Uma sátira à derrota de Rui Barbosa na eleição presidencial de 1919 em que obteve menos da metade dos votos do vencedor, Epitácio Pessoa -, "Fala Meu Louro" é o melhor samba da fase inicial de Sinhô. Mas a letra referindo-se à terra de Rui ( "A Bahia não dá mais coco / pra botar na tapioca..." e ao súbito mutismo do conselheiro, sempre tão falante ( "Papagaio louro / do bico dourado / tu falavas tanto / qual a razão que vives calado..."), acabou por irritar os baianos ligados ao samba, que se julgaram atingidos.
Assim, o revide foi imediato através de "Entregue o Samba aos Seus Donos", composição de Hilário Jovino Ferreira, que já havia alfinetado Sinhô no ano anterior com "Não És Tão Falado Assim". Só que agora Mestre Hilário partia para o ataque direto, acusando-o de plagiário. Naturalmente nada impede, e é até provável, que ao fazer "Fala Meu Louro"', Sinhô tenha pretendido provocar ao mesmo tempo Rui e os baianos liderados por Jovino, um pernambucano criado em Salvador.
Fala meu Louro - 1919 (Sinhô)-----A Bahia não dá mais coco
para botar na tapioca
Pra fazer o bom mingau
para embrulhar o carioca
Papagaio louro do bico dourado
Tu falavas tanto
qual a razão que vives calado
Não tenhas medo
coco de respeito
Quem quer se fazer não pode
Quem é bom já nasce feito
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