quarta-feira, 9 de maio de 2007

Trio Mocotó

english mobile

Trio Mocotó
O conjunto instrumental Trio Mocotó foi formado em São Paulo SP por Fritz Escovão (Luís Carlos de Sousa, Rio de Janeiro RJ 1943—), Nereu Gargalho (Nereu de São José, Rio de Janeiro 1945—) e Joãozinho Paraíba (João Carlos Fagundes Gomes, São Paulo 1951—).
Fritz Escovão tocava cuíca desde menino e participara de regionais e escolas de samba; Nereu Gargalho começou a tocar pandeiro aos cinco anos foi componente do G.R.E S Império Serrano; Joãozinho Paraíba chegou a bateria através do jazz, embora também integre o Império Serrano, no Rio de Janeiro.
O trio organizou-se quando os sambistas se conheceram na boate Jogral, acompanhando outros artistas, mas a carreira começou mesmo ao lado de Jorge Ben, com o grande sucesso da apresentação de Charles Anjo 45, no IV FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro, em 1969.
O trio gravou, então, um compacto com a música Coqueiro verde (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), partindo logo depois para Cannes, França, onde acompanhou Jorge Ben em sua apresentação no MIDEM. Seguiu para a Itália e em 1972 excursionou pelo Japão com grande sucesso.
De volta ao Brasil, acompanhou Vinícius de Moraes, Toquinho e Marília Medalha no circuito universitário por estes organizado, e depois seguiu para o México, onde fez temporada de dois meses.
O conjunto gravou, em 1973, um LP na RGE que incluía Maior é Deus (Felisberto Martins e Fernando Martins) e Desapareça (Fritz Escovão), realizando a partir de então numerosas apresentações em shows de boate ou com o cantor Jorge Ben.

Paulo Diniz

english mobile

Paulo Diniz, cantor e compositor, nasceu em 1940, em Pesqueira, Pernambuco. Órfão de pai, dos 12 aos 16 anos trabalhou numa fábrica de doces da sua cidade. Depois, mudou-se para o Recife, onde tentou ganhar a vida engraxando sapatos, como locutor de casas comerciais e, em seguida, locutor da Rádio Jornal do Commercio, de onde foi demitido por pronunciar um nome errado.
Do Recife, seguiu para Caruaru, e, depois, para Fortaleza, Ceará. Em meados da década de 60 vai para o Rio de Janeiro e é contratado pela Rádio Globo.

No Rio de Janeiro, gravou seu primeiro disco - um compacto simples com as músicas Quem desdenha quer comprar e O chorão; esta última estourou nas emissoras de rádio de todo o Brasil e ele passou a freqüentar o programa de maior sucesso na televisão à época, o Jovem Guarda, comandado por Roberto Carlos.
Outros grandes sucessos que vieram depois: Quero voltar pra Bahia; Um chope pra distrair; Pingos de amor; E agora José? (poema de Carlos Drummond de Andrade); Ciranda do Mar (lançada em 30 países). Musicou, também, trechos do Poema sujo, de Ferreira Gullar.
Foi um dos poucos cantores/compositores que seguiram carreira com sucesso depois de passado o modismo da Jovem Guarda. Entre 1987/1996, não gravou nenhum disco, em decorrência de graves problemas de saúde que quase o deixaram paralítico.
Recuperado, em 1997 retomou a carreira, quando novamente já tinha residência fixa no Recife; grava um especial para a TV Educativa da Bahia e prepara-se para lançar novo CD com canções a partir de poemas de grandes poetas brasileiros, como Drummond, Augusto dos Anjos, Gonçalves Dias, Ferreira Gullar, Manuel Bandeira e outros.
Algumas músicas cifradas para violão:

Jair Rodrigues

english mobile

Jair Rodrigues

O cantor Jair Rodrigues (Jair Rodrigues de Oliveira) nasceu em Igarapava, São Paulo, em 06/2/1939. Em criança, cantava hinos sacros na igreja de Nova Europa SP, para onde se mudara com um ano de idade. Trabalhou como engraxate, mecânico, servente de pedreiro e ajudante de alfaiate, antes de se apresentar várias vezes num programa de calouros, em São Carlos SP, em 1958.
Transferiu-se então, para São Paulo, trabalhando na Alfaiataria Primor como ajudante. Depois de classificar-se em primeiro lugar como calouro no Programa de Cláudio de Luna, na Rádio Cultura, começou a cantar nas boates paulistas Asteca, Urca, São Bento, Djalma e La Vie en Rose.
Em 1962 estreou na Rádio Tupi, em São Paulo, e gravou pela Philips, especialmente para ser tocada pela Rádio Record, a música Marechal da vitória (Alfredo Borba), dedicada a Paulo Machado de Carvalho, chefe da delegação brasileira que foi bicampeã mundial de futebol. Lançou ainda um compacto simples pela mesma gravadora, com Balada do homem sem Deus (Fernando César e Agostinho dos Santos) e Coincidência (Venâncio e Corumbá).
No ano seguinte, gravou na Philips seu primeiro LP O samba como ele é, e por volta de 1964, quando se apresentava na boate paulista Stardust, conheceu Alberto Paz e Edson Meneses, compositores de Deixa isso pra lá, música que, ao ser gravada em 1964, no LP Vou de samba com você (Philips), se tornou grande sucesso, lançando seu nome nas paradas de disco.
Em abril do ano seguinte, foi convidado às pressas pelo produtor Walter Silva para participar de um show no Teatro Paramount, em São Paulo, substituindo Baden Powell. Participou do espetáculo, ao lado de Elis Regina e do Jongo Trio, sendo pouco depois lançado o LP Dois na bossa, gravado ao vivo nessa ocasião pela Philips e que se tornou um dos LPs mais vendidos no Brasil.
Com Elis Regina, foi contratado em maio de 1965 pela TV Record, de São Paulo, para o programa O Fino da Bossa, no qual os dois funcionavam como intérpretes principais e apresentadores. Defendeu ao lado do Trio Marayá (vocal) e Trio Novo (instrumental), no II FMPB, da TV Record, de São Paulo, em 1966, a música Disparada (Geraldo Vandré e Teo de Barros), incluída no seu LP O sorriso do Jair, dividindo o primeiro lugar com A banda(Chico Buarque). Nesse ano, lançou pela Philips um de seus maiores sucessos, o samba Tristeza (Niltinho e Haroldo Lobo).
Ao lado de Elis Regina e do Zimbo Trio, excursionou, no ano seguinte, por Portugal (Cassino Estoril), Argentina (Teatro Famoso), Angola (Cine Ávis) e ainda pelo Uruguai e Brasil. Com Elis, gravou ao vivo ainda mais dois volumes na série Dois na bossa (1966 e 1967) e lançou sozinho o LP Jair, que incluía o samba Triste madrugada (Jorge Costa), que fez muito sucesso.
Sua primeira composição foi Na brincadeira do mundo, feita em 1969 com Carlos Odilon e incluida no mesmo ano no LP Jair de todos os sambas, no qual outro grande sucesso foi Casa de bamba (Martinho da Vila).
Em 1971, com Os Originais do Samba, apresentou- se no MIDEM, em Cannes, França, e em Estocolmo, Suécia, participando, no ano seguinte, do Festival de Carnaval, do Waldorf Astoria, em New York, EUA. Em 1972, seu sucesso foi Tengo-tengo (ou Mangueira, minha querida madrinha), samba-enredo do Salgueiro, de Zuzuca, que repetiu o êxito do ano anterior, Festa para um rei negro, do mesmo autor e escola.
Ainda em 1972, sua composição Se Deus quiser (com Wando) foi gravada em seu LP Com a corda toda. Tendo gravado novos LPs em 1973 (Orgulho de um sambista) e 1974 (Abra um sorriso novamente e Jair Rodrigues dez anos depois), participou novamente do MIDEM, em 1975, ano em que cantou no Teatro Olympia, em Paris, França, espetáculo de que resultou um disco gravado ao vivo. No mesmo ano, gravou seu 17° LP Eu sou o samba, que incluía Vai, meu samba (Ari do Cavaco e Otacílio de Sousa).
Nas décadas seguintes continuou sendo um dos cantores que mais vendeu discos no Brasil, gravando: Minha hora e vez (1976); Estou com o samba e não abro (1977); Pisei chão (1978); Couro comendo e Antologia da seresta n 1 (1979); Estou lhe devendo um sorriso (1980); Antologia da seresta n 2 e Alegria de um povo (1981); Jair Rodrigues de Oliveira (1982); Carinhoso (1983); Luzes do prazer (1984); Jair Rodrigues (1985); Jair Rodrigues (1988); Lamento sertanejo (1991); Viva meu samba (1994); Eu sou (1996).
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - PubliFolha.

Leci Brandão

english mobile

Leci Brandão

Leci Brandão, cantora e compositora, nasceu no Rio de Janeiro em 12 de setembro de 1944. Original da estrada da Portela, foi criada em Vila Isabel, concluindo o curso colegial no Colégio Pedro II. Começou a compor em 1963.
Cinco anos depois, quando funcionária da Companhia Telefônica, apresentou-se como compositora no programa de televisão A Grande Chance, de Flávio Cavalcanti, obtendo primeiro lugar. Trabalhou em seguida em uma fábrica em Realengo e mais tarde conseguiu bolsa de estudos para cursar direito na Universidade Gama Filho, onde participou de dois festivais de música.
Em 1973, com o samba Quero sim (com Darci da Mangueira), na interpretação de Renata Lu, venceu o II Encontro Nacional do Compositor de Samba. Lançou em 1974 seu primeiro disco, um compacto duplo, para a gravadora Marcus Pereira, com as músicas de sua autoria Benedito de Lima, Deixa pra lá, Preferência e Quero sim. No mesmo ano entrou para a ala de compositores da Mangueira e seu samba-enredo obteve o segundo lugar.
Em 1975 classificou a música Antes que eu volte a ser nada, defendida por ela mesma, no Festival Abertura, da TV Globo, e lançou seu primeiro LP, Antes que eu volte a ser nada, pela Marcus Pereira. Gravou ainda os LPs Questão de gosto, 1976, Coisas do meu pessoal, 1977, Metades, 1979, Essa tal criatura, 1980.
Em seguida rescindiu seu contrato com a Polygram, ficando sem gravar por 5 anos. Nesse período, intensificou sua participação em campanhas políticas, realizou shows em defesa de minorias, apresentou-se no exterior a convite (Dinamarca, França, Angola), atuou no Projeto Pixinguinha ao lado da cantora Joyce. Voltou a gravar em 1985, com o LP Leci Brandão, pela Copacabana, e no ano seguinte retornou ao Projeto Pixinguinha, com o Grupo Fundo do Quintal.
Gravou em 1987 o LP Dignidade, com destaque para Só quero te namorar e Me perdoa, poeta e, em 1988, Um beijo no seu coração, que incluía Olodum força divina, sucesso em todo o Brasil.
Em 1990 recebeu dois prêmios Sharp pelo disco Cidadã brasileira. Em 1993 e 1995 lançou pela RGE os CDs Atitudes e Anjos da Guarda. Em 1996 transferiu-se para a gravadora Movieplay, lançando o CD Somos da mesma tribo.
Obras: Anjos da guarda, 1995; Antes que eu volte a ser nada, 1975; Atitude (c/Zé Maurício), 1993; Bate tambor (c/Zé Maurício), 1992; Benedito de Lima, 1974; Deixa pra lá, 1974; Preferência, 1974; Quero sim (c/Darci da Mangueira), samba, 1973; Só quero te namorar, 1987; Somos da mesma tribo (c/Dionísio Santos), 1996.
CDs: Somos da mesma tribo, 1996, Movieplay BS275; Sucessos de Leci Brandão, 1996, Copacabana 99102.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora

Lúcio Cardim

english mobile

Houve um tempo no qual as madrugadas paulistanas tinham mais estrelas na terra que no céu. A música - sempre de qualidade - temperava a alegria das pessoas e a felicidade se traduzia em sorrisos, amores, amigos.

As portas eram sempre abertas pela simpatia do Souza (casa de qualidade tinha que tê-lo na recepção) e vozes como as de Pedro Miguel, Fabião, Geraldo Cunha, Adauto Santos, Luiz Carlos Paraná, Roberto Luna, José Domingos, Noite Ilustrada, Cláudia Barroso, Ana Maria Brandão, Ellen Blanco - entre tantas - tornavam as conquistas mais fáceis, os romances mais bonitos.
O violão de Makumbinha; os pianos de Mário Edson e Moacir Peixoto; o pistão de seu irmão Araken; o contrabaixo de mil histórias de Xu Viana, representavam os músicos que sublinhavam talentos com seus sons.
De Santos - nas pegadas de Mauricy Moura - subiu um rapaz, compositor e cantor, que somaria seu brilho às vozes noturnas. Romântico e boêmio, como de lei, Lúcio Cardim era dono de uma história pitoresca.
Autor de Matriz e filial, composta na linha dor-de-cotovelo de Lupicínio Rodrigues ("Quem sou eu / pra ter direitos exclusivos sobre ela ? / se eu não posso sustentar os sonhos dela / se nada tenho, e cada um vale o que tem…"), dizia sempre que ganhava mais dinheiro com apostas, que com direito autoral. Acontece que os leigos acreditavam piamente ser a música de Lupicínio e só acreditavam ser Lúcio o autor depois de conferir nos discos. Aí era tarde, tinham que pagar a aposta.
Mas Lúcio tinha um sem número de coisas bonitas, uma bagagem que fazia dele um dos principais compositores românticos de sua geração. Êta Dor de Cotovelo é um dos melhores exemplos, sempre na linha lupiciniana, somava-se aos versos clássicos de Obra Prima (Levar você de mim é muito fácil / Difícil é fazer você feliz…"), entre tanta coisa que fazia a delícia da boêmia, embora não o transformasse em grande vendedor discos.
Suas tiradas filosóficas, suas soluções harmônicas, seus versos certeiros como flechas, garantiram a ele um lugar permanente não apenas entre os notívagos, mas na própria história da música popular brasileira, naquilo que lhe foi tão característico entre os anos 50 e 70.
Arley Pereira - MPB ESPECIAL - 12/3/1975
“Aqui em São Paulo havia um dos maiores letristas que já conheci, mas não era muito boêmio. Bebia café, água mineral, outras perfumarias. De não beber, morreu de cirrose. Este é o meu catecismo: quem bebe morre, quem não bebe morre também. Por isso de vez em quando dou um tapa no beiço.” Jamelão falando do seu amigo, parceiro e compositor, antes de interpretar Matriz e Filial, composição de Cardim.

Ivan Lins

english mobile

Ivan Guimarães Lins nasceu no Rio de Janeiro RJ em 16 de Junho de 1945. Filho do militar Geraldo Lins e de Leia Guimarães Lins. Aos dois anos de idade, mudou-se com a família para Massachusetts, EUA, ai permanecendo por três anos.
De volta ao Brasil, foi matriculado no Colégio Militar, onde, aos 12 anos, teve seu primeiro contato com a música, por intermédio da banda do colégio. Aos 18 anos, aprendeu piano de ouvido, passando a tocar jazz e bossa nova.
Em 1968, chegou a final do Festival Universitário da TV Tupi com a musica Até o amanhecer (com Valdemar Correia). Formou-se em química industrial pela UFIU em 1969. Nesse mesmo ano, Elis Regina gravou com enorme êxito a canção Madalena (com Ronaldo Monteiro); e, em 1970, obteve o segundo lugar no V FIC cantando O amor é o meu país (com Ronaldo Monteiro), música usada nos aviões da Varig na subida a bordo dos passageiros de vôos internacionais. Por essa época, foi convidado, com Aldir Blanc, Gonzaguinha e outros, para comandar o programa Som Livre Exportação, da TV Globo.
Em 1974 lançou o álbum Modo livre, pela RCA, com o sucesso Abre alas, que inaugurava a parceria com o letrista Víctor Martins. No ano seguinte, ainda pela RCA, lançou Chama acesa. Em 1977 conseguiu outro grande sucesso com a música Somos todos iguais nesta noite (com Víctor Martins), lançada em disco homônimo pela Odeon.
No ano seguinte, lançou o LP Nos dias de hoje e, em 1979, A noite, ambos pela Odeon. No inicio da década de 1980, sua música Começar de novo (composta em 1979, com Víctor Martins) obteve êxito na interpretação de Simone. Na mesma ocasião, fez sucesso com o LP Novo tempo (Odeon). Transferiu-se em 1981 para a Polygram e lançou o disco Daquilo que eu sei. Dois anos depois, gravou o LP Depois dos temporais (Polygram).
A partir de 1985, passou a gravar nos EUA e a realizar tournées internacionais. A repercussão alcançada o levou a criar uma editora nos EUA, a Dinorah Music, ligada a produtora de Quincy Jones. Com o reconhecimento internacional, suas músicas foram gravadas por George Benson, Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald, entre outros.
Em 1989 gravou pela WEA o disco Love dance, todo em inglês. Nesse mesmo ano, lançou no Brasil o disco Amar assim (Polygram). Ao comemorar 20 anos de carreira, em 1990, realizou uma tourneé pelo Brasil e lançou o disco Ivan Lins: 20 anos (Som Livre).
Criou em 1991 a gravadora Velas, graças ao amigo, parceiro e sócio Victor Martins, com o objetivo exclusivo de lançar novos talentos e de resgatar as raízes da musica brasileira. Como produtor e empresário, lançou cantores como Chico César, Lenine e Belô Veloso.
Em 1993 lançou no Brasil e nos EUA, Japão e Europa, o CD Awa Yio, todo em parceria com Victor Martins, tendo a música Meu país obtido grande sucesso. Em 1995 lançou o CD Anjo de mim (Velas), uma vez mais com músicas em parceria com Victor Martins. No ano seguinte, gravou com a banda Irakere o disco Ao vivo em Cuba. Em 1997 lançou o CD duplo Vivanoel - Tributo a Noel Rosa (Velas), com a participação de diversos convidados.
Algumas músicas cifradas:
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha

Simone

english mobile

Simone Bittencourt de Oliveira nasceu em Salvador BA em 25 de Dezembro de 1949. Cresceu num ambiente musical: o pai havia sido cantor de ópera e a mãe tocava piano. Aos 16 anos mudou-se para São Paulo SP, onde estudou e começou a jogar basquete, chegando a integrar a seleção brasileira.
Em 1973, depois de ouvi-la cantar entre amigos, Moacir Machado convidou-a para um teste na Odeon. Aprovada, assinou contrato de quatro anos e, a 20 de março de 1973, gravou seu primeiro LP, Simone, estreando no mesmo dia em um programa da TV Bandeirantes.
Em outubro do mesmo ano, a convite de Hermínio Bello de Carvalho, viajou para a Bélgica com o espetáculo Panorama brasileiro, apresentado na Feira Brazil Export, de Bruxelas, e no Olympia, de Paris. De volta ao Brasil, foi novamente convidada para uma tourneé, agora pelo Canadá e EUA.
Em 1975 gravou no Brasil seu segundo LP, Quatro paredes. Seus maiores sucessos dessa época são as gravações de De frente pro crime e Bodas de Prata (ambas de João Bosco e Aldir Blanc). Intérprete de canções românticas, firmou-se como cantora ao gravar Começar de novo.
Em 1980 incluiu em seu repertório a canção Caminhando (Prá não dizer que não falei das flores) (Geraldo Vandré), que se tornou um de seus maiores sucessos. Foi a primeira cantora a lotar sozinha um estádio, o Maracanãzinho, em 1981, consagrando-se como grande estrela.
Em 1982, com o show Canta Brasil, levou ao estádio do Morumbi, em São Paulo, 15 mil pessoas a cada noite do espetáculo. Nesse mesmo ano, assinou contrato com a CBS, gravou nos EUA, recebendo o reconhecimento da crítica especializada e, em dezembro, estreou o show Corpo e alma, no Canecão do Rio de Janeiro, com direção de Flávio Rangel, no qual interpretou sucessos como o bolero Me Deixas Louca (Me Vuelves Loco) (Armando Manzanero), Vida (Chico Buarque), Alma (Sueli Costa e Abel Silva), Tô que tô (Kleyton e Kledir), entre outros.
Lançou pela Polygram, em 1996, o CD Café com leite, disco inteiramente dedicado às composições de Martinho da Vila. Em 1997 apresentou-se no Metropolitan, Rio de Janeiro, no show Brasil, dirigido por José Possi Neto, com músicas de Paulinho da Viola, Dorival Caymmi , Ary Barroso, Gonzaguinha e Cazuza, entre outros.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira – Art Folha

Meira

english mobile

Meira (Jaime Tomás Florence), instrumentista e compositor, nasceu em Paudalho PE em 1/10/1909 e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 8/11/1982. Aprendeu a tocar violão com o irmão Robson, com quem seguiu para o Rio de Janeiro em 1928 no conjunto Voz do Sertão, organizado por Luperce Miranda ainda em Recife, em 1927, e integrado também por Minona Carneiro (cantor) e José Ferreira (cavaquinho).
Foi vizinho de Noel Rosa, que compunha os primeiros sambas. No início da década de 1930 teve editada uma musica sua, Falando ao teu retrato (com De Chocolat), gravada em 1935 por Augusto Calheiros. Sua estréia em disco, porém, ocorreu em 1934, quando Benedito Lacerda e seu regional lançaram o choro Primavera.
Em 1937 substituiu o violonista Carlos Lentine no Regional de Benedito Lacerda, o qual, com Dino (violão de sete cordas), formou uma das mais duradouras duplas violonistas da música popular brasileira. Com o regional, acompanharam os grandes cantores populares da época, em apresentações e gravações.
Na década de 1940, apareceu com algumas composições que alcançaram êxito, como Aperto de mão (com Dino e Augusto Mesquita), gravada por Isaura Garcia na Victor, em 1943; Deixa pra lá (com Augusto Mesquita), choro gravado pela mesma cantora em 1945; e Amar foi minha ruína (com Augusto Mesquita), lançado por Gilberto Alves em 1947.
Em 1950, quando Benedito Lacerda abandonou as atividades artísticas, permaneceu no grupo, que passou a se chamar Regional do Canhoto, realizando durante a década de 1950 muitas gravações com choros dos seus integrantes, além de acompanhar outros artistas. Novamente com Augusto Mesquita, lançou samba-canção Molambo, grande sucesso nas gravações de Roberto Luna e Cauby Peixoto.
Em 1965 tomou parte no show Samba pede passagem, organizado por Sidney Muller, e participou da gravação do LP Rosa de Ouro, pela Odeon. Atuou em gravações de novos sambistas e, a partir de 1970, também de discos de choro, além de lecionar violão no Rio de Janeiro.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora

Raphael Rabello

english mobile

Grande entre os grandes, numa terra de violonistas formidáveis, Raphael Rabello foi um daqueles raros instrumentistas merecedores do título de gênio. Nascido em Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro, em 31 de outubro de 1962, numa família musical, começou a tocar violão aos sete anos e, aos 12, era profissional.

Corriam os anos 70 e ainda havia espaço na grande mídia para a boa música. Raphael se viu conhecido como o gênio mirim, o menino prodígio, o virtuose precoce - e era tudo isso. Não gostava que o chamassem de precoce, muito menos de gênio. Afirmava que a técnica perfeita, a sonoridade límpida, a pronúncia impecável eram frutos do esforço e do estudo incansáveis - o que também era verdade. Raphael integrou o primeiro grupo de choro, Os Carioquinhas, quando tinha 14 anos.

Há alguns anos, tinha batido à porta do professor Jaime Florence, o Meira, que havia sido mestre de outro gênio, Baden Powell. Meira olhou o moleque louro, cabeludo, pré-adolescente e não acreditou que ali estivesse um músico sério. Rendeu-se. Pouco tempo depois, não tinha mais o que ensinar a ele.

Em 1979, com o bandolinista Joel Nascimento, Raphael criou o conjunto Camerata Carioca, iniciando contato com outro mestre - Radamés Gnattali. Viria a ser, em pouco tempo, o mais importante intérprete da obra violonística de Radamés.

Gravou, em 20 anos de carreira, 16 discos, alguns deles homenagens a outros mestres de seu instrumento, como o Tributo a Garoto (com Radamés, em 1982) e Relendo Dilermando Reis (1994). Fez discos em duo com cantores (Elisete Cardoso, Ney Matogrosso) e, estima-se, participou como instrumentista em mais de 400 elepês e CDs de artistas diversos.

Ao morrer, trágica e precocemente, aos 32 anos, em abril de 1995, Raphael deixou semi-acabados alguns projetos que, aos poucos, estão vindo à luz. Compôs pouco, e suas 18 canções (com letras de Paulo César Pinheiro) foram lançadas, no início de 2002, no disco Todas as Canções, de sua irmã, Amélia Rabello. Tratam-se de registros ao vivo de shows da cantora, na maior parte das faixas acompanhada por Raphael.

Outro projeto era um tributo ao compositor Capiba, com participações de Chico Buarque, Paulinho da Viola, Milton Nascimento e outros nomes de igual importância. Ao morrer, Raphael tinha boa parte das faixas gravadas e os arranjos de todas as músicas elaborados. O CD Mestre Capiba - por Raphael Rabello e Convidados foi lançado no fim de 2002. Seria o primeiro volume de uma séria intitulada Orgulhos do Brasil, dedicada a mestres da MPB, como ele o foi.

Mauro Dias – ENSAIO - 29/4/1993

Fonte: SESC SP

Dona Ivone Lara

english mobile

É tão cristalino quanto sua maravilhosa voz lírica, já elogiada nos anos 30 por Heitor Villa-Lobos, o merecimento de Dona Ivone Lara de trazer definitivamente incorporada ao nome a distinção honorífica.

Carioca nascida em 1921 (13 de abril), ela só se projetou como cantora e compositora profissional no início dos anos 70, cumprido já meio século de vida, uma experiência riquíssima que incluía as provações da orfandade na infância e a dedicação de enfermeira e assistente social formada e concursada, nessa condição auxiliar valiosa de Nise da Silveira, a médica pioneira na utilização da arte para o tratamento dos doentes mentais.
Dona Ivone também abriria caminhos: foi a primeira mulher a compor samba-enredo (seu currículo aqui é o de co-autora do clássico Cinco Bailes na História do Rio, constante de todas as listas de melhores da especialidade, e parceira de Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola, dois dos criadores que poderiam reivindicar a paternidade do gênero).
Compunha desde os 12 anos, quando ainda integrava corais infantis e escolares, alguns sob a direção de Lucila Villa-Lobos, a primeira mulher do gênio. Também ainda menina começou a tocar cavaquinho, quando ganhou o instrumento de presente de um tio, Dionísio, chorão de saraus freqüentados por nomes como Pixinguinha e Candinho Trombone.
O samba, em Dona Ivone, está nas veias e nas circunstâncias. Seu sogro, Alfredo Costa, foi presidente do Prazer da Serrinha, embrião do Império Serrano, e presidente também do próprio Império, escola da qual Dona Ivone é uma eloqüente representação (vê-la rainha do desfile principal, como em 1983, protagonizando a Mãe Baiana do enredo imperiano daquele ano, foi uma emoção inesquecível).
Durante anos, a jovem e então inédita sambista morou em casa ao lado da sede do Prazer da Serrinha. Nos primeiros tempos da sede do Império, quando mulheres ainda não eram admitidas na ala de compositores, ela mandava seus sambas à quadra por intermédio dos primos parceiros, Hélio e Antônio, este o Mestre Fuleiro, lendário diretor de harmonia da escola.
Hoje o principal parceiro na harmonia elaboradíssima das composições é Délcio Carvalho, também imperiano. O palco da estrela – oitentona conservada na voz privilegiada, no dengue natural de rosa faceira do povo e na miraculosa destreza dos passos do miudinho – é que se ampliou para muito além da Serrinha e de Madureira: Dona Ivone Lara é diva de agenda internacional repleta.
Moacyr Andrade - ENSAIO - 11/2/2002
Algumas músicas cifradas de Dona Ivone Lara:
Fonte: SESC SP

Silas de Oliveira

english mobile

Silas de Oliveira (Silas de Oliveira Assunção), compositor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 4/10/1916 e faleceu em 20/5/1972. Nasceu no subúrbio de Madureira, e o pai, José Mário de Assunção, pastor protestante, proibia-o de participar de rodas de samba, o que passou a fazer escondido da família.
O primeiro samba que compôs foi Meu grande amor (com Mano Décio da Viola), depois seu mais constante parceiro, que o levou, em 1934, para a Escola de Samba Prazer da Serrinha, que depois se transformaria no G.R.E.S. Império Serrano. Tocava tamborim na escola de que, mais tarde, se tornou diretor de bateria. O primeiro samba que fez para a escola foi Sagrado amor (com Manula).
Casou-se, em 1940, com Elane dos Santos, prima de João Gradim e Sebastião de Oliveira (Molequinho), que chegaram à presidência da Serrinha. Nessa época, passou também a copiar as letras dos sambas de todos os compositores da escola, corrigindo os erros e distribuindo as cópias para que as pastoras aprendessem a cantá-las.
Para o Carnaval de 1945, fez o samba-enredo Conferência de São Francisco, em parceria com Mano Décio da Viola, com quem fundou, a 23 de março de 1947, Juntamente com Sebastião de Oliveira e outros sambistas, o G.R.E.S. Império Serrano. Aprendeu a tocar tamborão, versão grande do tamborim, com Antônio dos Santos, o mestre Fuleiro, na época diretor de harmonia da Império Serrano e, a partir de 1950 até sua morte, compôs 12 sambas-enredo para sua escola.
Em 1950, a escola foi a primeira colocada no desfile, com seu samba-enredo Sessenta e um anos de República, inspirado em Getúlio Vargas; em 1953, cantando de sua autoria Ilha Fiscal ou Último baile da corte imperial, a Império Serrano colocou-se em segundo lugar; em 1955, novamente a escola obteve a primeira classificação, com o seu Exaltação a duque de Caxias (com Mano Décio da Viola).
Nos Carnavais de rua desse ano e de 1956, teve grande sucesso o seu samba Rádio-patrulha (com Luisinho, J. Dias e Marcelino Ramos), e, outra vez em 1956, seu samba-enredo O caçador de esmeraldas levou a escola a obter o primeiro lugar, conseguindo a segunda classificação, no ano seguinte, com D. João VI ou Brasil império (com Mano Décio da Viola).
Em 1959 morreu sua filha Nanci, com quem gostava de cantar em dueto. Em 1960, seu samba-enredo Medalhas e brasões (com Mano Décio da Viola), dividiu com outros quatro o primeiro lugar. Em 1964 faria novo samba-enredo para a Império Serrano desfilar na avenida, Aquarela brasileira, que obteve o quarto lugar.
Em 1965, com Joaci Santana e outros sambistas, participou do conjunto vocal Samba Autêntico, e, desse ano até 1969, a Império Serrano desfilou todos os anos com sambas seus: em 1965, com Os cinco bailes da corte ou Os cinco bailes tradicionais da história do Rio (com Dona Ivone Lara e Bacalhau), classificou-se em quarto lugar; em 1966, com Exaltação à Bahia ou Glória e graças da Bahia (com Joaci Santana), mereceu o terceiro lugar; em 1967, com São Paulo, chapadão da glória (com Joaci Santana), colocou-se em segundo lugar; em 1968, com Pernambuco, leão do Norte, obteve a segunda classificação; e, em 1969, desfilou cantando Heróis da liberdade (com Mano Décio da Viola e Manuel Ferreira), samba-enredo gravado por Elza Soares.
Em 1968, participou da peça Dr. Getúlio, sua vida e glória, de Ferreira Gullar e Dias Gomes, para a qual compôs o samba Legado de Getúlio Vargas (com Walter Rosa), levada no Teatro Leopoldina, em Porto Alegre RS, sob direção de José Renato.
Morreu depois de apresentar dois dos seus mais famosos sambas enredo numa roda de samba promovida pelo compositor Mauro Duarte, no Clube ASA, em Botafogo. Seu corpo foi velado na Associação das Escolas de Samba: durante o enterro, foi cantado, por sugestão de Natalino José do Nascimento (o Natal da Portela), presidente de honra da Portela, seu samba Heróis da liberdade, que desde então passou a ser cantado em enterros de sambistas.
Obra completa:
Alô, alô, taí Carmen Miranda (c/Jorge Lucas), samba-enredo, 1972; Amor aventureiro (c/Mano Décio da Viola), samba, 1975; Apoteose ao samba (c/Mano Décio da Viola), samba, 1974; Aquarela brasileira, samba-enredo, 1964; Berço do samba (c/Edgar Cardoso Barbosa), samba, 1969; O caçador de esmeraldas, samba, 1956; A carta de Getúlio (c/Marcelino Ramos), samba, 1955; Os cinco bailes da corte ou Os cinco bailes tradicionais da história do Rio (c/Ivone Lara e Bacalhau), samba, 1965; Conferência de São Francisco (c/Mano Décio da Viola), samba-enredo, 1945; Desprezado (c/Dilson Carlos), samba, 1957; D. João VI ou Brasil império (c/Mano Décio da Viola), samba-enredo, 1957; Encontrei, samba, s.d.; Estou gamado, samba, s.d.; Exaltação á Bahia ou Glória e graças da Bahia (c/Joaci Santana), samba-enredo, 1966; Exaltação a duque de Caxias (c/Mano Décio da Viola), samba- enredo, 1955; Fica, samba, s.d.; Heróis da liberdade (c/Mano Décio da Viola e Manuel Ferreira), samba- enredo, 1969; Ilha Fiscal ou Último baile da corte imperial, samba-enredo, 1953; Império tocou reunir (c/Mano Décio da Viola), samba, 1962; Legado de Getúlio Vargas (c/Walter Rosa), samba, 1968; A lei do morro (c/Antônio dos Santos), 1959; Me leva em teus braços, samba, s.d.; Medalhas e brasões (c/Mano Décio da Viola), samba-enredo, 1960; Meu drama (c/J. Ilarindo), samba, 1967; Meu grande amor (c/Mano Décio da Viola), samba, 1955; Na água do rio, partido-alto, 1970; Pernambuco, leão do Norte, samba-enredo, 1968; Rádio-patrulha (c/Luisinho, J. Dias e Marcelino Ramos), samba, 1956; Sagrado amor (c/Manula), samba, s.d.; São Paulo, chapadão da glória (c/Joaci Santana), samba- enredo, 1967; Segura a conversa (c/Mano Décio da Viola), samba, 1962; Sem perdão (c/Manula), samba, s.d.; Senhora tentação (c/Jorginho Pessanha), samba, 1955; Sessenta e um anos de República, samba-enredo, 1950; Tristeza no Carnaval, samba, 1963.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - PubliFolha

Mano Décio da Viola

english mobile

Mano Décio da Viola (Décio Antônio Carlos), compositor, Juiz de Fora MG 14/7/1909—id. 18/10/1984. Baiano de Santo Amaro da Purificação, mas registrado em Juiz de Fora, foi para o Rio de Janeiro com um ano, e dos seis aos 14 anos morou no morro da Mangueira, saindo nos Carnavais no rancho Príncipe das Matas, organizado por sua família.

Por 1923, com 14 anos, mudou-se para o subúrbio carioca de Madureira, passando a integrar o bloco local Vai Como Pode, que mais tarde se transformaria no G.R.E.S. da Portela. Pouco depois, fugiu de casa, voltando para a Mangueira, e começou a trabalhar como vendedor de jornais no Largo da Carioca.
Nesse tempo, conheceu Manga (Norberto Marçal), passando a morar em sua casa perto da favela do Buraco Quente, local do morro freqüentado por sambistas, onde surgiu alguns anos depois o G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira.
Em 1930, já morando no subúrbio de Ramos, e fazendo parte do G.R.E.S. Recreio de Ramos, fundado por Manga, compôs seu primeiro samba, Vem, meu amor (com Bide e João de Barro), gravado em 1935 por Almirante.
A partir de 1934 voltou a morar em Madureira, transferindo-se então para a escola de samba Prazer da Serrinha, onde foi diretor de samba e ganhou de um velho sambista, o Magro, o apelido de Mano Décio da Viola. Para essa escola, compôs, em 1945, com Silas de Oliveira, o samba-enredo Conferência de São Francisco, um dos primeiros a tratar de assunto histórico.
Em 1947, com um grupo de dissidentes da Prazer da Serrinha, fundou a 23 de março o G.R.E.S. Império Serrano, escola que sairia durante vários anos cantando sambas seus, conseguindo, com eles, ser campeã quatro vezes.
Em 1949, venceu com Tiradentes (com Penteado e Estanislau Silva), samba-enredo considerado um dos clássicos do gênero. Em 1951, classificou-se em primeiro lugar com Batalha naval do Riachuelo (com Penteado e Molequinho). O Império voltou a ganhar em 1955, com Exaltação a Duque de Caxias (com Silas de Oliveira), e em 1960, com Medalhas e brasões (com Silas de Oliveira), samba-enredo que, por problemas diplomáticos com a embaixada do Paraguai, teve sua letra original alterada, dividindo o primeiro lugar com outras quatro escolas.
Além de sambas-enredo, fez, em 1973, o Hino dos portuários do Brasil (com Ernesto M. da Silva), categoria profissional à qual pertenceu. Tocava violão e bandolim e foi autor de inúmeros sambas, como Lá vem ela com uma trouxa de roupa na cabeça, gravado por Raul Marques em 1942; Apoteose ao samba, gravado por Jamelão em 1950; Olelê, olalá, gravado por Adilson Ribeiro em 1973.
Em 1975, aos 66 anos, gravou na Tapecar seu primeiro LP, que incluiu, entre outras, Dona Santa, rainha do maracatu, Obsessão, Mano Décio ponteia a viola e Hora de chorar. Gravou na Philips, em 1976, o LP O lendário Mano Décio da Viola. Em 1978, pela CBS, lançou seu terceiro e último LP, O imperador.
Já afastado da escola, estava preparando o quarto disco, só com músicas de terreiro, quando morreu. Compôs mais de 500 sambas e, com o parceiro Silas de Oliveira, foi um dos pioneiros na composição de sambas-enredos para os desfiles de Carnaval. A Império Serrano desfilou por 19 anos cantando composições suas.
Obras:
Batalha naval do Riachuelo (c/Penteado e Molequinho), samba-enredo, 1951; Conferência de São Francisco (c/Silas de Oliveira), samba-enredo, 1945; Dona Santa, rainha do maracatu, 1975; Exaltação a duque de Caxias (c/Silas de Oliveira), samba-enredo, 1955; Heróis da liberdade (c/Manuel Ferreira e Silas de Oliveira), samba-enredo, 1969; Medalhas e brasões (c/Silas de Oliveira), samba-enredo, 1960; Tiradentes (c/Penteado e Estanislau Silva), samba-enredo, 1949; Viagem encantada (c/Jorginho Pessanha), 1975.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - PubliFolha.

Sá e Guarabira

english mobile


Carioca de Vila Isabel, Luís Carlos (Pereira de) Sá (1945) emergiu na era da bossa nova, em meados dos 60 e foi gravado por Pery Ribeiro (Escadas do Bonfim, Giramundo) e Nara Leão (Menina de Hiroshima, com Chico de Assis).
Classificou Inaiá entre as finalistas do I FIC e no ano seguinte, 1967, atuaria ao lado do futuro parceiro Gutemberg (Nery) Guarabira (Filho) e Sidney Miller na inauguração do teatro Casa Grande no Rio. Este foi o ano de Gut, baiano da cidade de Barra (1947), que a bordo do Grupo Manifesto (Gracinha e Fernando Leporace, Mariozinho Rocha, Guto Graça Melo) ganhou o II FIC com Margarida, derrotando nada menos de três músicas do estreante Milton Nascimento.
Engrenada apenas em 1972, a dupla começou como trio, com a inclusão do tecladista e compositor Zé Rodrix (ex-Momento 4uatro), que sairia em 1973 e só voltaria em 2001. O trio e depois duo, foi responsável por um novo conceito, o rock rural, adaptação nativa muito mais próxima do folk/rock estradeiro que do "country" americano. Mas o sotaque sempre foi brasileiro, embora a Primeira Canção da Estrada, tenha operado como hino da geração "hippie" nativa, incluído no disco de estréia do trio, Passado Presente e Futuro.
No ano seguinte sairia Terra, o último do trio com O Pó da Estrada. A partir de Nunca (1973) com a 2ª Canção da Estrada seriam apenas S&G, também sócios do estúdio Vice-versa com o maestro tropicalista Rogério Duprat.
A habilidade de produzir melodias colantes, refletida nos jingles publicitários do estúdio como o da Pepsi-Cola ("Só tem amor/ quem tem amor pra dar") que chegou a ser lançado em compacto nas lojas, resultou numa profusão de sucessos. De Pirão de Peixe com Pimenta (1977) saltaram Sobradinho e Espanhola. E ao celebrar 10 Anos Juntos (1983) somavam-se ainda Dona, Caçador de mim, Vem queimando a nave louca e Sete Marias.
Sem formar o que seria uma dupla sertaneja apesar do canto a duas vozes, Sá e Guarabira costuraram com acordes inspirados o enredo interiorano (Cheiro mineiro de flor, Roque Santeiro, Me faça um favor) às guitarras urbanas.
Tárik de Souza – ENSAIO - 8/4/1994.
Fonte: SESC SP

Taiguara

english mobile

Neto de maestro e filho do bandoneonista Ubirajara Silva, Taiguara Chalar da Silva (1945- 1996) nasceu em Montevidéu, no Uruguai e a partir dos 4 anos radicou-se no Rio. Mas começou a carreira nos shows do colégio Mackenzie e no teatro de Arena, ambos em São Paulo (onde também debutava Chico Buarque, da vizinha FAU) em 1964.
Engajado na ala paulistana da bossa nova, acantonada no João Sebastião Bar, de Paulo Cotrim, ele atuou ao lado do Sambalanço Trio de César Camargo Mariano e Airto Moreira e estreou em LP aos 19 anos, com arranjos de Luis Chaves, baixista do Zimbo Trio. "Senti como orquestrador que esse jovem tinha na voz um verdadeiro instrumento", elogiou Luis Eça, do Tamba Trio, na contracapa.
Mas a voz melodiosa com um vibrato metálico acabou levando a outros rumos o compositor, que estreou no balançado Samba de Copo na Mão. Depois de disputar vários festivais também com músicas alheias (Modinha, de Sérgio Bittencourt, Não se morre de mal de amor, de Reginaldo Bessa) estourou a partir de 1970 com baladas de próprio punho entre a sensualidade e a jovem rebeldia como Hoje, "Universo do teu corpo", Viagem, Geração 70, Teu sonho não acabou, Que as crianças cantem livres.
A permissividade poética em sintonia com a era do desbunde atraiu a atenção da Censura que começou a vetar em massa suas letras, o que o levou a um auto-exílio londrino. Mas a perseguição do regime não o impediu de gravar discos de alta densidade instrumental como "Imyra,Tayra, Ipy, Taiguara", em 1976 (com Hermeto Pascoal, Toninho Horta, Wagner Tiso, Jaquinho Morelembaum) e mesmo os anteriores "Taiguara, Piano e Viola" (1972) e "Carne e Osso" (1971).
Nos 80, tornou-se discípulo político do líder comunista Luis Carlos Prestes para quem compôs O Cavaleiro da Esperança. Empreendeu uma volta às origens em "Canções de amor e liberdade" (1983), misturando o bandoneon do pai à harpa paraguaia e ao chamamé fronteiriço. E no CD final, "Brasil Afri" (1994) rebuscou-se em Menino da Silva e África Mãe.
Tárik de Souza – ENSAIO 19/8/1994

Elton Medeiros

english mobile

O compositor – e parceiro – Cartola costumava dizer brincando que a letra "ene" sobrava em seu nome (Angenor) e faltava no de Elton (na realidade Elto Antônio de Medeiros, nascido na cidade do Rio de Janeiro em 22 de julho de 1930).
Desde muito cedo a música teve influência em sua vida, pois seu pai era muito ligado aos ranchos e seu irmão Aquiles, compositor, o encaminhou na carreira de criador musical. Aliás, é saborosa a história que Elton conta no programa, como fez seu primeiro samba aos oito anos e seu irmão lhe explicou como era a estrutura de uma composição.
Nascido no bairro da Glória, logo se mudou para o subúrbio carioca, onde iniciou seus estudos e paralelamente o gosto musical. Fez parte de banda, tocando bombardino e saxofone. Posteriormente passou para o trombone, com o qual se destacou tocando nas gafieiras, tão em voga na época. Mas seu forte mesmo eram os instrumentos de ritmo, tornando-se talvez o mais exímio executante de caixa-de-fósforos que se conhece.
Na gravação de um programa para a TV Cultura, em que se apresentaria como cantor, instado pelo produtor Fernando Faro a fazer ritmo, improvisou um instrumento de percussão com uma lata de tinta vazia, abandonada em um canto do estúdio e ninguém percebeu a "invenção".
Como compositor é tido como um dos melhores representantes da escola melodista de Cartola, de quem foi parceiro e com quem criou sambas notáveis. Já era bastante conhecido entre os sambistas quando estreou profissionalmente no musical Rosa de Ouro, criado e produzido pelo poeta-compositor Hermínio Bello de Carvalho.
O espetáculo, que ficou quase um ano em cartaz no Teatro Jovem, no Rio de Janeiro – e andou pelo Brasil –, resgatou a cantora Araci Cortes e lançou nomes como os de Elton, Clementina de Jesus e Paulinho da Viola. Sem mencionar as presenças notáveis do mangueirense Nelson Sargento, do portelense Jair do Cavaquinho e do salgueirense Nescarzinho, o Anescar, criador do antológico samba-enredo Chica da Silva.
Modestamente Elton se diz "parceiro dos famosos" (Cartola, Paulinho da Viola, Hermínio Bello, Zé Keti, Paulo César Pinheiro, Ana Terra, Cacaso, Otávio de Moraes, Joacyr Santana, Regina Werneck, entre outros), quando na realidade são os tais "famosos" que não prescindem de seu grande talento, principalmente Paulinho da Viola, desde sempre seu mais habitual parceiro.
Internacional – já se apresentou na África, em Portugal, na Suécia –, seu samba nunca deixou de ter o acentuado sabor carioca, que é sua marca tradicional, além da beleza das melodias (e muitas vezes das letras). É o principal fator de uma apresentação que faz parte da história da música popular brasileira.
Seu samba-enredo – feito em 1954 para sua Escola de Samba Aprendizes de Lucas –, o Exaltação a São Paulo, foi apresentado pelo cantor Jorge Goulart no programa Um Milhão de Melodias, na Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Arranjo do maestro Radamés Gnattali, para violino e caixa-de-fósforos, esta naturalmente solada por ele.
Elton Medeiros é seguramente um dos mais talentosos compositores daquilo que se convencionou chamar de "música brasileira de raiz".

Arley Pereira - MPB ESPECIAL 8/1/1975

Pery Ribeiro

english mobile

Pery Ribeiro

Pery Ribeiro (Peri de Oliveira Martins), cantor e compositor, nasceu no Rio de Janeiro RJ em 27/10/1937. Filho do compositor Herivelto Martins e da cantora Dalva de Oliveira, sua inclinação musical manifestou-se cedo.
Aos três anos de idade, gravava canções e vozes para as personagens dos filmes de Walt Disney (Bambi, Coelho Tambor e Anão Feliz, da Branca de Neve), traduzidos por João de Barro. Aos quatro anos apresentou-se no Teatro Municipal, do Rio de Janeiro. Em 1944 participou do filme Berlim na batucada, de Luís de Barros.
Em 1959 trabalhava como cameraman na TV Tupi, do Rio de Janeiro, quando Jaci Campos o apresentou cantando; ouvido por Paulo Gracindo, foi convidado a tomar parte no seu programa da Rádio Nacional. Essas apresentações chamaram a atenção de César da Alencar, que o tomou como afilhado, batizando-o Pery Ribeiro.
Em 1960 compôs sua primeira música, Não devo insistir (com Dora Lopes), gravada no mesmo ano por Dalva de Oliveira, na Odeon. Ainda em 1960 gravou seu primeiro disco, um compacto duplo na gravadora Iracema, com quatro musicas que incluíam Sofri você (Ricardo Galeno e Paulo Tito).
Sua primeira gravação em 78 rpm foi Manhã de Carnaval (Luiz Bonfá e Antônio Maria) e Samba do Orfeu (Luiz Bonfá e Antônio Maria), pela Odeon, no ano seguinte. Em 1961, também pela Odeon, gravou vários discos em 78 rpm, o Lamento da lavadeira (Monsueto, Nilo Chagas e João Violão), O barquinho (Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal) e Inteirinha (Luís Vieira).
Seu primeiro LP foi Pery Ribeiro e seu mundo de canções românticas, na Odeon, em 1962, acompanhado por Luiz Bonfá ao violão. Em 1963 compôs, com Geraldo Cunha, Moça de azul e Bossa na praia, gravadas por ele na Odeon. Ainda nesse ano lançou Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), sendo esta a primeira gravação da música, e seu maior sucesso.
Dois anos mais tarde, formou, com Leni Andrade e o conjunto Bossa Três, o grupo Gemini 5, apresentando-se na boate Porão 73 e no Teatro Princesa Isabel, no Rio de Janeiro. Do sucesso do grupo surgiu o convite para se apresentarem na boate El Señorial, na Cidade do México, México, onde estiveram por seis meses. Em seguida, formou novo grupo, desta vez com musicos mexicanos, apresentando-se na Cidade do México e Acapulco.
Em 1966 foi para os EUA, onde mais tarde formou com Sérgio Mendes o conjunto Bossa Rio, composto por Ronnie (Ronald Mesquita), Osmar Milito, Otávio Bailly Júnior, Manfredo Fest, Gracinha Leporace, Sergio Mendes e ele próprio. O conjunto excursionou por várias cidades norte-americanas, apresentando-se em shows, boates e universidades.
Em 1971, de volta ao Rio de Janeiro, participou do show Fica combinado assim, com Pedrinho Mattar e Agildo Ribeiro. Desde então tem trabalhado em shows, boates e apresentações em televisão. Em 1973 compôs, com Herivelto Martins, e gravou, na Odeon, Livre meu pai. No ano seguinte voltou ao México, apresentando-se em Acapulco ao lado de Eliana Pittman e Herivelto Martins.
Em 1975 gravou o LP Herança, na Odeon, homenageando Dalva de Oliveira, Herivelto Martins e Elisete Cardoso. Em 1997 lançou o CD A vida é só pra cantar (e dançar) e participou de um disco em tributo a Dalva de Oliveira, cantando inclusive duas canções em dueto com a mãe, graças à técnica especial usada.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Paulinho Nogueira

english mobile

Paulinho Nogueira (Paulo Artur Mendes Pupo Nogueira) nasceu em Campinas SP em 08 de Outubro de 1929. Autor de um dos mais procurados métodos de violão existentes no Brasil, aprendeu a tocar com o pai, aos 11 anos. Na mesma época integrou o Grupo Cacique, conjunto vocal dirigido por seu irmão Celso Mendes.
Mudou-se para São Paulo SP em 1952, estreando na boate ltapoã e tocando nas rádios Bandeirantes e Gazeta. Oito anos depois gravou seu primeiro LP, na Columbia, a convite de Roberto Corte Real. A primeira composição sua a aparecer em disco foi Menino, desce daí, em 1962, pela RGE, interpretada por ele mesmo.
Na época da bossa nova, destacou-se como solista e acompanhante em shows e programas de televisão. Começou a dar aulas de violão em 1964, ano em que também recebeu como melhor solista o troféu Pinheiro de Ouro, do governo do Paraná, o mesmo ocorrendo em 1965.
Nesse ano foi contratado pela TV Record para atuar em O Fino da Bossa, programa de maior sucesso na época. Recebeu em 1966 o prêmio Guarani, conferido por jornalistas e críticos de radio e televisão.
Em 1969 inventou a craviola, instrumento de 12 cordas que produz um som misto de cravo e viola, e recebeu o prêmio de melhor músico do ano, conferido pelo jornal O Estado de São Paulo. Uma de suas composições, Menina, gravada por ele na RGE, foi grande sucesso em 1970.
Dois anos depois se transferiu para a etiqueta Continental, onde gravou quatro LPs até 1975. Em 1986 gravou o LP solo Tons e semitons, com novas composições suas para violão, lançado juntamente com um álbum contendo as partituras das musicas incluídas no disco.
Desde 1990 tem lançado vários videocassetes didáticos para solos de violão. Lançou pela Movieplay dois CDs o instrumental Late Night’ Guitar (1992), com músicas brasileiras e internacionais, e Coração violão (1995), no qual intercala solos de violão com musicas inéditas cantadas e regravações de suas composições mais conhecidas.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Roberto Luna

english mobile

Roberto Luna (Valdemar Farias), cantor, nasceu em Serraria, Paraíba, em 1/12/1929. Fez os primeiros estudos em Campina Grande e mudou-se com a família para o Rio de Janeiro em 1945. Começou a trabalhar em teatro de revista e estudou com o ator Ziembinsky.
Apresentado por Assis Valente a Chianca de Garcia, para ser contratado como cantor, acabou tornando-se seu auxiliar no setor de divulgação da companhia teatral. Caixa de companhia imobiliária e auxiliar de escritório, por volta de 1948 apresentava-se também como crooner em dancings e boates do Rio de Janeiro. Foi o locutor Afrânio Rodrigues quem lhe deu o nome artístico de Roberto Luna, por ocasião de um show.
Em 1951 estreou no rádio, levado por Assunção Galego, que dirigia o programa Transatlântico Guanabara, na Rádio Guanabara, atuando logo depois na Globo, na Mayrink Veiga e depois na Nacional. No ano seguinte gravou seu primeiro disco, com Por quanto tempo (Marino Pinto e Domal Bibi) e Linda (Erasmo Silva e Rui Rei), na Star.
Contratado por Sérgio Vasconcelos, da Rádio Clube, em 1953, participou dos programas Caderno de Melodias, Ciranda dos Bairros e das Audições Roberto Luna, lançando para o Carnaval desse ano, entre Outros, o samba Jurema (Luís Soberano e Washington Fernandes) e a marcha Deixa- me em paz (Guido Medina e Geneci Azevedo), na Copacabana. Para o mesmo Carnaval, gravou, ainda acompanhado pelo conjunto Os Copacabana, Minha casa é meu chapéu (Geraldo Queirós e Henrique Leoni) e o samba Pode voltar (Geraldo Queirós e Wilson Lopes).
Cantor de sucesso nacional na década de 1950 destacou-se interpretando versões de boleros e músicas de dor-de-cotovelo; seus maiores sucessos dessa época foram Molambo (Meira e Augusto Mesquita), o bolero Relógio (Cantoral, versão de Nely Pinto), Nunca (Lupicínio Rodrigues), Vingança (Lupicínio Rodrigues), Castigo (Dolores Duran), Por causa de você (Tom Jobim e Dolores Duran), o bolero História de um amor (versão de Edson Borges), e o tango El día que me quieras (Carlos Gardel e Alfredo Le Pera).
Em 1961 gravou pela RGE o LP Adiós, pampa mia e outros tangos famosos, com Adiós, pampa mia (Francisco Canaro e Mariano Mores, versão de Haroldo Barbosa) e Confissão (Enrique Discepolo e Amadori, versão de Lourival Faissal).
Dois anos depois saiu pela mesma fábrica o disco Tangos famosos, incluindo O dia que me queiras (versão de Haroldo Barbosa) e Cristal (Mores, versão de Haroldo Barbosa). Em 1964 novo LP, Os grandes sucessos de Roberto Luna, e no ano seguinte O Luna que eu gosto, etiqueta Philips, com Tudo é magnífico (Haroldo Barbosa e Luís Reis) e Senhor saudade (com Dinho). Participou ainda como ator e cantor do filme O bandido da luz vermelha, de Rogério Sganzerla, em 1968.
A partir de 1970 apresentou-se quase exclusivamente em boates, tendo sido proprietário de uma. Em 1972 gravou na Chantecler o LP Roberto Luna, destacando-se Gaivota e Negro véu (Zé Bastos e João Reis). Na década de 1990, a RGE relançou em CD todo o seu repertório, em 10 volumes.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Geraldo Vandré

english mobile

Geraldo Vandré (Geraldo Pedrosa de Araújo Dias) nasceu em João Pessoa-PB em 12 de Setembro de 1935. Apresentou-se num programa de calouros na Rádio Tabajara de João Pessoa quando tinha 14 anos. Em Nazaré da Mata, onde cursava o ginásio em internato, participou de alguns shows organizados para as missões.

Foi para o Rio de Janeiro em 1951, e nesse mesmo ano se apresentou no programa de calouros de César da Alencar, no qual foi desclassificado. Aproximou-se então de Ed Lincoln, que nessa época tocava com Luís Eça, na boate do Hotel Plaza, tentando cantar nos intervalos das apresentações.
Em 1955, com o pseudônimo de Carlos Dias, defendeu a canção Menina (Carlos Lyra) num concurso musical promovido pela TV-Rio. Mais tarde, o encontro com o folclorista Waldemar Henrique abriu-lhe a oportunidade de se apresentar no programa da Rádio Roquete Pinto, usando o nome Vandré, que resultou da abreviatura do nome do pai, José Vandregísilo.
Cursou a Faculdade de Direito, do Rio de Janeiro, época em que participou do Centro Popular de Cultura, da extinta União Nacional dos Estudantes, onde conheceu seu primeiro parceiro, Carlos Lyra. Passou então a interessar-se mais pela composição, abandonando a idéia de tornar-se cantor.
Fez a letra da música de Carlos Lyra Quem quiser encontrar o amor, gravada por ele em abril de 1961 em 78 rpm, na RGE, e em 1962 por Carlos Lyra no LP O sambalanço de Carlos Lyra, pela Philips. Esta música seria incluída no episódio "Couro de gato" do filme Cinco vezes favela, trabalho produzido pelo Centro Popular de Cultura.
Em 1962 apresentou-se no Juão Sebastião Bar, em São Paulo SP, iniciando trabalhos com Luís Roberto, Baden Powell e Vera Brasil. Nesse mesmo ano gravou com Ana Lúcia o Samba em prelúdio (Baden Powell e Vinícius de Moraes), pela Áudio Fidelity, com grande sucesso, e compôs com Carlos Lyra o samba Aruanda.
Em dezembro de 1964, gravou na Áudio Fidelity seu primeiro LP, apresentando a toada Fica mal com Deus, além de Menino das laranjas (Téo de Barros). Em 1965 defendeu Sonho de um carnaval (Chico Buarque) no I FMPB, da TV Excelsior de São Paulo. No mesmo festival, inscrevera sua composição Hora de lutar, que não se classificou. Essa música foi gravada, no mesmo ano, num LP homônimo. Nesse período, musicou o filme de Roberto Santos A hora e a vez de Augusto Matraga.
No ano seguinte lançou pela Som Maior o LP Cinco anos de canção, que incluía Pequeno concerto que virou canção, Canção nordestina e Rosa flor (com Baden Powell). Venceu em São Paulo o FNMP, da TV Excelsior, com a música Porta-estandarte (com Fernando Lona), defendida por Tuca e Airto Moreira, assinando depois contrato com a Rhodia para excursionar pelo Nordeste com o Trio Novo, formado por Téo (violão), Airto Moreira (viola caipira) e Heraldo (percussão).
Nesse mesmo ano de 1966 venceu ainda o II FMPB, da TV Record, de São Paulo, com Disparada (com Téo de Barros), na interpretação de Jair Rodrigues, do Trio Novo e do Trio Maraiá, empatando com A banda (Chico Buarque). Obteve ainda o segundo lugar no I FIC, da TV-Rio, do Rio de Janeiro, com O cavaleiro, parceria com Tuca, que também foi intérprete.
Em 1967 a TV Record, de São Paulo, concedeu-lhe um programa próprio, Disparada, com direção de Roberto Santos. Inscreveu Ventania (com Hilton Accioly) no III FMPB, que foi desclassificada, e De serra, de terra e de mar (com Téo de Barros e Hermeto Pascoal), no II FIC, da TV Globo, do Rio de Janeiro, que também não obteve classificação. Nesse ano conseguiu sucesso com Arueira e com o frevo João e Maria (com Hilton Accioly).
No mesmo período compôs, a convite dos padres dominicanos de São Paulo, a Paixão segundo Cristino, alegoria da crucificação de Cristo num contexto nordestino; participou do programa Canto Geral, depois Canto Permitido, da TV Bandeirantes, de São Paulo.
Em 1968 gravou o LP Canto geral pela Odeon, com Maria Rita, O plantador (com Hilton Accioly) e músicas suas desclassificadas em festivais. Participou ainda do IV FMPB, com Bonita (com Hilton Accioly). A música foi apresentada duas vezes, pois se desentendera com o parceiro, rompendo com o Trio Maraiá.
Nas eliminatórias para o III FIC, em São Paulo, causou impacto com a apresentação de Caminhando (Prá não dizer que não falei das flores); defendeu-a no festival com o Quarteto Livre, integrado por Naná (tumbadora), Franklin (flauta), Nelson Ângelo (violão) e Geraldo Azevedo (violão e viola), tendo-se classificado em segundo lugar. A música teve grande êxito, tornando-se uma espécie de hino estudantil, mas teve seu curso interrompido pela censura.
Esteve no exílio, inicialmente no Chile (1968), onde compôs a música Desacordonar, com que venceu um concurso, enquanto Caminhando se tornava sucesso. Obrigado a deixar o país, pois se apresentara em televisão como profissional sem a devida licença, seguiu para a Argélia, onde assistiu ao Festival Pan-Africano, viajando depois para a então República Federal da Alemanha, ocasião em que gravou alguns programas para a televisão da Baviera.
Esteve na Grécia, Áustria, Bulgária, cantando em povoados do interior. Na Itália, Sérgio Endrigo regravou músicas suas. Em Paris, França, remontou com um grupo de artistas brasileiros a Paixão segundo Cristino, na igreja de Saint-Germain des Prés, na Páscoa de 1970. Trabalhou com um novo tipo de composição, montada apenas com assobios e sons de violão, com forte ritmo nordestino.
Gravou o LP Das terras de Benvirá, lançado no Brasil pela Philips em 1973, com Na terra como no céu, Canção primeira e De América. Ainda em 1973 gravou apresentações para o programa de Flávio Cavalcanti e para o Fantástico, da TV Globo, mas foram censuradas.
Em 1982, em Presidente Stroessner, Paraguai, apresentou-se em um show, rompendo silêncio de 14 anos. Em março de 1995 apresentou-se no Memorial da América Latina, em São Paulo, no concerto realizado pelo IV Comando Regional (CONAR), em comemoração a Semana da Asa. Na ocasião, um coral de cadetes lançou sua música Fabiana, uma homenagem a FAB.
Em 1997 o Quinteto Violado lançou o CD Quinteto Violado canta Vandré (selo Atração), incluindo antigos sucessos e apenas uma música inédita: República brasileira. Ainda em 1997, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho regravaram Disparada e Canção da despedida no CD Grande encontro 2.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.

Hyldon

english mobile

Hyldon (Hyldon de Souza Silva), cantor, violonista e compositor, nasceu na Bahia em 17/04/1951. Um dos grandes representantes da soul music brasileira (ao lado de Tim Maia e Cassiano), tocou com os Diagonais (de Cassiano), Wilson Simonal, Tony Tornado e Tim Maia (de quem foi parceiro) e produziu discos de Jerry Adriani , Erasmo Carlos e Odair José.
Teve seu primeiro e maior sucesso em 1975, com a balada Na rua, na chuva, na fazenda, título de seu primeiro disco, que ainda estourou Na sombra de uma árvore e As dores do mundo.
Gravou "Deus, a natureza e o amor" em 1976, sem conseguir repetir o êxito. Hyldon voltou à luz nos anos 90 através do interesse de bandas como o Kid Abelha, que regravou Na chuva e do Jota Quest, que fez o mesmo com As dores do mundo.

Synval Silva

english mobile

Synval Silva (Sinval Machado da Silva), compositor, nasceu em Juiz de Fora-MG em 14/03/1911 e faleceu no Rio de Janeiro em 14/04/1994. Filho de um clarinetista da Banda Euterpe Mineira, de Juiz de Fora, aprendeu a tocar viola ouvindo as aulas dadas por um professor ao seu irmão.
Muito cedo começou a tocar em festas na cidade natal. Ainda menino, tornou se mecânico de automóvel, trabalhando depois como motorista. Em 1927, compôs sua primeira música, a valsa Lua de prata, que não chegou a ser gravada. Três anos depois, mudou-se para o Rio de Janeiro, indo morar no morro da Formiga. Através de Norival Pandeiro, já em 1931 passou a fazer parte do regional Good-Bye, da Rádio Mayrink Veiga, e, pouco depois, conheceu Assis Valente, que o apresentou a Carmen Miranda.
A pedido da cantora, que lhe prometeu um conto por uma música falando em mulato de samba, compôs Alvorada e Ao voltar do samba, gravados por Carmen Miranda, pela Victor, em 1934. Com o grande sucesso alcançado pela segunda composição, a cantora lhe fez novo desafio: dois contos se lhe entregasse outro samba que atingisse pelo menos a metade do sucesso do anterior. Compôs, então, o samba Coração, gravado em 1935, no mesmo selo e pela mesma intérprete, com enorme êxito.
Novamente ela lhe fez outra oferta: três contos se lhe desse outra musica, resultando então o samba Adeus batucada, gravado sob selo Odeon, no mesmo ano, que se tornou grande sucesso e prefixo musical dos programas de Carmen Miranda. Dessa forma, transformou-se no compositor predileto da cantora, tendo tido a maior parte de sua obra gravada por ela.
Em 1936 Aurora Miranda gravou pela Odeon duas músicas de sua autoria, a marcha Amor! amor e o samba Moreno. Em 1937, Carmen Miranda lançou pela mesma etiqueta mais dois sambas seus: Saudade de você e Gente bamba, e, durante o final da década de 1930 e por toda a década de 1940, destacou-se com vários sucessos, gravados pelos intérprete da moda — em 1938, Orlando Silva lançou o samba Agora é tarde, em selo Victor, Odete Amaral gravou pela mesma etiqueta o samba Alma de um povo (com Amado Regis) e o Trio de Ouro registrou em disco Odeon o samba Madalena se zangou (com Ubenor Santos); em 1939, pela Odeon, Carmen Miranda gravou o samba Amor ideal e a marcha Nosso amor não foi assim.
Fundou, em 1940, o G.R.E.S. Império da Tijuca e compôs o samba Sandália de cetim para a escola. Em 1942, Ciro Monteiro lançou em disco Victor o samba Fonte de amor; em 1944, o mesmo cantor gravou, pela Victor, o samba Crioulo sambista (com Nelson Trigueiro) e, em 1945, também para a mesma gravadora, interpretou Pra minha morena; em 1946, o Trio de Ouro lançou pela Odeon o samba Negro artilheiro; e, em 1947, o samba Geme, negro (com Ataulfo Alves) foi gravado pelo parceiro, sob selo Victor.
Visitou Carmen Miranda nos EUA, em 1950, permanecendo lá por quatro meses. Só em 1973 gravaria um LP para a RCA (na série Documento), incluindo sete músicas antigas e mais Amor e desencontro (com Marilene Amaral). Sócio fundador da ABCA, da UBC e da SBACEM, gravou seu depoimento para o MIS, do Rio de Janeiro, recebendo do mesmo em 1971 o título de Bacharel em Samba, com direito a diploma e anel. Foi o autor do samba-enredo As minas de prata (com Mauro Afonso e Jorge Melodia), com o qual a Império da Tijuca desfilou em 1974.
Obras: Adeus, batucada, samba, 1935; Ao voltar do samba, samba, 1934; Coração, samba, 1935; Gente bamba, samba, 1937; As minas de prata (c/Mauro Afonso e Jorge Melodia), samba-enredo, 1974; Moreno, samba 1936; Sandália de cetim, samba, 1940.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora.