quinta-feira, 28 de abril de 2011

Pacífico Mascarenhas

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Pacífico Mascarenhas, compositor, nasceu em Belo Horizonte, MG, em 21 de maio de 1935. Iniciou a carreira artística quando começou a realizar serenatas com um grupo de amigos na cidade.

Em 1958, gravou seu primeiro disco e em 64 gravou o disco do Quarteto Sambacana. Nesse mesmo ano inventou um processo para acompanhamento de violão que ficava na contracapa do disco. Era uma tabela de acordes com as letras. Registrou a patente desse processo no Departamento Nacional de Propriedade Industrial (DNPI).

Foi graças ao sucesso do Quarteto Sambacana que conheceu o Milton Nascimento também em 1964, quando recebeu em sua casa a visita de alguns músicos de Três Pontas. Como achou que o Milton Nascimento cantava muito bem, convidou-o a participar das serenatas que realizava em Belo Horizonte e também decidiu levá-lo ao Rio de Janeiro para apresentá-lo a alguns representantes de gravadoras. Com esse contato com o Milton conheceu os outros membros do Clube da Esquina, como o Marilton Borges e o Márcio Borges.

As obras de Pacífico Mascarenhas são especialmente bossa-novistas, o que estabeleceu uma ponte considerável entre Rio de Janeiro e Minas Gerais nos anos 1960, sendo que a partir daí, o músico mineiro foi gravado por uma série de artistas famosos, de Luiz Eça a Kliff Korman e recentemente Jorge Cutello da Argentina.

Algumas obras

Aladim, Tom da canção, O vento que soprou, Até você voltar, Era um dia assim, Estrela caindo, Eu e você, Sem me olhar, Fui olhar pra você, Mesmo céu, Você é muito mais, Tarde azul, Apareceu na tarde, O navio e você, Hino da Turma da Savassi, Pouca duração (1962), Olhos feiticeiros e Ônibus colegial.

Fonte: Wikipedia; Museu Clube da Esquina.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Osvaldo Nunes

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Osvaldo Nunes, compositor e cantor, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 02/12/1930, e faleceu na mesma cidade, em 18/06/91. Órfão de pai e mãe, foi criado por instituições de amparo ao menor. Aos 13 anos fugiu e passou algum tempo vivendo na marginalidade no bairro boêmio da Lapa. Chegou a ser preso. Depois foi vendedor de balas, engraxate, camelô e artista de rua.

Mais tarde começou a freqüentar rodas de samba e blocos de carnaval quando sentiu que tinha inspiração para compor músicas e talento para cantar. Nunca se afastou do bairro da Lapa onde chegou a conhecer Madame Satã.

Quando deixou a marginalidade, Oswaldo Nunes fez sua primeira composição aos vinte anos, que foi o samba Real melodia. Em 1951, seu samba Vidas iguais, com Ciro de Souza, e o samba-canção Estranho, com Cabeção foram gravados por Leny Eversong na Continental. Em 1955, o samba-canção Aquele quarto, com Aníbal Campos foi gravado por Dalva de Andrade na Continental.

Em 1962, gravou seu primeiro disco, pelo selo pernambucano Mocambo com os sambas Lar vazio e Agradecimento, ambos de sua autoria. No mesmo ano, gravou o twist Vem amor, parceria com Lino Roberto, e o samba Fim, de Lino Roberto. Ainda nesse ano, e também pela Mocambo, juntamente com o Bloco Carnavalesco Bafo da Onça gravou aquele que seria seu maior sucesso, a batucada Oba, que continuou a embalar os desfiles do bloco nas décadas seguintes e que se tornou o hino oficial do Bloco Bafo da Onça.

Ainda em 1962, embalado pelo sucesso de Ôba lançou pela Mocambo/Rozenblit um LP com o mesmo título no qual gravou composições próprias como Alô meu bem, Chorei… chorei…, Lar vazio, e Nunca mais, esta última, parceria com Ruy Borges, além de Volta por cima, de Paulo Vanzolini, Diário de amor, de Senô, Gosto de você de graça e Zé da Conceição, de João Roberto Kelly , Oito mulheres, de José Batista, Faço um iê iê iê, de Luiz Reis e Haroldo Barbosa, e Fim, de Lino Roberto.

Em 1963, gravou os sambas Zé da Conceição, de João Roberto Kelly, e Alô! Meu bem, de sua autoria. Nesse ano, seu Samba do saci, com Lino Roberto, foi gravado por Clóvis Pereira em interpretação de órgão, e os sambas Chorei, chorei e Samba do saci foram registrados pelo Bloco Carnavalesco Bafo da Onça.

Gravou pra o carnaval de 1965, o do quarto centenário do Rio de Janeiro, as marchas A Dança da Pulga, de sua autoria e Pernambuco, e Saudações ao Rei Momo, de sua autoria. Nesse ano, fez grande sucesso com a marcha Na onda do berimbau, de sua autoria.

No carnaval de 1967, fez sucesso com a marcha Mãe-ê, de sua autoria. Destacou-se no ano seguinte com a marcha Voltei, e em 1969, com a marcha Levanta a cabeça. Na segunda metade da década de 1960, apresentou-se em shows acompanhado do grupo The Pop’s, com o qual gravou em 1969 o LP Tá tudo aí no qual interpretou as músicas Tá tudo aí, Você deixa, Tamanqueiro, Dendeca, Doce canção, Chorei chorei, e Canto da sereia, todas de sua autoria, além de Outro amor de carnaval, com Raul Borges e Humberto de Carvalho, Cascata, com A. Marcilac, e Mulher de malandro, com Celso Castro.

Em 1970, obteve o segundo lugar no IV Festival de Músicas de Carnaval com o samba Não me deixes, de sua autoria em parceria com Milton de Oliveira e Helton Menezes. No mesmo festival, foi finalista com o samba A escola vai descer, com Aristóteles II.

Em 1971, sagrou-se tricampeão do Concurso Oficial de músicas de carnaval da Guanabara promovido pela Secretaria de Turismo da Guanabara, TV Tupi e jornais O Dia e A Notícia, com o samba Saberás, parceria com R. Gerardi. No mesmo ano, lançou pela CBS o LP Você me chamou, no qual cantou, apenas de sua autoria, a faixa Real Melodia.

Em 1978, já pela RCA Victor, lançou o LP Ai, que vontade, no qual interpretou as músicas Êh viola, de Joel Menezes e Noca da Portela, Dança do bole bole, de João Roberto Kelly, Ai, que vontade, de Dão e Beto Sem Braço, Se você me quer, de Anézio, Vou tomar um porre, de Jurandir Bringela e Paulinho da Mocidade, O dono da justiça, de Marco Polo e Genaro da Bahia, e Se você quiser voltar, de Gerson Alves e Jorginho Pessanha, além de composições suas como Tem tem, com Celso Castro, A dança do jongo, com Geraldo Martins, Tim tim tim ô lê lê, com Zé Pretinho da Bahia, Dendê na Portela, com Hilton Veneno, e O que é que eu faço.

O cantor de tanto ritmo, excelente voz e também grande compositor, era um homossexual assumido. Não dava bandeira, tinha cara de mau, era valente e adotava uma postura de cabra macho. Muitas vezes quebrou o pau lá pelo bairro boêmio onde sempre viveu. Dizem as más línguas da Lapa, que uma das últimas surras que ele deu foi no cantor Agnaldo Timóteo.

Em 18/06/91, aos 60 anos, foi assassinado enquanto dormia no seu apartamento na Lapa, provavelmente por um dos garotos de programa aos quais recorria rotineiramente. Onze anos depois, a Justiça deu a sentença do espólio do cantor. Em testamento, o sambista deixou um apartamento e todos os seus direitos autorais para o Retiro dos Artistas, no Rio.

Fonte: Besta Fubana - Homenagem a Oswaldo Nunes e ao Bafo da Onça; Memória da MPB - Osvaldo Nunes.

Ribamar

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Ribamar (José Ribamar Pereira da Silva), compositor e instrumentista, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 9/12/1919, e faleceu na mesma cidade, em 6/9/1987. Irmão do compositor Esdras Pereira da Silva, aos sete anos de idade começou a estudar piano com sua avó. Trabalhou no funcionalismo público.

Iniciou sua carreira de músico profissional em 1950, acompanhando Dolores Duran. Ainda nesse ano, venceu o concurso para escolha de um pianista de música popular na Rádio Nacional.

Em 1952 teve sua primeira composição gravada, o bolero Duas vidas, com Esdras Pereira da Silva, na voz de Fernando Barreto. Atuou como violinista de Fafá Lemos e com outros grupos, formando em 1953 seu próprio conjunto, tocando acordeom e piano em casas noturnas do Rio de Janeiro. Entre outras Rádios, trabalhou na Rádio Mundial (RJ).

Em 1955, acompanhou Tito Madi em apresentações nas boates do Beco das Garrafas no Rio de Janeiro formando com ele um dos mais populares duos das noites cariocas. Em 1956, teve o samba-canção Abandonado, com Esdras Silva e W. Barros, gravado por Helena de Lima no LP Dentro da noite, lançado pela Continental.

Em 1958, teve samba-canção Pela rua, com Dolores Duran, lançado por Alaíde Costa em disco RCA Victor. Nessa época, iniciou uma fértil parceria com Dolores Duran, com quem atuou como pianista, destacando-se os sambas-canções Quem sou eu, Idéias erradas, Se eu tiver, Pela rua e Ternura antiga, parceria póstuma sobre versos de Dolores Duran, que tinha morrido meses antes, música também
classificada em 2º lugar no Festival das Dez Mais Lindas Canções de Amor, na TV Rio, em interpretação de Lucienne Franco.

Em 1959, teve o samba Idéias erradas, com Dolores Duran, gravado pelo Trio Yrakitan na Odeon e por Carlos Galhardo na RCA Victor, e o samba-canção Quem sou eu?, também com Dolores Duran, gravado por Neusa Maria na RCA Victor. Nesse ano, o samba-canção Pela rua, com Dolores Duran, foi regravado por Tito Madi na Continental.

Em 1960, seu samba-canção Pela rua, com Dolores Duran, foi gravado por Elizeth Cardoso no LP A meiga Elizeth da gravadora Copacabana. Nesse ano, seu maior sucesso, o samba-canção Ternura antiga, com Dolores Duran foi lançado por Luciene Franco na Copacabana. Teve ainda no mesmo ano, a balada Teu nome, com Osmar Navarro gravada por Francisco Carlos na RCA Victor.

Em 1961, o samba O que é que eu faço, com Dolores Duran, foi gravado por Isaura Garcia no LP A pedida é samba da Odeon, e Ternura antiga foi regravado na Copacabana por Paulo Alencar e sua orquestra. Ainda nesse ano, Leny Andrade regravou na Mocambo, o samba-canção Quem sou eu?.

Em 1963, Helena de Lima gravou a canção Que fez você, com Orlando Henrique, no LP Quando a saudade chegar, da RGE. No mesmo ano, fez a direção artística do LP As grandes escolas de samba com orquestra e coro com gravações dos sambas enredo Chica da Silva, Rio dos vice reis, Mestre Valentim, Relíquias da Bahia, Palmares, Tristeza no carnaval, Mauá e suas realizações, Vem do morro e Toda prosa.

Em 1969, teve o samba-canção Eu te amo, com Nunes e Romeu, gravado por Helena de Lima no LP Uma noite no Drink, da RCA Victor. Em 1972, o samba-canção E a chuva parou, com Esdras Silva e Victor Freire, foi gravado por Tito Madi no LP A fossa - volume 2 do selo London/Odeon. No ano seguinte, no volume 3 da série A fossa Tito Madi regravou o samba-canção Se eu tiver, com Dolores Duran. 

Em 1978, seu samba-canção Teu nome, com Osmar Navarro foi regravado por Carlos Galhardo no LP Parabéns a mim por ter você da EMI-Odeon. Em 1981, teve o samba-canção Ternura antiga, com Dolores Duran regravado por Tito Madi no LP Tito Madi na intimidade - Ao vivo no Inverno & Verão da Continental.

Teve canções gravadas por Carlos José, Tito Madi, Trio Iraquitã, Carlos Galhardo, Helena de Lima, Elizeth Cardoiso e Neusa Maria, entre outros. Deixou gravados cinco LPs em diferentes gravadoras: Colúmbia, Philips, Musidisc, Equipe e RCA, entre os quais, Ribamar ao piano e Dançando com Ribamar, pela Columbia e Ribamar e seu piano, pela Philips.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

Alventino Cavalcanti

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Alventino Cavalcanti - 1968
Alventino Cavalcanti (Alventino Cavalcanti de Souza), cantor e compositor, pernambucano nascido em 1920, começou a atuar artísticamente como compositor na década de 1950, sendo que sua primeira composição gravada foi a marcha Cadê Manolo, parceria com Ângelo de Oliveira, gravada em 1951, no selo Carnaval, por Celso Barroso.

Em 1954, no LP Sua Majestade, O Rei do ritmo, de Jackson do Pandeiro, teve gravado  O canto da ema, de sua autoria em parceria com João do Vale e Ayres Vianna, seu maior sucesso, e o Coco de improviso, com Edson Menezes e Jackson do Pandeiro. No mesmo ano, a dupla Venâncio e Corumbá gravou, pela Todamérica, o baião Gavião, parceria com Uzias da Silva.

Em 1955, fez com João do Vale e José Cândido o coco Aroeira, gravado na Continental por Aldair Soares. Em 1957, Jackson do Pandeiro gravou, na Copacabana, a marcha Mão na toca, parceria com João Rosa e Jackson do Pandeiro. Ainda nesse ano, Almira, mulher de Jackson do Pandeiro, gravou a polca Chico Bendegó, parceria com Uzias da Silva e Aires Viana.

Em 1958, Zito Borborema e Seus Cabras da Peste gravaram, na RGE, o baião-coco O bom vaqueiro, parceria com Aires Viana, e Rosália Gomes lançou, pela Copacabana, valsa Nosso bem querer, parceria com Wilson Silva e Aires Viana. No mesmo ano, teve duas composições gravadas por Jackson do Pandeiro pela gravadora Columbia: o baião Boa noite, com Tito Neto e Jackson do Pandeiro, e o samba Linda, com Jackson do Pandeiro e Ari Monteiro.

Em 1960, teve a Marcha do pintinho, com Hilton Gomes e Oldemar Cavalcanti, gravada por Emilinha Borba na Columbia. Em 1961, gravou, pela Columbia, as marchas No tempo da vovó, parceria com João Rosa e Rossini Pinto, e Marcha do urubu, de Uzias Silva e Adolfo Barros. Nesse ano, teve as músicas A fogueira do coroné, com Jackson do Pandeiro, e O que é o que é, gravadas por Jackson do Pandeiro, no LP A tuba da muié da gravadora Copacabana.

Em 1976, no LP Mutirão, lançado por Jackson do Pandeiro, pela gravadora Alvorada/Chantecler, teve gravada a música Dona Totonha, com Tony Garça, em interpretação de Jackson do Pandeiro. Nesse disco, interpretou as músicas Vamos recordar, de Avarese, e Pegando balão, de sua parceria com João Rosa. Em 1977, teve outra composição gravada por Jackson do Pandeiro: Eu caso com você, parceria dos dois, registrada no LP Um Nordestino alegre, da gravadora Alvorada/Chantecler.

Em 1981, no LP Forró in concert", lançado por Oswaldinho do Acordeom, pela Continental, teve gravada o coco Coco de improviso, com Édson Menezes. Em 1983, Sérgio Reis regravou, pela RCA Victor, a toada Leva eu (Sodade), com Tito Neto.

Em 1996, Zé Ramalho gravou Leva eu sodade, com Ayres Viana no CD Cidades e lendas. Dois anos depois, O canto da ema foi regravada no CD Tributo a Jackson do Pandeiro na voz de Genival Lacerda. Em 1999, Carlos Malta e Pife Muderno regravaram, em CD lançado pelo selo Rob Digital , a toada O canto da ema, com Ayres Vianna e João do Vale. Essa toada foi também relançada, no mesmo ano, por Carmélia Alves no CD Carmélia Alves abraça Jackson do Pandeiro e Gordurinha, pelo selo CPC-UMES.

Em 2000, O canto da ema foi regravado pelo Trio Nordestino no CD Trio Nordestino - Xodó do Brasil, que marcou a volta do Trio Nordestino em nova formação. No mesmo ano, teve relançada a toada Leva eu Sodade, com Tito Neto, no CD Seleção de ouro - 20 sucessos - Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano, da EMI Brasil, sendo ainda relançada também, no mesmo ano, na voz de Sergio Reis, na série de cinco CDs intitulada 40 anos de estrada, lançada pelo cantor, pela BMG Brasil.

Fontes: Alventino Cavalcanti – Não bata no meu louro; Dicionário Cravo Albin da MPB.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Marisa Barroso

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Marisa Barroso (Beatriz Azevedo de Brito), cantora, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 17/2/1932. Foi descoberta por Ary Barroso e atuou na TV e em clubes noturnos.

Em 1960, gravou pela Copacabana os sambas-canção Canção do amor que não aconteceu, de Lauro Miranda e Otávio Ferreira e Que pena, de Antônio Bruno. No mesmo ano, gravou pela RCA Victor o samba-canção Prenúncio, de Marino Pinto e Vadico e Dois amigos samba-canção de Ary Barroso. Foi escolhida pela crítica especializada como a "Cantora revelação de 1960".

São de 1961 as gravações de Sinceridade, de Sérgio Malta e de Dizem por aí, de Manoel da Conceição e Alberto Paz. Nesse ano, gravou pela Copacabana o LP Cantigas para enganar o tempo com acompanhamento de Aloysio e seu conjunto, LP n o qual interpretou Neste mesmo lugar, de Armando Cavalcanti e Klecius Caldas; Conselho inútil, de Miguel Gustavo; Samba de mudar, de Baden Powell e Geraldo Vandré; Fala amor, de Djalma Ferreira e Luiz Antônio; Ternura perdida, de Aloysio Figueiredo e Iná Monjardim, e Triste bonita, de Nilo Queiroz e Billy Blanco, entre outras. 

Na contra-capa desse disco, o jornalista Alberto Rêgo assim falou dela: "Marisa Barroso deixa de ser a revelação, a risonha promessa para - vencidas as naturais limitações da inexperiência e os nervosivos próprios dos estreantes - se afirmar, definitivamente, como grande intérprete da música popular brasileira, conquistando, com sua performance o lugar que lhe cabe, de fato e de direito, entre os astros consagrados do disco."

Em 1962, obteve sucesso com as gravações de A mesma rosa amarela, de Capiba e Carlos Pena Filho e Bronzes e cristais, de Alcir Pires Vermelho e Nazareno de Brito

Em 1964 fez temporada em Portugal. Gravou pela CBS um LP com o regente e instrumentista Astor.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira; Bibliografia Crítica: AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982; CARDOSO, Sylvio Tullio. Dicionário Biográfico da música Popular. Rio de Janeiro: Edição do autor, 1965.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Fernando Costa

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Fernando Costa, cantor e compositor, foi um dos pioneiros do rock brasileiro egravou diversos cha-cha-chás, coqueluche do começo da década de 1960.

Estreou em disco em 1960, gravando pela Continental os Rock do beliscão, dele, Alfredo Max e A . Chamelli e Estudante rock, de Anésio Pessanha, Argemiro Araújo e Neusa Toledo. No mesmo ano, gravou o rock Matusquela, de André Luiz e A . Marsilac e o rock-balada Balada da solidão, de sua autoria e Alfredo Max.

Ainda no mesmo ano, gravou pela Chantecler a guarânia Querida, de Luiz Mergulhão, Amilcar Chamarelli e P. Aguiar e o bolero Sentença, de Barbosa da Silva e Luiz Mergulhão.

Em 1962, foi contratado pela Columbia e estreou com Amor em cha-cha-chá e Abraça-me, parcerias com Rossini Pinto. No mesmo ano gravou mais duas parcerias com Rossini Pinto: Não digas nada e Conselho em cha-cha-chá.

Em 1963, gravou Felizes seremos, de Antônio Cirino e Se tu gostasses de mim, parceria sua com Rossini Pinto e, em 1964, O que será de mim agora, de Giraud, Dorsey e Bouget e Destinos iguais, parceria com Cirino Jr.

Fez ainda gravações por pequenos selos como Lord, Tiger e Albatroz, com composições como o Rock do soluço, de Amilcar Chamarelli, A . Marsilac e André Luiz e o bolero Francamente, de P. Aguiar, Luiz Mergulhão e Anísio Pessanha.

Com o aparecimento do movimento Jovem Guarda, com novas direções para a chamada música jovem, começou a sair da cena artística. Chegou a gravar pela Tapecar o LP É do Norte que vem o candomblé.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira - Bibliografia Crítica: SANTOS, Alcino; BARBALHO, Gracio; SEVERIANO, Jairo e AZEVEDO, M. A . De Azevedo (NIREZ), Discografia Brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982.

Carlos Pena Filho

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Carlos Pena Filho (Carlos Souza Pena Filho), poeta e compositor, nasceu no Recife, PE, em 27/5/1929, e faleceu na mesma cidade, em 1/7/1960. Foi um dos parceiros do compositor Capiba. Seus primeiros trabalhos de poesia foram publicados no jornal Diário de Pernambuco.

Em 1952 publicou o primeiro livro, O tempo da busca. Em 1955 publicou seu segundo livro de poesias, Memórias do boi Serapião, com uma temática social e ilustrado por Aloísio Magalhães. Em 1958 publicou A vertigem lúcida.

Em 1959, mostrou a Capiba um poema pedindo-lhe para musicá-lo para o carnaval. Capiba, entretanto, achou a letra muito bonita para ser cantada apenas por quatro dias e resolveu fazer um samba-canção. Nascia assim A mesma rosa amarela, que se incorporou ao movimento da Bossa Nova, tornando-se uma das principais canções da década de 1960. O próprio poeta começou a divulgar a música cantando-a nos bares que freqüentava, especialmente na A Cabana, restaurante que reunia jovens intelectuais do Recife. Foi gravada primeiramente pelo cantor Claudionor Germano, ainda em 1960 pela gravadora pernambucana Mocambo, tornando-se sucesso através da cantora Maysa que a gravou em 1962, pela RCA Victor.

Ainda em 1959 teve publicado pela Livraria São José do Rio de Janeiro seu Livro geral, antologia de seus trabalhos. Outras letras de sua autoria musicadas por Capiba foram Ai de mim, samba-canção gravado em 1961 por Claudionor Germano e depois por Tito Madi, o samba Claro amor, gravado por Claudionor Germano e depois por Paulo Molin, o samba Manhã da tecelã também gravado por Claudionor Germano, o frevo-canção Não quero amizade com você, gravado por Paulo Molin e a canção Sino, claro sino interpretado por Zélia Barbosa.

Morreu prematuramente sem ver o sucesso de A mesma rosa amarela.

Nos anos 1970, o cantor e compositor Alceu Valença musicou seus poemas Solibar e Sino de ouro. Em 1993 teve diversos poemas musicados pelo músico Antônio José Madureira e gravados no CD Opereta do Recife, entre os quais, Bairro do Recife, Dádivas do amante, Desmantelo azul e Manoel, João e Joaquim, homenagem aos poetas Manoel Bandeira, João Cabral de Melo Neto e Joaquim Cardozo.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira - Bibliografia crítica: AZEVEDO, M. A . de (NIREZ) et al. Discografia brasileira em 78 rpm. Rio de Janeiro: Funarte, 1982; GONÇALVES, Magaly trindade; AQUINO, Zélia Thomaz de e SILVA, Zina Bellodi. Antologia de antologias. São Paulo: Musa editora, 1997.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Gonzalo Curiel

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Gonzalo Curiel
Gonzalo Curiel (Gonzalo Curiel Barba) nasceu em 10 de janeiro de 1904 em Guadalajara, Jalisco, México. Seus pais eram Juan Nepomuceno Curiel Guerrero e María de Jesus Barbosa Riestra, e tinha dois irmãos, María Elisa e Juan Luis. Desde pequeno mostrou grande apreço pela música. Aos seis anos aprendeu a tocar piano e depois guitarra e violino.

Em sua cidade natal estudou até o quarto ano de medicina, pois seu pai exigia uma habilitação profissional. Mas o seu grande dom para a música prevaleceu e, em 1927 deixou a Universidade e se mudou para a Cidade do México. Já instalado na capital trabalhou como pianista em uma loja de música, para gravação de rolos de piano.

E assim como pianista ou "pianeiro" começou sua carreira profissional na música na empresa XEW . Ele já estava tocando há dois meses nessa rádio, quando o médico e cantor Alfonso Ortiz Tirado, que estava partindo para uma turnê internacional,  lhe convidou para substituir seu pianista, que estava doente.

Este passeio deu a Curiel a oportunidade de apresentar seu trabalho e talento, e serviu como plataforma para depois, criar bandas e se tornar um dos primeiros artistas que trabalharam na frente de sua própria orquestra.

Foi assim que surgiu o "Grupo Ritarmelo" (ritmo, harmonia e melodia), integrado por Emilio Tuero, Pablo e Carlos Martínez Gil e Ciro Calderón e dirigido por Gonzalo. Depois, sempre buscando inovações, formou "Los Diablos Azules" e "Los Caballeros de la Armonía".

Então, finalmente deu luz para o que seria o seu famoso "Escuadrón del Ritmo", que chegou a ter grande renome e marcou toda uma época entre as orquestras e eventos sociais, assim como variedade principal em teatros de revista.

Com esta orquestra, excursionou por todo o México e os Estados Unidos, assim como Brasil, Argentina e Chile. Deste grupo surgiu músicos e compositores, cuja fama perdura até hoje.

Durante sua carreira, Gonzalo Curiel aventurou-se em três grandes áreas de música: o popular, o cenário para filmes e da sinfonia.

Na música popular seu trabalho foi muito extenso, mas é certamente em Vereda tropical, o seu bolero mais conhecido e cantado em todo o mundo.

Entre outras criações de Gonzalo Curiel que vieram para o gosto público mundial estão: Temor, Un gran gmor, Caminos de ayer, Son tus ojos verde mar, Amargura, Incertidumbre, Calla tristeza, Dime, morena linda, Noche de luna, Desesperanza, Dolor de ya no verte, Esperanza, Me acuerdo de ti, e Llévame.

Participou em mais de 180 filmes da era dourada do cinema, além de produzir músicas para o cinema americano e francês. Em 1954 ganhou o prêmio Ariel, por causa de sua música de fundo no filme Eugenia Grandet, que estrelou Marga Lopez. Em 1958 ele foi premiado no filme Vainilla, bronce y morir em que atuaram os artistas Ignacio López Tarso e Elza Aguirre.

Curiel, compartilhando ideais com Afonso Esparza Oteo, Nacho Tata Fernandez Ignacio Esperon e Talavera Mario, entre outros, para melhorar a situação econômica dos compositores do México, fundou o Sindicato Mexicano de Compositores, Autores e Editores de Música (SMACEM) e, em seguida, Sociedade de Autores e Compositores, instituição em que foi, em dois períodos, Presidente do Conselho Diretivo.

Em sua vida recebeu muitos prêmios, mas depois de sua morte as homenagens foram grandiosas: algumas ruas e avenidas no México levam o seu nome e bustos em bronze imortalizam a sua memória.

O grande compositor Gonzalo Curiel morreu de um ataque cardíaco em sua casa, em 4 de julho de 1958. Seus restos descansam no Jardim Panteão de San Angel na Cidade do México.

Em 2009, Gonzalo Curiel Barba foi premiado pela Sociedade de Autores e Compositores, com reconhecimento póstumo Juventino Rosas, uma medalha de "post mortem", instituído para homenagear os compositores mexicanos, cujo trabalho transcendeu as barreiras linguísticas e a glória cultural do México no mundo.

Fonte: traduzido do espanhol em 12/4/2011 do site: http://www.sacm.org.mx/archivos/biografias.asp?txtSocio=08006.

sábado, 9 de abril de 2011

Cego Aderaldo

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Cego Aderaldo (Aderaldo Ferreira de Araújo), cantor itinerente e repentista, nasceu em 24 de junho de 1878 na cidade do Crato — CE, e faleceu em 29 de junho de 1967, em Fortaleza - CE. Logo após seu nascimento mudou-se para Quixadá, no mesmo estado.

Aos cinco anos começou a trabalhar, pois seu pai adoeceu e não conseguia sustentar a família. Tomou conta dos pais sozinho: quinze dias depois que seu pai morreu (25 de março de 1896).

Quando tinha 18 anos e trabalhava como maquinista na Estrada de Ferro de Baturité, sua visão se foi depois de uma forte dor nos olhos. Pobre, cego e com poucos a quem recorrer, teve um sonho em verso certa vez, ocasião em que descobriu seu dom para cantar e improvisar. Ganhou uma viola a qual aprendeu a tocar. Mais tarde começou a tocar rabeca.

Algum tempo depois, quando tudo parecia estar voltando à estabilidade, sua mãe morre. Sozinho começou a andar pelo sertão cantando e recebendo por isso. Percorreu todo o Ceará, partes do Piauí e Pernambuco. Com o tempo sua fama foi aumentando.

Em 1914 se deu a famosa peleja com Zé Pretinho (maior cantador do Piauí). Depois disso voltou para Quixadá mas, com a seca de 1915, resolveu tentar a vida no Pará. Voltou para Quixadá por volta de 1920 e só saiu dali em 1923, quando resolveu conhecer o Padre Cícero.

Rumou para Juazeiro onde o próprio Padre Cícero veio receber o trovador que já tinha fama. Algum tempo depois foi a vez de cantar para Lampião, que satisfez seu pedido — feito em versos — de ter um revólver do cangaceiro.

Tentando mudar o estilo de vida de cantador, em 1931, comprou um gramofone e alguns discos que usava para divertir o povo do sertão apresentando aquilo que ainda era novidade mesmo na capital. Conseguiu o que queria, mas o povo ainda o queria escutar.

Logo depois, em 1933, teve a idéia de apresentar vídeos. Que também deu certo, mas não o realizava tanto. Resolveu se estabelecer em Fortaleza em 1942, onde veio a abrir uma bodega na Rua da Bomba, No. 2. Infelizmente o seu traquejo de trovador não servia para o comércio e depois de algum tempo fechou a bodega com um prejuízo considerável.

Desde 1945, então com 67 anos, Cego Aderaldo parou de aceitar desafios. Mas também, já tinha rodado o sertão inúmeras vezes, conseguira ser reconhecido em todo lugar, cantara pra muitas pessoas, inclusive muitas importantes, tivera pelejas com os maiores cantadores.

E, na medida em que a serenidade, que só o tempo trás ao homem, começou a dificultar as disputas de peleja, ele resolveu passar a cantar apenas para entreter a alma.

Cego Aderaldo nunca se casou e diz nunca ter tido vontade, mas costumava ter uma vida de chefe de família pois criou 24 meninos.

Relata o Cego Aderaldo:

"Em Belém do Pará eu conheci muitos cantadores. Mas o mais afamado, que emendou a camisa comigo, foi o índio Azuplim. Nossa batida foi a que se segue..."

Eu saí do Ceará
Deixei meu triste mocambo,
Com medo do dezenove,
Este pesadelo bambo.
Vinha o coronel Monturo
Junto com doutor Molambo...
A dona fome na frente,
Na cadeira do trapiche,
Dizendo: No Ceará
Tudo é fofo e nada é fixe.
Juro que aqui nesta terra
Não vinga mais nem maxixe...
A dona Fome me olhou
E disse a mim: — Eu pego!
Eu disse: — Não senhora!
Eu sei por onde navego,
Quem tem vista corre logo,
Quanto mais eu sendo cego...
Segui para Fortaleza,
Dei uma viagem além.
O barco era o "Maranhão",
E até corria bem,
Com três dias e três noites
Chegando nós em Belém...
Quando eu cheguei em Belém,
Me encostei naquele cais.
— Aonde vai esta linha?
Eu perguntei a um rapaz
Ele disse: — Nesta linha
Passa um trem para São Brás...
Eu parti para São Bras,
Para casa de Gaudêncio
Que já conhecia bem,
Ele, Salina e Merêncio;
Junto estes amigos
Não pude guardar silêncio...
Fui para Madre de Deus,
Terra de um povo fiel,
Ali ganhei qualquer cousa
Tomei açaí com mel,
De manhã peguei o trem,
Fui para Santa Isabel...
Depois fui para Americana,
Cantei lá no Apéu,
Do sitio de São Luís
Eu fui pra Jambuaçu;
Eu cantei no Castanhal,
E no Igarapeaçu...
No primeiro Caripi
Eu cantei, lá fui feliz,
No segundo Caripi
Cantei tudo quanto quis,
E ali tomei o trem,
Fui cantar em São Luís....
Ali chegou um convite,
Eu para Muricizeira,
Depois, cantei no Burrinho
Cantei no Açaí Teuã...
Fui cantar no Timboteuã...
Segui para Capanema
Com coragem e esperança.
Passei uns dois ou três dias
E segui para Bragança,
Dizendo sempre comigo:
— Quem espera em Deus não cansa...
Quando eu cheguei em Bragança,
Não quis ir no Benjamim,
Não encontrando hospedagem,
Me hospedei num botequim,
Que era coberto e cavaco
E circulado a capim...
O dono do botequim
Veio a mim e perguntou:
— Cego de onde tu és?
Me diga se é cantador.
Me diga se não tem medo
De azuplim trovador...
Me perguntei: — Não senhor!
Será algum rio-grandense
Ou mesmo um paraibano,
Ou um cantador cearense?
Ele disse: — Não senhor,
É um cantor paraense...
Quando findei a palavra
Vi o paraense chegar,
Ele trazia consigo
Uma viola e um ganzá,
E trazia um tamborim,
Que é instrumento de lá...
Ele afinou a viola,
Quando bateu no ganzá,
Deu um tom no tamborim
Para o baião entoar,
Eu tirei a rabequinha
E fiz a prima chorá...
Cego — Eu lhe disse: — Oh! Paraense,
És uma ninfa de fada,
Teu cântico me parece
A deusa da madrugada.
Eu lhe peço, amicíssimo,
Que cante a sua toada...


Azuplim — Cego, minha toada é,
Um trabalhador garantido.
Você pra cantar mais eu
Precisa ser aprendido,
Queira Deus tu me acompanhe, ai ai!
Pra cantar nesse gemido...
C — Meu amigo, o teu gemido,
Tem destacado valor,
Canta bem perfeitamente,
Já vi que é bom cantador,
Mas amigo, esse gemido,
Me desculpe , que eu não dou...
A — Se num dás um só gemido
Também não és cantador,
Vá cobrar logo o dinheiro.
Do mestre que lhe ensinou, ai, ai!
O cego já apanhou...
C — Se gemer foi cantoria,
Você é bom cantador,
Pois gemes perfeitamente,
No gemido tem valor,
Mas geme com grande dor...
A — Ou que gema ou que não gema,
A boa palavra encerra,
Cego, cante aqui mais eu,
Que eu vim lhe fazer guerra,
Quero que você me diga, ai, ai!
A linguagem da minha terra...
C — A linguagem da tua terra,
Não é linguagem mesquinha,
É toda no guarani
Estudada, é bonitinha!
Para que não perguntaste
A linguagem da terra minha?...
A — Eu quero é que diga da minha
Por que muda de figura:
Cego, diga para mim
O que nós chama mucura,
Quero que você me diga, ai, ai!
O que é saracura...
C — É verdade, essa linguagem
Muda mesmo de figura,
O que nós chama casaco
Vocês só chamam mucura
E o que nós chama sericóia
Vocês chamam saracura...
A — Cego, diga para mim:
O que é jamaru?
Queira Deus você me diga
O que é jacuraru,
O que é macuracar ai, ai!
O que nós chama jambu...
C — É o que nós chama cabeça,
Vocês chama jamaru,
O que nós chama tejo,
Vocês chama jacuraru,
Tipi é mucuracar,
E agrião chamam jambu...
A — Cego, diga para mim
O que nós chama jibóia,
Quero que você me diga
O que é tiranabóia,
Diga aí pra eu saber, ai, ai!
O que é "pegando a bóia"...
C — No Piauí tem um besouro
De nome tiranabóia,
Nossa cobra-de-veado
Cresce aqui, chamam jibóia,
Em minha terra almoço e janto,
... tanto aqui só "pego a bóia"...
A — Cego, diga para mim
O que é a sacupema,
Veja se você me diz
O que é piracema,
Diga aí rapidamente, ai, ai!
O que nós chama panema...
C — O que nós chama raiz
Vocês chama sacupema,
O que nós chama peixe muito
Vocês chamam piracema;
A um sujeito preguiçoso
Chega aqui chamam panema...
A — Cego, diga para mim
A língua dos Tupinambá,
A língua dos Aimoré,
Ou dos índios Caetá,
Ou sobre os índios Tamoios
Ou índios Tamaracá...
C — Sobre as gírias dos índios,
Desde o Norte até o Sul,
Pixueira é coisa fria,
Um beijo chama meiru,
Tacioca é uma é uma casa,
Morada de caititu...
A — Agora o cego Aderaldo
Me respondeu muito bem,
Vi que gírias dos índios,
Ele segue mais além,
Pelo jeito que estou vendo
Você é índio também...
C — Meu amigo eu não sou índio,
Nasci num pobre lugar:
Que é tão propenso a seca
Que obriga agente emigra
Sol danado de Iracema,
Terra de Zé de Alencar...
A — Cego, deixa de mentira,
Tua terra não tem nome,
Tua terra é uma miséria,
É lugar que não se come,
De lá veio cinco mil,
Tudo pra morrer de fome...
C — Dos cinco mil que vieram
Algum era meu parente,
Uma era tio, outro primo,
Conterrâneo e aderente,
Mais esse povo só come
Massa de figo de gente...
A — Saí daí, cego canalha,
Com a sua poesia,
Nesta minha carretilha
Você hoje se esbandalha,
Teu cântico tem grande falha,
Quer cantar mais não convém...
Você somente o que tem
É entrar no bacalhau;
Apanhar de peia e pau
Cearense aqui não vai bem...
C — De onde tu vens contrafeito,
Cabeça de onça mancho,
Bote o matulão abaixo
E conte a história direito,
Me diga o que aqui tem feito
Por estes mundos além,
Se você matou alguém
Ou então se fez barulho,
Vai muito mau seu embrulho,
Paraense aqui não vai bem...


A — Quando eu pego um cantador
Dou três tacada danada,
Lhe deixo a cara inchada
De relho e chiquerador,
É o café que lhe dou,
É isto que lhe dou,
E não diz nada a ninguém,
Apanha e fica calado,
Triste e desmoralizado
Cearense aqui não vai bem...


C — Disse uma velha na rua
Que em outros tempos atrás
Você e um seu rapaz
Lhe roubaram uma perua;
Veja que moda esta sua
Roubando quem vai, quem vem,
Como tu não tem ninguém
Mais ladrão do que você.
Tome lá meu parecer:
Paraense aqui não vai bem...
A — O cantador que eu pegar
Pelo meio da travessa
Nem Padre lhe confessa
Enquanto eu não lhe soltar,
Dou-lhe arrocho de lhe quebra,
Osso e costela também,
Quebro tudo que ele tem,
Deixo-lhe o corpo em bagaço,
Tudo quanto eu digo eu faço,
Cearense aqui não vai bem...
C — Até as moças donzelas
Pediram aos cabras da feira
Para meter-lhe a madeira
E arrebentar-lhe as costelas.
Você abra o olho com elas,
Boa surra você tem,
Boa surra você tem,
Neste dia também vem
A velhinha da perua
Quebrar-lhe a cara na rua,
Paraense aqui não vai bem...
A — Também não quero brigar,
Não sou homem de intriga,
Eu não nasci para briga
E não vivo de pelejar;
Também não quero teimar
Porque isso não convém,
Lhe venero e quero bem,
Digo isso pode crer;
Não quero lhe aborrecer,
Cearense aqui vai bem...
C — Amigo, como mudou,
Que coisa misteriosa!
Tens o perfume da rosa
Que a pouco desabrochou.
Por isso tem o maior verdor
Do que lá no bosque tem.
O anjo lá de Belém
Ouviu nossa cantoria,
Entrarmos em harmonia,
Paraense aqui vai bem...
Havia quatro cervejas
Que um coronel apostou
Dizendo que todas quatro
Pertencem ao vendedor
Nós dois bebemos as cervejas
Nem um nem outro apanhou...

(Estado do Pará, junho de 1919)

Fontes: Texto extraído do livro "Eu sou o Cego Aderaldo"; Rachel de Queiroz, Maltese Editora — São Paulo, 1994; Wikipedia - A Enciclopédia Livre.

Murici Andrade

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Murici Andrade (José Cândido de Andrade Murici), musicólogo, jornalista e professor, nasceu em Curitiba PR, em 4/2/1895, e faleceu no Rio de Janeiro RJ, em 9/6/1984. Iniciou estudos de piano com Marieta Beltrão, em 1911, escrevendo também seus primeiros trabalhos literários para a revista O Fanal.

Em 1913 publicou sua primeira obra, o conto Sonata pagã. Em 1914 e 1915 participou das manifestações literomusicais Horas de Arte, época em que estudou piano com Hugo Antônio de Barros e piano e harmonia com Leo Kessler.

Em 1916 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se dedicou ao jornalismo e à crítica literária. Em 1919 formou-se em direito pela Faculdade de Ciências Juridicas e Sociais do Rio de Janeiro.

De 1923 a 1925 morou na Suíça. Retornando ao Brasil, retomou seus estudos de piano com Luciano Gallet e depois com Tomás Terán e Arnaldo Estrela, no Rio de Janeiro. Em 1926 publicou o romance Festa inquieta e foi nomeado para a secretaria da Corte de Apelação, do Rio de Janeiro. Em 1927 fundou, com outros, a revista Festa, que também dirigiu. 

Em 1935 deu cursos de extensão universitária no I.N.M. e na Associação dos Artistas Brasileiros. Em 1942 foi transferido para o Ministério da Educação e Saúde, atuai Ministério da Educação e Cultura, como professor de estética musical e história da música, no Conservatório Nacional de Canto Orfeônico. Foi membro-fundador da Academia Brasileira de Música e seu secretário-geral em 1945. 

Publicou Caminho da música (1a. série, Curitiba, 1946; 2a. série, Curitiba, 1951). Membro da comissão artística e cultural do Teatro Municipal, do Rio de Janeiro, foi eleito seu diretor em 1952. Nesse ano publicou Panorama do movimento simbolista brasileiro, 3 volumes, Rio de Janeiro (2a. ed., 2 volumes, Rio de Janeiro, 1973). Escreveu ainda Villa-Lobos — uma interpretação, Rio de Janeiro, 1961. 

Em 1965 recebeu a medalha de mérito Carlos Gomes, do governo do antigo Estado da Guanabara. Em 1973 recebeu a medalha cultural Silvio Fróis, do Instituto de Música da Universidade Católica de Salvador BA, lançando no mesmo ano o estudo biobibliográfico Cruz e Sousa. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art EditorA.

Muraro

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Muraro (Heriberto Leandro Muraro), pianista e compositor, nasceu em La Plata, Argentina, em 25/5/1903, e faleceu no Rio de Janeiro RJ, em 8/3/1968. Começou estudando piano com Alfredo Bevilacqua, sendo matriculado depois no Conservatório Fracassi D’Andrea.

Estreou como concertista no Salão Argentina, excursionando por Santiago do Chile e Montevidéu, Uruguai. Atuou nas rádios Cultura e Belgrano, ainda em Buenos Aires, Argentina.

Chegou ao Brasil em 1932, apresentando-se na Rádio Record, de São Paulo SP. No ano seguinte mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi contratado para atuar na Rádio Mayrink Veiga como pianista de Lely Morel.

Compôs a valsa Roleta da vida, gravada por Carlos Galhardo. Tocou nos filmes Alô, alô Brasil (1935, de Alberto Ribeiro, João de Barro e Waliace Downey) e Alô, alô Carnaval (1936, de Ademar Gonzaga), e seus malabarismos e brincadeiras com o teclado valeram-lhe o apelido de “O incrível Muraro”. 

Trabalhou na Rádio Mayrink Veiga até 1942, quando voltou a São Paulo, onde permaneceu por um ano. Regressando ao Rio de Janeiro, foi novamente contratado pela Rádio Mayrink Veiga, passando a atuar em programas populares, como Rádio Novidades, Quatro Notinhas Mágicas, Três Malucos em Ritmo e outros. 

Até 1952 gravou mais de 60 músicas em 78 rpm, entre elas algumas de sua autoria, como os choros Moto perpétuo, Zangado, Flanando e Saudade de Santa Cruz (com Pixinguinha), a polca Baumbá e o samba Chopin no samba

Destacado intérprete de choros, gravou na RGE os LPs O incrível Muraro, em 1958, com peças de Ernesto Nazareth e Catulo da Paixão Cearense, e Casinha pequenina, em 1959, com músicas tradicionais e várias de Chiquinha Gonzaga

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Rosil Cavalcanti

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Rosil Cavalcanti, compositor, ator e animador de programas de rádio e televisão, nasceu em Macaparana-PE, em 20/12/1915, e faleceu em Campina Grande-PB, em 10/07/1968. Nasceu no Engenho Zebelê, na localidade de Macaparana. Fez os cursos primário e ginasial no Recife.

Em 1936 entrou para o 22º Batalhão de Caçadores da 7º Região Militar na cidade de Aracaju, em Sergipe. Em 1937, licenciou-se do Batalhão de Caçadores e passou a trabalhar no Fomento Agrícola de Sergipe. Nesse período sagrou-se como jogador tri- campeão de futebol sergipano pelo Cotinguiba Sport Clube.

Em 1941 foi trabalhar na Secretaria de Agricultura da Paraíba, na cidade de João Pessoa. Em 1943 mudou-se para Campina Grande, onde permaneceu até 1947, quando retornou a João Pessoa. No mesmo ano, passou a trabalhar na firma Brasil Oiticica S. A na cidade de Pombal.

Em 1942 iniciou a carreira artística fazendo com Jackson do Pandeiro a dupla "Café com leite", que atuou na Rádio Jornal do Comércio, em Recife.

Em 1951, passou a trabalhar como redator na Rádio Caturité de Campina Grande, onde lançou o programa Rádio Atrações. Em 1953, Jackson do Pandeiro gravou um dos maiores sucessos de sua carreira e o maior da carreira de Rosil, o coco Sebastiana, que seria regravada, em 1969, por Gal Costa e Gilberto Gil, em LP da cantora baiana. 

No mesmo ano, passou a trabalhar na Rádio Borborema, também de Campina Grande, e a cantora Ademilde Fonseca gravou na Todamérica o baião Meu cariri, de sua autoria. Outros grandes sucessos de Rosil gravados por Jackson do Pandeiro foram Cabo Tenório e Moxotó. Com Jackson do Pandeiro compôs, entre outras, Quadro-negro, Cumpadre João e Os cabelos de Maria

Em 1955, o Trio Orixá gravou o baião Meu Cariri, em parceria com Dilu Melo. Em 1956 Jackson do Pandeiro gravou na Copacaba o xote Moxotó. Em 1958, Marinês e sua Gente gravaram os baiões Aquarela nordestina e Saudade de Campina Grande

Em 1962 teve a marchinha Faz força, Zé e o xote Ô véio macho, gravados na RCA Victor por Luiz Gonzaga e o baião Forró de Zé Lagoa gravado por Genival Lacerda na Mocambo. 

Em 1989, o cantor e compositor paraibano Biliu de Campina gravou o disco Tributo a Jackson e Rosil, em que interpretou, entre outras, Forró na gafieira, Chapéu de couro e Coco do Norte. Entre outros, também gravaram músicas de sua autoria o Trio Nordestino, Pedro Sertanejo, Trio Orixá, Jacinto Silva, Gilvan Chaves e Zito Borborema.

Em 2003, teve a sua música, A festa do milho, gravada no álbum Canções joaninas, do cantor e sanfoneiro Targino Gondim. Em 2007, teve a música de sua autoria Sebastiana gravada pelo cantor e compositor Kojak do forró, no álbum ao vivo O afilhado do rei do ritmo Jackson do Pandeiro. O CD/DVD, de lançamento independente, produzido por Kleber Matos, foi uma homenagem ao cantor e compositor Jackson do Pandeiro.

Como animador, usava o nome de "Zé Lagoa", um tipo engraçado que criou e que fez muito sucesso na televisão e, sobretudo, no rádio. Nunca gravou uma de suas canções porque reconhecia que tinha "pouca voz".

Morreu em Campina Grande, Paraíba, em 10/07/1968, vítima de infarte do miocárdio.

Fonte: Pernambuco de A-Z; Wikipedia; Dicionário Cravo Albin da MPB.

Os Mulheres Negras

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Os Mulheres Negras - Dupla formada por André Abujamra (André Cibelli Abujamra, São Paulo SP 1965—), guitarra, e Maurício Pereira (Maurício Gallocci Pereira, São Paulo 1959—), saxofone, ambos também tocando diversos instrumentos eletrônicos.

O trabalho musical, muito bem-humorado, constituía uma paródia do tecnopop — estilo de pop-rock caracterizado pelo uso preponderante ou mesmo total de instrumentos eletrônicos —, além de sofrer influências de vários estilos e ritmos, entre eles a bossa nova e a música africana, seguindo também a world music (rótulo usado desde meados dos anos de 1980 para música pop com influências de fora dos EUA e Inglaterra).

Gravaram dois LPs/CDs Música e ciência (WEA, 1988) e Música serve pra isso (1990), que incluem sucessos como John, Monstros japoneses e Sub, versão de Yellow Submarine, dos Beatles.

Com o fim da dupla e (independente, 1995), e André Abujamra formou o grupo Karnak, dedicado a satirizar a world music e que já lançou dois CDs, Karnak (Tinitus, 1996) e Universo, um big o (Velas, 1997).

No ano de 2002, a gravadora WEA realançou em CD os dois LPs da dupla: Música e ciência" e Música serve para isso.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Paulo Moura

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Paulo Moura, instrumentista, regente, arranjador e compositor, nasceu em São José do Rio Preto SP, em 15/7/1932, e faleceu no Rio de Janeiro, em 12/7/2010. Filho do mestre-de-banda, clarinetista e carpinteiro Pedro Moura, tem três irmãos músicos, José e Alberico, trompetistas, e Valdemar, trombonista.

Começou a aprender piano aos nove anos e com 13 já tocava em festas e bailes que o conjunto do pai animava. Foi aprendiz de alfaiate e mudou-se para o Rio de Janeiro com a família, fazendo o curso científico, enquanto os irmãos mais velhos viviam de música, tocando em orquestras, no Cassino da Urca e nos shows de Carlos Machado.

Iniciou-se como músico profissional em gafieiras dos subúrbios cariocas e nos cafés da Praça Tiradentes, entrando em 1951 para a orquestra de Osvaldo Borba, atuando depois com Zacarias e sua Orquestra. Nessa época, participou de uma gravação, pela primeira vez, tocando na orquestra que acompanhou Dalva de Oliveira no samba Palhaço (Nelson Cavaquinho ).

Aos 18 anos entrou, por concurso, no quinto ano da E.N.M.U.B., fazendo o curso de clarinetista e obtendo diploma dois anos depois. Aprendeu teoria, contraponto e música com Paulo Silva e Lincoln Pádua, estudou harmonia, contraponto e fuga com Guerra Peixe e José Siqueira, aiém de aprender orquestração com Moacir Santos e arranjos populares com o maestro Cipó.

Em 1953 foi ao México com a orquestra Ary Barroso, integrou o Conjunto Maciel e trabalhou com a Orquestra Cipó da Rádio Tupi. De 1954 a 1956 participou do Conjunto Guio de Morais, atuando na boate Régine, gravando nesse último ano o Moto perpetuo, de Niccolò Paganini (1 782—1 840), em 78 rpm, na Columbia, seu primeiro disco como solista. No ano seguinte formou sua orquestra para baile, atuando no Brasil Danças, e gravou para a Sinter Paulo Moura e sua orquestra para bailes.

De 1958 a outubro de 1959, tornou-se orquestrador e arranjador da Rádio Nacional, viajando, ainda em 1958, para a antiga União Soviética e outros países socialistas, na direção musical do grupo formado por Dolores Duran, Nora Ney, Jorge Goulart, Maria Helena Raposo e o Conjunto Farroupilha.

No ano seguinte, entrou como clarinetista para a Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, do Rio de Janeiro, gravando no mesmo ano, para a Continental, com o quarteto de Radamés Gnattali, o LP Paulo Moura Interpreta Radamés Gnattali, que incluia composições inéditas como Monotonia.

Em 1960 obteve o primeiro lugar como solista de clarineta na Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, e viajou para a Argentina, com a Orquestra de Severino Araújo, gravando na Chantecler outro LP, Tangos e boleros. Dois anos depois, integrou o Conjunto Bossa-Rio, de Sérgio Mendes, tocando sax-alto, e apresentou-se no Festival de Bossa Nova, no Carnegie HaIl em New York, EUA.

Em 1964 gravou na CBS o LP Edson Machado é samba novo, atuando como saxofonista do conjunto. Em 1968 gravou Paulo Moura hepteto e no ano seguinte Paulo Moura quarteto, seguindo-se o LP Fibra, novamente com o hepteto, em 1971, todos na gravadora Equipe.

Teve vários conjuntos, três orquestras e dois quartetos; com um deles esteve na Grécia em 1971.
Em janeiro de 1975 esteve novamente nos EUA gravando um disco com o guitarrista Tiago de Melo.
Regeu a Orquestra Sinfônica de Brasília, em 1988, executando peça de sua autoria em homenagem ao centenário da libertação dos escravos.

Em 1992 recebeu o prêmio Sharp como Melhor instrumentista Popular. No mesmo ano compôs Suíte carioca, peça para orquestra sinfônica, coral infantil e grupo instrumental de jazz. Cinco anos depois foi lançado pelo selo Velas o CD Pixinguinha, gravado em 1996, ao vivo, no teatro Carlos Gomes do Rio de Janeiro, em show do grupo Os Batutas, do qual participa como clarinetista ao lado de Zé da Velha (trombone), Joel do Bandolim, Jorge Simas (violão), Márcio (cavaquinho) e os percussionistas Jorginho do Pandeiro, Marçalzinho e Jovi.

Lançou, em 1998, com Os Batutas, o CD Pixinguinha, pelo qual recebeu o Prêmio Sharp, nas categorias Melhor CD Instrumental e Melhor Grupo Instrumental, e, em 1999, com Cliff Korman, o CD Mood ingenuo.

Em 2000, sua Fantasia Urbana para Saxofone e Orquestra Sinfônica foi apresentada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, recebeu o Grammy Latino, na categoria Melhor Disco de Música Regional (ou de Raízes Brasileiras), pelo disco Pixinguinha, gravado com o grupo Os Batutas. 

Em 2001, participou do projeto Rio Sesc Instrumental, dividindo o palco com Yamandu Costa. Nesse mesmo ano, lançou, pela Pau Brasil, o CD "Paulo Moura visita Gershwin & Jobim", gravação ao vivo de um show realizado em 1998 na inauguração do Teatro Sesc Vila Mariana, em São Paulo, com um septeto instrumental formado por Jerzy Milewsky (violino), Jota Moraes (piano), Cliff Korman (teclados), Nelson Faria (violão e guitarra), Rodolfo Stroeter (baixo) e Pascoal Meirelles (bateria).

Em 2003, lançou o CD Estação Leopoldina. No ano seguinte, lançou, com o violonista Yamandú Costa, o CD El negro del blanco.

Participou do documentário Brasileirinho, do finlandês Mika Kaurismaki, uma das atrações da mostra Forum do Festival de Berlim, em 2005. Neste mesmo ano, estreou turnê nacional e internacional do espetáculo "Homenagem a Tom Jobim", ao lado de Armandinho, Yamandú Costa e Marcos Suzano.

Em 2006, lançou, com João Donato, o CD Dois Panos para Manga, concebido em uma reunião na casa do diretor de TV Mario Manga. Nesta oportunidade, foi sugerida aos dois artistas a gravação de um disco que registrasse alguns dos temas degustados pelos freqüentadores do Sinatra-Farney Fã Club na década de 1950. No repertório, Minha saudade (João Donato e João Gilberto), On a Slow Boat to China (Frank Loesser), Swanee (George e Ira Gershwin), That Old Black Magic (Harold Arlen e Johnny Mercer), Tenderly (Walter Gross e Jack Lawrence), Saudade mata a gente (Antonio Almeida e João de Barro), Copacabana (Alberto Ribeiro e João de Barro) e ainda Pixinguinha no Arpoador e Sopapo, duas composições inéditas assinadas pelos dois artistas. 

Lançou, nos anos seguintes, os CDs Samba de latada” (2007), em parceria com Josildo Sá, Pra cá e pra lá – Paulo Moura trlha Jobim e Gerschwin (2008), e AfroBossaNova (2009), em parceria com Armandinho.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora; Dicionário Cravo Albin da MPB.

Leonardo Mota

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Leonardo Mota (Leonardo Ferreira da Mota), jornalista e folclorista, nasceu em Pedra Branca CE, em 10/5/1891, e faleceu em Fortaleza CE, em 2/1/1948. Formou-se pela Faculdade de Direito do Ceará, em 1916.

Colaborou na imprensa cearense e do Sul do país. Publicou alguns volumes com farto documentário sobre o sertão nordestino, principalmente com referência à literatura oral — poesia, anedotário e adagiário:
 
Cantadores, Rio de Janeiro, 1921 (2ª. ed., Rio de Janeiro, 1953; 3ª. ed., Fortaleza, 1961); Violeiros do Norte, São Paulo, 1925 (2ª. ed., Rio de Janeiro, 1955; 3ª. ed., Fortaleza, 1962); Sertão Alegre, Belo Horizonte, 1928 (2ª. ed., Fortaleza, 1965; 3ª. ed., Rio de Janeiro, 1976); No tempo de Lampião, Rio de Janeiro, 1930; Prosa vadia (Palestras lítero-humorísticas), Fortaleza, 1932; A padaria espiritual, Fortaleza, 1939.

Leota na defesa do folclore nordestino

Nos cafés existentes na antiga Fortaleza, onde intelectuais e poetas se reuniam diariamente, uma figura se destacava nas conversas, nas histórias bem humoradas sobre o homem do sertão: Leonardo Mota. Com o poder incomum de declamação, atraia sempre a atenção geral, divulgando através de sua memória prodigiosa os mais belos versos do cancioneiro popular. No Café Riche, Maison Art Noveau e Bar do Majestic, palcos tradicionais da sociedade cearense da época, ele brilhava na poesia. Um autêntico boêmio que legou ao Brasil os maiores estudos sobre o folclore. Um escritor que alcançou, em vida, a fama, o sucesso.

Rachel de Queiroz, da Academia Brasileira de Letras, lembra que o livro de estréia de Leonardo Mota, "Cantadores", conseguiu ser naquele tempo um "best-seller": "Sucesso difícil para um gênero considerado árido - pois quem, senão eruditos, lê folcloristas? Mas Leonardo Mota - ou antes Leota, o seu pseudônimo predileto - era lido com avidez e entusiasmo não só pelos seus colegas especialistas, como também pelo público em geral, dada a apresentação deliciosa dos temas, a inteligência na escolha do Material posto nos livros, a par da fidelidade exemplar com que ele reproduzia o falar sertanejo em toda a sua pura autenticidade e riqueza".

A autora do romance "O Quinze" observa que tais estudos não calam nos exageros e ridículos do chamado "falar caipira", que é uma contrafação posta em voga pelo teatro de revista, com fins de comicidade fácil". Diz que a seriedade de seus trabalhos era de tal forma surpreendente que "os cantadores profissionais consideravam a inclusão de seus versos num dos livros de Leonardo, como a consagração suprema, e a disputavam com afinco".

- E olha que não se tratava - complementa Rachel - de "cantadores" dessa fauna pobre e poluída pelo rádio, que anda hoje por ai, era o tempo dos gigantes, dos mestres ainda não superados e até agora imitados, que deixaram marca indelével no cancioneiro nordestino.

Sânzio de Azevedo, professor de Literatura na Universidade Federal do Ceará, destaca a importância de Leonardo Mota: "Ele se aprofundou nas pesquisas sobre o folclore, sendo imenso o número de trovas, desafios e anedotas que colheu diretamente do povo, em longas viagens ao interior, o que lhe valeria a fama de um dos maiores folcloristas do Brasil em todos os tempos". Além de recolher trabalhos que eram dispersos pelo tempo, Leota se dedicava também à poesia. O soneto "Pedra" um exemplo:

- Pedra que eu amo, pedra confidente/De todo o mal que o coração tortura,/Tu, que tens a serena compostura/De quem da vida a inquietação não sente,/Tu, que vives de todo indiferente/Ao lodaçal desta charneca impura/Que nós chamamos mundo, pedra escura/Que eu te cobice a placidez consente!/Pudesse eu ter a calma soberana/Que tens, em vez de agitação insana/A sacudir meu peito de preceito ... /Faze-me, pedra à tua semelhança:/ - Dá-me o sossego, a plácida confiança,/Faze desta alma um bloco de granito!.

O escritor Florival Seraine, do Instituto Histórico do Ceará, afirma que nenhum pesquisador de folclore no Brasil pode prescindir de consulta à obra de Leonardo Mota: "Ele realizou trabalho de extrema importância para a preservação da cultura popular. Realmente é impossível o desenvolvimento de qualquer pesquisa sem antes verificar as contribuições de Leota sobre os estudos nordestinos". O poeta Cláudio Martins, Presidente da Academia Cearense de Letras, manifesta-se admirador de Leota:

- Foi o homem mais vocacionado de todos os que se dão ao luxo do trabalho intelectual no Pais. Leota desfez-se do seu cartório para fazer pesquisa no plano da literatura natural, popular. Mesmo sendo ótimo poeta, preferiu dedicar-se à divulgação dos mais importantes versos populares brasileiros. Revelou ao Brasil a grandeza existente na poesia nordestina. Se não fosse seu esforço, muito da cultura popular estaria hoje perdida.

Leonardo Ferreira da Mota nasceu em Pedra Branca, em 10 de maio de 1891, filho de Leonardo Ferreira da Mota e Maria Cristina da Silva Mota. Terminou os preparatórios no Liceu do Ceará (1909), depois de Ter estudado em escolas primarias de Quixadá, no Seminário de Fortaleza (1903) e no “Colégio São José” na Serra do Estevão (1904 a 1908). Bacharel pela Faculdade de Direito do Rio de janeiro, em 1916, foi redator de jornal "Correio do Ceará" e diretor da "Gazeta Oficial". Foi notário público, tendo vendido o cartório para, com o dinheiro, custear as suas excursões folclóricas. Conhecido pelo pseudônimo de "Leota" assinava crônicas na imprensa cearense sobre os mais variados assuntos. Em 1921, publicou um de seus mais importantes livros: ''Cantadores''.

Dedicado totalmente ao folclore, reuniu depois suas pesquisas nos volumes "Violeiros do Norte" (1925), "Sertão Alegre" (1928), "No Tempo de Lampião" (1930), "Prosa Vadia" (1932) e "A Padaria Espiritual" (1938). Pela relevância de sua obra, foi eleito para a Academia Cearense de Letras e Instituto do Ceará. Considerado o "príncipe dos folcloristas nacionais", faleceu em Fortaleza, em 2 de janeiro de 1948.

No dia da morte de Leonardo Mota, os originais do livro "Adagiário Brasileiro” sumiram misteriosamente. Até hoje não se sabe de seu paradeiro. Graças ao trabalho persistente de seus filhos Moacir e Orlando Mota, aquele documento foi reconstituído numa tarefa que levou quinze anos, através de manuscritos, rascunhos e recortes de jornais, Com seiscentas páginas, "Adagiário" reúne dez mil ditados, locuções, modismos, ditos e comparações matutas.

O escritor Moreira Campos compartilha da opinião geral de que Leonardo Mota é o nosso maior folclorista: "Sem dúvida que neste campo uma grande autoridade do Nordeste e do Brasil, do ponto de vista da interpretação dos fenômenos folclóricos, é a Câmara Cascudo. Mas ele não excedeu a Leonardo Mota no que este pode recolher em relação sobretudo ao Nordeste". E acrescenta:

- De resto, destaque-se a graça com que escrevia. A força com que sabia transmitir os fatos. E isto está não só nos seus livros, como nas conferências que pronunciou. Conferências aliciantes, pelo seu jeito de narrar, pelos efeitos que tirava de sua exposição. Ele esqueceu todos os bens materiais para perseguir seu objetivo que foi o folclore.

Otacílio Colares, no livro "Lembrados e esquecidos" (Vol. 11), traça o perfil de Leonardo Mota: "Ledor incansável, periodista de têmpera, "causeur" inimitável, possuidor de extraordinária memória e de uma "verve" somente igualável aos seus talentos expressionais, alcançou, no Brasil, ao tempo em que seu nome começou a projetar- se, fora do Ceará, como o de um dos mais dedicados soldados de pesquisa folclórica, à época, justamente, do fastígio da conferência artístico-literária. A época em que, no Sul, os escritores mais populares tinham na tribuna do conferencista (conferente, como se dizia, então) o veículo, maior de sua popularidade".

Em conferência proferida no antigo Clube Iracema, em Fortaleza, Leonardo Mota falou sobre sua paixão "pela observação e estado dos costumes, da linguagem e da poesia das nossas gentes do sertão". Interessado desde menino pelo assunto, foi seduzido pela "vaidade de ser no nosso País, uni arauto da inteligência do brasileiro nordestino". "Realmente, Leonardo Mota mostrava toda a revolta contra a marginalização imposta aos nordestinos, ao desrespeito por sua cultura e folclore. Em "Musa Matuta", um dos capítulos do livro "Violeiros do Norte", revela a postura assumida em sua peregrinação pelo Brasil:

- Fui intransigente na defesa do sertão esquecido, do sertão ridicularizado, do sertão caluniado e só lembrado quando dele se quer o imposto nos tempos de paz ou o soldado nos tempos de guerra. E foi, sobretudo, contra o labéu de cretinice do sertanejo nordestino que orientei a minha documentada contradita: em todo o meu "Cantadores" e nas conferências que proferi, de Norte e Sul, pus o melhor dos meus empenhos em fazer ressaltar a acuidade, a destreza de espírito, a vivacidade da desaproveitada inteligência sertaneja, de que os menestréis plebeus são a expressão bizarra e esquecida, apesar de digna de estudos.

Em todos as capitais que Leonardo Mota visitava, ouvia-se a sua voz contra o preconceito existente em relação ao sertanejo: "Todo me devotei a uma campanha de morigerado nacionalismo, refutando a velha injustiça de as populações litorâneas ou citadinas só exergarem no sertanejo ou o cangaceiro "de alma, de lama e de aço", a que se reporta Gustavo Barroso, ou o ser desfibrado e lerdo que "magina de cócoras" e tão inexoravelmente caricaturado por Monteiro Lobato. Protestei contra essa mania de autodesmoralização que tristemente nos singulariza".

Existe ainda outra característica de Leonardo Mota muito conhecida entre seus amigos: a da improvisão de versos espontâneos, elaborados de forma jocosa, humorística. Entre as dezenas de casos vividos pelo poeta, um dos mais conhecidos é sempre contado nas rodas boêmias. A história se originou quando, em viagem pelo interior, Leota recebeu um bilhete no hotel em que estava hospedado. O proprietário, de nome "Maleta", pedia que ele "quitasse" a divida de alguns dias de permanência. Em resposta, escreveu o seguinte bilhete:

- "Meu caro amigo Maleta, /tenha pena do poeta./Eu vejo a coisa tão preta/que não quero ser profeta/. Posso lá dizer-lhe a data/em que eu terei a dita/ de pagar-lhe esta maldita/conta que tanto me mata./Eu não sou homem de fita/e por isso evito a rata/de dizer-lhe a data exata/em que esta conta se "quinta"/Veja bem a minha luta./A paciência se esgota./Que vida filha da p ... /Saudações, Leonardo Mota".

Fontes: Leonardo Ferreira da Mota - Vithor.cjb.net; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - Publifolha - 2a. Edição - 1998 - São Paulo

Moreno e Moreninho

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Moreno e Moreninho - Dupla sertaneja formada em 1948, em Poços de Caldas MG, pelos irmãos Pedro Cioffi, o Moreno (Machado MG 1925—Poços de Caldas 1995) e João Cioffi, o Moreninho (Machado 1927—). A dupla estreou na Rádio Cultura, de Poços de Caldas e, depois de trabalhar quatro anos nessa cidade, transferiu-se para São Paulo SP, passando a atuar na Rádio Record. 

Gravou o primeiro disco em 1953, pela Sinter, no Rio de Janeiro RJ, cantando Tempo de criança (Francisco Lacerda e Ricarda Jardim) e Namoro moderno (de autoria da dupla). 

No ano seguinte, apresentou no Teatro Municipal, de São Paulo, a Folia de Reis, com um grupo autêntico de foliões e, em 1956, gravou pela Columbia, com muito sucesso, a congada Treze de Maio (Teddy Vieira, Riachão e Riachinho). 

A dupla participou, em 1973, do filme No rancho fundo, de Osvaldo de Oliveira, onde cantou Casa da Mãe Joana (Capitão Furtado e Moreno) e Sanfona furada (José Alves e Moreno). 

Moreninho formou com Minuano, em 1975, dupla que durou dois anos; no período gravaram um LP, Embaixada de Santo Reis

Após a morte de Moreno, já na década de 1990, formou dupla com sua filha, Morena (Ivone Cioffi Monteiro, Poços de Caldas 1957—). 

Em 1997 gravaram um CD, Abrindo novos caminhos, com a música de maior sucesso da antiga dupla com Moreno, João Boiadeiro (registrada agora como de Morena e Moreninho), em novo arranjo, e uma Folia de Reis modernizada, além de Minha mágoa, resposta de Moreninho a Cabecinha no ombro (Paulo Borges, 1961), gravada anteriormente por Cascatinha e Inhana

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.