terça-feira, 5 de abril de 2011

Jesuíno do Monte Carmelo

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Frei Jesuíno do Monte Carmelo (Jesuíno Francisco de Paula Gusmão), compositor, nasceu em Santos, SP, em 25/3/1764, e faleceu em Nossa Senhora da Candelária de Itu (atual Itu), SP, em 30/6/1819. A mãe, Domingas Inácia de Gusmão, era sobrinha-neta de Bartolomeu de Gusmão, o padre-voador.

Pobre e de instrução precária, cedo começou a trabalhar como pintor, no convívio dos padres carmelitas. Com o padre mestre do coro aprendeu rudimentos de música e estudou órgão.

Transferindo-se para a vila de Nossa Senhora da Candelánia de Itu em 1781, passou a trabalhar como ajudante do pintor José Patrocínio da Silva Manso, participando também dos eventos musicais da matriz da vila.

Em 1784, a convite dos carmelitas, voltou a Santos, para construir um órgão, recebendo pelo serviço a importância de 54.200 réis. No mesmo ano retornou a Itu, onde casou com Maria Francisca de Godói, com quem teve quatro filhos: Maria, Elias, Eliseu e Simão Stock. Por essa época recebeu a empreitada de pintar a igreja do Carmo.

Viúvo em 1793, dois anos depois foi convidado para decorar as igrejas carmelitas de São Paulo. Em setembro de 1797 recebeu as ordens menores como carmelita, adotando o nome de Jesuíno do Monte Carmelo, e em dezembro do mesmo ano tornou-se presbítero.

Em julho de 1798, voltou a Itu, onde rezou sua primeira missa. Em 1805 concebeu o plano de ali construir uma igreja para Nossa Senhora do Patrocínio, e reunir padres numa congregação sem estatutos. Com o apoio de seus filhos já sacerdotes, construiu o templo com esmolas e recursos obtidos no Rio de Janeiro RJ, do príncipe D. João.

Em 1817 a parte interna do edifício estava concluida. Compôs toda a música para a festa de inauguração, marcada para 1818 mas adiada, por doença, para o ano seguinte. Nesse ano de 1818, seu amigo, o padre Feijó, foi residir em Itu com os padres do Patrocínio.

Dedicando-se à composição musical, escreveu para as festas do Santíssimo e terminou as matinas da Semana Santa.

Com a inauguração prevista para novembro de 1819, faleceu na noite de 30 de junho, sendo sepultado na igreja do Carmo. A igreja foi inaugurada a 8 de novembro de 1820 e, mais tarde, seus restos mortais foram para lá trasladados, tendo o padre Feijó escrito a oração fúnebre da cerimônia.

Obras

Música sacra: Hino à Virgem Soberana, s.d.; Jesu dulcis memoria, s.d.; Ladainha para coro, s.d.; Laudate Pueri, s.d. Matinas do Menino Deus, s.d.; Matinas de São Pedro, s.d.; Missa, s.d.; Missa solene, s.d.; O Salutaris Hostia, s.d.; Paixão de Sexta-feira Santa, s.d.; Paixão de Domingo de Ramos, s.d.; Pange Língua, s.d.; Procissão das Palmas, s.d.; Sacris Solemnis, s.d.; Te Deum, s.d.; Venite Adoremus, s.d.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha - 2a. Edição - 1998 - São Paulo.

Um comentário:

Unknown disse...

A respeito de Frei Jesuíno, escreveu o Padre Feijó:

" Na verdade, senhores, um não sei quê tinha aquele semblante de amável e lisonjeiro que atraía, cativava e docemente arrebatava os que o ouviam. Eu mesmo à primeira vista senti os encantos deste encanto; eu não me fartava de vê-lo, de ouvi-lo, de estar em sua companhia; eu contava por uma felicidade ter parte em seu coração: este fenômeno raro não foi encontro de amor ou inclinação, foi uma necessidade de admirar, de amar a inocência e a virtude".