Cândido das Neves, apelidado de "Índio", compositor, cantor e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 24/07/1899 e faleceu em 04/11/1934. Filho do popular cantor e palhaço Eduardo das Neves, começou a se interessar pelo violão desde os cinco anos de idade. O pai, no entanto, queria que ele tivesse instrução e por isso colocou-o num colégio interno. Em 1917, porém, já aparecia como integrante do rancho Heróis da Piedade. Concluiu seus estudos, tendo perdido o pai a 11 de novembro de 1919, dia de sua formatura. Empregou-se como funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil, tornando-se conferente de estação.
Nessa época já compunha e fazia serestas pelas madrugadas cariocas, com seus colegas de trabalho Henrique de Melo Moraes (tio de Vinícius de Moraes) e Uriel Lourival, entre outros. Em 1922 gravou, cantando, Saudades do sertão e o fox-trot Quadra de amor na Odeon (em discos mecânicos da Casa Edison), composições suas. Por 1925-1926 foi transferido para Conselheiro Lafaiete MG, onde passou um ano, continuando a cantar e tocar nas serestas com os companheiros da Central do Brasil.
Sua primeira gravação de sucesso foi o tango Noite cheia de estrelas (inspirado no tango Madre de Francisco Pracanico e Verminio Servetto, de muito sucesso na época), gravado em 1932, já na fase elétrica, por Vicente Celestino. Suas letras, sempre muito extensas, cantavam a natureza duma forma romântica, tornando-se muito apreciadas pelo público. Por volta de 1930 apresentou-se, algumas vezes, no programa de Gastão Lamounier na Rádio Educadora da Brasil, com Melo Moraes.
Em 1932 gravou com Melo Moraes, fazendo a segunda voz, as canções-sertanejas Rosa morena e Luar de minha terra (ambas de sua autoria). Nessa mesma época compôs Versos de longe, gravada por Melo Moraes. Em suas apresentações era aplaudido não só pelos seus versos e voz, como também pela sua execução no violão. Dedicou-se também ao ensino, pois escrevia e lia música. Sempre fiel à modinha popular, compôs também valsas, serestas e tangos. Nessa época começou a se afastar gradativamente das rodas boêmias, por problemas de saúde.
Em 1934, ganhou o primeiro lugar no concurso de músicas carnavalescas da revista O Malho, na categoria samba, com Perdi o meu pandeiro, que não foi gravado. Sofria já de tuberculose galopante na laringe, que o levou à morte. Muitas de suas músicas, que se tornaram grandes sucessos, só vieram a ser gravadas após seu desaparecimento. Entre elas se encontram A última estrofe, inicialmente gravada em 1932 par Fernando Castro Barbosa, regravada por Orlando Silva em 1935, e que viria a ter gravações de Vicente Celestino, Nelson Gonçalves e Sílvio Caldas; Lágrimas, gravada por Orlando Silva em 1935; Apoteose do amor, gravada em 1936 por Orlando Silva; e Página de dor, feita em parceria com Pixinguinha, gravada por Orlando Silva em 1938, na Victor.
Obra completa
Abismo de amor, valsa, 1931; Anjo enfermo, canção, 1933; Apoteose do amor, valsa, 1936; Um beijo só (com Bonfiglio de Oliveira), samba, 1932; Cabocla serrana, canção, 1932; Canção do ceguinho, canção, 1930; Castelos de areia, valsa, 1935; Cinzas, valsa, 1937; Cinzas do amor, canção, 1930; Com iaiá é assim, samba-canção, 1930; De tanga, samba, 1930; Dileta, tango-canção, 1932; E nada mais, tango-canção, 1932; Em delírio, canção, 1936; Entre lágrimas, canção, 1932; Foi muamba (com Pixinguinha), samba carnavalesco, 1930; Fonte abandonada (com Pixinguinha), canção, 1930; lnfeliz amor, tango-canção, 1931; Íntima lágrima, valsa-modinha, 1929; Jura de Caboclo, canção regional, 1932; Lágrimas, valsa-canção, 1935; Lenda sertaneja, canção sertaneja, 1930; Luar de minha terra, canção sertaneja, 1933; A maior descoberta, marcha, 1934; Nas asas brancas da saudade, valsa, 1933; Nênias, tango canção, 1929; Noite cheia de estrelas, tango, 1928; A órfã, canção, 1933; Página de dor (com Pixinguinha), valsa, 1938; Para sempre adeus, valsa, 1933; Por que gosto de você, samba, 1930; Rancho abandonado (com Pixinguinha), canção, 1930; Rasguei o teu retrato, tango-canção, 1935; Renúncia em prantos (com Juca Kalut), canção, 1933; Rosa morena, canção sertaneja, 1933; Sim, mas desencosta, samba-canção, 1930; A última estrofe, noturno, 1932; Vangelina, canção, 1933; Versos de longe, 1933; Voltaste, canção dolente, 1937.
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