segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Implorar

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Um dos maiores sambas dos anos trinta é "Implorar", vencedor do carnaval de 1935. Com uma letra comum, sobre um amor contrariado ("Implorar só a Deus / mesmo assim às vezes não sou atendido..."), "Implorar" tem na melodia da primeira parte a razão de seu sucesso.
Assinado por Kid Pepe, Germano Augusto e João da Silva Gaspar, teve a autoria contestada na imprensa, assim que começou a aparecer. Numa reportagem no Correio da Noite foi divulgado que o verdadeiro autor seria Cedar Silva, o Cedá, um sambista falecido que dirigira a escola de samba Mocidade Louca, do Morro de São Roque. A seguir, noutro jornal, um primo de Cedá chamado Divino dizia-se co-autor e acusava João Gaspar de haver roubado o samba para vendê-lo a Kid Pepe por trinta mil réis.
O dramático da situação era que Divino estava doente, num leito de hospital. Mas, como sempre ocorria em casos dessa natureza, ninguém possuía provas para a acusação, acabando por prevalecer a versão de Kid Pepe: "João Gaspar me mostrou um estribilho que gostei. Consegui então autorização dele, por escrito, para consertar o estribilho (que estava quebrado) e compor uma segunda parte e a introdução. Desse jeito fizemos Implorar. Agora, se provarem que o coro apresentado pelo Gaspar não lhe pertence, darei à família do falecido a parte dele".

Implorar (samba/carnaval) - 1935 - Kid Pepe, Germano Augusto e João da Silva Gaspar

Implorar, só a Deus / Mesmo assim
As vezes não sou atendido / Eu amei e não venci
Fui um louco / Hoje estou arrependido

Foi-se o meu sonho azulado / Minha ilusão mais querida
Perdi o meu bem amado / Minha esperança na vida
Passei a vida implorando / Aquela infeliz amizade
Tudo na vida se passa / Loucuras da mocidade

Hoje no mundo sozinho / Relembrando o meu passado
Não tenho mais um carinho / Na vida, tudo acabado
Fui um louco, eu bem sei / Implorar tua beleza
Pelo seu amor fiquei / Contemplando a natureza

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