Poucos textos políticos seriam capazes de explicar de modo tão claro e com tanto talento como eram armadas as eleições para presidente na República Velha como "Café com Leite", música da peça de teatro de revista do mesmo nome que foi encenada no início de 1926.
O mestre cuca, ou seja, o ocupante do Palácio do Catete, convocava os chefes dos executivos estaduais ao Distrito Federal ou mandava emissários aos estados, propunha os nomes dos candidatos a presidente a vice e, ao final desse processo, indicava a chapa oficial. Geralmente, ela era vitoriosa. Apenas em algumas oportunidades, cozinheiros dissidentes opuseram-se frontalmente ao esquema do “café com leite” (São Paulo com Minas) e lançaram chapas alternativas.
Café com leite (maxixe - 1926) - Freire Júnior
Nosso Mestre Cuca movimentou / O Brasil inteiro,
Pois cada um Estado pra cá mandou / O seu cozinheiro.
Mexeu-se a panela, fez-se a comida / Com perfeição.
Assim foi a bóia, bem escolhida / Com precaução
Café paulista, / Leite mineiro,
Nacionalista / Bem brasileiro.
Preto com branco, / Café-com-leite,
Cor democrata , / É preto com branco, meu bem, aceite.
Cor da mulata / O leite é bem grosso, café é forte
Agüenta a mão. / As novas comidas têm que dar sorte
Na situação”.
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