quinta-feira, 17 de maio de 2007

Ericsson Martha

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Ericsson Martha, cantor, estreou em discos em 1943, quando gravou pela Columbia, com acompanhamento de Benedito Araújo e seu conjunto regional, o samba O "X" da questão e a marcha Alto lá, seu João!, ambas de Humberto Teixeira e Carlos Barroso.

Em 1945, na Continental, gravou com acompanhamento de Benedito Lacerda e seu conjunto regional, a valsa Nininha, de Benedito Lacerda e Mário Rossi e o samba Manchete de estrelas, de Benedito Lacerda e Orestes Barbosa. Em seguida, gravou com acompanhamento de orquestra as valsas Morena e Primavera, de Irene de Almeida e Valter de Almeida.

No mesmo ano, trasferiu-se para a gravadora Victor e gravou a marcha-hino Paz e o samba Brasil, ambas de Benedito Lacerda e Aldo Cabral, que seguiam o espírito patriótico daqueles tempos de guerra. Em seguida, gravou dois sambas Pedro da Conceição, de Benedito Lacerda e Eratóstenes Frazão e Não quero, de Benedito Lacerda e Aldo Cabral, com acompanhamento de Benedito Lacerda e seu conjunto regional.

Em 1946, gravou um último disco na Victor com os choros Minha prece, de René Bittencourt e Luiz Bittencourt, e Amoroso, de Garoto e Luiz Bittencourt, com acompanhamento de Garoto e seu conjunto.Em seguida, transferiu-se para a Continental e gravou com acompanhamento de Napoleão Tavares e Seus Soldados Musicais, os sambas História do Brasil, de Lauro Maia e Mendonça de Souza e Onde trabalha o seringueiro, de Mendonça de Souza.

Em 1948, transferiu-se para o selo Star, futura Copacabana, e gravou com acompanhamento de Raul de Barros e Sua Orquestra os sambas Meia-noite, de Humberto Paiva e Sebastião Cirino, além de Nós somos de lá, de Lauro Maia.

Em 1950, ingressou na Todamérica e em seu primeiro disco na nova gravadora lançou com acompanhamento de orquestra a marcha Falsa colombina e o samba Lá vem ela, ambas de Saint-Clair Sena. No ano seguinte, gravou de Armando Braga e Amauri Silva, com acompanhamento de Sebastião Cirino e sua orquestra, os sambas Humilhação e Oceano de pranto. Também em 1951, gravou com acompanhamento de orquestra os sambas Hino ao samba e Samba do adeus, de autoria da dupla José Maria de Abreu e Jair Amorim. Gravou também o samba Rosa maliciosa, de Sebastião Cirino e Rogério Nascimento.

Em 1952, gravou o samba No alto da serra, de Paulo Barbosa e Alberto Ribeiro, e o bolero Réstea de luz, de Amauri Silva e Almeida Filho.Gravou em 1953 os sambas Como bebe esse rapaz, de Rui de Almeida, Guido Medina e Orlando Trindade, e Vou beber, de Paulo Marques, Ailce Chaves e Sávio Barcelos.

Em 1954, gravou um último disco na Todamérica com a canção Mama, de Cherubini e Bixio, com versão de Guido Medina e a toada-baião Ave Maria do sertão, de Conde e Pádua Muniz.

Em 1955, contratado pela Odeon, gravou a valsa Quando a mulher erra, de Cicognini, Weston e Cahn, com versão de Júlio Nagib, e o samba Gesto covarde, de Henrique Gonçalez.
Em 1956, gravou o fox Esperando você , de Zareth e North, com versão de Haroldo Barbosa, e a valsa Bodas de Prata, de Roberto Martins e Mário Rossi, com acompanhamento de Osvaldo Borba e sua orquestra. No final dos anos 1950, já em fim de carreira e sem maiores oportunidades, gravou um disco pelo selo Araribóia com a valsa Uma alegria sem fim e o fox Estrela vazia, de L. V. Mota (fonte: Dicionário Cravo Albin da MPB).

Fon-Fon

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Fon-Fon (Otaviano Romero Monteiro), regente, arranjador, instrumentista e compositor nasceu em Santa Luzia do Norte/AL em 31/01/1908 e faleceu em Atenas/Grécia em 10/08/1951. Iniciou as atividades musicais aos dez anos, tocando piano numa zabumba em sua cidade.
Foi para Recife/PE estudar no Colégio Batista, mas, logo depois, abandonou a escola e voltou para Santa Luzia do Norte, onde recebeu convite para trabalhar no interior do Estado de São Paulo. Quando chegou a São Paulo/SP, resolveu permanecer na capital, mas, sem carteira de reservista, e, portanto, sem possibilidades de conseguir emprego, ingressou no Batalhão de Polícia, pensando em participar da banda (o que não foi possível porque não sabia ler música). Voltou para sua terra e, em seguida, foi para Maceió/AL, onde passou a trabalhar como correntista em um escritório. Nessa época, começou a estudar música.
Em 1927, transferiu-se para o Rio de Janeiro/RJ, para servir no 2º Regimento de Infantaria. Com o mestre de frevo Garrafinha, contramestre da banda do regimento, aperfeiçoou seus conhecimentos musicais, estudando saxofone. O apelido foi-lhe dado pelo clarinetista Dedé, companheiro de regimento, porque, quando tocava saxofone, não tirava os agudos com clareza e o som saia sempre parecido com fon-fon.

Por essa época, começou a tocar em "dancings". Numa festa em que Dedé faltou, substituiu-o na clarineta, interpretando, com muito sucesso, You Are Meantfor Me. Em 1930, deixou o Exército e passou a atuar em diversos conjuntos, e com um deles fez uma viagem à Argentina, onde permaneceu por um ano. De volta ao Brasil, ingressou na Orquestra de Romeu Silva e, posteriormente, na de Silvio Sousa.
Em 1935, por motivo de doença, afastou-se das atividades musicais, retomadas em 1939, quando começou a ensaiar sua própria orquestra. Nessa primeira tentativa, não teve êxito. Mais tarde, reuniu novos músicos, com os quais passou a atuar no Cassino Assírio, tendo o maestro Radamés Gnattali como arranjador.
Com o mesmo estilo das orquestras de danças norte-americanas que faziam grande sucesso na época, como as de Benny Goodman, Tommy Dorsey e Artie Shaw, a Orquestra de Fon-Fon alcançou muito êxito entre a elite carioca, freqüentadora do cassino. Em 1941, com sua orquestra, excursionou por Buenos Aires, Argentina, onde se apresentou na Radio Splendid.
De 1942 a 1947, no Brasil, o grupo fez o acompanhamento em dezenas de gravações, na Odeon, para os maiores cantores da época. Gravou poucos discos instrumentais, entre os quais o famoso choro Murmurando (de sua autoria e Mário Rossi), em 1946, na Odeon.
Em 1947, Fon-Fon e sua Orquestra foram para Paris, França, a convite do Club des Champs Elysées, permanecendo na Europa até 1951, e apresentando-se em diversos países, inclusive a Grécia, onde morreu.
Foi no exterior que a orquestra gravou seu único LP, na etiqueta London, não editado no Brasil. Foi o primeiro chefe de orquestra uma banda com naipes de saxofone e metais (trombones e trompetes), com uma sonoridade característica e identificável, contribuindo também para o sucesso de diversos cantores importantes que acompanhou. (fonte: Collector's)

Floriano Belham

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Floriano Belham (Floriano da Costa Belham), cantor, nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 3/2/1913 e faleceu em 20/9/1999. Atuava numa festa escolar quando o empresário Armando Alvim levou-o para cantar em sessões teatrais com Francisco Alves, Patrício Teixeira, Augusto Calheiros e outros.
Durante dois anos apresentou-se em espetáculos teatrais, até que começou a gravar na Victor em 1930. Por ser de estatura pequena, magro e ter voz infantil, passava por ter menos idade, saindo nos selos dos discos “menino Floriano Belham”. No disco de estréia, gravou as canções Canção do ceguinho (Cândido das Neves) e Mamãezinha está dormindo (André Filho), esta com grande sucesso.
Em 1931, no disco seguinte, gravou as canções Sinhá (Caninha) e Cinzas de amor (Cândido das Neves). Nesse ano, lançou o fox-canção A carícia de um beijo (Joubert de Carvalho e Olegário Mariano), a canção Quando a noite desce (Roberto Borges e André Filho) e o choro Minha cabocla, de sua autoria. Foi contratado do Programa Casé e conviveu com os artistas da época.
Voltou a gravar em 1935, lançando o primeiro sucesso nacional de Ataulfo Alves, o samba-canção Saudades do meu barracão, a pedido dele, e, no outro lado, o samba-canção Morena que dorme na rede (Roberto Martins e Valfrido Silva). Nesse ano, gravou também as valsas-canções Vestido de lágrimas e Soluços (ambas de Sílvio Caldas e Orestes Barbosa).
Deixou a carreira em 1938, tendo gravado oito discos em 78 rpm com 16 músicas, o ultimo em 1936. CDs: Ataulfo Alves vol. 1, 1995, Revivendo RVCD 086; Carnaval vol. 17, 1995, Revivendo RVCD 097.

Francisco Carlos

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Francisco Carlos (Francisco Rodrigues Filho), cantor, nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 5/4/1928 e faleceu em 19/8/2003. Passou a infância em Recife/PE, retornando ao Rio de Janeiro quando tinha 11 anos, onde completou seus estudos, diplomando-se em pintura pela Escola Nacional de Belas Artes.
Quando estudante, apresentou-se no Programa Casé, da Rádio Mayrink Veiga, sendo contratado como cantor profissional, em 1946, pela Rádio Tamoio, de onde se transferiu para a Rádio Globo.
Gravou seu primeiro disco em 1950 na Victor, a marcha carnavalesca Meu brotinho (Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga), de grande sucesso, e o samba Me deixa em paz, dos mesmos autores. Naquele ano ainda, participou de dois filmes, Aviso aos navegantes, de Watson Macedo, e Não é nada disso, de José Carlos Burle.
Contratado pela Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, foi eleito o melhor cantor do ano em 1953, ultrapassando Francisco Alves na votação dos ouvintes. Participou dos filmes Carnaval Atlântida (direção de José Carlos Burle, 1952), Colégio de brotos (1956), Garotas e samba (1957) e Esse milhão é meu (1958), os três dirigidos por Carlos Manga.
Em 1958 foi eleito Rei do Rádio, recebendo o apelido de El Broto. Seu slogan era o Cantor Namorado do Brasil. Em 1962 viajou pela Europa com a V Caravana da UBC e, a partir da década de 70, deixou a carreira musical para se dedicar à pintira de estilo acadêmico.

Patrício Teixeira

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Patrício Teixeira, cantor e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 17/3/1893 e faleceu em 9/10/1972. Por volta de 1918, fez suas primeiras gravações, na Odeon, passando depois a gravar pela Parlophon, Columbia e Victor.
Companheiro de grandes chorões, como Pixinguinha, Donga, Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco, sua discografia é bastante extensa, incluindo um repertório variado de modinhas, sambas de partido-alto, emboladas, toadas sertanejas e composições carnavalescas.
A partir de 1926 dedicou-se ao ensino de canções brasileiras acompanhadas ao violão, tendo sido professor de mais de uma geração de “senhorinhas” da elite carioca. Em 1927 gravou Casinha pequenina (domínio público) e Caboca bunita (Catulo da Paixão Cearense).
Com a Orquestra dos Oito Batutas, gravou, em 1928, pela Odeon, o samba de Pixinguinha Pé de mulata e, nesse mesmo ano, excursionou pelo Brasil com Pixinguinha e Donga. No ano seguinte, lançou em disco Odeon Trepa no coqueiro (Ari Kerner) e Gavião calçudo (Pixinguinha).
Nas décadas seguintes gravou outros sucessos: em 1930, pela Odeon, o samba Xoxô (Luperce Miranda); em 1932, pela Odeon, Cabide de molambo (João da Baiana); em 1933, pela Victor, Tenho uma nega (Benedito Lacerda e Osvaldo Vasques); em 1937, pela Victor, Não tenho lágrimas e Sabiá-laranjeira (ambas de Max Bulhões e Milton de Oliveira); em 1938, pela Victor, Desengano (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira); em 1941, pela Victor, Sete horas da manhã (Ciro de Sousa) e O bonde do horário já passou (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira); e, em 1956, pela RCA Victor a canção Azulão (Hekel Tavares e Luiz Peixoto).
Entre seus alunos destacam- se Olga Praguer Coelho, Linda Batista, Aurora Miranda e Nara Leão. Passou seus últimos dias numa chácara, no bairro carioca da Gávea, de propriedade do amigo Osvaldo Rizzo, e em cujo jardim existe um busto de bronze em sua homenagem.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - PubliFolha.

João Pacífico

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"Se um dia vocês virem as folhas amarelas, não reparem, foi a saudade quem pintou" (João Pacífico, 05/08/1909-30/12/1998).
Desde 1923 um grupo de oficiais e alguns civis conspiravam contra o governo de Artur Bernardes. Embora estendida por todo o país, a conspiração concentrava-se em São Paulo e era liderada pelo general Isidoro Dias Lopes, pelo major Miguel Costa, além de João Cabanas e Joaquim Távora, contando com o apoio da Força Pública Estadual.
Na madrugada de 5 de julho de 1924, São Paulo caiu nas mãos dos revoltosos. Três dias depois, o Presidente do Estado de São Paulo, Carlos de Campos, entregou a cidade ao comando revolucionário. Tomado de surpresa, o governo federal mobilizou suas forças (14 mil legalistas contra 3.500 revoltosos) e bombardeou a cidade às cegas, atingindo residências particulares e civis assustados.
Foi nesse clima, em plena revolução paulista de 1924 que um sujeito chamado João Pacífico, então funcionário da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, desembarcou na cidade de São Paulo.
Naquela época, esse neto de escravos que havia nascido numa fazenda perto de Cordeirópolis, cursado o grupo escolar em Limeira, jamais pensaria um dia virar cidadão paulistano, receber discos de ouro e compôr mais de 1.200 músicas, além de ser um dos maiores compositores da música sertaneja do Brasil. Pois a revolução de 1924, já é coisa do passado.
Entretanto, o início da profissionalização de João Pacífico, só iria ocorrer 10 anos depois, em 1934, quando começa a trabalhar na Rádio Cruzeiro do Sul, "que não tinha programa de auditório, mas tinha um dos mais competentes estúdios do país".
Seu ingresso na rádio foi resultado de um encontro entre o futuro compositor e o príncipe dos poetas, Guilherme de Almeida no carro-restaurante de um dos trens da Paulista: "Eu declamei uma poesia minha para ele, que gostou e me deu um cartão para eu me apresentar na Cruzeiro do Sul. Na rádio, Guilherme me apresentou ao Raul Torres. Então começou a minha vida sertaneja."
Pacífico hoje é um bem sucedido moleque (no sentido carinhoso do termo), de 74 anos, morando numa gostosa casa em São Paulo. Ao lembrar do começo de sua carreira, dá uma sonora gargalhada e fala que quando veio para São Paulo em 1924 continuou o trabalho na Companhia Paulista e depois foi trabalhar na Sociedade Harmonia de Tênis, "eu fui prá lá indicado por um amigo, e fiquei por onze anos, pois a rádio era só bico. Só sai do Harmonia porque um dos diretores do clube que também era diretor do Banco Ítalo-Belga me levou para trabalhar com ele. No banco eu fiquei 38 anos, até me aposentar. Aliás, tenho duas aposentadorias: bancário e compositor. Uma com 38 anos de trabalho e outra com 45".
Voltando a falar de sua "vida sertaneja", João Pacífico conta que sua primeira música gravada foi uma embolada. Isso porque na época – no final da década de 1920 – quem começasse tinha que começar mesmo com embolada, pois era o que as gravadoras queriam lançar. A embolada foi gravada por Raul Torres e Aurora Miranda, saiu pelo selo Odeon, e foi feita em homenagem a um amigo de Pacífico que morava em Campinas.
Foi assim que Seu João Nogueira virou nome de música com o seguinte estribilho: "Seu João Nogueira/ O que é essa mariquinha / eu vou soltar meu galo / prá prender a sua galinha". "Mas depois de falar em galo e galinha", diz, "eu passei para o romance, para a tragédia. A primeira música minha que ficou realmente conhecida foi Chico Mulato (Na volta daquela estrada/ bem em frente de uma encruzilhada/ todo ano a gente via/ lá no meio do terreiro/ a imagem do padroeiro/ São João da Freguesia/ do lado tinha a fogueira/ e ao redor, a noite inteira/ tinha caboclo violeiro/ tinha a tal de Terezinha/ cabocla bem bonitinha, sambava neste terreiro...).
Com essa música, eu comecei aquelas histórias de declamar e depois cantar, pois minhas letras dão sempre metro e meio de verso e os intérpretes tinham dificuldades em colocar isso tudo num 78 RPM".
João Pacífico conta que uma vez Mister Evans, chairman da Colúmbia no Brasil, mandou cortar um pouco a orquestração, apertar um pouquinho, imprimir um pouco mais depressa, enfim, mandou dar um jeito para que a música coubesse todinha em um lado do 78 RPM, mas "o interessante é que ele gostou, e mandou me avisar que quando fizesse outras músicas, fizesse daquele jeito de – e capricha no sotaque – falar e cantar. Segui o conselho e logo em seguida não só fiz com o proseado e canto, mas fiz a minha primeira vítima em música: matei a personagem."
A música é a hoje clássica Cabocla Tereza, gravada em 1936. A primeira gravação de Cabocla Tereza foi feita pelo Raul Torres (proseado) e Florêncio (parte cantada), é até hoje ainda gravada. Sem dúvida alguma, é uma das composições mais conhecidas de Pacífico. A história de um sujeito que, enciumado, possessivo, acaba matando a amada porque ela "felicidade não quis". Esta é uma das músicas mais conhecidas do cancioneiro nacional.
Composta cerca de quatro anos antes da data de gravação, Cabocla Tereza se encaixa perfeitamente na argumentação que João Pacífico dá à aceitação das suas músicas. Para ele, o caboclo gosta de história completa, gosta de música que tem começo, meio e fim, gosta dessa coisa de folhetim, de história como se fosse notícia de jornal.
"O caboclo é muito simples nisso, ele gosta muito que uma música conte uma história, uma história com a qual ele se identifique. Eu percebi isso quase que sem querer, apenas sentindo a aceitação do público pela minha música", conta Pacífico.
Existe um questão que intriga o compositor com relação a esta música: "Olha, quase todas as duplas do país já gravaram músicas minhas e, ainda hoje, chega gente aqui em casa e fala: "Seu João, a gente queria gravar Cabocla Tereza", e eu respondo: mas a Cabocla Tereza já tá velha, já teve enfarte. Tem tanta coisa nova por ai, mas não, eles insistem e eu tenho que deixar."
Velha, enfartada ou não, o fato é que esta música virou roteiro e depois filme. Filme que deu chances para que João Pacífico pudesse utilizar suas qualidades de compositor num trabalho, para ele, até então inédito, aliás, dois: trabalhar sob encomenda e fazer uma trilha para cinema.
Para isso o compositor assistiu ao copião e depois sentou – era um início de noite – numa austera mesa de jacarandá que existe em sua sala de visitas. Quando começou a amanhecer o dia, o trabalho estava feito: cada trecho – para ele - importante do filme tinha uma música que se encaixava com o clima. Pacífico aproveita a deixa do filme e reclama que a Chantecler, gravadora que lançou o disco, só lhe deu um que foi devidamente roubado.
Depois de Cabocla Tereza, o grande sucesso de João Pacífico foi com a música Pingo d'água, composta em 1944 na cidade paulista de Barretos, "numa época em que o sertão paulista estava amargando uma seca de sete meses, o gado já definhando e boa parte dele estava até morrendo.
Safra de café então – faz um gesto largo –, nem pensar mais. Mas o pior é que – e disso eu me lembro bem – o disco saiu no dia 5 de agosto de 1944. No mesmo dia, eu cantei a música no Programa Minerva da rádio Record que, na época era um colosso. Uma semana depois, choveu até dizer chega. Quase que viro milagreiro".
João aproveita o mote das chuvas e lembra que em 1960 fez uma música sobre a seca do nordeste, "mas logo em seguida foi um tal de chover tanto que chegou até a morrer gente. O Orós no Ceará, encheu, deu aqueles problemas todos, e felizmente a gravadora que ia lançar a música, a RCA, segurou o disco. Só agora em outubro de 1993 é que eu voltei a cantar a música no programa Som Brasil do Rolando Boldrin".
Mas Pingo d’água também foi um sucesso e, contrariando a regra do compositor, ela não tinha proseado: - "Eu fiz promessa/ prá que Deus mandasse chuva/ que molhasse a minha roça/ e vingasse a plantação...".
Falando sobre sua temática sertaneja, João Pacífico, sem grandes artifícios justifica-se – "afinal é mais fácil falar vançeis do que vocês, concorda?" – e, em seguida, diz que naturalmente influiu muito o fato de ter nascido em fazenda em pleno sertão paulista e as imagens da fazenda que ele guardou. Lembra ainda da figura de sua mãe que lhe contava e cantava muitas coisas, "e isso entrou em mim de um jeito muito forte e ficou, pois, escrever sobre sertão ou sobre fazenda hoje em dia e aqui no asfalto, não é muito fácil não.
Claro que de vez em quando eu faço alguma poesia diferente, mas a minha temática mesmo é a sertaneja. Eu gosto disso, pois as letras tem enredo, contam histórias, não tem aquilo que hoje em dia é normal e muito usado, que é um tal de põe ela na cama, tira versos, eu não gosto disso não".
Outra coisa peculiar dentro desta temática toda é o "processo de parto" de uma música: às vezes João tem o título, e sai o verso melódico junto com o poema, então "é só perseguir que vai saindo tudo junto, música e letra", diz. Naturalmente que o compositor depois burila, lapida, e sempre, conforme ele gosta de frisar, "sai metro e meio de verso", mas claro que tem sempre uma exceção. Pacífico fez a sua menor letra, que para ele conta toda sua vida. Esta menor letra tem "dois versinhos" e se chama Fiozinho d’água.
Cenas, fotos e lembranças são a matéria-prima que o poeta retira para o seu trabalho. Isso tudo em um movimento ininterrupto. Aquilo que aos olhos normais passa desapercebido, para o poeta adquire métrica, ritmo e melodia. Um exemplo disso é o poema/música chamado Goteira.
João conta que um dia estava sozinho em casa e chovia. No fundo do quintal, uma calha jogava água sobre uma lata abandonada. Foi o suficiente para nascer esta composição: - Aquela noite chovia que Deus dava/ aquela chuva que varou a noite a noite inteira/ no meu telhado uma telha se quebrava/ pre’u ouvir a sinfonia da goteira/ e uma lata enferrujada, coitadinha/ tão esquecida lá num canto onde eu dormia/ talvez a chuva vendo a pobre tão sozinha/ veio alentar/ cantando aquela melodia/ Veja seu moço/ eu também passei por isso/ fiquei igual aquela lata esquecida/ com a tristeza/ assumi um compromisso/ depois senti que a solidão/ não era vida/ e então pedi a Deus que me ajudasse/ e que voltasse minha doce companheira/ e no meu rancho outra telha se quebrasse/ pois tive inveja/ do carinho da goteira.
Embora defenda com unhas e dentes os valores da temática com que vem trabalhando há 53 anos, João não é sectário e muito menos revanchista, quer sobre novas tendências existentes dentro do mesmo filão que faz parte, quer sobre outras tendências musicais.
Sobre as novas tendências musicais dentro da música sertaneja, Pacífico vê até com certa satisfação as novas correntes, "pois vejo evolução, inclusive no que diz respeito à orquestração e instrumentação utilizadas nas músicas; vejo também que existe cada vez mais interesse dos jovens pela música sertaneja, bem como uma aceitação cada vez maior em todos os setores por esta mesma música.
Veja o meu caso por exemplo, hoje a minha música chegou até no salões quando eu faço shows em faculdades, os alunos conhecem a minha música. Agora eu só tenho medo – ressalta – que tanto ânimo assim acabe machucando a melodia, não que fique feio, mas é que descaracteriza. Tanto é que eu nunca fiz nada para o Milionário e José Rico. Agora Tonico e Tinoco, por exemplo, já gravaram quase todo o meu repertório".
Sobre outras tendências musicais Pacífico diz que quando surgiram ritmos como o charleston e o twist "eu ficava debaixo da ponte. Quando a moda passava, eu saía debaixo da ponte e fazia uma toada. O mesmo aconteceu com outros ritmos, mas, nestes períodos de hibernação, eu sempre continuei compondo, daí quando o pessoal cansa destes modismos todos, eu surjo e avanço".
Assim é esse homem, contador de belas histórias, apreciador de uma boa cachaça de alambique – tem um tonel invejável em sua sala de visitas – e poeta que conta as coisas de um modo simples e verdadeiramente belo, para um povo também simples, mas que nunca deve ser subestimado, construiu sua vida.
Sem segredos, este é o melhor lema para um molecão que está em sua melhor forma hoje, aos 74 anos, e cada vez mais com coisas belas para contar e cantar. (Extraído de DEFESA DA CULTURA NACIONAL, nº 3, 1984, não constando o nome do autor da matéria)
Fonte: Jangada Brasil de fevereiro de 1999.

Gordurinha

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Fossem os curiosos tentar adivinhar-lhe o físico pelo apelido e Gordurinha seria até hoje mais um enigma na história da música popular brasileira. Magro na juventude, Waldeck Artur de Macedo, nascido no bairro da Saúde, em Salvador, no dia 10 de agosto de 1922, ganhou seu apelido em 1938, quando já trabalhava na Rádio Sociedade da Bahia.

Do seu repúdio à colonização americana, epitomizada pela goma sde mascar nasceu o bebop-samba, Chiclete com banana , em parceria com Almira Castilho, que acabou por pronunciar o tropicalismo ao sugerir antropofagicamente na letra: 'só boto bebop no meu samba quando o Tio Sam pegar no tamborim, quando ele entender que o samba não é rumba'.

Ele mesmo chegou a gravar, como que a tirar um sarro um rock entitulado Tô doido para ficar maluco.

Mas não foi só de glória e reconhecimento tardio a vida deste que, ao lado do Trio Nordestino, iria se transformar no baluarte do forró na Bahia. Sua estréia no mundo da música se deu em 1938, quando fez parte do conjunto vocal "Caídos do céu" que se apresentava na Rádio Sociedade da Bahia, fazendo logo depois par cômico com o compositor Dulphe Cruz. Logo se destacou pelo seu dom de humorista e pelo sarcasmo que iria ser disseminado em suas letras anos mais tarde.

Em 1942, cansado de tentar conciliar estudo e sessões de rádio, tomou a decisão se debateu com um dilema conhecido de muitos: medicina ou carreira artistica? Como seus discípulos Zé Ramalho e Fred Dantas, Gordurinha caiu fora desse estória de clinicar. Largou a Faculdade de Medicina e seguiu sua sina de cigarra.

Os passos iniciais seriam dados numa Companhia Teatral. Caiu na estrada, mambembeando e povoando de música e pantomimas outras plagas.

Seu próximo passo seria um contrato na Rádio Jornal de Comércio, em Recife, em 1951. Depois, o jovem compositor, humorista e intérprete Gordurinha passaria pela rádio Tamandaré onde conheceu o poeta Ascenso Ferreira, figura folclórica do recife, Jackson do Pandeiro e Genival Lacerda Estes dois últimos gravariam em primeira mão várias das suas composições

Em 1952 partiu para o Rio de Janeiro onde penou sofrendo gozações preconceituosas. Sublimando estes pormenores, conseguiu trabalhar nos programas Varandão da Casa Grande, na Rádio Nacional, e Café sem Concerto as Radios Tupi e Nacional, duas das maiores do país, sempre fazendo tipos humorísticos. Ficou neste circuito até que almejou um sonho que já alimentava desde os magros dias do Recife: um contrato na mais importante mídia do Brasil na época que era a Rádio Nacional.

Meu enxoval, um samba-coco em parceria com Jackson do Pandeiro seria um dos carros chefes do dis-co ‘forró do Jackson’, de 61. Outro que se daria bem com uma composição do baiano seria o forrozeiro paraense Ary Lobo (mais um dos artistas que o Brasil insiste em esquecer) que prenunciou o Mangue beat ao cantar:

‘Caranguejo-uçá, caranguejo-uçá/ A apanho ele na lama/ E boto no meu caçuá/ Caranguejo bem gordo é gaiamum/ Cada corda de 10 eu dou mais um. Vendedor de caranguejo seria gravado por Clara Nunes, em 74, e por Gilberto Gil no seu ‘Quanta’, de 1997. Outro sucesso foi Baiano não é palhaço que fala do seu orgulho de ser baiano.

Gordurinha faleceu em Nova Iguaçú/RJ em 16/1/1969 e seria homenageado na década de 70 com Gilberto Gil, que regravou Chiclete com Banana e Vendedor de Caranguejo no Quanta. O cantor carioca Jards Macalé, também o homenageria com a regravação de Orora analfabeta, no seu 2º LP, ‘Aprendendo a nadar’, de 1974. Elba Ramalho, que em entrevista à revista Showbizz , elogiou sua divisão de versos, se rendeu ao talento do mestre ao dar sua versão de Pau-de-arara é a vovozinha, no seu CD Flor da Paraíba, de 1998.

A última homenagem recebida foi o lançamento do CD A Confraria do Gordurinha, em rememoração aos 30 anos sem o artista. Contando com participação de Gilberto Gil, Confraria da Basófia, Marta Millani e texto do pesquisador Roberto Torres, o CD têm 14 faixas e foi lançado em 1999.

Jackson do Pandeiro

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Primeiro grande artista paraibano, surgido em plena era do rádio, Jackson do Pandeiro nasceu José Gomes Filho em Alagoa Grande no dia 31 de agosto de 1919, filho de José Gomes e de Flora Maria da Conceição.
Cantava no interior da Paraíba desde sua adolescência e fez algumas duplas antes de sagrar-se como artista solo. Ainda como Jack do Pandeiro, montou primeiramente uma dupla com Zé Lacerda em Campina Grande.
Em 1947, às vésperas de começar a ganhar popularidade nas rádios locais, e de ser rebatizado artisticamente como Jackson do Pandeiro, formou a dupla Café com Leite com Rosil Cavalcanti em João Pessoa. A dupla durou apenas um ano, mas a amizade e a parceria refletiriam no início da carreira solo de Jackson.
Sebastiana fez sucesso no Carnaval de 1953 e Jackson foi contratado pela Rádio Jornal do Commercio, ganhando - já aos 34 anos de idade - uma notoriedade nacional que acabou despertando o interesse das gravadoras. É nessa época que conhece Luiz Gonzaga, que imediatamente propõe encaminhá-lo à diretoria da RCA (atual BMG Ariola) no Rio de Janeiro, mas Jackson - recém-casado com a cantora pernambucana Almira Castilho - acaba preferindo a Copacabana (atual EMI Music), por esta ter um escritório no Nordeste.
O cantor utiliza o estúdio da rádio para gravar dez faixas para a gravadora, que antes do Natal de 1953 colocou nas lojas um 78 rpm com Forró em Limoeiro e Sebastiana. Há 50 anos, começava o sucesso nacional de Jackson do Pandeiro, cujo primeiro disco ultrapassaria as 50 mil cópias vendidas antes do Carnaval de 1954.
Com a boa vendagem, Jackson é então contratado pela Copacabana por dois anos. Assustado com o sucesso, isola-se no Nordeste e, somente após o sucesso do segundo 78 rpm, 1 x 1 e Mulher do Aníbal, resolve visitar o Sudeste - mas de navio, já que tinha pavor da idéia de sequer embarcar num avião. Após três dias a bordo do lendário Vera Cruz, Jackson do Pandeiro e Almira Castilho chegaram ao Rio de Janeiro em 18 de abril de 1954.
A mídia encanta-se com os dois, que - apesar de já desfrutando de uma vida mais confortável - não abriam mão de residir no Nordeste. Passam alguns meses viajando, enquanto a gravadora fecha o restante do ano lançando mais 78 rpm´s - com as outras seis faixas gravadas inicialmente. Vou Gargalhar, lançada para o Carnaval de 1955, faz enorme sucesso e beira as 50 mil cópias vendidas em poucas semanas.
Somente depois do carnaval, Jackson entra finalmente em estúdio para novas gravações e Forró em Caruaru é lançada enquanto o artista negocia a liberação de seu contrato de exclusividade com a rádio nordestina, para com isso poder trabalhar melhor a mídia nacional.
Durante a passagem pelo Recife, Jackson e Almira acabam sendo agredidos fisicamente durante uma festa e resolvem finalmente mudar-se para o Rio de Janeiro. Estabelecem-se na Glória, a poucos minutos do centro do Rio, e Jackson lança seu primeiro LP de 10 polegadas, que rende diversas aparições na televisão e convites para participações em filmes.
Um segundo álbum de 8 faixas é lançado em 1956, trazendo pela primeira vez uma foto de Jackson e Almira na capa. Mesclando com sabedoria temas carnavalescos, juninos e até natalinos, os discos passariam a animar qualquer ocasião. Jackson faz enorme sucesso no eixo Rio-São Paulo e também em Minas Gerais, numa época em que O canto da ema não parava de tocar e já garantia seu posto como um dos grandes sucessos do artista.
Após lançar um terceiro LP em 1957, ao final de quatro anos de contrato com a Copacabana, Jackson anuncia sua decisão de assinar com a Columbia (atual Sony Music) - por onde passaria a lançar discos em 1958, tão logo a Copacabana terminasse de lançar o material recentemente gravado.
Jackson gravaria na nova gravadora por apenas dois anos, e a partir de 1960 desenvolveria uma carreira de cinco anos pela Philips (atual Universal) - onde efetivamente gravou diversos LPs e compactos. Nos anos 60 ainda gravou pela Continental e pela Cantagalo, e durante os anos 70 participou de diversos projetos.
Jackson do Pandeiro faleceu aos 63 anos no Hospital de Base de Brasília no dia 10 de julho de 1982, em decorrência de um coma diabético. Outros sucessos: Chiclete com banana, Falsa patroa e Cantiga do sapo.
Sua biografia “Jackson do Pandeiro, O Rei do Ritmo”, escrita por Fernando Moura e Antônio Vicente e lançada pela Editora 34 em 2001, é referência obrigatória. (Marcelo Fróes - Janeiro, 2004)

Fonte: EMI MUSIC

Gadé

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Gadé (Osvaldo Chaves Ribeiro), compositor e pianista, nasceu em Niterói/RJ em 23/7/1904 e faleceu em 27/10/1969. Cursou o primário em Niterói, e dos 16 aos 20 anos fez curso comercial. Seu insrumento era o piano, que aprendeu a tocar de ouvido.
Em 1924, foi contratado para trabalhar em navios do Lóide Brasileiro, como pianista de orquestra. Em 1926 deixou o Lóide e foi para a Rádio Sociedade, do Rio de Janeiro RJ, onde permaneceu por cerca de seis meses, atuando em seguida nas rádios cariocas Ipanema, Clube do Brasil, Mayrink Veiga, Tupi e Nacional.
Com Valfrido Silva, seu parceiro em inúmeras músicas, compôs o samba Vai cavar a nota (1932), gravado por Francisco Alves. A dupla, considerada uma das principais responsáveis pela fixação do samba-choro, teve como primeiro sucesso Amor em excesso, composto também em 1932, mas gravado apenas em 1936 por Almirante.
Vários sambas-choros da dupla, em geral bem-humorados, obtiveram grande êxito, entre os quais: Estão batendo, gravada por Joel e Gaúcho, Roseira branca, gravada por Carmen Miranda, e Vou me casar no Uruguai, gravada por Almirante, todas de 1935, quando também compôs, em parceria com Almanir Grego, a canção Beijo mascarado, gravada por João Petra.
No ano seguinte, junto com Herivelto Martins e Dalva de Oliveira, participou da inauguração da Rádio Inconfidência Mineira, de Belo Horizonte MG, e teve seu samba-choro Faustina gravado com sucesso por Almirante.
Em 1941, tornou-se funcionário público, passando a trabalhar no Ministério de Viação e Obras Públicas como auxiliar de desenhista. Dedicava-se também a fazer caricaturas nas horas vagas, o que levou Lamartine Babo a chamá-lo de La Fontaine do rádio. Gravou um LP de dez polegadas na Musidisc, o Gafieira, em que tocava piano ao lado de seu parceiro Valfrido Silva, na bateria.
Obras: Estão batendo (c/Valfrido Silva), samba-choro, 1935; Faustina, samba-choro, 1936; Que barulho é esse? (c/Valfrido Silva), samba-choro, 1936; Roseira branca (c/Valfrido Silva), samba-choro, 1936; Vou me casar no Uruguai (c/Valfrido Silva), samba-choro, 1935.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora PubliFolha

Valfrido Silva

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Valfrido Silva (Valfrido Pereira da Silva), compositor e instrumentista nasceu no Rio de Janeiro/RJ -12/8/1904 e faleceu em Niterói/RJ - 6/1/1972. Aos seis anos de idade, mudou-se para Niterói, onde fez o curso primário na Escola Pública D. Pórcia e o secundário no Colégio Salesiano Santa Rosa.
Aos 16 anos, abandonou a escola, limitando-se a fazer curso de datilografia, na Escola Remington, e de noções de contabilidade e comércio, na Escola Royal, de Niterói. Ainda com 16 anos, em 1920, começou a estudar bateria com Carlos Eckardt, especializando-se com Augusto Lima, ambos chefes de orquestra em Niterói.
No ano seguinte, participou da orquestra de Eckardt, que acompanhava revistas e operetas e fazia fundo musical para filmes mudos no Cine Royal. Por essa época, em dupla com o pianista Gadé, acompanhava bailes de fim-de-semana dos ranchos carnavalescos Mimoso Manacá, Reinado da Folia e outros. Atuou nas orquestras de Eckardt e Augusto Lima até 1927, quando passou a trabalhar no Cassino Assírio, no Rio de Janeiro, depois no cabaré Beira-Mar, no Dancing Avenida e, finalmente, na Orquestra do Cassino Atlântico.
Em 1932 passou a integrar o Grupo da Guarda Velha e os Diabos do Céu, conjuntos de estúdio da Victor, com os quais participou de várias gravações, como de Linda morena (Lamartine Babo), O teu cabelo não nega (Irmãos Valença e Lamartine Babo), A tua vida é um segredo (Lamartine Babo), Ride palhaço (Lamartine Babo), e outras.
Nessa época estreou como compositor, fazendo músicas para blocos carnavalescos: No dia em que meu amor morreu. Ainda em 1932, teve sua primeira música gravada, Jurei me vingar (letra de André Filho), por Sílvio Caldas, na Victor. Em fins desse ano, Mário Reis gravou sua composição Vai haver barulho no chatô, cuja segunda parte foi feita por Noel Rosa.
Também em 1932 iniciou parceria com Gadé: compuseram o samba-choro Amor em excesso, gravado no mesmo ano por Almirante, na Victor; fizeram grande sucesso em 1935 com Estão batendo, gravada por Joel e Gaúcho, e Vou me casar no Uruguai, gravada por Almirante. Gadé tornou-se então seu parceiro mais constante, e a dupla conta 48 composições, entre sambas e marchinhas.
De 1935 a 1939, integrou a orquestra de Romeu Silva como baterista. Ainda em 1935, compôs o samba-choro O tic-tac do meu coração (com Alcir Pires Vermelho), gravado por Carmen Miranda e por ela cantado no filme norte-americano Minha secretária brasileira, 1942.
De 1944 a 1948, apresentou-se como baterista da Companhia Walter Pinto, no Teatro Recreio. Em 1949, excursionou pela Venezuela com a Companhia Derci Gonçalves. Pouco tempo depois, passou a trabalhar com o Trio de Ouro e como maestro Vicente Paiva, com os quais viajou durante três meses pelo Brasil.
Em 1952 foi para Portugal com a Companhia Folclórica Brasileira, ao lado de José Vasconcelos e Carlos Galhardo. Voltou depois de seis meses e passou a trabalhar com a Companhia César Ladeira e Renata Fronzi, na peça Brasil, 3000. Em seguida atuou como integrante eventual de orquestras, tocando em bailes e shows.
Em 1956 gravou, na Musidisc, com Gadé ao piano, o LP Gafieira, em que relembram os grandes sucessos da dupla.
Obras: Em cima da hora (c/Russo do Pandeiro), samba, 1940; Estão batendo (c/Gadé), samba, 1935; No arranha-céu da vida (c/Alcir Pires Vermelho), valsa, 1936; Que barulho é esse? (c/Gadé), samba, 1936; O tique-taque do meu coração (c/Alcir Pires Vermelho), samba, 1935; Vai cavar a nota (c/Gadé), samba, 1933; Vai haver barulho no chatô (c/Noel Rosa), samba, 1932; Velho enferrujado (c/Gadé), choro, 1950; Vou me casar no Uruguai (c/Gadé), choro, 1935.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora PubliFolha

A história da Rádio Nacional

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Emissora de Rádio criada no Rio de Janeiro em 1936 a partir da compra da Rádio Philips, por 50 contos de réis. Seu primeiro prefixo, "Luar do sertão", de João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense, era tocado em vibrafone por Luciano Perrone e em seguida um locutor anunciava o prefixo da emissora: PRE-8. Nesse ano mesmo, começou a apresentar pequenas cenas de rádio-teatro intercalados com números musicais.
Foi nos anos 1940 e 1950 a principal emissora do país e verdadeiro símbolo da chamada "Era do Rádio". Em 1937, foi inaugurado o "Teatro em Casa" para a irradiação de peças completas, semanalmente. Sua programação ao vivo passou depois a ser retransmitida para todo o país, o que a tornou uma pioneira na integração cultural do país.
Seus programas de auditório, radionovelas, programas humorísticos e musicais marcaram a História do Rádio no Brasil. Foi líder de audiência praticamente desde a fundação até que o aparecimento da TV ditasse novos rumos para a comunicação no país.
Seus programas eram transmitidos diretamente dos muitos estúdios específicos, inclusive do auditório da Rádio, todos localizados nos três últimos andares do edifício "A Noite", Praça Mauá, 7, Rio de Janeiro.
Se seus programas de humor, suas radionovelas, seus programas noticiários e os esportivos viraram modelo para muitas outras Rádios do país, foi fundamental também para o desenvolvimento da música popular brasileira. Os primeiro nomes de cantores a formar seu casting foram Sonia Carvalho, Elisinha Coelho, Silvinha Melo, Orlando Silva, Nuno Roland, Aracy de Almeida e Marília Batista.
Segundo depoimento do radialista e compositor Haroldo Barbosa ao pesquisador Luis Carlos Saroldi, "Nos primeiros anos, a Rádio Nacional apresentava uma estrutura muito simples: uma seção artística e uma seção administrativa, nada mais que isso. A emissora contava com menos de 30 pessoas para cantar, executar músicas, contabilizar e realizar outras tarefas menores".
As rádionovelas da emissora marcaram época a partir da primeira transmitida em 1941, "Em busca da felicidade", que durou três anos, até "O direito de nascer", que chegou a mudar hábitos das pessoas que tinham compromisso marcado com as transmissões dessa radionovela, posteriormente adaptada para a televisão.
Até meados da década de 1950, o Rádio-Teatro Nacional irradiou 861 novelas, as mais ouvidas do rádio brasileiro, segundo as mais seguras pesquisas de audiência. Pode-se observar que a música popular brasileira foi uma antes e outra depois da Nacional, que se transformou numa verdadeira criadora de ídolos através da realização de concursos como "A Rainha do Rádio", que consagrou diversas cantoras, como Emilinha Borba, Marlene, Dalva de Oliveira e Ângela Maria.
Um dos cantores que ficou marcado como símbolo dessa era foi Cauby Peixoto, que enchia o auditória da Rádio em suas apresentações. Em 1936, Linda Batista foi eleita a primeira "Rainha do Rádio", permanecendo no posto por doze anos. Em 1938, Almirante estreou o primeiro programa de montagem, ou montado, que foi "Curiosidades musicais", sob o patrocínio dos produtos Eucalol. O mesmo artista lançou no mesmo ano o primeiro programa de brincadeiras de auditório, o "Caixa de perguntas".
Outro programa de destaque na emissora surgido no mesmo período foi "Instantâneos sonoros brasileiros", produzido por José Mauro com direção musical de Radamés Gnattali, regente da orquestra.
Em 1939, Lamartine Babo passou a apresentar o programa "Vida pitoresca e musical dos compositores". Em 1940, a Rádio Nacional passou a fazer parte do Patrimônio Nacional, a partir de decreto assinado pelo presidente Getúlio Vargas, sendo então, dirigida por Gilberto de Andrade, que tratou de dar uma nova cara à programação da Rádio, no que muito foi auxiliado pelo radialista José Mauro, irmão do cineasta Humberto Mauro.
No ano seguinte, passou a ser apresentado o noticioso "Reporter Esso", marco do jornalismo radiofônico e que passaria a ter como apresentador três anos depois o locutor Heron Domingues. O prefixo do "Reporter Esso" foi escrito pelo maestro Carioca e executado por Luciano Perrone na bateria, Carioca no trombone e Francisco Sergio e Marino Pissiani nos pistons.
A Rádio Nacional foi a primeira emissora do Brasil a organizar uma redação própria para noticiários, com a rotina de um grande jornal diário impresso. A emissora da Praça Mauá possuía construiu uma divisão de rádio-jornalismo com mais de uma dezena de redatores, secretários de redação, rádio- repórteres, informantes e outros auxiliares, além de uma sessão de divulgação e uma sessão de esportes completa, e um boletim de notícias em idioma estrangeiro, que cobria todo o continente.
Em 18 de abril de 1942, foram inaugurados os novos estúdios da Rádio Nacional, no vigésimo primeiro andar do edifício "A Noite". Com 486 lugares, as novas instalações traziam inovações como o piso flutuante sobre molas especiais do palco sinfônico.
Ainda em 1942, Almirante estreou o programa "A história do Rio pela música". Nesse ano iniciou-se uma publicação semanal com a programação da emissora e cuja capa na maioria das vezes estampava a foto de cantores ou cantoras ligados à emissora. Também nesse ano, as ondas curtas da PRE-8 passaram a ser ouvidas em vários países.
Em 1943, a programação da emissora tomou impulso com a estréia do programa "Um milhão de melodias", patrocinado pelo refrigerante Coca-Cola, que estava sendo lançado no Brasil. Para esse programa foi criada a Orquestra Brasileira, com direção de Radamés Gnatalli. O repertório do programa apresentava duas músicas brasileiras atuais, duas antigas e três músicas estrangeiras de grande sucesso.
A Orquestra Brasileira de Radamés Gnatalli era formada pela mescla de grandes músicos como Luciano Perrone na bateria, vibrafone e tímpano, Chiquinho no Acordeão, Vidal no contrabaixo, Garoto e Bola Sete nos violões, José Meneses no cavaquinho, além dos músicos da velha guarda do samba carioca como João da Baiana no pandeiro, Bide no ganzá e Heitor dos Prazeres tocando prato e faca e caixeta.Também para atuar no programa foram criados os Trios Melodia e As Três Marias.
Nesse ano, estreou com grande sucesso o programa "Trem da alegria", apresentado pelo Trio de Osso, formado por Heber de Bóscoli, Yara Sales e Lamartine Babo. Entre as muitas inovações surgidas na Rádio Nacional e que influiram no próprio desenvolvimento da música popular brasileira estão os arranjos para pequenos conjuntos, trios e quartetos de Radamés Gnattali e os acompanhamentos rítmicos do baterista Luciano Perrone que causaram uma pequena revolução no samba orquestrado feito até então.

Linda Batista. Estréia na Rádio Nacional em 1937. Arquivo Brício de Abreu.

Foi Luciano Perrone quem sugeriu a Radamés Gnatalli a utilização dos metais, até então com funções exclusivamente melódicas, como mais um elemento de função rítmica na interpretação dos sambas gravados.
Na década de 1940, pelo menos três dos maiores cantores brasileiros eram contratados da Rádio Nacional: Francisco Alves, Sílvio Caldas e Orlando Silva. Ainda em 1943, estreou na Rádio Nacional o sanfoneiro Luiz Gonzaga que inspirado no sanfoneiro Pedro Raimundo que se vestia com trajes típicos do sul, resolveu vestir-se com trajes típicos do nordeste e dessa forma passou a divulgar a música e a cultura nordestinas.
Em 1946, um dos maiores sucessos musicais foi o samba-canção "Fracasso", de Mário Lago gravado por Francisco Alves e tema extraído da radionovela com o mesmo título. Nesse ano, a Rádio Nacional inovou na forma de transmitir partidas de futebol, adotando o chamado "sistema duplo", que dividia o campo de jogo em dois setores, cada qual com um locutor acompanhando de preferência o ataque de cada um dos times. O "sistema duplo" foi inspirado no então moderno método de arbitragem em trio, com os bandeirinhas colocados em ângulos opostos.
A década de 1950 ficou marcada pela acirrada competição pelo título de "Rainha do Rádio" que envolveu em disputas memoráveis cantoras como Emilinha Borba, Marlene e Ângela Maria. Nessa década, os programas de auditório da emissora tornaram-se tão concorridos que era cobrado ingresso até para assistir os programas em pé.

Auditório da Rádio Nacional
Outra disputa musical que marcou época no Rio de Janeiro, tendo a Rádio Nacional como centro, era a da divulgação de marchas e sambas carnavalescos, dos quais um dos muitos destaques foi o cantor e compositor Blecaute, sempre presente aos programas de auditório da Rádio.
Nesse período fizeram parte o "cast" da emissora artistas que marcaram a música popular brasileira como: Orlando Silva, Ataulfo Alves, Carlos Galhardo, Linda Batista, Luiz Gonzaga, Carmen Costa, Nelson Gonçalves, Nuno Roland, Paulo Tapajós, Albertinho Fortuna, Carmélia Alves, Luiz Vieira, Zezé Gonzaga, Gilberto Milfont, Heleninha Costa, Ademilde Fonseca, Bidu Reis, Nora Ney, Jorge Goulart, Neuza Maria, Adelaide Chiozzo, Jorge Fernandes, Dolores Duran, Lenita Bruno, Carminha Mascarenhas, Violeta Cavalcânti, Vera Lúcia, etc.
Em 1948, Dircinha Batista foi eleita "Rainha do Rádio" substituindo a irmã Linda Batista. No ano seguinte, teve início a eletrizante disputa pelo título de "Rainha o Rádio" entre as cantoras Emilinha Borba e Marlene. Esta última, foi eleita no ano seguinte com o apoio da Companhia Antártica Paulista, que lançava o Guaraná Caçula e fez dela sua garota propaganda, tendo o total de 529.982 votos. Marlene repetiu o feito no ano seguinte.
Em 1952 e 1953, a Rainha foi Mary Gonçalves. Por volta de 1950 foi criado na emissora o Departamento de Música Brasileira, que obteve um de seus maiores êxitos no ano seguinte no programa "Cancioneiro Rayol" com a série "No mundo do baião", apresentada pelo radialista Paulo Roberto.
A chefia do Departamento de Música Brasileira foi entregue inicialmente ao compositor Humberto Teixeira. Outro programa musical ligado ao departamento de Música Brasileira e que fez muito sucesso foi "Lira de Xopotó", apresentado pelo radialista Paulo Roberto e que incentivava as bandas do interior que apresentavam músicas com arranjos do maestro Lírio Panicali.
Igualmente Programa marcante dessa época foi "Música em surdina", criado por Paulo Tapajós e apresentado em estúdio no final da noite por Chiquinho, no acordeom, Garoto, ao violão e Fafá Lemos ao violino, interpretando um repertório eclético e que deu ensejo ao sugimento do Trio Surdina.
O violinista Garoto por sinal, foi um dos artistas que se destacou na Rádio Nacional nos anos 1950, quando passou por diferentes grupos nos seus dez anos de permanência na programação. Atuou na Orquestra Brasileira de Radamés Gnattali e pelo Bossa Clube ao lado de Luis Bittencourt, Luis Bonfá, Valzinho, Bide, Sebastião Gomes e Hanestaldo.
Ainda na década de 1950, destacaram-se os programas "Sua excelência a música" e "Quando os maestros se encontram". Esse último reunia cinco arranjadores da emissora, quase sempre os maestros Alexandre Gnattali, Lírio Panicali, Alberto Lazzoli, Léo Peracchi e Alceo Bocchino. Ainda no começo da década houve a tentativa frustada de criar o selo Nacional para gravação de discos que ficou apenas no primeiro, com Manezinho Araújo gravando o baião "Torei o pau", de Luiz Bandeira e a marcha "Um cheirinho só", de Manezinho Araújo e Armando Rosas.
Destacaram-se também nessa década inúmeros programas mistos como "Coisas do Arco da Velha", de Floriano Faissal; "Gente que brilha" e "Nada além de 2 minutos", de Paulo Roberto; "Clube das donas de casa", de Lourival Marques; "Grande espetáculo Brahma", de Mario Meira Guimarães; "Hoje tem espetáculo", de Paulo Gracindo; "Música e beleza", de Roberto Faissal; "Nova História do Rio pela música" e "Recolhendo o folclore", de Almirante; "Passatempo Gessy", de Jota Rui; "Rádiosemana", de Hélio do Soveral; "Roteiro 21", de Dinarte Armando; "Seu criador Superflit", de Lourival Marques e "Todos cantam sua terra", de Dias Gomes.
Entre os programas de Rádio-teatro merecem citação, "A vida que a gente leva" e "Boa tarde, madame", com Lucia Helena; "Consultório sentimental", com Helena Sangirardi; "Divertimentos Brankiol", com Ary Picaluga; "Edifício Balança mas não cai", com Paulo Gracindo; "Grande Teatro De Milus", com Dias Gomes; "Jararaca e Ratinho", com Joe Lester; "Marlene meu bem", com Mário Lago; "Os grandes amores da História", com Saint Clair Lopes; "Sabe da última?", com Rui Amaral e "Tancredo e Trancado", com Ghiaroni.
Em 1951, Paulo Tapajós criou o programa "A turma do sereno", de grande sucesso e no qual um repertório de serestas era apresentado por Abel Ferreira no clarinete, Irany Pinto no violino, João de Deus na flauta, Sandoval Dias no clarone, Waldemar de Melo no cavaquinho e Carlos Lentini e Rubem Bergman nos violões.
Segundo as palavras de Paulo Tapajós, o programa "Turma do sereno ocupava apenas um cavaquinho, uma flauta, um clarinete, um clarone e um violino, além dos cantores e outros solistas convidados. A "Turma do sereno" era o reencontro da música com a rua mal iluminada pelo lampião a gás, era o momento em que a gente imaginava que numa esquina de rua encontravam-se os velhos amigos para fazer choro, para cantar valsas e modinhas; era a oportunidade da gente tirar dos velhos baús alguns xotes, maxixes, polcas, já um tanto amarelados".
Nos anos de 1953 e 1954, a cantora Emilinha Borba foi eleita "Rainha do Rádio". Nos dois anos seguinte, a consagrada foi Ângela Maria que chegou a obter o total de 1.464.996 votos. Em 1955, o radialista Almirante retornou à Rádio Nacional e criou os programas "A nova história do Rio pela música" e "Recolhendo o folclore". Por essa época, Renato Murce apresentou o programa "Alma do sertão", um dos maiores sucessos entre os programas sertanejos.
Em 1959, o cantor e compositor Zé Praxédi passou a apresentar diariamente o programa "Alvorada sertaneja". Um dos mais famosos programas da década de 1950 foi o "Programa César de Alencar", que comemorou os dez anos no ar com um show para 20 mil pessoas no Maracanãzinho.
Outros programas com animadores ficaram também célebres, como os de Paulo Gracindo e Manoel Barcelos. Outro destaque de sua história, foi o estúdio para rádio novelas e seriados diversos , como "Gerônimo, o herói do sertão" e "O Sombra", onde os truques de sonoplastia ficaram célebres especialmente os truques do sonotecnico Edmo do Valle.
Entre os programas de auditório apresentados na Rádio na década de 1950 podemos destacar: "Alegria, meus senhores" e "Este mundo é uma bola", apresentados por Fernando Lobo; "Alô, memória", "Dr. Infezulino" e "Enquanto o mundo gira", apresentados por Paulo Gracindo; "Ganha tempo Duchen", "O Cartaz da Semana" e "Parada dos Maiorais", com Hélio do Soveral; "Nas asas da canção", com Dinarte Armando; "Qualquer semelhança é mera coincidência", com Waldir Buentes; "Papel Carbono", Renato Murce e "Placar musical", com Nestor de Holanda Cavalcânti.
Entre os programas musicais também merecem destaque, " A canção da lembrança", com Lourival Marques; "Audições Cauby Peixoto", apresentado por Mário Lago; "Audições Orlando Silva", com Ghiaroni; "Cancioneiro Royal", com Paulo Tapajós; "Cancioneiro romântico", com Rui Amaral; "Carrossel musical", com Ouranice Franco; "Clube do samba" e "Pelas estradas do mundo", com Fernando Lobo; "Fama e popularidade", com Oswaldo Elias; "Festivais G. E.", com Leo Peracchi; "Festivais de gaitas", com Cahuê Filho; "Horário dos cartazes", com Almeida Rego e "Preferências musicais", com Dinarte Armando.
Dentre seus muitos locutores famosos está César Ladeira, uma das vozes de excelência de toda a história do Rádio no Brasil, especialmente lembrado com o programa "A crônica da cidade".
O declínio da Rádio, que se iniciara com a inauguração da televisão acentuou-se de forma definitiva com o Golpe militar de 1964 que afastou 67 profissionais e colocou sob investigação mais 81.
Em 1972, os arquivos sonoros e partituras utilizadas em programas da Rádio foram doados ao Museu da Imagem e do Som, MIS. Durante as décadas de 1980 e 1990 o declínio da Rádio se acentuou devido à falta de investimentos e à concorrência cada vez maior da televisão e também das Rádios FM.
A emissora foi perdendo audiência e deixando de disputar os primeiros lugares na preferência do público. Manteve no entanto durante esse tempo diversos programas tradicionais da emissora apresentados por radialistas como Dayse Lucide, Gerdal dos Santos e outros que ainda arrastavam atrás de si a audiêencia de ouvintes fiéis e saudosos dos tempos de glória da emissora.
A partir de junho de 2003, passou a estar sob a direção de Cristiano Menezes, que iniciou um plano de revitalização da PRE - 8. Em 2004, foi assinado um convênio entre a Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro e a Petrobras, que acertou a digitalização de todo o acervo de partituras da Rádio. Entre as obras estão raridades dos maestros Radamés Gnattali e Guerra-Peixe.
Nesse ano, a Rádio saiu do ar por 15 dias para passar por reformas que incluem a troca de transmissores e instalação de novos estúdios no antigo prédio da Praça Mauá, no Rio de Janeiro. Além disso, a Rádio Nacional passará a ser a primeira Rádio Digital AM. Tudo dentro de um plano de revitalização da Rádio. O famoso auditório da Rádio será reformado e terá sua capacidade reduzida de 500 para 150 lugares e voltará a abrigar shows.
Entre os novos programas estão previstos, o "Homenagem Nacional", no qual um sexteto permanente acompanhará a homenagem a um grande nome da história da música popular brasileira, com um astro atual interpretando sucessos do artista homenageado.
Programa-se ainda o "Memória Nacional", que deverá ser apresentando ao vivo, reunindo nomes como Cauby Peixoto, Marlene, Emilinha, Carmélia Alves, Carminha Mascarenhas e Adelaide Chiozzo, que foram sucessos nos anos de ouro da Rádio Nacional. Ela ficou conhecida como "A escola do Rádio", o que por si só dá o tamanho de sua importância histórica.

César Portillo de la Luz

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César Portillo De La Luz, compositor, cantor e violonista nasceu em Havana, Cuba, em 31 de outubro de 1922. Começou como cantor amador aos 19 anos de idade. Mais tarde foi também pintor de paredes.

Em 1946 iniciou profissionalmente suas atividades artísticas com apresentações na Rádio Lavín e na emissora Mil Diez, onde por um tempo, tinha um programa próprio de canções.

Em 1956 passou a trabalhar no cabaré Sans Souci a frente de um pequeno grupo integrado pelo pianista Frank Domínguez, Alfredo León (no contrabaixo), Gastón Laserie (na bateria), e o trompetista Luis Ortellado. Posteriormente atuou nos cabarés Karachi, Chateau Piscina, Gato Tuerto e St. John. No "Pico Blanco" se apresentou por alguns anos junto com José Antonio Méndez.

Algumas de suas canções foram utilizadas em trilhas sonoras de filmes. Realizou recitais e conferências em diferentes centros culturais cubanos e estrangeiros sobre o surgimento e desenvolvimento da canção cubana, em especial temas relacionados com o movimento feeling, de que foi um dos fundadores.

Manteve na Rádio Progreso, por alguns anos, um programa chamado "Cita a las Cinco", onde interpretava obras suas e de outros autores. Sua música foi gravada por orquestras e cantores de diferentes países. Entre os seus primeiros intérpretes esteve o Conjunto Casino, no final da década de 40, e posteriormente os mais importantes conjuntos e cantores do continente.

Entre suas obras encontramos títulos como Ave de paso, Contigo en la distancia, Noche cubana, Nuestra canción, Delirio, Canto a Rita Montaner, Perdido amor, Sabrosón, Realidad y fantasía, Canción de un festival, La hora de todos, Al hombre nuevo, Amor es eso, Canción de los Juanés, Son al son e outras composições que revelam sua genialidade.

Com o ressurgimento do bolero na década de 80 do século XX, suas obras voltaram a ser gravadas por importantes figuras internacionais como Plácido Domingo, Luis Miguel, Caetano Veloso e a Orquestra Sinfônica de Londres.
Fonte: SonCubano

Frank Domínguez

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Frank Domínguez, compositor e pianista nasceu em Matanzas, Cuba, em 1927. Iniciou suas atividades como compositor na década de cinqüenta, época em que era estudante universitário. Realizou sua primeira apresentação pública na televisão, durante um programa para artistas amadores.
Trabalhou como pianista-acompanhante em diversas casas noturnas de Havana. Integrou-se a um grupo junto com César Portillo de la Luz na qual acompanhou diversas vozes cubanas como Elena Burke.
Autor de famosos boleros como Refúgiate en mí, Tú me acostumbraste, Pedacito de cielo, Luna sobre Matanzas, Me recordarás, Si tú quisieras, Imágenes, El hombre que me gusta a mi, La dulce razón.
Suas canções tiveram grande difusão em Cuba e no exterior sendo gravadas por muitos cantores cubanos e estrangeiros. Na década de 80 radicou-se em Mérida, México, onde continuou a compor.
Fonte: SonCubano

José Antonio Méndez

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José Antonio Méndez, compositor, violonista e cantor nasceu em Havana, Cuba, em 21 de junho de 1927, e faleceu em junho de 1988. Iniciou em 1940 seu aprendizado para violão e composições musicais.
Ainda como estudante universitário estreou sua primeira composição em uma festa no Instituto de La Habana. Fez depois várias apresentações na emissora Mil Diez. Nessa época formou o grupo musical Loquibambia. Foi, também, um dos fundadores do grupo do feeling.
Em 1947 sua canção La gloria eres tú foi gravada por Toña la Negra, e foi um sucesso estrondoso que o autor escutou pela primeira vez na vitrola do Lucero Bar, onde freqüentava, e por querer ouvi-la várias vezes, gastou todo o dinheiro que levava, motivo pelo qual tivera que regressar a pé para sua "casita en los Pinos", muito distante do bar.
Em 1949 viajou para o México e atuou com sucesso em casas noturnas e emissoras de rádio. Gravou cinco discos nesse país, que considerava sua segunda pátria. Em 1959 voltou para Cuba, e continuou sua carreira com apresentações em teatros, rádio, TV, gravações de novos discos e viagens por diversos países da América Latina e Europa.
Homem sensível, sempre amável, passava as noites de Havana em locais como El Pico Blanco del hotel Saint John, onde atuou por anos junto a César Portillo de la Luz. Morreu em conseqüência de um acidente, em plena celebração do Festival "Boleros de Oro", quando se dirigia a pé até seu local de trabalho no Pico Blanco.
Entre seus boleros se encontram La gloria eres tú, Novia mía, Quiéreme y verás, Ayer la vi llorar, Si me comprendieras, Sufre más, Soy tan felíz, Me faltabas tú, Decídete, Tú, mi adoración, Por nuestra cobardía, Mi mejor canción, Ese sentimiento que se llama amor e Cemento, ladrillo y arena.
Fonte: SonCubano

Pedro Junco

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Pedro Junco, compositor e pianista, nasceu no povoado de Pinar del Río, Cuba, em 22 de fevereiro de 1920 e faleceu em Havana, em 24 de abril de 1943. Iniciou muito jovem seus estudos e atividades musicais em seu povoado natal. Morreu jovem vítima da tuberculose.
Compôs mais de trinta obras musicais entre as quais se destacam Ya te lo dije, Soy como soy, asssim como seu famoso bolero Nosotros, lançado por seu autor no Festival de Canción Cubana de 1942, e que foi um sucesso internacional.
Fonte: SonCubano

Adolfo Utrera

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Adolfo Utrera, compositor e poeta, nasceu em Havana, Cuba, em 28 de maio de 1901 e faleceu em Nova York, em 3 de dezembro de 1931. Foi o mais velho de dez irmãos e desde cedo teve que enfrentar a vida, pois seu pai morreu em 1922.

Tomou aulas de canto em Havana e depois com uma professora chilena em Nova York. De dezembro de 1926 a novembro de 1931, gravou 126 discos pela etiqueta Columbia, sem contar outras gravações com diferentes artistas.

Entre elas está o histórico Aquellos ojos verdes, canção escrita pelo próprio, com música de Nilo Menéndez. Adolfo era poeta e a dedicou aos olhos de sua irmã mais nova Conchita, que passava a temporada naquela época em Nova York com ele.

Por razões desconhecidas, se suicidou, acabando assim uma promissora carreira. Conchita gravou algumas canções como intérprete (1929-30) mas dedicou-se mais a poesia.

Veja também: Agustín Lara / Altemar Dutra / Armando Manzanero / Bolero, O / Bolero, A história do / Bolero, Cifras e letras de / Canções Latinas, Cifras / Gregorio Barrios / Lucho Gatica / Luis Miguel / Mario Clavell / Rafael Hernández / Roberto Yanés / Trío los Panchos / Trio Yrakitan.

Fonte: SonCubano

Nilo Menéndez

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Nilo Menéndez, compositor, pianista e diretor de orquestra, nasceu em Matanzas, Cuba, em 26 de setembro de 1902 e faleceu em Los Angeles, EUA, em 15 de setembro de 1987.
Estudou música em seu povoado natal e em sua adolescência, trabalhou como pianista no Cine Velasco em filmes mudos. No fim da década de 20 viaja a Nova York, onde faz amizade com o músico espanhol José Lacalle, que lhe consegue emprego na gravadora Columbia.
Em 1929 compõe sua famosa canção Aquellos ojos verdes, com letra de Adolfo Utrera, e dedicada a irmã deste, Conchita, do qual era vizinho. Esta obra foi gravada por Ernesto Lecuona (em cuja companhia havia atuado antes) e interpretada pelo próprio Utrera. Suas primeiras gravações foram feitas em 1925.
Trabalhou com a orquestra de Xavier Cugat e foi pianista acompanhante do cantor mexicano Tito Guízar. Musicou várias filmes nos Estados Unidos. Em 1990 suas cinzas foram transladadas para Havana pela sobrinha do músico, Perla Negrete.
Entre suas obras, além da citada Aquellos ojos verdes, se encontram Su mamá tuvo la culpa (foxtrot); Julieta (danzón); Viniste del cielo, El chicharronero (pregón); Negra soy (rumba bembé); e Bajú fiesta, entre outras.
Fonte: SonCubano

Bobby Collazo

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Bobby Collazo (Roberto Collazo Peña), compositor e pianista nasceu em Marianao, Cuba, em 2 de Novembr0 de 1916 e faleceu em Nova York, em 9 de novembro de 1980. Cursou estudos musicais em sua cidade natal, e mesmo estudando Direito, se inclinou de maneira definitiva pela música.
Compôs seu primeiro bolero en 1938, intitulado Retornarás. Em 1940 surge seu primeiro sucesso com Rumba Matunga, obra interpretada pela cantora Aurora Lincheta que obteve o segundo prêmio em um concurso promovido pela emissora RHC Cadena Azul.
Viajou ao México em 1947 junto com Julio Gutiérrez e permaneceu algum tempo nesse país. No momento da volta compõe sua mais famosa canção, em que estreou Pedro Vargas: La última noche que pasé contigo.
Viaja a Santo Domingo de regresso a Cuba. Participou de concertos organizados pelo maestro Ernesto Lecuona, entre eles um que teve grande repercussão, com oito pianistas de primeira como ele: Julio Gutiérrez, Orlando de la Rosa, Juan Bruno Tarraza, Mario Fernández Porta, Felo Bergaza, Humberto Suárez e Fernando Mulens. Fundou trios, como o Antilano, e quartetos vocais.
Em 1952 se radica em Nova York, com visitas freqüentes a Cuba. Nesses anos escreve canções que se convertem em sucessos inesquecíveis, como Vivir de los recuerdos, Tenía que ser así, Tan lejos y sin embargo te quiero, Qué te has creído, La última noche que pasé contigo, Lejanía, Luna de varadero, Esto es felicidad (com Orlando de la Rosa) e Nostalgia habanera. Compõe também a rumba Serenata mulata.
Seus intérpretes foram os mais destacados de Cuba e América Latina. Publicou um livro: "La última noche que pase contigo", onde faz uma resenha da vida musical cubana entre 1920 e 1960, década por década.
Fonte: SonCubano