J. Tomás (João Tomás de Oliveira Júnior), instrumentista, regente, compositor e cantor (Rio de Janeiro RJ 17/11/1898—id. 24/11/1948) nasceu no bairro de Catumbi e desde rapaz freqüentava rodas de músicos, que se reuniam com Pixinguinha, Donga e o violonista Tute, entre outros.
Seu pai era ferroviário e, por volta de 1914, arranjou-lhe um emprego como conferente da Estrada de Ferro Central do Brasil, que o afastou do Rio de Janeiro por três anos. De volta em 1917, sentou praça como voluntário da brigada policial, em cuja fanfarra Tomasinho, como era conhecido na época, se iniciou no manejo das baquetas, rufando caixa e bombo. Deu baixa, sendo logo convidado por Donga para integrar os Oito Batutas, em substituição a Luís de Oliveira, que morrera logo depois da estréia do conjunto no Cine Palais, em 1919.
Tocando reco-reco, estreou com o grupo em 1920 em cinema em Petrópolis RJ. Dois anos depois, ficou doente e não pôde ir com os Oito Batutas para a Europa. Nessa ocasião, ganhou uma bateria de presente de Arnaldo Guinle, protetor do conjunto e financiador da viagem. Passou então a freqüentar locais onde tocavam jazz-bands, ouvindo especialmente Kosarin, baterista e maestro norte-americano que viveu no país muitos anos.
Em meados de 1922, com o retorno dos Oito Batutas, voltou a integrar o grupo, viajando para a Argentina no mesmo ano. Das 20 gravações feitas pelo conjunto em Buenos Aires, foram de sua autoria os sambas Faladô e Caruru (c/Donga).
Retornando ao Rio de Janeiro, com a dissolução dos Oito Batutas, organizou uma orquestra de danças, o Brazilian Jazz. Reunindo em torno de sua bateria os pistonistas Sebastião Cirino e Valdemar, o trombonista Vantuil de Carvalho, os saxofonistas Lafayette e Paraíso, o violinista Wanderley e o pianista Augusto Vasseur, estreou no Cinema Central (depois Eldorado), alcançando grande sucesso. Por convite seu, participou da orquestra Ary Barroso, que na época tocava piano na sala de espera do Teatro Carlos Gomes.
Em fins de 1928, apresentou-se com a orquestra na Rádio Sociedade, sendo convidado pelo norte-americano Salisbury a tocar na gravadora Brunswick, que vinha se instalar no Rio de Janeiro. Já estava fazendo sucesso com seu samba Sarambá (versos em francês de Duque), apresentado em 1922 em Paris pelos Oito Batutas, o qual lhe abriu as portas do teatro musicado.
Na véspera da estréia da revista Guerra ao mosquito (Marques Porto e Luiz Peixoto), em 31 de maio de 1929, no Teatro Carlos Gomes, queimou as mãos com um foguete, deixando a bateria e, pela primeira vez, assumindo a regência da orquestra. Usava luvas brancas para esconder as queimaduras, característica que passou a adotar.
No final do ano, a Brunswick lançou seu disco inaugural, no qual cantou os sambas Sarambá e Rian, de sua autoria, acompanhado da Orquestra Brunswick. Como compositor, alcançou outros êxitos: Teresinha, canção que gravou cantando em 1929, o fox Flor do asfalto, de 1931, gravado por Castro Barbosa, e o samba Verde e amarelo, de 1932, gravado por Araci Cortes, os dois em parceria com Orestes Barbosa, de quem foi o mais importante parceiro quando este se iniciou como letrista de música popular.
Como cantor, gravou 13 músicas na Brunswick em 1929 e 1930, e mais um disco na Odeon, em 1931.
Fonte: Dicionário da Música Brasileira – Art Editora
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