"Você acaba de fazer o seu "Danúbio Azul", disse o professor Guilherme Fontainha a Eduardo Souto, quando este lhe mostrou, ao piano, "O Despertar da Montanha". Peça essencial do repertório pianístico brasileiro, típica dos saraus do início do século, "O Despertar da Montanha" é a obra mais conhecida de Souto. Lançada em 1919, com sucesso imediato, tem na capa da edição inicial curioso desenho, que mostra uma cena pastoril de natureza européia: ao pé de suntuosa montanha, um pastor descansa tocando flauta, enquanto seu cão vigia um rebanho de quinze ovelhas...
Mas, se a cena é européia, a composição é bem brasileira, tendo ajudado até a fixar uma forma de tango, que Eduardo Souto chama de tango de salão, diferente dos tangos de Nazareth, mais próximos do choro. "O Despertar da Montanha" tem uma letra de Francisco Pimentel, que nada lhe acrescenta.
O Despertar da Montanha - 1919---
Mas, se a cena é européia, a composição é bem brasileira, tendo ajudado até a fixar uma forma de tango, que Eduardo Souto chama de tango de salão, diferente dos tangos de Nazareth, mais próximos do choro. "O Despertar da Montanha" tem uma letra de Francisco Pimentel, que nada lhe acrescenta.
O Despertar da Montanha - 1919---
(Eduardo Souto e Francisco Pimentel)
A noite entra na agonia, / E os primeiros raios, / Na moldura do horizonte, / Iniciam seus ensaios, / Doura-se um monte... / E os ramos mais felizes, / Os que estão mais altos, / Lutam em matizes, / No cimo do planalto... / Sai da sombra um novo dia.
É a luz da madrugada, / Entrando suavemente na floresta, / Beija os ninhos, / É a festa, / Desperta os passarinhos / Envolve os velhos troncos, / Vindo através das folhagens, / E os gritos, pios, uivos, guinchos, roncos, / Em acordes selvagens, / Anunciam a alvorada.
Desses cantos, sob o sol da manhã, / Em linda festa pagã, / Escorre a vida, cheia de encantos, / E transborda, numa chuva de cores, / E entre os vales sonhadores, / A montanha acorda.
É a luz da madrugada, / Entrando suavemente na floresta, / Beija os ninhos, / É a festa, / Desperta os passarinhos / Envolve os velhos troncos, / Vindo através das folhagens, / E os gritos, pios, uivos, guinchos, roncos, / Em acordes selvagens, / Anunciam a alvorada.
Desses cantos, sob o sol da manhã, / Em linda festa pagã, / Escorre a vida, cheia de encantos, / E transborda, numa chuva de cores, / E entre os vales sonhadores, / A montanha acorda.
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