"Luar de Paquetá" é a mais conhecida das composições sobre a bucólica ilha, que inspirou tantas outras canções e até um romance célebre, A Moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo. E merece essa popularidade muito mais pela melodia de Freire Júnior do que pelos versos de Hermes Fontes.
Um exagerado simbolista, o poeta impregnou a canção de imagens afetadas como "nereidas incessantes", "hóstia azul fervendo em chamas", "noites olorosas"... Aliás, a propósito desta imagem, há algumas gravações em que os intérpretes - entre os quais Francisco Alves - trocam o adjetivo e cantam "nessas noites dolorosas". Lançado em 1922, "Luar de Paquetá" estendeu seu sucesso ao ano seguinte, quando deu nome a uma revista teatral.
Luar de Paquetá - Freire Jr. / Hermes Fontes---
Nestas noites dolorosas, / Quando o mar desfeito em rosas,
Se desfolha à lua cheia, / Lembra a ilha onde me oculto,
Onde o amor celebra em tudo, / Todo o encanto que a rodeia.
Nos canteiros ondulantes, / As nereidas incessantes,
Abrem lírios ao luar, / A água em prece burburinha,
Em redor da capelinha / E vai rezando o verbo amar.
Jardim de afetos, pombal de amores, / Humildes tetos de pescadores,
E a lua brilha - que bem nos dá - / Amar na Ilha de Paquetá !
Pensamento de quem ama / Oh que beijo ardendo em chama
Entre lábios separados, / Pensamento de quem ama,
Leva o meu radiograma / Ao jardim dos namorados,
Onde há esse paraíso / O caminho que idealizo,
Na ascensão para este altar, / Paquetá é um céu profundo
Que começa neste mundo / Mas não sabe onde acabar...
Nenhum comentário:
Postar um comentário