sábado, 4 de agosto de 2007

No bico da chaleira

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Diariamente, o Morro da Graça no bairro das Laranjeiras no Rio de Janeiro era freqüentado por dezenas de pessoas - senadores, deputados, juízes, empresários ou, simplesmente, candidatos a cargos públicos ou mandatos eletivos. A razão da romaria era que no alto do morro morava o general senador José Gomes Pinheiro Machado, líder do Partido Republicano Conservador, que dominou a política nacional no início do século.

Pois foi para satirizar o comportamento desses bajuladores que o maestro Costa Júnior (Juca Storoni) fez a animada polca "No Bico da Chaleira", sucesso do carnaval de 1909: "Iaiá me deixe subir nessa ladeira / eu sou do grupo que pega na chaleira...". E tamanha foi a popularidade da composição que acabou por consagrar o uso dos termos "chaleira" e "chaleirar" como sinônimos de bajulador e bajular. Isso porque, dizia-se na época, o pessoal que subia a ladeira da Graça disputava acirradamente o privilégio de segurar a chaleira que supria de água quente o chimarrão do chefe.

Com a morte de Pinheiro Machado, assassinado por um débil mental em 1915, deram seu nome à Rua Guanabara, onde começava a subida para sua casa, na qual passou a funcionar o Colégio Sacre Coeur e tempos depois uma empresa construtora.

No bico da chaleira (Juca Storoni)

Iaiá / me deixa subir esta ladeira / Eu sou do bloco / Mas não pego na chaleira / Na casa do Seu Tomaz / Quem grita / é que manda mais / Que vem de lá / Bela Iaiá / Ó abre alas / Que eu quero passar / Sou Democrata / Águia de Prata / Vem cá mulata / Que me faz chorar

Fonte: A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34

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