Marlene (Vitória Bonaiutti De Martino), cantora, nasceu em São Paulo-SP, em 18/11/1924. Dos quatro aos 17 anos foi interna no Colégio Batista Brasileiro, em São Paulo. Começou a cantar, ainda como amadora, em 1941, no programa Hora do Estudante, na Rádio Bandeirantes.
Estreou como profissional no ano seguinte, na Rádio Tupi, adotando o nome artístico de Marlene, escolhido pelos estudantes e inspirado em Marlene Dietrich, que estava em evidência na época. Em 1943 mudou-se para o Rio de Janeiro, conseguindo logo um lugar no Cassino Icaraí, de Niterói RJ, por dois meses passando a seguir para o Cassino da Urca, onde trabalhou até o seu fechamento, em abril de 1946.
Nesse ano, foi contratada pelo Rádio Mayrink Veiga e gravou o primeiro disco, pela Odeon, com o acompanhamento da orquestra Brazilian Serenaders, cantando o samba-choro Swing no morro (Felisberto Martins e Amado Régis) e o samba Ginga, ginga, morena (João de Deus e Hélio Nascimento). Passou para a Rádio Globo, no ano seguinte, , atuando também na boate carioca Casablanca, como cantora de um conjunto formado por Benê Nunes (piano), Abel Ferreira (clarineta), Vidal (contrabaixo), Meneses (guitarra), Chevalier (pandeiro), Carequinha (bateria) e Chuca-chuca (vibrafone).
Gravou para o Carnaval de 1947, na etiqueta Odeon, a marcha Coitadinho do papai (Henrique de Almeida e M. Garcez), com os Vocalistas Tropicais, e o samba Um ano depois (Valdomiro Pereira e Valentina Biosca).
Em 1948 assinou contrato com a Rádio Nacional, passando a participar dos programas de auditório de César de Alencar, e foi também contratada pela boate do Copacabana Palace Hotel. Gravou, nesse mesmo ano, pela Continental, disco que fez muito sucesso, com os choros Toca, Pedroca (Pedroca e Mário Morais) e Casadinhos (Luís Bittencourt e Tuiú), este último cantado em dueto com César de Alencar.
Em 1949 veio a consagração: depois de gravar, pela Star (atual Copacabana), a guaracha Candonga (Felisberto Martins e Fernando Martins) e o jongo Conceição da praia (Aldemar Brandão e Dilu Melo), foi eleita Rainha do Rádio, título que manteve no concurso seguinte, em 1951 (o concurso não foi realizado em 1950), quebrando assim o ciclo de vitórias das irmãs Linda e Dircinha Batista. Por essa época, surgem os fã-clubes, suas disputas com Emilinha Borba, estimuladas e promovidas pela imprensa e a própria Rádio Nacional passa a explorar a rivalidade entre as duas, transformando Emilinha em cantora exclusiva do Programa César de Alencar e transferindo Marlene para o programa de Manuel Barcelos.
Em setembro do mesmo ano gravou, com Os Cariocas, pela Continental, os baiões Macapá e Qui nem jiló (Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga), dois de seus grandes êxitos. Junto com Emilinha, gravou no final do ano, para o carnaval de 1950, o samba Já vi tudo (Peterpan e Amadeu Veloso) e a marcha Casca de arroz (Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti). O disco foi um sucesso e as duas voltaram a se reunir no início de 1950, gravando para o carnaval a marcha A bandinha do Irajá (Murilo Caldas).
Outros sucessos seus em 1950 foram o choro Dona Vera tricotando (Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga); o maxixe Nego, meu amor (José Maria de Abreu e Luiz Peixoto), este em dueto com Ivon Curi; Casamento de Rosa (Luiz Gonzaga e Zé Dantas); o maracatu Cabrinda Briante (Fernando Lobo e Evaldo Rui); o choro Esposa modelo (José Maria de Abreu e Carlos Barros de Sousa) e a polca Tome polca (José Maria de Abreu e Luiz Peixoto).
No Carnaval de 1951, destacou-se com o samba Sapato de pobre (Luís Antônio e Jota Júnior), e, depois de gravar mais de 13 músicas em 1951, lançou no ano seguinte um dos seus grandes êxitos, o samba Lata d'água (Luís Antônio e Jota Júnior). Gravando também a marcha Eva (Haroldo Lobo e Milton de Oliveira) transformou-se numa das cantoras mais populares em todo o Brasil. Nesse período fez sucesso também no cinema, onde havia estreado em 1944, em Corações sem piloto, de Luis de Barros, seguido de Pif-paf, de Ademar Gonzaga e Luís de Barros, em 1945; Caídos do céu, de Luís de Barros, em 1946; Esta é fina, de Luís de Barros e Moacir Fenelon, em 1947; e Tudo azul, de Moacir Fenelon, em 1952. Durante as filmagens do último, conheceu o ator Luís Delfino, com quem casou, passando a dedicar-se, em seguida, ao teatro: estreou na peça Depois do casamento, em 1952. No ano seguinte, recebeu do jornal carioca O Diário da Noite diploma de Maior Figura do Rádio Brasileiro, e gravou mais alguns sucessos: Tenho um negócio para te contar (Silvino Neto) e a versão de Jambalaya (Hank Williams).
Como pretendia seguir carreira teatral, começou a estudar balé, em 1954, e no mesmo ano se apresentou em Angelina e o dentista. Gravou ainda em 1954 mais dez musicas, pela Continental, entre elas Toma jeito, João (Luís Bandeira) É sempre o papai (Miguel Gustavo) e Mora na filosofia (Monsueto e Arnaldo Passos).
Atuou em outra peça em 1955 — Maya — e em seguida reduziu sua atividade artística até afastar-se totalmente, entre 1965 e 1968, reaparecendo nesse ano, a convite de Paulo Afonso Grisolli e Sidney Miller, como estrela de Carnavália, antologia de músicas de Carnaval, com texto de Eneida e participação de Blecaute e Nuno Roland, no Teatro Casa Grande, do Rio de Janeiro.
Em 1970, Hermínio Belo de Carvalho chamou-a para fazer o show É a maior, em que interpretava autores da época (Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento) Outras apresentações em teatro foram: Alice no pais do Divino maravilhoso, com Sidney MilIer, Sueli Costa, Marcos Flaksmann, Paulo Afonso Grisolli, Tite de Lemos e Luís Carlos Maciel, em 1969, no Teatro Casa Grande; Marlene ole, olá, dirigida por Haroldo Costa, em 1972, no Teatro Glória; O botequim, de Gianfrancesco Guarnieri, dirigido por Antônio Pedro, em 1973, no Teatro Princesa Isabel; e Te pego pela palavra, em 1974, show levado, a princípio, na boate Number One, e depois no Teatro João Caetano.
Em 1977 saiu, pela Polygram, o LP Antologia da marchinha. Atuando na carreira com menos freqüência, participou em 1996 do show em homenagem aos 90 anos de João de Barro, apresentado no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro.
Em 1997, depois de 20 anos, voltou aos estúdios para gravar um CD com músicas de Chico Buarque, João Bosco e outros, e uma inédita, Estrela da vida, que compôs em parceria com Paulo Baiano, o produtor do disco. CD: Marlene, meu bem, 1996, Revivendo RVCD-107
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