Capitão Furtado (Ariovaldo Pires), compositor, nasceu em Tietê SP em 31/8/1907, e faleceu em São Paulo SP, em 10/11/1979. Sobrinho de Cornélio Pires, em 1928 foi levado pelo tio ao então diretor da Columbia, Wallace Downey, passando a trabalhar como seu secretário em 1929, em São Paulo SP
Em seguida, participou do programa inaugural da Rádio Cruzeiro do Sul, que estava sendo organizada por Wallace Downey, substituindo um artista que havia faltado, no papel de um fazendeiro caipira, tendo sido logo contratado.
Ainda em 1929 estreou como compositor, com a toada Coração, em parceria com seu conterrâneo Marcelo Tupinambá, gravada por Januário de Oliveira. Dois anos depois, colaborou como assistente no filme Coisas nossas, produzido e dirigido por Wallace Downey, e, em 1932, ano da Revolução Constitucionalista, adotou o pseudônimo de Capitão Prudêncio Pombo Furtado, depois abreviado para Capitão Furtado.
Em 1934, transferiu- se para a recém-inaugurada Rádio São Paulo junto com os componentes do programa Cascatinha do Genaro. A mudança foi ótima para todos, pois o programa aí alcançou sucesso absoluto. Em 1935 atuou como coordenador artístico do filme Fazendo fita, de Vitório Capelaro, em que foi incluída sua toada Coração. Nesta ocasião, conheceu a dupla Alvarenga e Ranchinho, convidando-os a participar do filme.
No ano seguinte, obteve o primeiro prêmio em um concurso de música carnavalesca organizado pela prefeitura de São Paulo com a marcha Mulatinha da caserna (com Martinez Grau). Com o dinheiro do prêmio foi para o Rio de laneiro RJ com Alvarenga e Ranchinho, levando um sucesso da dupla, a moda-de-viola Itália e Abissínia (com a dupla), e que seria gravada na Odeon. Visitou a Rádio Tupi, onde fez um programa improvisado com Alvarenga e Ranchinho, a convite do diretor artístico da emissora. Ouvidos por Assis Chateaubriand, os três foram contratados e passaram a se apresentar como a Trinca do Bom Humor, três vezes por semana.
Gravaram vários discos pela Odeon, os primeiros intercalando piadas com números musicais, como Futebol (moda-de-viola), Meu coração (rancheira), A baixa do café (toada). Com a atriz Jurema de Magalhães, gravou a poesia Adoração (Campos Negreiros), sendo apelidado por Tia Chiquinha (Sílvia Autuori) de “o caipira que fala com o coração”, slogan que adotou para sua carreira.
Ainda no Rio, foi assistir à prova automobilística Circuito da Gávea e um dos locutores passou-lhe o microfone, depois dos comentários. Improvisando versos humorísticos, imediatamente agradou o público, formando uma multidão de ouvintes junto ao palanque da Rádio Tupi. Ouvido pelo diretor da Victor, Mr Evans, foi contratado pela gravadora, lançando com a Trinca do Bom Humor o disco Liga dos bichos e Vida do Zé Luís (ambas com Alvarenga e Ranchinho).
Teve outros discos lançados pela Odeon em 1936, como Caipira em Hollywood, cateretê de sua autoria gravado em dupla com Alda Garrido, e a moda-de-viola Calango (com Alvarenga e Ranchinho), no qual a menina Gilda Magalhães contava anedotas. No ano seguinte, gravou na Victor Natal do sertão (Lucilia Guimarães Villa-Lobos e Luís Guimarães), com a participação de Tia Chiquinha e o Coro dos Apiacás, formado por crianças, entre os quais dois meninos que se tornariam famosos, Luiz Bonfá e Lúcio Alves.
Em 1939, seu amigo Palmeirim Silva inscreveu sua peça O tesouro do sultão no concurso promovido pelo Serviço Nacional de Teatro, sob o patrocínio do Ministério da Educação. Vencedora, a peça foi montada por Jardel Jércolis, com música de Radamés Gnattali, cumprindo temporada de sucesso no Teatro João Caetano, do Rio de Janeiro, e depois em outros Estados e países vizinhos. Nesse mesmo ano, retornou a São Paulo, onde se fixou definitivamente. Criou na Rádio Difusora o programa Arraial da Curva Torta, que revelou artistas como a dupla Tonico e Tinoco (batizada por ele), Blecaute e a futura apresentadora Hebe Camargo, que na época formava com sua irmã a dupla caipira Rosalinda e Florisbela.
Em 1940, Orlando Silva gravou na RCA Victor a valsa E o vento levou, de sua autoria, e Gilberto Alves gravou Linda flor que morreu (com Jota Soares). Durante a década de 1940, realizou numerosas versões de sucessos internacionais. Em 1948, em Salvador BA, dirigiu por algum tempo a Rádio Excelsior local. Voltou a São Paulo em fins de 1949 e, no ano seguinte, começou a trabalhar na Rádio Cultura.
De 1952 a 1956 voltou a atuar na Rádio Difusora, que deixou para coordenar programas de música caipira patrocinados pela Alpargatas. Passou a viajar por todo o Brasil para divulgar Roda de Violeiros, programa que promoveu o primeiro campeonato de amadores, reunindo 3.250 grupos de 512 cidades do país, e revelando diversas duplas de cantores.
Em 1963 foi para a Rádio Bandeirantes, de São Paulo, e aí permaneceu até 1966, quando se aposentou. Na época, sua marcha Mulatinha de caserna foi oficializada pelo então prefeito de São Paulo, Faria Lima, como hino do Carnaval paulista. Em 1967, embora aposentado, exerceu por algum tempo as funções de coordenador de música e versões da Editora Fermata, mas logo se afastou do meio artístico. CD : Ao Capitão Furtado — Marvada viola, 1997, Funarte/ Atração Fonográfica ATR 32019 (Série Acervo da Música Brasileira, n 2).
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