Foi chamado de poeta, de representante de uma geração de guru dos anos 80. Mas Cazuza foi, na verdade, um tipo de pirata. Estavam presentes nele a audácia de quem abordou o navio da MPB e conheceu os seus tesouros; o romantismo de quem, sob o luar, se embebeda e tece versos, contemplando as paixões; a acidez de uma geração que viu o mundo mudar para um tempo mais duro, menos solidário e mais competitivo.
O pai foi ao cartório registrar seu único filho e ditou para o escrivão: Agenor de Miranda Araújo. Mas, antes que o menino chegasse ao mundo, João Araújo já havia lhe dado outro nome, que o acompanharia por toda a vida. Herdeiro de uma família pernambucana, João Araújo resolvera chamar o filho de Cazuza, um tipo de gíria nordestina para moleque. Ainda durante a gravidez de Lúcia - e sem o ultrassom dos dias de hoje para saber o sexo da criança -, o pai repetia aos amigos: eu vou ter um cazuza. E teve um Agenor, Cazuza, músico e poeta do Brasil.
Além de lhe darem o nome artístico, os personagens da família de Cazuza determinaram seu envolvimento com a música. Ele mesmo gostava de afirmar que sua história musical começou com seu avô, quando, no início do século, ele se mudou de um engenho em Pernambuco para o que era, na época, o areal do Leblon. A partir daí, a história se desenrolou. Seu pai, João Araújo, conheceu uma moça que morava nas imediações, com quem acabou se casando. A moça chamava-se Lúcia e adorava cantar - como Cazuza dizia, cantava como um passarinho. Tanto que uma das primeiras novelas da televisão brasileira teve uma gravação sua na trilha sonora: Peito vazio, de Cartola. Já adulto, Cazuza se lembraria de ouvir a mãe cantarolando pela casa.
Na sua memória fotográfica também ficaram registrados momentos nos pátios e nas comemorações das escolas. Quase sempre lembranças de sua infância, já que, a partir de 11, 12 anos, suas relações com os colégios se tornaram ruins.
Também marcaram as reminiscências do garoto as aparições de artistas em seu lar. Quando ainda era criança, conheceu Elis Regina, os Novos Baianos, Jair Rodrigues, entre outros. Por essa época, durante sua infância, seu pai já estava ligado ao mundo da música e ocupava lugar de destaque na Som Livre, gravadora do grupo Globo. Algum tempo depois, ele se tornaria presidente da empresa.
Porém, a primeira influência que Cazuza recebeu em direção à música veio mesmo de sua mãe. Foi ela quem despertou sua atenção e sua vocação para a arte. E, depois que o filho se transformou no Cazuza ídolo da juventude brasileira do anos 80 e morreu de Aids em 1990, ela levou à frente o projeto da Fundação Cazuza, uma das primeiras entidades civis no Brasil voltada ao apoio a soropositivos. O trabalho de Lúcia é como uma continuação da mensagem de Cazuza aos jovens.
As músicas
Amor, Amor, Andróide sem par, Azul e amarelo, Baby suporte, Balada do Esplanada, Bete Balanço, Bilhetinho azul, Blues da Piedade, Blues do iniciante, Billy Negão, Boas novas, Brasil, Burguesia, Carente profissional, Certo dia na cidade, Cobaias de Deus, Codinome Beija-Flor, Completamente blue, Como já dizia Djavan, Conto de fadas, De quem é o poder?, Dolorosa, Down em mim.
Esse cara, Eu queria ter uma bomba, Eu quero alguém, Exagerado, Faz parte do meu show, Filho único, Garota de Bauru, Hey rei, Ideologia, Largado no mundo, Maior abandonado, Mal nenhum, Malandragem, Manhatã, Medieval II, Minha flor, meu bebê, Mulher sem razão, Nabucodonosor, O Brasil vai ensinar o mundo, O tempo não pára, O nosso amor a gente inventa.
Perto do fogo, Ponto fraco, Por aí , Por que a gente é assim?, Portuga, Posando de Star, Preciso dizer que te amo, Pro dia nascer feliz, Quando eu estiver cantando, Quarta feira, Ritual, Rock in geral, Sem vergonha, Só as mães são felizes, Solidão que nada, Subproduto do rock, Todo amor que houver nessa vida, Um trem para as estrelas, Vai à luta, Vem comigo, Vida fácil.
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