domingo, 5 de junho de 2011

Edson Conceição

english mobile

Edson Conceição (Edson Gomes da Conceição), compositor, letrista e cantor, nasceu em 18 de março de 1937 em Salvador, Bahia. Compôs em 1975, com Aloísio, um samba de grande sucesso denominado Não deixe o samba morrer, interpretado pela cantora Alcione.

A música foi um dos primeiros sucessos da cantora, lançando-a definitivamente para o mercado nacional. Dois anos depois, gravou pela CBS o LP Quem tem fé, não sai!, no qual incluiu várias composições em parceria com Aloísio, como Quem tem fé, não sai, Virgem morena da Conceição, De chita e Júnior, entre outras. Ainda neste mesmo LP, gravou Desculpe (c/ Willy) e Temporal, em parceria com Nazareno.

No ano de 1978, lançou pela CBS o disco Aí é que você se engana, no qual incluiu Samba, é povo cantando poesia, Tiririca, Promessas e Auto das Pombas, todas em parceria com Aloísio. 

Neste mesmo disco, foram incluídas Copo-de-leite (c/ Willy) e Aí é que você se engana, em parceria com Osmário Berimbau e Aloísio, além de músicas de outros autores como Paulinho Diniz e Edil Pacheco (Opinião geral) e de autoria de Guinga de Ogum, interpretou Tudo sou.

Em 1988, Tom da Bahia gravou Contas de Xangô, parceria de ambos.

Alcione e Cássia Éller regravaram Não deixe o samba morrer no disco Celebração, de Alcione.

Em 2002, pela gravadora Índie Records, Neguinho da Beija-Flor, Thobias da Vai-Vai e Eliane de Lima regravaram Não deixe o samba morrer no disco Os melhores do ano III.

No ano de 2003, Alcione incluiu Não deixe o samba morrer (c/ Aloísio) no disco Alcione ao vivo 2. Neste mesmo ano, Tom da Bahia regravou Contas de Xangô, parceria de ambos que deu título ao CD de Tom da Bahia.

Obra
Aí é que você se engana (c/ Aloísio e Osmário Berimbau) • Ao filho de um músico (c/ Aloísio) • Auto das pombas (c/ Aloísio) • Batata-doce, colar-de-contas e patuá (c/ Aloísio) • Café na cama (c/ Nazareno) • Chorar, chorei (c/ Aloísio) • Contas de Xangô (c/ Tom da Bahia) • Copo-de-leite (c/ Willy) • De chita (c/ Aloísio) • Desculpe (c/ Willy) • Fertilidades (c/ Aloísio) • Filhos de Ghandi (c/ Aloísio) • Imenso prazer (c/ Nazareno) • Joana da Misericórdia (c/ Aloísio) • Júnior (c/ Aloísio) • Meia-vida (c/ Aloísio) • Meia-vida parte 2 (c/ Aloísio) • Não deixe o samba morrer (c/ Aloísio) • O rei • Promessas (c/ Aloísio) • Quem tem fé não sai (c/ Aloísio) • Quero ver todo mundo sambar (c/ Aloísio) • Rapaz do interior (c/ Sílvio Brito) • Rosto marcado (c/ Wando) • Samba, é povo cantando poesia (c/ Aloísio) • Temporal (c/ Nazareno) • Teu, somente teu (c/ Aloísio) • Tiririca (c/ Aloísio) • Um deus angolano • Vapor de cachoeira (c/ Aloísio) • Vermelho, azul e branco (c/ Nazareno) • Virgem morena da Conceição(c/ Aloísio)

Discografia
 
Quem tem fé, Não Sai! (1977) CBS LP - Aí é que você se engana (1978) CBS LP.

Fontes: Portal Clube do Samba; Dicionário Cravo Albin da MPB.

Fred Figner

english mobile

Fred Figner (Frederico Figner), comerciante e empresário, nasceu em Milesko u Tabor, na Boêmia, República Tcheca, em 02/12/1866, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 19/01/1947. Foi o empresário pioneiro, responsável pelo início da história da música popular brasileira gravada.

Em 1882, mudou-se para os Estados Unidos e, ao adquirir cidadania americana, tornou-se comerciante. Conheceu o primeiro fonógrafo em San Antonio, Texas, em 1889. Segundo suas palavras, "Era um aparelho com uns canudos que as pessoas punham nos ouvidos e riam".

Embora não tenha ouvido o som da engenhoca, aceitou a proposta de seu cunhado de serem sócios na compra da máquina. Ainda em suas palavras, "sem querer ter a curiosidade de ver primeiro o que era o tal fonógrafo, aceitei a proposta. Era a base de uma máquina de costura que tinha de ser tocada com os pés, para fazer funcionar o fonógrafo. Compramos uma porção de cilindros em branco para preparar o repertório para expor nos países latinos".

Excursionou pela América Latina por um período de 15 meses, até que decidiu vir ao Brasil: "Eu aparafusei o Brasil na minha cachola". Em outubro de 1891, aos 26 anos de idade, chegou ao Brasil, mais precisamente a Belém do Pará, surpreendendo os participantes da Festa do Círio de Nazaré. Na máquina falante, tocou operetas, valsas, regtime e até mesmo a voz de políticos importantes. Ainda em Belém, gravou cilindros com árias cantadas por Concetta Bondalba, que estava à frente da companhia de ópera em cartaz no Pará. Logo depois seguiu viagem, passando por Fortaleza, Natal, Recife, João Pessoa e Salvador.

Na Bahia reencontrou Bondalba e gravou mais algumas árias. No percurso, registrou também modinhas e lundus locais, quando percebeu que este repertório era o que realmente chamava a atenção das pessoas.

Em abril de 1892, desembarcou no Rio de Janeiro, onde continuou a mostrar a máquina falante. Pouco depois, com medo da febre amarela, deixou o país, retornando em 1896. Ao chegar, alugou uma loja na rua do Ouvidor, onde inicialmente exibiu "Inana", peça de revista com truques de espelhos que davam a impressão de que a personagem principal flutuava no ar sem qualquer ponto de apoio. O sucesso foi tanto, que lhe possibilitou montar uma loja de equipamentos sonoros em 1897.

Em 1900, fundou a Casa Edison (nome em homenagem a Edison, o inventor do fonógrafo), estabelecimento destinado a vender equipamentos de som, máquinas de escrever, geladeiras etc.

Seguia vendendo cilindros com lundus e modinhas, trazendo em seguida a novidade dos gramofones que, diferentemente dos fonógrafos, tocavam chapas de maior durabilidade e definição sonora. Neste mesmo ano, escreveu para a companhia Gramophone de Londres, solicitando que a firma enviasse ao Brasil técnicos para gravar música brasileira. Com a vinda do técnico alemão Hagen, Fred Figner instalou uma sala de gravação ao lado da Casa Edison, situada na Rua do Ouvidor, 105. Foram então gravados os primeiros discos brasileiros, em seguida enviados à Europa para serem prensados.

Até 1903, a Casa Edison produziu 3 mil gravações, conferindo ao Brasil o terceiro lugar no ranking mundial (estavam à frente os Estados Unidos e a Alemanha). Fred Figner enriqueceu, tornando-se proprietário de tudo o que se produzia em música brasileira. Como próximo passo, montou a primeira loja de varejo do Brasil, com um sistema de distribuição em todo o país, com filiais, vendedores pracistas e produção de anúncios e catálogos.

Em 1912, a International Talking Machine - Odeon instalou uma fábrica de prensagem de discos no Rio de Janeiro e Fred Figner passou a ser vendedor exclusivo da Odeon, recebendo o encargo de fornecer o terreno e construir a primeira fábrica de discos instalada no Brasil e a maior da América Latina.

Um ano mais tarde, a fábrica Odeon começou a produzir um total de 1,5 milhão de discos por ano, o quarto maior mercado de discos do mundo. A vendagem durante a Primeira Guerra se mantém, tendo a Casa Edison comercializado quatro mil gravações de música brasileira.

Em 1925, a empresa holandesa Transoceanic foi encampada pela Columbia Gramophone de Londres, que desenvolveu o sistema de gravação elétrica inventado pela Western Electric. No ano seguinte, a empresa afasta Fred Figner, passando a dominar a distribuição de discos no Brasil.

Em 1927, entregou o selo Odeon e passou a gravar pelo selo Parlophon. Em 1932, novamente é afastado do negócio pela Transoceanic. A partir deste ano, a casa Edison restringiu sua linha de mercadorias a máquinas de escrever, geladeiras e mimeógrafos.

Em 1960, encerrou as atividades como oficina de máquinas de escrever e calcular. Foi muito ligado ao espiritismo de Alan Kardec, apesar de suas origens judaicas. Morreu vitimado por problemas cardíacos aos 80 anos de idade, deixando uma imagem de pioneirismo, tendo sido o primeiro "diretor artístico" de gravadora no Brasil e o responsável pela fundação das bases profissionais do mercado musical brasileiro.

Em 2002 foi lançada uma coleção de discos da Casa Édison, coordenada por Humberto Franceschi e editada pelo Instituto Moreira Salles em parceria com o selo Biscoito Fino.

Fontes: ALBIN, Ricardo Cravo; Wikipedia - A Enciclopédia Livre; Dicionário Houaiss Ilustrado Música Popular Brasileira - Criação e Supervisão Geral Ricardo Cravo Albin; AMARAL, Euclides. Alguns Aspectos da MPB. Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2008.

José Ramos Tinhorão

english mobile

José Ramos Tinhorão, jornalista, crítico musical e historiador, nasceu em Santos, São Paulo, em 07/02/1928, e criou-se no bairro de Botafogo no Rio de Janeiro. Em 1968, mudou-se para a cidade de São Paulo, onde reside até hoje.

É autor de uma extensa e diversificada obra sobre temas relacionados à música brasileira, especialidade em que se consagrou, tendo publicado até o momento 26 livros, além de artigos e ensaios em coletâneas, jornais e revistas do Brasil e do exterior.

Estudante da primeira turma de Jornalismo do país, colaborava desde o primeiro ano, 1951, como repórter free-lance da revista A Semana (Rio de Janeiro) e da Guaíra (Curitiba).

Em 1953, ingressou como jornalista profissional no extinto Diário Carioca. Cinco anos depois, passou para o Jornal do Brasil, onde acumulou as funções de redator e colaborador dos suplementos “Estudos Brasileiros” e “Caderno B”. Trabalhou também para os jornais Correio da Manhã, Jornal dos Sports, Última Hora e O Jornal; revistas Singra, o Cruzeiro, Veja e Nova; e televisões Excelsior, Globo, TVE (RJ) e Cultura (SP). Colaborou ainda com O Pasquim e as revistas Senhor, Visão e Seleções, entre outras.

Seus dois primeiros livros – A província e o naturalismo (Rio de Janeiro, 1966) e Música popular (São Paulo, 1966) – reuniram ensaios produzidos para o Jornal do Brasil. A partir da década de 1980 se distanciou gradualmente da imprensa onde ganhara notoriedade e recebeu o epíteto de “temido crítico musical”.

Passa a dedicar-se em profundidade à pesquisa histórica, desenvolvendo assim uma extensa obra. Publicou estudos sobre os sons dos negros no Brasil e em Portugal, romances em folhetins, imprensa carnavalesca, festas no Brasil colonial, além de muitas obras sobre a música popular. Continua sua produção até os dias de hoje – sua obra Festa de negro em devoção de branco: do carnaval na procissão ao teatro no círio está no prelo em Portugal.

O acervo Tinhorão nasceu da necessidade do estudioso de compreender melhor a música popular produzida no Brasil. O material que o compõe compreende, de fato, a soma de uma variedade de coleções envolvendo concentração de informações de interesse para o estudo da cultura urbana brasileira, em geral, e da história do fenômeno da música popular, em particular. Além dos discos, há fotos, filmes, scripts de rádio, programas de cinema e teatro, cartazes, jornais, revistas, rolos de pianola, folhetos de cordel, press releases de gravadoras e uma biblioteca especializada em obras sobre música.

Tinhorão colecionou também obras de ficção, crônicas e memórias, que o ajudaram a entender a cultura popular urbana, além de 11 coleções de suplementos literários de jornais do Rio de Janeiro e São Paulo, publicados a partir da década de 1940. Registrou, ainda, fitas com depoimentos de personalidades, gravações de palestras e programas de televisão de que participou.

A discoteca do acervo Tinhorão, que foi incorporado pelo Instituto Moreira Salles em meados de 2001, é formada por cerca de 6,5 mil discos de 76 e 78 rpm (gravados e lançados no mercado fonográfico entre 1902 e 1964) e 6 mil discos de 33 rpm (vendidos entre 1955 e meados da década de 1990), conhecidos como long-plays.

Dos mais antigos sambas (anteriores ao célebre Pelo Telefone, de 1917) à chamada “era dos festivais”, na década de 1960, em que pontificavam talentos como Caetano Veloso, Chico Buarque e Milton Nascimento, passando pela grande música instrumental produzida no Brasil a partir da década de 1970, todos os ciclos e movimentos da música popular brasileira podem ser encontrados nesse conjunto.

O amado e odiado pesquisador

Tinhorão poderia ser chamado de "o boca maldita" do século XX. Amado e odiado na mesma intensidade, o crítico musical ganhou fama, principalmente, por atacar figuras do cenário brasileiro, como Tom Jobim e Chico Buarque e ser implacável com a bossa nova. Chegou mesmo a escrever que Águas de Março, de Jobim, não passaria de mero plágio. Mesmo despertando sentimentos apaixonados, Tinhorão, certamente, é um dos grandes nomes da crítica musical brasileira.


Começou no Jornalismo em 1951, vendendo reportagens para a Revista da Semana (RJ) e para a Revista Guaíra de Curitiba (PR). No ano de 1959, entrou no Jornal do Brasil, onde atuou como redator e colaborador dos 'Cadernos de Estudos Brasileiros' e 'Caderno B'. Ao assumir uma coluna controversa no jornal, entre os anos de 1975 a 1980, comprou briga com grandes nomes da MPB, chamando, por exemplo, de "boi com abóbora" um samba de Chico Buarque ou batendo boca com Paulinho da Viola.

Seu primeiro livro sobre a história da música popular brasileira foi escrito em 1966, 'Música Popular: um tema em debate'. Ao todo, sua obra já chega a mais de 20 publicações.

Acervo histórico

Tinhorão sempre foi um pesquisador das raízes da música brasileira. Aventureiro de sebos, bibliotecas e arquivos empoeirados do Brasil e de Portugal, tornou-se dono de 7 mil discos, 6 mil livros e mais uma grande quantidade de revistas, fotos e fitas.

O jornalista viveu muitos anos disputando espaço com todo seu material em apenas 31 metros quadrados de um apartamento no centro de São Paulo. Disposto a vender sua obra, não conseguia encontrar compradores que se interessassem e chegou a pensar em vender as relíquias na rua.

A salvação para todo esse material histórico, importante no retrato da música brasileira, foi o interesse do Instituto Moreira Salles. Com um projeto de digitalizar e disponibilizar a todos os interessados músicas, livros e fotografias da história brasileira, o instituto comprou o acervo de Tinhorão. Agora, quem quiser conferir pode acessar o site do IMS e navegar nos raros acervos disponíveis pelos instituto. São cerca de 13 mil músicas brasileiras gravadas originalmente em discos de vinil de 78 rotações por minuto.

Parabéns ao historiador Tinhorão. Muitas informações sobre música aqui, é o trabalho valioso dele e do Senhor Jairo Severiano, outro grande escritor.  

Fontes: Wikipédia; Revista época; Instituto Moreira Salles.