Moleque Diabo (Aristides Júlio de Oliveira), compositor e instrumentista (banjo e bandolim), nasceu no Rio de Janeiro RJ e faleceu na mesma cidade, em 5/2/1938. Soldado do Corpo de Fuzileiros Navais, ingressou, depois, como servente, no Departamento de Correios e Telégrafos.
Organizou no Corpo de Fuzileiros Navais um conjunto de jazz, de que fazia parte como banjista.
Como compositor, deixou os sambas Não gostei de seus modos, Teus olhos, e as valsas Elsa e Abigail.
Em 1920 exibiu-se na orquestra do encouraçado São Paulo, para o rei Alberto, da Bélgica, quando de sua visita ao Brasil, nascendo daí a fama que desfrutou de primeiro banjista do Rio de Janeiro. Também tocava violão e bandolim.
Em 1922-1923 participou da excursão dos Oito Batutas à Argentina, embora não pertencesse oficialmente ao grupo.
Nas notas complementares da obra Waldir Azevedo: um cavaquinho na história escrita por Marco Antonio Bernardo, podemos conhecer mais detalhes da vida do intrigante Moleque Diabo:
"O renomado jornalista e pesquisador da música popular brasileira João Ferreira Gomes, conhecido como Jota Efegê, escreveu uma matéria, publicada em 10 de janeiro de 1976 no jornal O Globo e reproduzida quatro mais tarde em seu livro Figuras e Coisas da Música Popular Brasileira, intitulada Aristides Fazia 'Diabruras' Com O Bandolim E O Banjo, na qual traz de volta ao público informações valiosas a respeito de Aristides, o Moleque Diabo.
Segundo o referido artigo, Moleque Diabo foi soldado do Corpo de Fuzileiros Navais, mas não integrou a banda da corporação como se supunha. Na verdade, fez parte de um conjunto musical cujos integrantes também eram do Corpo de Fuzileiros Navais e cuja criação ocorreu por interferência de Antonio Rodrigues de Jesus, maestro da banda do Batalhão Naval. Denomina-se Jazz-Band dos Fuzileiros Navais, que se contituia numa imitação perfeita das congêneres norte-americanas.
Esse conjunto logrou franca popularidade na década de 20, sendo csolicitado para muitos bailes na época, e contava com excelentes músicos: Jonas ao sax, Nicodemos ao trombone, Cebola ao piano, Praxedes à bateria e Aristides que, em função de suas "diatribes" ao banjo, não só tornou-se a vedete do conjunto como também conquistou seu popularíssimo apelido.
Algum tempo depois, Aristides deu baixa do Corpo de Fuzileiros Navais e tornou-se funcionário dos Correios e Telégrafos (ocupando a função de servente), sem contudo abandonar o banjo e vindo a integrar conjuntos similares à Jazz-Band ligada àquela corporação.
Moleque Diabo suicidou-se ingerindo formicida no dia 5 de fevereiro de 1938, durante os preparativos para o carnaval daquele ano, supostamente por causa de uma mulher de nacionalidade portuguesa.
A notícia de seu tresloucado gesto surpreendeu a cidade - que esperava que ela já estivessa pronto para se apresentar com seu banjo percorrendo as ruas cariocas em algum bloco ou embaixada -, vindo a obter ressonância nos jornais da época."
Fontes: Waldir Azevedo: um cavaquinho na História - Marco Antonio Bernardo - Ed. Irmãos Vitale; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - 2a. Edição - 1998 - São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário