quinta-feira, 10 de maio de 2007

Época de Ouro

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Em 1964, quando Jacob do Bandolim (Jacob Pick Bittencourt) resolveu reunir em torno de si os melhores executantes dos conjuntos regionais das rádios e estúdios de gravação do Rio de Janeiro, não poderia ter sido mais feliz na escolha do nome do grupo.
Época de Ouro retrata não só o momento raro da música popular brasileira ao qual se refere o nome, como o faz da maneira mais brilhante, mais virtuosa que se poderia encontrar no gênero.
Eram famosos os ensaios no casarão de Jacarepaguá, o castelo de Jacob. O menino Paulinho da Viola acompanhava o pai, o senhorial violonista César Farias, carregando o violão para ter o privilégio de sentar-se silenciosamente a um canto e ouvir os deuses.
Sentados em semicírculo ("chorão" tem de ver as caras dos companheiros, tocar "namorando"), liderados pelo bandolim, lá estavam, além do seis cordas de César, o solene sete-cordas de Horondino Silva, o Dino, o outro "seis" de Carlinhos, o estupendo cavaquinho de Jonas e o pandeiro cantabile de Gilberto.
Passava-se uma vez a melodia, luzes acesas. A segunda era no escuro. Terminada, o vozeirão de Jacob corrigia cada raro erro, que não escapava nenhum a seu ouvido. O mestre só se contentava com a perfeição. Os crescendos e diminuendos maravilhosos em Noites cariocas, por exemplo, são frutos de muito ensaio e burilamento.
Damásio entrou no lugar de Carlinhos. Jorge assumiu o pandeiro de Gilberto. Jacob morreu e seu aluno Deo Rian empunhou o bandolim, e o Época de Ouro continuou a cintilar belezas sonoras.
Qualquer apresentação do grupo sempre foi garantia de música brasileira de primeiríssima qualidade. Mantida por sua formação atual, de que fazem parte os originais Dino e César, mais o também antigo Jorge no pandeiro, Ronaldo no bandolim, Jorge Filho, cavaquinho, e Toni no segundo violão de seis cordas.
Arley Pereira /ENSAIO / 23/5/1997

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