Angenor de Oliveira, o "Cartola" nasceu a 11 de Outubro de 1908 no Rio de Janeiro, em um bairro chamado Catete. Ganhou o apelido pois quando trabalhava em obras, usava um chapéu coco, para não sujar os cabelos de cimento. Foi em 1919 que Sebastião, Aida e seus sete filhos chegaram no Buraco Quente, (um bairro no morro de Mangueira).
Era franzino, mas muito esperto, conta seu amigo e parceiro Carlos Cachaça, que já morava em Mangueira e ainda vive até hoje, (1997) aos 93 anos de idade. Cartola em uma entrevista disse: "Nos meus olhos, em Mangueira, só tinham uns cinqüenta barracos. E provavelmente estava certo.
Ele e seus companheiros fundaram a G.R.E.S Estação Primeira de Mangueira. Sua contribuição à Cultura Brasileira é inestimável. Sua concepção harmônica, suas melodias e versos são simplesmente maravilhosos. Mestres da Música como os maestros Villa Lobos e Stokovsky foram ao Buraco Quente conhece-lo e tomar conhecimento de sua obra.
Devido ao racismo, Cartola nunca foi economicamente bem sucedido. Trabalhou até como pedreiro para sobreviver, e no meio dos anos 60 o jornalista Stanislaw Ponte Preta encontrou-o lavando carros no bairro de Ipanema, e perguntou: "Você não é o Cartola?". "Sou", foi a resposta. Isso causou muito espanto ao jornalista, que passou a ajudá-lo, tornando-o mais popular. Cartola, gravou seu primeiro disco em 1974.
Mas sua vida não foi só de tristezas. Entre a metade dos anos 60 até sua morte em 1980 conheceu um pouco de popularidade (mas não dinheiro), e descobriu que todos que tinham a chance de ouvir suas canções, ou vê-lo tocar e cantar, passava a ama-lo. Através de suas canções, o povo brasileiro pôde entender um pouco mais a vida, e como lidar com o dia a dia de uma maneira mais poética.
Cartola partiu desse mundo deixando suas canções e seu amor, e nós o louvamos, e o amamos muito. Cartola ignorou a injustiça pois esteve sempre ocupado, com o que tinha no coração.Tinha sabedoria suficiente para saber o quanto estava adiante de seu tempo, o quão importante seria os brasileiros um dia perceberem a mensagem que Espíritos Africanos o designaram para levar a terras distantes.
Hoje em dia, o mundo inteiro percebe. Cartola é a prova da natureza surpreendente do verdadeiro talento. Fez somente o primário e jamais conseguiu se integrar à estrutura de trabalho. Trabalhou sempre com bicos, como pedreiro, pintor de paredes, lavador de carros, vigia de prédios e contínuo de repartição pública. Mas seu dom fez dele o maior sambista carioca de todos os tempos, com letras impecáveis e batidas deliciosas.
Na década de 20, quando os blocos de carnaval resolveram se organizar em sociedades permanentes, Ismael Silva e o pessoal do Estácio criaram uma associação que se autodenominava Escola de Samba, a Deixa Falar. Cartola, então, juntou o pessoal da Mangueira, escolheu o nome Estação Primeira de Mangueira, adotou as cores verde e rosa e também criou sua escola. Nascia assim o maior fenômeno do carnaval carioca. Em seu primeiro desfile na Praça Onze, com o samba enredo de Cartola, Chega de demanda, a Mangueira ganhava também o primeiro prêmio do carnaval.
Algumas músicas e letras
A canção de saudade, A cor da esperança, A mesma estória, Acontece, Alvorada, Ao amanhecer, As rosas não falam, Assim não dá, Autonomia, Beijos, Cadeira vazia, Catedral do inferno, Chega de demanda, Como é que eu posso, Cordas de aço, Corra e olhe o céu, Disfarça e chora, Dois bicudos, E fiz por você o que pude, Ensaboa mulata, Estudei demais.
Fala Mangueira, Festa da Penha, Festa da Vinda, Fim de estrada, Fita os meus olhos, Grande Deus, Inverno do meu tempo, Labaredas, Minha, Não quero mais amar a ninguém, O mundo é um moinho, O sol nascerá, Peito vazio, Preciso me encontrar, Sala de recepção, Silêncio de um cipreste, Tive sim.
Veja também:
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