Paulo da Portela (Paulo Benjamim de Oliveira), compositor, nasceu no Rio de Janeiro/RJ em 18/6/1901 e faleceu em 30/1/1949. Lustrador de profissão pertenceu a ranchos carnavalescos que reuniam funcionários públicos e operários têxteis, antes de aderir ao samba, levado por Heitor dos Prazeres.
Bem falante e destacando-se sempre por sua elegância, no início da década de 1920 já freqüentava, no subúrbio de Osvaldo Cruz, a casa da baiana Ester Maria da Cruz, onde se realizavam festas de candomblé e rodas de samba.
Nos Carnavais dessa época, desfilava na Praça Onze, durante o dia no bloco Quem Fala de Nós Come Mosca, organizado por dona Ester, e, de noite no Baianinhas de Osvaldo Cruz, do qual era líder. Em 1923, da fusão desses dois blocos, surgiu o Vai Como Pode, cujo ponto de reunião era uma jaqueira que havia na Estrada da Portela.
Seu samba Quem espera sempre alcança foi lançado em disco Odeon, em 1932, por Mário Reis. Em 1934, já com muitos sambas divulgados na escola, participou como primeiro tesoureiro da União Geral das Escolas de Samba, a primeira associação criada para defender os interesses das escolas.
No ano seguinte, introduziu alegorias em sua escola, que tirou o primeiro lugar no desfile na Praça Onze, cantando o seu samba Guanabara, que, com o título modificado para Cidade-mulher, foi gravado 40 anos depois por Alcides Lopes, no LP Portela, da serie Histórias das escolas de samba, da gravadora Marcus Pereira.
A partir de 1935, a Vai Como Pode passou a ser chamada G.R.E.S. da Portela, nome mais “respeitável”, sugerido por um delegado de polícia. No ano seguinte, foi eleito Cidadão Momo. Em 1937, teve seu samba Cantar para não chorar (com Heitor dos Prazeres), gravado por Carlos Galhardo, em disco Víctor.
Recebeu, ainda em 1937, o título de Cidadão Samba, dado pela União Geral das Escolas de Samba. Dois anos depois, a Portela venceu novamente o desfile das escolas com seu enredo Teste de samba. Juntamente com Cartola, trabalhou, em 1941, na Rádio Cruzeiro do Sul, fazendo o programa A Voz do Morro, no qual os dois compositores apresentavam sambas inéditos para os quais os ouvintes deveriam sugerir títulos.
Ainda em 1941, a Portela foi a vencedora do desfile de escolas de samba, com o seu samba Dez anos de glória (com Antônio Caetano), iniciando assim o período de ouro da escola, que seria campeã durante os sete anos seguintes. Ironicamente, esse foi o último ano em que desfilou pela Portela: desentendendo-se com a diretoria, transferiu-se para a escola de samba Lira do Amor, do subúrbio de Bento Ribeiro, onde passou a atuar como mestre de canto.
Em 1942, formou, com Cartola e Heitor dos Prazeres, o Grupo Carioca, trio que realizou apresentações em São Paulo SP, num programa da Rádio Cosmos. Nessa temporada na capital paulista, os três sambistas exibiram-se também individualmente, cantando em lugares públicos de diferentes bairros da cidade.
Depois de sua morte, os sambistas que conviveram com ele se encarregaram de transmitir seus sambas para as novas gerações e, assim, em 1965, o seu Pam-pam-pam-pam foi incluído no show Rosa de ouro, levado no Teatro Jovem, no Rio de Janeiro, gravado no LP Rosa de ouro, da Odeon; seu partido-alto Cocoró foi interpretado pela Velha Guarda da Portela no LP Portela, passado de glória, lançado pela RGE em 1970; seu samba até então inédito, Quitandeiro, foi lançado em 1974 por Alvaiade, no LP Portela, da Marcus Pereira.
Além dessas gravações, foi também homenageado por outros compositores, em sambas como De Paulo da Portela a Paulinho da Viola (Francisco Santana e Monarco) e Passado de glória (de Monarco).
Obras
Cantar para não chorar (c/Heitor dos Prazeres), samba, 1937; Dez anos de glória (c/Antônio Caetano), samba, 1941; Guanabara (Cidade-mulher), samba, 1974; Quem espera sempre alcança, samba, 1932; Quitandeiro, samba, 1934.
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