Em Nova York, gravação do álbum "Stan Getz e João Gilberto". Da esquerda para a direita: Tião Neto, Tom Jobim, Stan Getz, João e Milton Banana.
“A música brasileira vinha tomando um caminho em direção do modernismo, ao moderno. Embora essa palavra ‘moderno’ não signifique muita coisa... O fato é que a música brasileira ia em direção a algo novo, na direção do progresso, daquilo que Juscelino fazia, quando o Brasil começou a fabricar automóveis, construir estradas, tinha a Petrobrás com “o petróleo é nosso”, aquela coisa toda.
A gente era jovem e tinha vontade de fazer as coisas. E, sobretudo, apareceu um baiano chamado João Gilberto, nascido em Juazeiro, na beira do rio São Francisco - ali, você sabe, cruzando o rio, você está em Pernambuco -, com aquela fantástica batida no violão.
A gente tinha o Johnny Alf, eu e outros fazendo samba moderno, mas com a chegada do João, o negócio balançou. Ele bagunçou o coreto. Porque a coisa do João era genial.
Depois, a Bossa Nova tornou-se um padrão, uma coisa chata - tché-tché, tché-tché - ficou todo mundo tocando igual no Brasil, na América, na Europa etc. Houve uma certa padronização dessa batida.
As pessoas cantavam qualquer coisa nessa batida. O que nunca foi o caso do João. A batida dele tem a ver com o que ele canta. Aquilo forma um contraponto, um jogo, não é isso? - que suinga e que balança. Esse é um dos muitos aspectos da Bossa Nova. Há várias maneiras de você olhar a Bossa Nova..."
Fonte: Depoimento de Tom Jobim a Almir Chediak no Songbook Bossa Nova.
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