De Chocolat (João Cândido Ferreira), cantor, compositor e revistógrafo, nasceu em Salvador/BA em 18/5/1887 e faleceu no Rio de Janeiro/RJ em 27/12/56. Cançonetista do início do século, nos primeiros anos de carreira apresentava-se em casa de chope, cabarés e teatrinhos de variedade do Rio de Janeiro, sob o pseudônimo de Jocanfer.
Em fins de 1909, o cinematógrafo Santana, localizado na rua do mesmo nome, em seu programa de filmes e variedades, anunciava Jocanfer como sucesso do Éden Cosmopolita, de Buenos Aires, Argentina. No mesmo ano, transferiu-se para o cine-teatro da Rua Visconde do Rio Branco e, em 1910, apresentou-se com Lilia Móntez, célebre cantora espanhola, no Chope Palácio Popular, mais conhecido como ABC, passando depois a atuar no Teatrinho do Passeio Público, do Rio de Janeiro, fazendo dueto com o cançonetista Boneco.
Excursionou pela França, Portugal, Espanha e outros países europeus. Em Paris, França, atuou em cabarés e cafés-cantantes, e como era mulato recebeu o apelido de Monsieur De Chocolat, depois abreviado para De Chocolat. Após vários meses na Europa, retornou ao Brasil, passando a apresentar-se sob o novo pseudônimo, sendo convidado em 1920 para atuar no cabaré High-Life, de Porto Alegre RS. Voltou para o Rio de Janeiro, cumprindo temporadas nos cines-teatros Íris e Central, com bastante sucesso.
Em 1926 formou a Companhia Negra de Revistas, a primeira do gênero no Brasil, convidando Jaime Silva, o único branco, para empresário. Estrearam no Teatro Rialto com a revista Tudo preto, no dia 31 de julho do mesmo ano. Dividindo a direção com Alexandre Montenegro, foi também um dos intérpretes, com Jandira Aimoré (mulher de Pixinguinha), Rosa Negra, Osvaldo Viana, Dalva Espíndola, Mingote, Guilherme Flores. A orquestra, cujos componentes também eram negros, foi regida por Pixinguinha, com música de Sebastião Cirino.
Apresentaram-se depois em Minas Gerais e São Paulo, com grande sucesso. Retornando ao Rio de Janeiro em 1927, a companhia passou a apresentar-se no Teatro república, com a revista Café torrado (Rubem Gil e João d’Aqui). No ano seguinte compôs, em parceria com Donga, a canção Meu Brasil, gravada por Alfredo Albuquerque na Odeon, mesma etiqueta em que foi lançado seu maxixe Baianinha, interpretado por Laís Arede.
Ainda na Odeon, foi gravado em 1929, por Francisco Alves, seu samba Mulata; três anos depois, pela Victor, sua versão do fox-trot Boa noite, querida, lançado por Castro Barbosa. Em 1932 ainda, Harry Murarim gravou sua versão de Guarde a última valsa para mim, na Victor, sendo lançados no mesmo ano, pela Columbia, mais duas músicas suas, Olhos passionais (com Gastão Bueno Silva), interpretada por Moacir Bueno da Rocha em disco Columbia, e a valsa A ventura de um beijo (com Guilherme Pereira), gravada por Jorge Fernandes na Victor.
Foi ainda autor da burleta Porque bebes tanto assim?, com oito quadros; Ritmos do Brasil, show de parceria com Maurício Santhos, com fez a revista Bazar de brinquedos, lançando depois a revista Deixa o velho trabalhar, escrita com Roberto Ruiz.
Continuando a compor, fez Na aldeia (com Carusinho e Sílvio Caldas), gravada pelo último na Victor em 1934, lançando no mesmo ano a marcha Nego também é gente (com Ary Barroso), interpretada em disco Odeon por Francisco Alves.
Em 1935 seu samba-canção Meu branco (com Benedito Lacerda), foi gravado na Odeon por Aurora Miranda, e Augusto Calheiros lançou em disco, no mesmo ano, também pela Odeon, Falando ao teu retrato (com Meira). Dois anos mais tarde, ainda pela Odeon, foi lançada a canção Felicidade (com J. C. Rondon), interpretada por Gastão Formenti. Sua última composição de sucesso foi Não tem perdão (com Sílvio Caldas), que a gravou na Victor em 1940.
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