segunda-feira, 2 de julho de 2007

Capiba

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Lourenço da Fonseca Barbosa, o Capiba, compositor e instrumentista, nasceu em Surubim PE (28/10/1904) e faleceu no Recife (31/12/1997). Filho do maestro Severino Atanásio de Sousa Barbosa, que era compositor, cantor e diretor de várias bandas musicais, tinha doze irmãos, que, como ele, aprenderam com o pai, e dois dos quais também se tornariam compositores de frevos: José Mariano (Marambá) e Hermann Barbosa. No mesmo ano em que nasceu, a família mudou-se para Recife, depois para Carpina PE, e em 1913 para Taperoá PB.
Por essa época já se dedicava à música, tocando trompa e participando, junto com os irmãos, da banda Lira de Borborema, dirigida pelo pai. Um ano mais tarde, a família mudou-se novamente, instalando-se em Campina Grande PB, onde o maestro Severino foi dirigir a Charanga Afonso Campos. Nessa época, a família já era chamada pelo apelido de Capiba ("jumento", no Nordeste), que provavelmente se originou com o avô, conhecido por sua pequena estatura e teimosia.
Aos 16 anos, aprendeu rapidamente algumas valsas ao piano, para substituir sua irmã Josefa como pianista do Cine Fox, de Campina Grande. Daí em diante, passou a dividir seu tempo entre o piano e o futebol, no qual chegou a se destacar, integrando times profissionais da cidade (América e Campinense Clube). Aos 20 anos, foi obrigado pela família a trocar a música e o futebol pelos estudos, viajando para João Pessoa PB, onde se matriculou num liceu.
Enfrentando a opinião dos pais, no mesmo ano teve sua primeira composição editada, a valsa Meu destino, e em 1925 empregou-se como pianista do cinema Rio Branco. Depois de fundar uma orquestra de baile, para atuar no Clube Astréia, e um conjunto, o Jazz Independência, venceu em 1929, com o tango Flor das ingratas, um concurso patrocinado pela revista Vida Doméstica, do Rio de Janeiro, que o publicou em fevereiro do ano seguinte.
Em 1930 participou do concurso carnavalesco da Casa Edison, classificando-se em quarto lugar com seu samba Não quero mais (com João Santos Coelho Filho), gravado para o Carnaval desse ano por Francisco Alves. Foi sua primeira música gravada com o pseudônimo de José Pato. No mesmo ano, deixou João Pessoa, seguindo para Recife, onde havia entrado, por concurso, no Banco do Brasil; mas não deixou a música, fundando a Jazz-Band Acadêmica, formada por estudantes universitários, e que destinava à Casa do Estudante Pobre toda a renda auferida em bailes.
Em 1932 compôs a Valsa verde (com Ferreira dos Santos), apresentada pela Jazz-Band Acadêmica na festa de formatura dos alunos de medicina. A orquestra, da qual era regente e pianista, tornou-se uma das mais famosas de Recife, apresentando-se também em outros Estados. A experiência ao lado dos acadêmicos fez com que se interessasse em cursar direito, sem deixar de lado a música e o trabalho no banco. Ainda em 1932 compôs, com Ascenso Ferreira, o maracatu É de tororó, que, depois de se tornar um sucesso em Recife, foi levado para o Rio de Janeiro RJ, sendo incluído numa revista de Jardel Jércolis, que excursionou pelo Brasil, Espanha e Portugal. No ano seguinte, apresentado no Rio de Janeiro pela Jazz Band Acadêmica, esse maracatu transformou-se em sucesso carnavalesco.
Em 1934 lançou-se como compositor de frevos, com É de amargar, inscrito no concurso promovido pelo Diário de Pernambuco, em que obteve o primeiro lugar; gravado por Mário Reis, consagrou-se no gênero. Em 1936 seu frevo-canção Manda embora essa tristeza foi gravado na Victor por Araci de Almeida. Dois anos depois, formou-se na Faculdade de Direito de Recife e venceu um concurso de tangos na Paraíba. Em 1939, ainda na Paraíba, conquistou o primeiro lugar num concurso de frevos.
Em 1943 compôs a canção Maria Bethânia, feita para a peça Senhora de Engenho, de Mário Sette, dirigida por Hermógenes Viana e encenada pelo Teatro do Sindicato dos Bancários. No ano seguinte, a canção foi gravada por Nelson Gonçalves, na Victor, e se tornou conhecida em todo o país.
Por 1947-1948, compôs uma série de músicas para peças teatrais, na época em que os escritores Hermilo Borba Filho e Ariano Suassuna fundaram o Teatro de Estudantes de Pernambuco e, mais tarde, o Teatro Popular do Nordeste, do qual foi presidente. Do final da década de 1940 até meados da década de 1960, compôs músicas para as peças Haja pau (de José de Morais Pinho) e Mãe da lua (de Hermilo Borba Filho), para o Teatro de Bonecos; Amor de dom Perlimpim com Belisa em seu jardim (de Federico García Lorca), para o Teatro de Estudantes de Pernambuco; A pena e a lei (de Ariano Suassuna), Mandrágora (de Maquiavel), Viola do Diabo (da pintora Ladjane), encenadas pelo Teatro Popular do Nordeste; e O coronel de Macambira (de Joaquim Cardoso), pelo Teatro do Ministério da Educação e Saúde. Também musicou vários poemas de autores brasileiros, como, em 1948, Garça triste, de Castro Alves.
Em 1949 conheceu o maestro Guerra-Peixe, quando este foi trabalhar na Rádio Clube do Recife. Com ele estudou harmonia e composição erudita, passando a compor um concerto para piano, outro para flauta, um trio para violão, violino e celo, e uma suíte para piano, orquestrada por Guerra-Peixe. Seu concerto para flauta, dedicado a Esteban Estter, foi executado pelo próprio flautista no Brasil, Uruguai, Chile, Argentina e França.
Em 1950, no concurso da prefeitura de Recife para a comemoração do primeiro centenário do Teatro Santa Isabel, vencido por Guerra-Peixe, obteve o segundo lugar com uma abertura solene para orquestra sinfônica. No mesmo ano compôs o Maracatu elefante, mais tarde gravado na França. Também musicou, cinco anos depois, os versos de Alphonsus de Guimaraens, Ismália.
Em 1957 compôs, para o Carnaval, o maracatu Nação Nagô. Por essa época, já se dedicava também à pintura, nas horas vagas. Em 1963 musicou os versos de Vinícius de Moraes, Soneto da fidelidade, e, em 1964, alcançou em todo o Brasil seu maior sucesso da década, com o samba-canção A mesma rosa amarela (letra do poeta pernambucano Carlos Pena Filho).
Dois anos depois, sua composição Dia de festa ficou entre as finalistas do I FIC, da TV-Rio, do Rio de Janeiro. No ano seguinte, no II FIC, da TV Globo, obteve o quinto lugar e medalha de ouro com seu samba-baião São os do Norte que vêm, com letra de Ariano Suassuna. No mesmo ano participou do II Festival de Músicas de Carnaval, patrocinado pela Secretaria de Turismo do Rio de Janeiro, com o frevo-canção Europa, França e Bahia.
Em 1968 concorreu no III FIC com A cantiga de Jesuíno (letra de Ariano Suassuna) e o samba-afro Por causa de um amor. Compôs ainda diversas canções e músicas para a Orquestra Armorial de Pernambuco, como Sem lei nem rei, e para o Quarteto Armorial, como Toada e desafio.

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