segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Pierrô e Colombina

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Antes do advento do samba e da marchinha, fazia sucesso no carnaval qualquer tipo de música, nem sempre alegre, como é o caso de "Pierrô e Colombina". Também chamada de "Desespero de Pierrô" e "Paixão de Pierrô", esta valsa de versos ("A vós que acabais de ouvir meu pranto, meu padecer / quero um pedido fazer / tenham dó do meu carpir...") e melodia carregados de tristeza, tomou conta do Rio de Janeiro nos carnavais de 1915 e 16, por paradoxal que possa parecer.
Embora atribuída em algumas publicações à dupla Oscar de Almeida e Eduardo das Neves, "Pierrô e Colombina" é só de Almeida, segundo Almirante em sua coluna no jornal O Dia: "'Pierrô e Colombina' é letra e música de Oscar de Almeida dos Correios; o Edu das Neves somente a gravou". Como vários personagens da música popular brasileira no início do século, Almeida era funcionário dos Correios e Telégrafos.
Pierrot e Colombina - valsa - 1913 - Oscar de Almeida e Eduardo das Neves

Há quanto tempo saudoso / Procuro em vão Colombina
Sumiu-se a treda ladina / Deixou-me em trevas choroso
Procuro-a sim como um louco / Nos becos, nas avenidas
As esperanças perdidas / Tendo-as vou já pouco a pouco


Se em todo o carnaval / Não conseguir ao menos
Seu rosto fitar / Palavra de Pierrot
Eu juro me matar / Não posso suportar
Esta cruel ausência / Que me afoga em dor
Meu coração morrer / Sinto de amor


É dia de risos e flores / Todos folgam só eu não
Ela, talvez num cordão / Procure novos amores
Oh! Companheira impiedosa / Vê que suplício cruel
Vejo a minha alma afogar-se / Num oceano de fel


Oh!: Vós que acabaes de ouvir / Meu pranto, meu padecer
Tenho um pedido a fazer / Tenham dó do meu carpir
Se encontrarem Colombina / Que é da minha alma o vigor
Digam-lhe que assim se fina / Procurando-a, seu Pierrot

Fonte: A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34

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