Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha, nasceu em 23 de Abril de 1897; durante muito tempo aceitou-se o ano de 1898 como o de seu nascimento, fato aceito inclusive pelo próprio músico. Esta data baseava-se em uma lista do pai de Pixinguinha, escrita à mão, com as datas dos nascimentos dos filhos. O erro foi corrigido recentemente, já que na certidão de batismo, datada de 28 de Maio de 1898, constava que o nascimento ocorrera um ano antes, no dia 23 de abril. O apelido Pixinguinha é uma mistura de Pizindim (pequeno bom), posto por uma prima, com Bexiguinha, que surgiu depois que ele contraiu bexiga.
A família Vianna era numerosa; dos catorze filhos, muitos cantavam e tocavam instrumentos. O caçula, Pixinguinha, começou no cavaquinho e acompanhava o pai que tocava flauta em alguns bailes. Logo começou a estudar música, experimentando também o bombardino e aos doze anos, compunha sua primeira obra, o choro Lata de leite, inspirado nos boêmios (os chorões da época), que bebiam o leite deixado nas portas das casas, quando retornavam das noitadas e dos bailes. A casa dos Vianna reunia chorões ilustres, como Candinho do Trombone, Viriato, Bonfiglio de Oliveira, e muitos outros. O menino Pixinguinha tentava reproduzir numa flautinha de folha, algumas das músicas executadas. Em pouco tempo começaria a ter aulas e em 1911 o professor Irineu "Batina" levaria o aluno para tocar flauta na orquestra da Sociedade Dançante e Carnavalesca Filhas da Jardineira. São desta época os primeiros registros em jornais sobre Pixinguinha, ainda como Alfredo Vianna Júnior.
Neste ano gravou seus primeiros discos, como componente do conjunto Choro Carioca; são eles: São João debaixo d'água, Nhonhô em sarilho e Salve (A Princesa de Cristal). No ano seguinte já era diretor de harmonia do rancho Paladinos Japoneses e fazia parte do conjunto Trio Suburbano. Em 1912 participou de cinco discos, de uma só face, que fazem parte do acervo do professor Mozart Araújo. Aos quinze anos já tocava profissionalmente na Casa de Chope La Concha. Depois trabalhou em cassinos, cabarés e teatros.
Em 1915 Pixinguinha era destaque da emergente Música Popular Brasileira. Já havia gravado discos e editado músicas de sucesso. Os jornais da época começavam a citar o jovem flautista. Em 1917 o músico era solicitado para as principais festas carnavalescas. Dois anos depois, formou-se o conjunto Oito Batutas, composto de flauta, violões, piano, bandolim, cavaquinho e percussão. Em breve o conjunto se tornava moda também nos salões elegantes, e a aristocracia já cansada da música erudita, se renderia ao charme dos rapazes "morenos". O sucesso dos "Batutas" começava a incomodar e os ataques foram muitos. A sociedade carioca imitava os modos e a cultura européia; para muitos era uma vergonha ter uma orquestra de pretos no Rio de Janeiro, mas os rapazes venceram e em breve estavam viajando por outros estados, sempre com estrondoso sucesso. Em Janeiro de 1922 Os Oito Batutas embarcam em um navio, rumo a Paris, com os bailarinos Duque e Gaby. A temporada deveria ser de um mês, mas o sucesso fez com que o grupo permanecesse por mais cinco meses. Os Batutas, composto entre outros, por Donga e China (seu irmão), apresentaria à França a ginga carioca, com muito samba, swing e maxixe.
Ary Barroso foi um dos primeiros a protestar contra a forma como os sambas - e outros ritmos brasileiros - estavam sendo gravados, nos momentos da expansão da indústria fonográfica no Brasil. Não que tivesse algo de pessoal contra os maestros e instrumentistas estrangeiros encarregados de executar nossas músicas, mas bastava simplesmente ouvi-los para sentir a falta de sotaque brasileiro. Os arranjos obedeciam à escola italiana, os músicos tocavam como nos velhos tempos dos maxixes, não se observava a presença de ritmistas nas orquestras, faltando molho e sabor nacionais às gravações.
A solução veio com um gênio negro nascido no Rio de Janeiro, em 1898, e que, aos 12 anos, já era considerado o maior flautista da cidade. No futuro, viria a sê-lo também do Brasil e, em termos de música popular, talvez do mundo. Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha, que já tivera a grande experiência internacional liderando os Oito Batutas em Paris, era nome conhecido e respeitado como músico e líder, quando sua carreira de arranjador, uma guinada em seu destino e no da música popular brasileira, aconteceu.
Acerta o passo (c/Benedito Lacerda), choro, 1950; Agüenta, seu Fulgêncio (c/Lourenço Lamartine), choro, 1929; Ai, eu queria, samba, 1928; Ainda existe, choro, 1928; Ainda me recordo (c/Benedito Lacerda), maxixe, 1932; Amigo do povo, choro, 1928; Assim é que é, polca, 1957; Os batutas (c/Duque), samba, s.d.; Bebe (c/Paulino Sacramento), 1957; Benguelê, lundu, 1946; Bianca (c/Andreoni), valsa, s.d.; Buquê de flores (c/W. Falcão), marcha-rancho, 1968; Cafezal em flor (c/Eugênio Fonseca), canção, 1931; Caixa alta, 1975; Canto em rodeio, 1992; Carinhoso, choro, 1928; Carinhoso (c/João de Barro), samba, 1937; Carnavá tá aí (c/Josué de Barros), marcha, 1930; Carne assada, 1913; Casado na orgia (c/João da Baiana), samba, 1933; Casamento do coronel Cristino, polca-choro, 1930; Um caso perdido, samba, s.d.; Cascatinha, 1957; Céu do Brasil (c/Gomes Filho), marcha-rancho, 1940; Cheguei (c/Benedito Lacerda), choro, 1946; Chorei, choro, 1942; Um chorinho no parque São Jorge (c/Salgado Filho), choro, 1958; Um chorinho pra Elisete, 1975; Os cinco companheiros, choro, 1942; Cochichando (c/Alberto Ribeiro e João de Barro), choro, 1944; Cochicho, 1961; Conversa de crioulo (c/Donga e João da Baiana), samba de partido-alto, 1931; Cuidado, colega (c/Benedito Lacerda), choro, 1948; Dança dos ursos, samba, 1930; Dançando, fox-trote, 1922; Dando topada, maxixe polca, 1957; De mal pra pior (c/Hermínio Belo de Carvalho), s.d.; Descendo a serra (c/Benedito Lacerda), choro, 1947; Desencanto, 1975; Desprezado, choro, 1929; Devagar e sempre (c/Benedito Lacerda), choro, 1949; Dininha (c/Benedito Lacerda), valsa, 1948; Diplomata, 1975; Displicente (c/Benedito Lacerda), choro, 1950; Os dois que se gostam, tango, 1919; Dominante, tango, 1916; Ela e eu (c/Benedito Lacerda), polca, 1947; Encantadora, polca, 1928; Estou voltando, choro, 1932; Eu sou gozado assim, samba, 1931; Fala baixinho (c/Hermínio Belo de Carvalho), choro, 1964; Festa de branco, samba, 1928; Uma festa de Nanã (c/Gastão Viana), lundu, 1941; Flausina (c/Pedro Gaudino), 1957; Foi muamba (c/Índio), samba, 1930; Fonte abandonada (c/Índio), canção, 1931; Fraternidad, tango, 1928; Gargalhada, 1968; O gato e o canário (c/Benedito Lacerda), polca, 1949; Gavião calçudo, samba, 1929; Glória, valsa, 1934; Guiomar (c/Baiano), marcha, 1929; Hal hu! lahô! (c/Donga e João da Baiana), samba de partido-alto, 1931; Harmonia das flores (c/Hermínio Belo de Carvalho), choro, 1964; Hino de Ramos (c/Alberto Lima), 1966; Os home implica comigo (c/Carmem Miranda), samba, 1930; Infantil, choro, 1928; Ingênuo (c/Benedito Lacerda), choro, 1947; Inspiração, 1975; Iolanda, valsa, 1935; Ipiranga, fox-trot, 1922; Isso é que é viver (c/Hermínio Belo de Carvalho), choro, 1964; Isto não se faz (c/Hermínio Belo de Carvalho), choro, 1964; Já andei (c/Donga e João da Baiana), batucada, 1932; Já te digo (c/China), samba carnavalesco, 1919; Jardim de Ilara (c/C. M. Costa), canção, s.d.; Joaquim virou padre, 1992; Knock-out, fox-trot, s.d.; Lá-ré, polca, 1923; Lamento (c/Vinícius de Morais), choro, 1962;Lamentos, choro, 1928; Lata de leite, 1911; Leonor, samba, 1930; Levanta, meu nego, maxixe, 1931; Lusitânia, canção, s.d.; Mais quinze dias, choro, 1964; Mais três dias, 1964; O malhador (c/Donga e Mauro de Almeida), samba carnavalesco, 1918; Mama, meu netinho (c/Jararaca), marcha, 1941; Mamãe Isabé (c/João da Baiana), macumba, 1933; Marilene (c/Benedito Lacerda), choro, 1950; Marreco quer água, polca, 1959; Maxixe de ferro (diosé Nunes), 1957; A menina do sobrado (c/Benedito Lacerda), choro, 1951; O meu conselho, samba, 1931; Meu coração não te quer (c/E. Almeida), choro, 1941; Minha cigana (c/Benedito Lacerda), marcha, 1947; Minha gente, 1962; Mis tristezas solo lloro, tango, 1928; Morro da favela, maxixe, 1917; Morro do Pinto, maxixe, 1917; Mulata baiana (c/Gastão Viana), samba-jongo, 1938; Mulher boêmia (c/Lamartine Babo), samba, 1928; Mundo melhor (c/Vinícius de Morais), 1967; Não gostei dos teus olhos (c/João da Baiana), samba, 1933; Não me digas, 1975; Não posso mais, choro, 1953; Não tem nome, polca, 1913; Naquele tempo (c/Benedito Lacerda), choro, 1946; Naquele tempo, choro, 1934; Nasci pra domador (c/Valfrido Silva), samba, 1933; No elevador, choro, 1964; Noite e dia (c/W. Falcão), choro-canção, 1968; Nostalgia ao luar, valsa, 1919; Número um, choro, 1928; Os Oito Batutas (c/Benedito Lacerda), tango, 1919; Onde foi Isabé, embolada, 1929; Oscarina, valsa, 1934; Paciente, choro, 1959; Pagão (c/Benedito Lacerda), choro, 1947; Página de dor (c/Índio), valsa, 1959; Papagaio sabido (c/C. Araújo), samba, 1930; Passatempo, 1968; Patrão, prenda seu gado (c/Donga e João da Baiana), chula raiada, 1931; Pé de mulata, samba, 1928; Poema de raça (c/Z. Reis e Benedito Lacerda), samba, 1955; Poética, polca, s.d.; Pombinha (c/Donga), samba carnavalesco, 1919; Por você fiz o que pude (c/Cícero de Almeida), samba, 1936; Pretensiosa, polca, 1928; Proezas do Sólon (c/Benedito Lacerda), choro, 1947; Promessa, samba, 1928; Pula sapo, 1971; Que perigo, choro, 1955; Que querê (c/Donga e João da Baiana), macumba, 1932; Quem foi que disse, samba, 1928; Raiado (c/Gastão Viana), samba, 1931; Rancho abandonado (c/Índio), canção, 1930; O rasga, 1977; Recordações, 1975; Recordando, choro, 1935; Rosa, valsa, 1917; Rosa (c/Otávio de Sousa), valsa-canção, 1937; Salto do grilo, 1975; Samba de fato (c/Cícero de Almeida), samba de partido-alto, 1932; Samba de nego, 1928; Samba do urubu (Variações sobre Urubu), 1971; Samba fúnebre (c/Vinícius de Morais), 1971; Samba na areia, samba, 1929; Sapequinha, polca- choro, 1926; Sarravulho, 1975; Saudade de Santa Cruz (c/Muraro), choro, 1948; Saudação, 1992; Saudade do cavaquinho (c/Muraro), choro, 1946; Sedutor (c/Benedito Lacerda), choro, 1949; Segura a mão (c/Benedito Lacerda e Mário), choro, 1950; Segura ele, choro, 1929; Sensível, 1977; Sentimento oculto, 1996; Seresteiro (c/Benedito Lacerda), choro, 1949; Seu Lourenço no vinho (c/Benedito Lacerda), choro, 1948; Sofres por que queres (c/Benedito Lacerda), tango, 1917; Solidão, choro, 1964; Soluços (c/Benedito Lacerda), choro, 1949; Sonho da Índia (c/N. N. e Duque), fox, s.d.; Sonhos, 1975; Só para moer (c/Benedito Lacerda), choro, 1950; Stella (c/De Castro e Sousa), fox-blue, s.d.; Tapa buraco, choro, 1926; Te encontrei, 1975; Teu aniversário, choro, 1950; Teus ciúmes, samba, 1930; Triangular, choro, 1942; Tristezas não pagam dívidas, valsa, s.d.; Um a zero (c/Benedito Lacerda), choro, 1949; Urubatã (c/Benedito Lacerda), choro, 1929; Urubu, samba, 1923; O urubu e o gavião, choro, 1930; Vagabundo (c/Benedito Lacerda), choro, 1951; Vaga-lume sorrindo, polca, 1917; Vagando (c/Benedito Lacerda), choro, 1951; Vamos brincar, choro, 1928; Variações sobre o urubu e o gavião (c/Benedito Lacerda), choro, 1945; Vasconcelos em apuros, 1977; Vem cá! não vou!, choro, 1929; Vi o pombo gemê (c/Donga e João da Baiana), batucada, 1932; A vida é um buraco, choro, 1930; Você é bamba (c/Cícero de Almeida), samba, 1936; Você não deve beber (c/Manuel Ribeiro), samba, 1940; Vou pra casa, choro, 1964; Vou vivendo (c/Benedito Lacerda), choro, 1946; Xou Kuringa (c/Donga e João da Baiana), macumba, 1932; Yaô africano (c/Gastão Viana), lundu, 1938; Zé Barbino (c/Jararaca), canção, 1941.
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