Paulo Moura, instrumentista, regente, arranjador e compositor, nasceu em São José do Rio Preto SP, em 15/7/1932, e faleceu no Rio de Janeiro, em 12/7/2010. Filho do mestre-de-banda, clarinetista e carpinteiro Pedro Moura, tem três irmãos músicos, José e Alberico, trompetistas, e Valdemar, trombonista.
Começou a aprender piano aos nove anos e com 13 já tocava em festas e bailes que o conjunto do pai animava. Foi aprendiz de alfaiate e mudou-se para o Rio de Janeiro com a família, fazendo o curso científico, enquanto os irmãos mais velhos viviam de música, tocando em orquestras, no Cassino da Urca e nos shows de Carlos Machado.
Iniciou-se como músico profissional em gafieiras dos subúrbios cariocas e nos cafés da Praça Tiradentes, entrando em 1951 para a orquestra de Osvaldo Borba, atuando depois com Zacarias e sua Orquestra. Nessa época, participou de uma gravação, pela primeira vez, tocando na orquestra que acompanhou Dalva de Oliveira no samba Palhaço (Nelson Cavaquinho ).
Aos 18 anos entrou, por concurso, no quinto ano da E.N.M.U.B., fazendo o curso de clarinetista e obtendo diploma dois anos depois. Aprendeu teoria, contraponto e música com Paulo Silva e Lincoln Pádua, estudou harmonia, contraponto e fuga com Guerra Peixe e José Siqueira, aiém de aprender orquestração com Moacir Santos e arranjos populares com o maestro Cipó.
Em 1953 foi ao México com a orquestra Ary Barroso, integrou o Conjunto Maciel e trabalhou com a Orquestra Cipó da Rádio Tupi. De 1954 a 1956 participou do Conjunto Guio de Morais, atuando na boate Régine, gravando nesse último ano o Moto perpetuo, de Niccolò Paganini (1 782—1 840), em 78 rpm, na Columbia, seu primeiro disco como solista. No ano seguinte formou sua orquestra para baile, atuando no Brasil Danças, e gravou para a Sinter Paulo Moura e sua orquestra para bailes.
De 1958 a outubro de 1959, tornou-se orquestrador e arranjador da Rádio Nacional, viajando, ainda em 1958, para a antiga União Soviética e outros países socialistas, na direção musical do grupo formado por Dolores Duran, Nora Ney, Jorge Goulart, Maria Helena Raposo e o Conjunto Farroupilha.
No ano seguinte, entrou como clarinetista para a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, do Rio de Janeiro, gravando no mesmo ano, para a Continental, com o quarteto de Radamés Gnattali, o LP Paulo Moura Interpreta Radamés Gnattali, que incluia composições inéditas como Monotonia.
Em 1960 obteve o primeiro lugar como solista de clarineta na Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, e viajou para a Argentina, com a Orquestra de Severino Araújo, gravando na Chantecler outro LP, Tangos e boleros. Dois anos depois, integrou o Conjunto Bossa-Rio, de Sérgio Mendes, tocando sax-alto, e apresentou-se no Festival de Bossa Nova, no Carnegie HaIl em New York, EUA.
Em 1964 gravou na CBS o LP Edson Machado é samba novo, atuando como saxofonista do conjunto. Em 1968 gravou Paulo Moura hepteto e no ano seguinte Paulo Moura quarteto, seguindo-se o LP Fibra, novamente com o hepteto, em 1971, todos na gravadora Equipe.
Teve vários conjuntos, três orquestras e dois quartetos; com um deles esteve na Grécia em 1971.
Em janeiro de 1975 esteve novamente nos EUA gravando um disco com o guitarrista Tiago de Melo.
Regeu a Orquestra Sinfônica de Brasília, em 1988, executando peça de sua autoria em homenagem ao centenário da libertação dos escravos.
Em 1992 recebeu o prêmio Sharp como Melhor instrumentista Popular. No mesmo ano compôs Suíte carioca, peça para orquestra sinfônica, coral infantil e grupo instrumental de jazz. Cinco anos depois foi lançado pelo selo Velas o CD Pixinguinha, gravado em 1996, ao vivo, no teatro Carlos Gomes do Rio de Janeiro, em show do grupo Os Batutas, do qual participa como clarinetista ao lado de Zé da Velha (trombone), Joel do Bandolim, Jorge Simas (violão), Márcio (cavaquinho) e os percussionistas Jorginho do Pandeiro, Marçalzinho e Jovi.
Lançou, em 1998, com Os Batutas, o CD Pixinguinha, pelo qual recebeu o Prêmio Sharp, nas categorias Melhor CD Instrumental e Melhor Grupo Instrumental, e, em 1999, com Cliff Korman, o CD Mood ingenuo.
Em 2000, sua Fantasia Urbana para Saxofone e Orquestra Sinfônica foi apresentada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, recebeu o Grammy Latino, na categoria Melhor Disco de Música Regional (ou de Raízes Brasileiras), pelo disco Pixinguinha, gravado com o grupo Os Batutas.
Em 2001, participou do projeto Rio Sesc Instrumental, dividindo o palco com Yamandu Costa. Nesse mesmo ano, lançou, pela Pau Brasil, o CD "Paulo Moura visita Gershwin & Jobim", gravação ao vivo de um show realizado em 1998 na inauguração do Teatro Sesc Vila Mariana, em São Paulo, com um septeto instrumental formado por Jerzy Milewsky (violino), Jota Moraes (piano), Cliff Korman (teclados), Nelson Faria (violão e guitarra), Rodolfo Stroeter (baixo) e Pascoal Meirelles (bateria).
Em 2003, lançou o CD Estação Leopoldina. No ano seguinte, lançou, com o violonista Yamandú Costa, o CD El negro del blanco.
Participou do documentário Brasileirinho, do finlandês Mika Kaurismaki, uma das atrações da mostra Forum do Festival de Berlim, em 2005. Neste mesmo ano, estreou turnê nacional e internacional do espetáculo "Homenagem a Tom Jobim", ao lado de Armandinho, Yamandú Costa e Marcos Suzano.
Em 2006, lançou, com João Donato, o CD Dois Panos para Manga, concebido em uma reunião na casa do diretor de TV Mario Manga. Nesta oportunidade, foi sugerida aos dois artistas a gravação de um disco que registrasse alguns dos temas degustados pelos freqüentadores do Sinatra-Farney Fã Club na década de 1950. No repertório, Minha saudade (João Donato e João Gilberto), On a Slow Boat to China (Frank Loesser), Swanee (George e Ira Gershwin), That Old Black Magic (Harold Arlen e Johnny Mercer), Tenderly (Walter Gross e Jack Lawrence), Saudade mata a gente (Antonio Almeida e João de Barro), Copacabana (Alberto Ribeiro e João de Barro) e ainda Pixinguinha no Arpoador e Sopapo, duas composições inéditas assinadas pelos dois artistas.
Lançou, nos anos seguintes, os CDs Samba de latada” (2007), em parceria com Josildo Sá, Pra cá e pra lá – Paulo Moura trlha Jobim e Gerschwin (2008), e AfroBossaNova (2009), em parceria com Armandinho.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora; Dicionário Cravo Albin da MPB.
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