Nássara (Antônio Gabriel Nássara), compositor e caricaturista, nasceu no Rio de Janeiro RJ, em 11/11/1910, e faleceu em 11/12/1995. Nascido no bairro de São Cristóvão, tinha dois anos quando a família se mudou para Vila Isabel, na mesma rua em que morava Noel Rosa.
Em sua mocidade freqüentou o Ponto de Cem Réis, em Vila Isabel, onde se reuniam boêmios e sambistas, inclusive o vizinho Noel Rosa, que, mais tarde, foi seu parceiro na marcha Retiro da saudade (1934), gravada por Francisco Alves e Carmen Miranda, em dupla, e Os Diabos do Céu. Em 1927, passou a trabalhar como caricaturista do jornal O Globo, do Rio de Janeiro.
Por 1928 ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, para fazer o curso de arquitetura, e, com os colegas, formou um grupo musical, a Turma da E.N.B.A., integrado por J. Rui, Barata Ribeiro, Manuelito Xavier e Jaci Rosas e, mais tarde, pelo cantor Luís Barbosa, que não era aluno da escola.
Em 1931, sua composição Para o samba entrar no céu... (com Almirante e J. Rui) foi gravada por Almirante. No ano seguinte, trabalhando no jornal Mundo Sportivo, participou da organização do primeiro concurso de escolas de samba, patrocinado pelo jornal. Por essa época, abandonou o curso de arquitetura, passando a trabalhar somente como caricaturista, diagramador e paginador de jornais e revistas cariocas, entre os quais A Noite, A Crítica, A Hora, O Radical, A Nação, Careta, O Cruzeiro, Última Hora e A Jornada, periódico fundado por Orestes Barbosa.
Nessa mesma época, trabalhou, durante seis meses, no Programa Casé, da Rádio Philips, inicialmente como locutor e, depois, como redator de anúncios. Um dos pioneiros do jingle no Brasil, nessa rádio anunciou a padaria Bragança com um jingle, em ritmo de fado, que se tornou muito popular. Seu primeiro sucesso, a marcha Formosa (com J. Rui), foi lançado no Carnaval de 1933 pela dupla Mário Reis e Francisco Alves, na Odeon.
Para o Carnaval de 1934, Francisco Alves gravou Tipo sete (com Alberto Ribeiro), que obteve o primeiro lugar no concurso da prefeitura na categoria marcha. Em 1935, compôs Coração ingrato (com Eratóstenes Frazão) e, em 1938, fez grande sucesso com a marchinha Periquitinho verde (com Sá Róris), gravada na Odeon por Dircinha Batista.
Em 1939, com Frazão, seu parceiro mais constante, fez Florisbela, vencedora do concurso oficial carnavalesco daquele ano e gravada por Sílvio Caldas, além do samba Meu consolo é você (com Roberto Martins), sucesso de Orlando Silva.
No Carnaval de 1941, lançou Nós queremos uma valsa (com Frazão), gravada por Carlos Galhardo. Nesse ano, uma das composições mais cantadas no Carnaval foi a sua Allah-la-ô (com Haroldo Lobo), gravada por Carlos Galhardo com uma célebre orquestração de Pixinguinha.
De 1943 a 1945, colaborou assiduamente na revista O Cruzeiro, fazendo charges relativas à Segunda Guerra Mundial. No final da década de 1940, tornou-se parceiro de Wilson Batista. A primeira composição da dupla, a marcha Balzaquiana, foi gravada em 1950 por Jorge Goulart, e, traduzida para o francês por Michel Simon, foi lançada na França por ocasião das comemorações do centenário de Honoré de Balzac (1799-1850). Repetiram o sucesso no Carnaval de 1951 com a marcha Sereia de Copacabana, e no de 1952 com o samba Mundo de zinco, ambos também gravados por Jorge Goulart. Em 1953 compôs o samba Chico Viola (com Wilson Batista), em homenagem a Francisco Alves - que acabara de morrer em acidente automobilístico -, gravado por Linda Batista.
Desiludido com os esquemas de comercialização do Carnaval, sua produção começou a diminuir a partir do final da década de 1950. Voltou a compor em 1968, lançando, para o Carnaval, O craque do tamborim (com Luís Reis).
A 13 de fevereiro de 1968 prestou depoimento sobre sua vida ao MIS, do Rio de Janeiro. Em 1972 voltou a trabalhar como desenhista, fazendo as 12 capas dos LPs da série No tempo dos bons tempos, da Philips, etiqueta Fontana. Nessa época, colaborou no semanário carioca O Pasquim. Seu trabalho como cartunista foi tema do livro Nássara desenhista, de Cássio Loredano, publicado pela Funarte em 1985.
Vários artistas das novas gerações fizeram caricaturas dele para uma exposição, em sua homenagem, no Museu de Belas Artes (Rio de Janeiro), em 1990. Não chegou a ver publicado seu último trabalho, de 1996, com mais de 30 desenhos que ilustravam o livro infantil Moça perfumosa, rapaz pimpão, de Daniela Chindler. Era o primeiro livro infantil que ilustrava.
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