Vicente Celestino (Antônio Vicente Filipe Celestino), cantor, compositor a ator, nasceu no Rio de Janeiro (RJ), em 12/9/1894 e falceu em São Paulo, em 23/8/1968. Filho de um casal de imigrantes calabreses chegados ao Brasil dois anos antes de seu nascimento, teve dez irmãos, quatro também artistas João, galã cômico; Pedro Celestino, tenor; Radamés, barítono; e Antônio, baixo. Começou a cantar aos oito anos, num grupo chamado Pastorinhas da Ladeira do Viana, e, ainda aluno de escola primaria publica, iniciou-se no ofício de sapateiro com o pai, entrando para o Liceu de Artes e Ofícios, para aprender desenho industrial, logo após terminar o primário. Com sua poderosa voz de tenor, cantou tambem músicas modernas, como o samba Se todos fossem iguais a você (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), em 1959, mantendo-se sempre fiel a seu estilo. Em 1965 recebeu o titulo de Cidadão Paulistano da Câmara dos Vereadores. Passou também a ser conhecido por um público mais jovem em 1968, quando Caetano Veloso gravou Coração materno (foto ao lado: Vicente Celestino e sua mulher, Gilda de Abreu, ladeiam Chiquinha Gonzaga. À direita, Viriato Correia).
Preparando-se para gravar um programa de televisão em que seria homenageado pelos componentes do Movimento Tropicalista, sentiu-se mal no quarto do hotel Normandie, em São Paulo, morrendo minutos depois do coração. No total, em todas as gravadoras, desde a fase mecânica, lançou cerca de 137 discos em 78 rpm com 265 musicas, mais dez compactos e 31 LPs, vários destes com relançamentos.
A Voz orgulho do Brasil
Possuidor de voz extraordinária, era chamado diariamente para cantar em festas de Igrejas, em reuniões sociais e em clubes. Nada recebia em troca, além de elogios, aplausos e lanche. Assim, pouco a pouco o jovem Celestino se tornava famoso no bairro e arredores.
No seu repertório já constavam trechos de óperas, valsas, canções, música sacra etc. Com sua voz possante e bela, as canções ganhavam nova roupagem devido a sua interpretação. Era ovacionado por todos os que o ouviam. Assistia a todas as companhias líricas que visitavam o Brasil, tendo como ídolo Enrico Caruso.
Aos dezoito anos começou a cantar nos chamados "Chopes" da época e, aos vinte anos, estreava profissionalmente no Teatro São José, onde levou a platéia ao delírio cantando a famosa cancão "Flor do Mal", que foi também a sua primeira gravação, em 1916, quando ganhou, por milhares de discos vendidos, a importância de dez mil réis.
O povo adorava aquele moço simpático e simples que se dava por inteiro quando cantava. Vicente Celestino cantava com a alma e o coração, sem economizar o que Deus lhe deu: sua voz preciosa. Os jovens que aplaudiam o cantor ensinaram a seus filhos e, depois, aos seus netos a gostar daquele que, orgulhosamente, cantou para quatro gerações.
Vicente estrelou dois filmes: "O Ébrio" e "Coração Materno". Um grande empresário da época, Walter Mochi, ao ouvi-lo, quis levá-lo para a Europa, a fim de projetar Vicente como um dos maiores tenores dramáticos do mundo. Mas Vicente não concordou e disse que jamais deixaria o Brasil, sua Pátria, declinando, assim, do honroso convite. Queria cantar para o seu povo. Poucos teriam resistido à tentação.
Vicente Celestino era um homem feliz. Cantou durante 65 anos sem parar. Era uma autêntica glória nacional. Foi cognominado "A voz orgulho do Brasil': e bem mereceu o título. Compôs várias cancões de grande sucesso: "O Ébrio", "Coração Materno", "Patativa", "Serenata", "Ouvindo-te" e inúmeras outras. Deu ao Brasil a sua voz, a sua alma e todo o seu amor de brasileiro. Recebeu muitas homenagens em vida e durante 33 anos foi contratado pela RCA-Victor, onde gravou centenas de discos.
Antonio Vicente Felippe Celestino (Vicente Celestino) estava cantando para a quarta geração e a última vez que se apresentou foi para uma pequena platéia de 200 pessoas, durante um ensaio em São Paulo, na triste tarde de 23 de agosto de 1968, onde artistas, músicos, cantores ensaiavam para um "show" que seria gravado às 23 horas. Cantou naquele ensaio (dito pelos colegas), talvez como nunca tenha cantado antes, a cancão "Mande uma Flor de Saudade" com letra de M. Ghiaroni e música de sua autoria. Mas aquele havia sido o Canto do Cisne da mais aplaudida e incompreendida voz do cancioneiro brasileiro. E, assim, às 22:30 horas daquela noite calou-se para sempre "A voz orgulho do Brasil".
Algumas músicas
Coração materno, Flor do mal (Saudade eterna), Mia Gioconda, Noite cheia de estrelas, O cigano, O ébrio, Ontem ao luar (Choro e poesia), Ouvindo-te, Patativa, Porta aberta, Rasguei o teu retrato, Sangue e areia.
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