quinta-feira, 7 de junho de 2007

Os Cariocas

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Os Cariocas

Conjunto vocal formado no Rio de Janeiro RJ em 1942, atuou ininterruptamente até 1967, alcançando maior popularidade nos períodos de 1948 a 1955 e de 1961 a 1967. Organizado pelos irmãos Ismael Neto (Ismael de Araújo Silva Neto, Belém PA 1925-1956) e Severino Filho (Severino de Araújo Silva Filho, Belém 1928-), moradores do bairro carioca da Tijuca, o grupo atuou como quinteto até 1961.

Contando inicialmente com Ari Mesquita, Salvador e Tarqüínio, amigos e moradores do mesmo bairro, começou apresentando-se no Instituto Lafayette, colégio onde o pai dos paraenses trabalhava como professor. Nessa época, Ismael iniciou-se no violão, enquanto Severino tomou aulas de teoria musical com Hans Joachim Koellreutter.

Em 1945, com Valdir Prado Viviani (pianista e solista de gaita) substituindo Ari Mesquita, que adoecera, o grupo se inscreveu no Papel Carbono, programa de calouros de Renato Murce na Rádio Clube (hoje Mundial). Estrearam cantando o fox If You Please, obtendo o terceiro lugar, o que os animou a tentar nova apresentação, desta vez alcançando o primeiro lugar com a interpretação de Rum and Coca-Cola.

Quando Renato Murce decidiu reunir o programa todos os vencedores das diversas disputas, o conjunto liderado por Ismael Neto foi o campeão absoluto. Decidiram então profissionalizar-se e, por intermédio de um amigo da família, Ismael conseguiu uma apresentação para o maestro Radamés Gnattali, na época diretor artístico da Rádio Nacional. Este gravou um acetato com o grupo e mostrou-o a Haroldo Barbosa, chefe da discoteca da emissora, que contratou o conjunto, na base de cachê, para atuar no programa Um Milhão de Melodias.

Em princípios de 1946, intitulando-se Os Cariocas, iniciaram carreira como artistas exclusivos da Rádio nacional, onde permaneceram por mais de 20 anos. Ainda em 1946 Tarqüínio e Salvador deixaram o grupo, e foi com a seguinte formação que Os Cariocas atravessaram sua primeira fase de maior popularidade: Badeco (Emanuel Barbosa Furtado), primeira voz; Severino Filho, segunda voz; Ismael Neto terceira voz e autor das vocalizações; Quartera (Jorge Quartarone), quarta voz; Valdir, quinta voz e solos, inclusive assobiados.

Em fins de 1947 João de Barro, diretor artístico da Continental e versionista de vários filmes do norte-americano Walt Disney, chamou o conjunto para realizar a dublagem do desenho animado Ferdinando. Convidados em seguida a gravar na Continental, lançaram, no início de 1948, Nova ilusão (Luís Bittencourt e José Meneses) e Adeus, América (Haroldo Barbosa e Geraldo Jacques), que marcaram, ambos, o primeiro grande sucesso do grupo. Entre outros discos seus lançados na Continental destacaram-se a marcha junina Eu também sou Batista (Wilson Batista e José Batista) e o baião Juazeiro (Luiz Gonzaga e Humberto teixeira). Atuando também como compositor, Ismael Neto fez Marca na parede, um dos grandes sucessos lançados por Os Cariocas na etiqueta Sinter, onde passaram a gravar a partir de 1950.

Em 1953 Ismael Neto passou a compor com Antônio Maria, e a dupla tornou-se responsável por alguns dos grandes sucessos de meados da década de 1950, como Canção da volta, lançada por Dolores Duran em 1954, e Valsa de uma cidade, gravada por Os Cariocas. Novamente na Continental em 1954 (no ano anterior haviam passado para a Victor), em dezembro o grupo participou da gravação da Sinfonia do Rio de Janeiro, um LP de dez polegadas com músicas de Tom Jobim e Billy Blanco .

Em fins de 1955 Severino Filho assumiu a liderança do conjunto, quando Ismael Neto adoeceu (morreria em 1956), sendo substituído por sua irmã, Hortênsia da Silva Araújo. Em 1956 o grupo apresentou-se na Argentina, México, Porto Rico e E.U.A.

Na fase da bossa-nova, na década de 1960, atuaram intensamente, incluindo novas composições em seu repertório e influenciando outros conjuntos vocais que surgiam, com seu estilo de interpretação. Em 1961 o grupo sofreu suas derradeiras alterações, com a saída de Hortênsia e Valdir, este substituído por Luís Roberto (Luís Roberto Gomes morreu no Rio, em 20/10/1988). Transformados em quarteto, gravaram dois LPs na Mocambo (1962) e passaram depois para a Philips, onde gravaram suas mais representativas interpretações dessa segunda fase, em vários LPs, até 1967, quando o grupo se dissolveu.

Após 1967, Severino Filho continuou trabalhando como arranjador de orquestras de estúdio. Em 1988, o grupo voltou a se apresentar e seus integrantes sofreram com a perda do contrabaixista Luís Roberto, que morreu de enfarte durante uma apresentação no Jazzmania. Em novembro de 1997, comemoraram 50 anos de carreira com show no Mistura Fina, e lançaram novo disco, o CD A bossa brasileira, pelo selo Albatroz, com a seguinte formação: Severino Filho (piano), Jorge Quartera (bateria) - os dois que restaram da formação original - e os recém-chegados Nil Teixeira (violão) e Eloi Vicente (baixo).

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