e setecentos, que foi lançado também em 1945 pelo cantor Manezinho Araújo. No mesmo ano, lançou o chamego Penerô xerém (com Miguel Lima) e a mazurca Cortando pano (com Miguel Lima e Jeová Portela), obtendo significativo êxito. A partir de agosto do mesmo ano, tornou-se parceiro do cearense Humberto Teixeira, com quem estabeleceu o ritmo, o estilo e a temática de uma nova categoria musical: o baião.
A parceria com Humberto Teixeira voltou-se para os costumes e a cultura nordestinos e rendeu-lhe alguns dos maiores êxitos de sua carreira, como Baião, lançado pelos Quatro Ases e Um Curinga (1946), No meu pé de Serra (1946), Asa branca, um de seus principais sucessos (1947), e Juazeiro (1948). Ainda em 1945, assumiu a paternidade do filho da dançarina e cantora Odaléia, dando-lhe o nome de Luís Gonzaga Júnior, o Gonzaguinha.
Em 1948 casou-se com Helena das Neves. No ano seguinte, lançou com Humberto Teixeira mais uma composição de destaque, Mangaratiba, e em 1950 Paraíba e Baião de dois. Por essa época, passou a compor somente com o estudante de medicina José de Sousa Dantas Filho, o Zé Dantas, pois Humberto Teixeira, eleito deputado federal, deixou a parceria. Suas músicas se tornaram mais politizadas, por vezes denunciando o abandono do povo.
Em 1950 lançaram, entre outras, Cintura fina e A volta da asa branca. Três anos mais tarde, ABC do sertão e, depois, Algodão, Vozes da seca e Paulo Afonso. Em 1953 participou do programa No Mundo do Baião, na Rádio Nacional, ao lado de Paulo Roberto e Zé Dantas. O baião viveu sua época de ouro até 1954, quando era enorme a popularidade do compositor, apelidado Rei do Baião. Com a ascensão da bossa-nova, o baião caiu no esquecimento nos grandes centros urbanos. Afastado do cenário artístico, Luís Gonzaga preferiu apresentar-se em cidades do interior, onde continuava muito popular.
Em 1962, com o falecimento de seu parceiro Zé Dantas, passou a compor com outros músicos, entre os quais Hervé Cordovil e João Silva. Em 1965, Geraldo Vandré gravou Asa branca e Gilberto Gil, iniciando sua carreira, citou-o como uma de suas principais influências.
Na década de 1970, várias de suas músicas foram incluídas em gravações, como Asa branca, por Caetano Veloso, em 1971. No mesmo ano, lançou o LP O canto jovem de Luís Gonzaga, RCA, com composições de Gil, Caetano, Edu Lobo, Dori Caymmi, Geraldo Vandré e outros. Em março de 1972 fez um show no Teatro Teresa Raquel, do Rio de Janeiro, o Luís Gonzaga volta pra curtir.
Em 1977 participou do show comemorativo Trinta anos de baião, realizado no Teatro Municipal, de São Paulo, com Carmélia Alves, Hervé Cordovil e Humberto Teixeira. Lançou em 1979 o LP Eu e meu pai, pela RCA, em homenagem a seu pai, que faleceu em 1978.
No início da década de 1980, sua carreira ganhou novo impulso, graças principalmente a Gilberto Gil e Caetano Veloso. Em 1981, fez parceria com Gonzaguinha e, na tournée de divulgação de seu LP A vida do viajante, retomou a carreira de sucesso e ganhou o apelido de Gonzagão, que usou até a morte. No mesmo ano, lançou A festa, RCA, LP no qual interpreta, ao lado de Milton Nascimento, com grande sucesso, Luar do sertão.
Em 1984 obteve o primeiro disco de ouro com o LP Danado de bom (maioria das músicas em parceria com João Silva). Apresentou-se pela primeira vez na Europa em 1982, no Teatro Bobino, de Paris, França, a convite de Nazaré Pereira, cantora amazonense radicada em Paris. Em 1984 recebeu o Prêmio Shell e dois anos depois retornou a Paris, para fazer o show de encerramento do festival de música brasileira Coleurs Brésil. Nesse mesmo ano, foi lançado o livro Luiz Gonzaga, o rei do baião - Sua vida, seus amigos, suas canções, de autoria de José J. Ferreira (Editora Ática, São Paulo). Afastado das TVs e das rádios, ainda na década de 1980 continuava a apresentar-se em shows pelo interior do Brasil, cantando em quermesses, circos, cinemas, feiras e fábricas.
Em 1990, foi lançado o livro Eu vou contar pra vocês, de autoria de Assis Ângelo, Ícone Editora, São Paulo. Em 1996, a BMG lançou o CD triplo 50 anos de chão, uma reedição em CD da caixa de cinco LPs homônima, lançada em 1988, que compreendia o período de 1941 a 1987, com seleção dele mesmo. Mais um livro sobre sua vida foi lançado em 1996: Vida de viajante - A saga de Luiz Gonzaga, de autoria de Dominique Dreyfus e prefácio de Gilberto Gil (Editora 34, Coleção Ouvido Musical, São Paulo).
A Editora Globo lançou, em 1997, fascículo e CD Luiz Gonzaga, na série MPB Compositores, n° 20. No mesmo ano, o Jornal da Tarde lançou o CD e fascículo Luiz Gonzaga, na série MPB NO JT, nQ 5.
Participou de inúmeras iniciativas em prol dos flagelados pela seca no Nordeste, muitas vezes por conta própria. Em 1982, no show Nordeste urgente, em Natal RN, conheceu Alceu Valença, que participou de seu disco Luiz Gonzaga, 70 anos de sanfona e simpatia, em 1983. Em meados da década de 1980, criou a Fundação Vovô Januário, destinada a ajudar as mulheres de Exu.
Algumas cifras e letras
Veja também:

Marino Pinto

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Marino Pinto (Marino do Espírito Santo Pinto), compositor e jornalista, nasceu em Bom Jardim RJ, em 18/7/1916 e faleceu no Rio de Janeiro RJ, em 28/1/1965. Filho de Diogo Feliciano Pinto, barbeiro que tocava violão e cantava nas horas vagas, foi para o Rio de Janeiro, em 1927, morar com um tio. No ano seguinte, ingressou no Ginásio São Bento, onde conheceu o músico Plácido Oliveira, seu grande incentivador. Nessa época fez sua primeira composição, Ilka, dedicada à namorada.
Em 1929, freqüentando a Rádio Philips, tornou-se amigo do cantor Sílvio Caldas e da cantora Sônia Barreto. Em 1934 entrou na Faculdade de Direito, onde conheceu J. Maia, autor de teatro musicado, e o caricaturista Ozon, com os quais passou a freqüentar o meio jornalístico e o Café Nice, ponto de reunião dos artistas, tornando-se amigo dos grandes compositores da época, entre os quais Orestes Barbosa, Custódio Mesquita, Jorge Faraj e Mário Lago. Nessa época, trancou a matrícula na faculdade e começou a trabalhar no jornal Avante.
Em 1936, foi credenciado pelo jornal O Globo como seu representante na assembléia legislativa do Rio de Janeiro e, nessa função, conheceu o então interventor Ernâni do Amaral Peixoto, de quem se tornou amigo. Trabalhou depois nos jornais A Pátria, A Nação, O Mundo e A Nota e nas sucursais da Folha de S. Paulo.
Em 1939 fez a letra de Fale mal, mas fale de mim (com Ataulfo Alves), dedicado ao escritor teatral Paulo Magalhães e gravado por Araci de Almeida. No ano seguinte ainda com Ataulfo Alves, compôs Positivamente não e Continua, também gravados por Araci, na Victor. Ainda em 1940, fez Deus no céu e ela na terra (com Wilson Batista), gravado por Carlos Galhardo, e em 1941 compôs N-A-O-til, não (com Wilson Batista).
Em 1942 fez A morena que eu gosto (com Wilson Batista) e Aos pés da cruz (com Zé da Zilda), grande sucesso na voz de Orlando Silva. No ano seguinte, abandonou o jornalismo e passou a trabalhar como gerente da Casa Waldeck cujos vendedores eram Milton de Oliveira e Haroldo Lobo, o qual, mais tarde, seria seu parceiro no samba Por mais um pouco e na marcha Retrato do velho. Ainda em 1943, em parceria com Sílvio Caldas, compôs 50%, gravado por Araci de Almeida.
Deixando o emprego e dedicando-se somente à música, em 1945 compôs Ele disse adeus (com Claudionor Cruz), samba gravado por Araci de Almeida, na Odeon. Em 1946, com Nestor de Holanda e outros compositores, fundou a SBACEM. Nesse mesmo ano, compôs Eu, ele e você (com Luís Bittencourt), que foi gravado por Orlando Silva, na Odeon.
Em 1947 fez Cidade do interior (com Mário Rossi), lançado pela Odeon, na voz de Araci de Almeida. Ainda nesse ano, escreveu a segunda parte da letra de Segredo e Cabelos brancos, composições de Herivelto Martins que se tornaram grandes êxitos nas vozes de Dalva de Oliveira e dos Quatro Ases e Um Curinga, respectivamente. Também em 1947, compôs o samba Rei do circo (com José Roy e Mário Rossi), onde antecipava a candidatura de Getúlio Vargas à presidência da República.
No Carnaval de 1951 Vargas já era presidente, quando Francisco Alves lançou, com muito sucesso, a marcha Retrato do velho (com Haroldo Lobo). Nesse ano, foi nomeado censor do Departamento Federal de Segurança Pública e obteve novo sucesso com a gravação da música Se o tempo entendesse (com Mário Rossi), por Lúcio Alves.
Em 1957 e 1958 foi presidente do conselho deliberativo da SBACEM. Ainda em 1958, compôs Prece (com Vadico), gravado por Helena de Lima. Em 1959, foi eleito conselheiro vitalício da SBACEM e no ano seguinte tornou-se presidente da entidade. Ainda em 1960, Elizeth Cardoso lançou pela Copacabana o LP Magnífica, incluindo apenas composições dele com seus parceiros. Em 1962 e 1964 foi reeleito para a presidência da SBACEM.
De 1965 é sua última música, a valsa Minha cidade (com Mário Rossi). Deixou cerca de 300 composições, inclusive muitos sucessos de Carnaval, como Chega, já é demais (com Humberto Porto), gravado por Carlos Galhardo em 1940, e Jacarepaguá (com Paquito e Romeu Gentil), gravado pelos Vocalistas Tropicais em 1949.

Mário Rossi

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Mário Rossi, letrista, nasceu em Petrópolis RJ, em 23/5/1911, e faleceu no Rio de Janeiro RJ, em 12/10/1981. Aos dez anos já trabalhava durante o dia e estudava à noite, tendo cursado apenas até o terceiro ano ginasial, por causa das constantes mudanças de sua família, de origem italiana, em busca de melhores empregos como operários, passando pelo Rio de Janeiro RJ e por Barbacena MG, antes de voltar a Petrópolis.
Em 1925 trabalhou como balconista no comércio e ingressou na Escola de Aprendizes Marinheiros de Angra dos Reis RJ, que abandonou no ano seguinte. Estudou desenho de tecidos e por quatro ou cinco anos foi contramestre de tecelagem da Fábrica Andorinha, em Santo Aleixo RJ.
Por volta de 1930 enviou suas primeiras colaborações a jornais de Majé RJ e Angra dos Reis. Colaborou também em O Malho e, em 1933, no Jornal de Petrópolis, ingressando em seguida no Exército, no I Batalhão de Caçadores, do qual saiu como cabo no ano seguinte.
Transferiu-se definitivamente para o Rio de Janeiro em 1935, trabalhando durante oito meses num escritório e, a partir de 1936, como guarda-civil, quando ficou conhecendo o "rei das valsas" Gastão Lamounier. Com ele compôs a valsa E o destino desfolhou, gravada em 1937 por Carlos Galhardo na Odeon. Publicou no mesmo ano seu livro Poemas para ler e esquecer.
Em 1943 deixou a Guarda-Civil. Seu maior sucesso foi Renúncia (com Roberto Martins). Outros cantores que gravaram suas composições foram Gilberto Alves, Dalva de Oliveira e Vicente Celestino, e entre seus principais parceiros, além de Gastão Lamounier e Roberto Martins, estão Marino Pinto, Newton Teixeira e também Vicente Celestino. Embora a principal fase de sua extensa obra como letrista tenha sido na década de 1940, continuou escrevendo, e em 1975 compôs, com Adelino Moreira, o samba Orgulhosa.
Obras
Beija-me (c/Roberto Martins), samba, 1943; Dorme que eu velo por ti (c/Roberto Martins), 1942; E o destino desfolhou (c/Gastão Lamounier), valsa, 1937; Orgulhosa (c/Adelino Moreira), samba, 1975; Renúncia, (c/Roberto Martins), fox, 1943; Restos de ventura (c/Gastão Lamounier), valsa, 1938; A valsa dos noivos (c/Roberto Martins), 1944.

Raul Torres

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Raul Montes Torres, cantor e compositor, nasceu em Botucatu SP (11/7/1906) e faleceu em São Paulo SP (12/7/1970). Filho de espanhóis, nasceu e foi criado na cidade paulista de Botucatu, onde participava de pagodes e quermesses com amigos, cantando modas-de-viola. Para ingressar profissionalmente na vida artística, foi para São Paulo, arranjando de início emprego de cocheiro, com ponto no Jardim da Luz, mas cantava sempre que surgisse oportunidade, em cabarés, circos, teatros e bares. Ouvindo os sucessos da época, como Augusto Calheiros, Turunas da Mauricéia e Jararaca e Ratinho, mudou o estilo de cantar, adotando o gênero nordestino, principalmente as emboladas, que faziam grande sucesso.
Em 1927 entrou para a Rádio Educadora Paulista (depois Gazeta), que pela primeira vez reunia um elenco popular, em que figuravam Paraguaçu, Pilé, o violonista Canhoto e Arnaldo Pescuma, entre outros. No ano seguinte, com a inauguração da Rádio Cruzeiro do Sul (depois Piratininga), foi convidado a atuar no seu elenco, ao lado de Paraguaçu e Arnaldo Pescuma.
Em 1927 gravou seu primeiro disco no selo Brasilphone, de São Paulo, com a embolada Segura o coco, Maria e o samba Verde e amarelo, ambos de sua autoria. Na Columbia lançou, de sua autoria, Olha o rojão, além de Mauricéia (A. Portela e Marabá), com o Regional do Canhoto, Belezas de minha terra (com José Val) e O que tem o cotia e A festa do sapo (ambas de sua autoria). Nessa gravadora, em 1930 e 1931, na série caipira de Cornélio Pires, gravou com o pseudônimo de Bico Doce, acompanhado de Sua Gente do Norte, Galo sem crista, de sua autoria, e mais três composições.
No mesmo período, gravou também na Parlophon, com o nome de Raul Torres e os Turunas Paulistas, no gênero moda-de-viola, várias de suas composições, entre as quais Rola rolinha (com Atílio Grany), Oi Juvená, Caipira no mercado (com Atílio Grany e Arnaldo Pescuma), e o grande sucesso Olhos de morena, com acompanhamento do conjunto Os Chorões. Além dessas, a consagrada embolada Jacaré no caminhão, Saudade de Rio Pardo, interpretada em dupla com Azulão (Artur Santana), também apresentada na cena cômica de Genésio Arruda Uma festa no arraial. Destacaram-se ainda interpretações suas como o cateretê Não zanga comigo não (Nair Mesquita), gravado em dupla com a autora, pela Columbia, que passou a Continental posteriormente.
Em 1933 gravou pela Odeon Sereno cai, toada, com coro de Francisco Alves, Castro Barbosa, Moreira da Silva, Jaime Vogeler e Jonjoca, e a embolada Pisei no rabo do tatu. Lançou ainda a embolada Sururu no galinheiro e o jongo A morte de um cantador (ambas de sua autoria), interpretadas em dueto com Nestor Amaral. No mesmo ano conheceu João Pacífico, com quem formou dupla vocal, gravando, na Odeon, acompanhado pelo seu conjunto Embaixada, a embolada Seu João Nogueira, de autoria da dupla. Com a Embaixada lançou ainda Balança os cacho, sinhá, embolada do compositor e caricaturista cearense Manuel Queirós, e o clássico da música sertaneja Mestre carreiro (de sua autoria). Depois, formou um duo com seu velho amigo, de Botucatu, Joaquim Vermelho, com quem gravou na Odeon as modas-de-viola A codorninha e Sistema americano, composições da nova dupla, e Caninha verde (com Luís Machado). Com Florêncio, lançou em disco Apelido dos jogadores (com Palmeira).
Em 1935 gravou na Columbia a marchinha Dona Boa (Adoniran Barbosa e J. Aimberê) e, na Odeon, sua composição A cuíca tá roncando, batucada, sucesso no Carnaval carioca desse ano e premiada em Portugal. Transferiu-se em 1937 para a Victor, na qual, em dupla com seu sobrinho Antenor Serra, o Serrinha, gravou Cigana, moda-de-viola de sua autoria, com João Pacífico, a toada Chico Mineiro (Tonico e Tinoco e Francisco Ribeiro) e a moda-de-viola Adeus campina da serra (com Cornélio Pires). Depois, novamente em dupla com Serrinha, lançou a moda-de-viola Boiada cuiabana (de sua autoria), que se transformou em grande sucesso da dupla Tonico e Tinoco. Gravou ainda a famosa valsa Saudades de Matão (com Jorge Galati e Antenógenes Silva), em que formou trio com Serrinha e Mariano.
Em 1938, em dupla com Serrinha, gravou sua composição Balanceiro da usina, embolada, sendo, no mesmo ano, contratado pela Rádio Record de São Paulo. No ano seguinte, a dupla lançou em disco as toadas Do lado que o vento vai e Meu cavalo zaino, (ambas de sua autoria).
Em 1940, com João Pacífico, gravou Cabocla Tereza, Minas Gerais, toada, e A mulher e o trem, moda-de-viola, todas de autoria da dupla, o cateretê de sua autoria Trem de ferro, e a marcha Tem boi na linha (com Rui Martins). No ano seguinte, com Serrinha, lançou sua composição Mingirinha, de grande sucesso, e, em 1942 na Odeon, suas composições Mourão de porteira (com João Pacífico), grande sucesso, Campo Grande, Mulambaia, Conceição (com Aparício Cerqueira), Sexta-feira 13 (com Capitão Furtado), O rei mandou me chamar (autoria da dupla), Cadê minha morena (com João Pacífico) e Vamos pra São Manuel, entre outras. No ano seguinte, foram feitas na Continental as últimas gravações da dupla Raul Torres e Serrinha, como A Copa do Mundo, Meus padecimentos, Moda do viaduto e Quero vê... quero oiá (todas de sua autoria).
Depois de separados, tio e sobrinho ainda vieram a gravar as composições de sua autoria Cheguei na casa da véia, Eu fui passiá em São Paulo e Quando eu cantei no rádio. Formou então nova dupla, com João Batista Pinto, o Florêncio (Barretos SP 1910-), com quem já havia gravado dez anos antes, lançando em disco, em 1944, Pingo d'água e depois A moda da mula preta, clássicos da música sertaneja (ambas com João Pacífico).
A partir de 1945 fez poucas gravações, como Feijão queimado (com José Rielli), arrasta-pé de grande sucesso, principalmente nas festas caipiras, e posteriormente Enquanto a estrela brilhar (com João Pacífico).
Deixou em 78 rotações cerca de 204 discos com 398 gravações. Passou a dedicar-se mais ao rádio e fez na Rádio Record, de São Paulo, o programa Os Três Batutas do Sertão, formando o trio de mesmo nome inicialmente com Florêncio e José Rielli, e a partir de 1947, com Florêncio e Rielli Filho (Emílio Rielli).
Sua consagrada composição Mestre carreiro foi interpretada no filme Sertão em festa (Osvaldo de Oliveira, 1970), por Tião Carreiro e Pardinho. Em 1970, gravou com Os Três Batutas do Sertão, pela gravadora Vitória, o LP O maior patrimônio da música sertaneja, vindo a falecer alguns dias depois.
Algumas músicas
Veja também:

René Bittencourt

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René Bittencourt (René Bittencourt Costa), compositor nasceu em Paquetá RJ em 23/12/1917 e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 21/11/1979. Durante muitos anos foi animador de shows de circos e teatros, e empresário de artistas. Mais tarde, como jornalista, colaborou em várias revistas e jornais especializados em música.
Sua primeira composição gravada foi o samba Felicidade (com Noel Rosa), que também o gravou em disco Columbia, em 1932. O primeiro sucesso foi Sertaneja, canção gravada por Orlando Silva na Victor em 1940. No ano seguinte, também pela Victor, Orlando Silva gravou Sinhá Maria. Em 1945 foram gravadas Era uma vez, por Gilberto Alves, e Senhor da floresta, por Augusto Calheiros, ambas na Victor.
Em 1947 Augusto Calheiros gravou Garoto da rua, na Victor. Em 1957 Caubi Peixoto gravou Prece de amor, pela Columbia, e em 1958 Nono Mandamento (com Raul Sampaio), pela Victor. Compôs ainda, em parceria com Francisco Alves, Canção da criança e Brasil de amanhã, ambas gravadas pelo cantor, acompanhado pelo Coro das Crianças da Casa de Lázaro, na Odeon, em 1952.
Durante 25 anos assinou a seção Feira de Amostras da Revista do Rádio. Foi membro do conselho deliberativo da SBACEM e integrante de suas comissões de finanças e repertório.

Waldir Azevedo

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Waldir Azevedo, instrumentista e compositor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 27/1/1923 e faleceu em São Paulo em 21/9/1980. Nascido no bairro da Piedade e criado no Engenho Novo, aos sete anos comprou uma flauta transversal com o dinheiro obtido na venda dos passarinhos que apanhava. Influenciado por amigos com que se reunia aos sábados para tocar, resolveu trocar a flauta pelo bandolim. Passou depois para o cavaquinho, instrumento que deixou de lado quando entrou em moda o violão elétrico. Por essa época também tocava violão, mas foi como flautista que se apresentou em público pela primeira vez, no Carnaval de 1933, executando o Trem blindado (João de Barro) no Jardim do Meyer.
Problemas cardíacos o impediram de realizar seu sonho de ser aviador, e empregou-se na Light. Em 1945, quando passava a lua-de-mel em Miguel Pereira RJ, recebeu um telefonema de um amigo, avisando sobre uma vaga no regional de Dilermando Reis, em um programa da Rádio Clube do Brasil. Tocou cavaquinho durante dois anos no conjunto, assumindo sua liderança em 1947, com a saída de Dilermando Reis.
Sua primeira composição foi o choro Brasileirinho, cuja parte inicial é quase toda numa só corda, gravado na Continental, por sugestão de João de Barro, diretor artístico da gravadora. A década de 1950 representou o ponto mais alto de sua carreira, fazendo muito sucesso com as composições Delicado (baião), Pedacinhos do céu, Chiquita e Vê se gostas, entre outras.
Durante 11 anos percorreu a América do Sul e a Europa, incluindo duas excursões patrocinadas pelo Itamarati, na Caravana da Música Brasileira, e nas outras com o seu conjunto. Suas músicas foram gravadas no Japão, Alemanha, EUA., onde o disco de Percy Faith e sua orquestra, com a faixa Delicado, vendeu mais de um milhão de cópias. Participou de um programa na B.B.C. de Londres, Inglaterra, transmitido para 52 países.
Teve 132 músicas gravadas, entre chorinhos, valsas e baiões, lançou 20 LPs (um deles com Jacó do Bandolim) e cerca de 50 discos de 78 rpm. Em 1964, por morte de sua filha, afastou-se dos meios musicais. Mudou-se para Brasília DF em 1971, onde sofreu um acidente com um cortador de grama em que quase perdeu seu dedo anular, impedindo-o de tocar durante um ano e meio. Recuperou-se somente depois de várias cirurgias e muitos exercícios, voltando a gravar.

Zé da Zilda

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Zé da Zilda (José Gonçalves), compositor e cantor nasceu no Rio de Janeiro RJ em 6/1/1908 e faleceu em 10/10/1954. Filho de músico, nascido no subúrbio de Campo Grande, aos cinco anos começou a se interessar pelo cavaquinho, aprendendo os rudimentos de música com o pai. Por volta de 1920 morava no morro da Mangueira, onde fez amizade com vários sambistas, entre os quais Cartola, que mais tarde seria seu parceiro.

Na companhia teatral Casa de Caboclo, organizada por Duque, começou a cantar emboladas e sambas, acompanhando-se ao cavaquinho e violão, e interpretando o personagem Zé com Fome, que durante muito tempo foi seu nome artístico.

A convite de Duque, ingressou na Rádio Educadora, formando dupla com Pente Fino (Claudionor Cruz). Depois foi para a Rádio Transmissora, já como chefe de um regional e com programa próprio, no qual conheceu a cantora Zilda, que fazia sua estréia. Com ela formou inicialmente a Dupla da Harmonia.

No Carnaval de 1936, seu samba Não quero mais (com Cartola e Carlos Cachaça), foi cantado com grande sucesso pelo G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira, na Praça Onze, gravado no ano seguinte por Araci de Almeida, na Victor, e mais tarde relançado por Paulinho da Viola, no LP Nervos de aço, com o nome de Não quero mais amar a ninguém .

Em 1938 casou com Zilda e passaram a atuar na Rádio Clube do Brasil. Em seguida, Orlando Silva gravou na Victor Meu pranto ninguém vê (com Ataulfo Alves). Em 1939 a dupla passou a atuar na Rádio Cruzeiro do Sul, no programa de Paulo Roberto, que os batizou de Zé da Zilda e Zilda do Zé, nome que adotaram em suas apresentações, inclusive em circos.

Em 1940, participou da gravação de Leopold Stokowski no navio Uruguai, para o álbum de música brasileira editado nos EUA pela Columbia. No ano seguinte compôs, com Marino Pinto, o samba Aos pés da cruz, gravado por Orlando Silva na Victor com grande sucesso.

Com seus choros Fim de eixo e Levanta, José, a dupla estreou em disco, na Victor, em 1944. A partir dessa época realizaram várias gravações de músicas suas e de outros compositores, como Só pra chatear (Príncipe Pretinho). Em 1945 começaram, com grande sucesso, a gravar para o Carnaval, estreando com Conversa, Laurindo (com Ari Monteiro), na Continental, e ao mesmo tempo trabalharam na Rádio Mayrink Veiga.

Do Carnaval de 1954 é o grande sucesso da dupla, em parceria com Zilda e Valdir Machado, a marcha Saca-rolha, conhecida por seu primeiro verso, "As águas vão rolar...", que eles mesmos gravaram na Odeon. No mesmo ano lançaram para o Carnaval o samba Jura (com Marcelino Ramos e Adolfo Macedo).

Pouco antes de morrer, deixou gravados com Zilda, para o Carnaval de 1955, a marcha Ressaca(da dupla com Valdir Machado) e o samba Império do Samba (da dupla). No ano seguinte Zilda homenageou sua memória com o samba Vai que depois eu vou (com Zilda do Zé, Adolfo Macedo e Aírton Amorim), lançado pela Odeon, com enorme sucesso. Voltou a lembrar o marido, com o samba Vem me buscar (Zilda com Adolfo Macedo).

Outras músicas de sua autoria, entre as quais os sambas de breque Nega zura, Mulher malandra e Garota Copacabana, foram gravadas e relançadas por Jorge Veiga em 1975, no seu LP O melhor de Jorge Veiga, pela Copacabana.

Obras

Aos pés da cruz (c/Marino Pinto), samba, 1942; Conversa, Laurindo (c/Ari Monteiro), samba, 1945; Fim de eixo, choro, 1944; Garota Copacabana, samba, 1975; Império do samba (c/Zilda do Zé), samba, 1954; Jura (c/Marcelino Ramos e Adolfo Macedo), samba, 1954; Levanta José, choro, 1944; Meu pranto ninguém vê (c/Ataulfo Alves), samba, 1938; Mulher malandra, samba, 1975; Não quero mais (Não quero mais amar a ninguém) (c/Cartola e Carlos Cachaça), samba, 1937; Nega zura, samba, 1938; Quem mente perde a razão (c/Edgard Nunes), samba, 1942; Ressaca (c/Zilda do Zé e Valdir Machado), marcha, 1953; Saca-rolha (c/Zilda do Zé e Valdir Machado), 1953; Santo Antônio amigo (c/Marino Pinto e J. Cascata), samba, 1941.