Na casa de Vinícius de Moraes, os Cariocas: Severino, Badeco, Luiz Roberto e Quartera cantam para o poeta.
"O movimento da Bossa Nova está ligado ao processo de desenvolvimento do país. A partir de 1922, o movimento modernista rompeu formalmente com a cultura européia. Houve uma grande busca - criações nacionais na poesia, na pintura, em tudo.
O grande Villa-Lobos é prova disso. Um tremendo músico, um erudito que tinha raízes populares, que tocava violão e fazia serestas nos bairros boêmios do Rio. Na música popular, o desenvolvimento foi diferente. O samba tradicional começou com os carnavais do princípio do século. Houve um grande êxodo de escravos, que se estabeleceram no Rio e começaram a trabalhar ritmos e danças.
Nisso, a música brasileira se parece muito com o jazz. A contribuição da cultura africana é importantíssima. Devemos a eles toda a parte de ritmo. Nós tivemos a influência católica. Os primeiros cantos de jazz tiveram a influência protestante. Era obrigação acompanhar a missa, escutar esse tipo de música. Não obstante, se preservou a pureza do ritmo africano.
O que há realmente de importante no Brasil é uma unidade de sentimentos que vem da mistura do português com o negro e o índio. Criou-se, com isso, uma espécie de tristeza do povo, de melancolia, que explode nas festas tribais, como o carnaval. O português é muito romântico. O negro também, mas com ritmo e uma vitalidade enorme".
Fonte: Depoimento de Vinícius de Moraes ao Jornal Opinião – Novembro de 1970.
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