quinta-feira, 7 de junho de 2007

Música Regional

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Os compositores profissionais urbanos, a partir do início da segunda década do séc. XX, designaram o nome "música sertaneja" as estilizações de ritmos rurais que denominavam arbitrariamente de modas, toadas, cateretês, chulas, emboladas e batuques, que se identificavam por letras invariavelmente evocativas de beleza bucólica e romântica da paisagem, da vida e da gente do interior, e que, por serem nascidas e criadas longe das grandes cidades, eram tão livres quanto possível das influências norte-americanas e européias (jazz, fox-trot, música francesa, canção napolitana) sofridas pela cultura urbana.
A aceitação dessas chamadas canções sertanejas começou na área popular a partir do sucesso carnavalesco, em 1914, da toada Caboca di Caxangá (João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense), e entre as classes média e alta desde o sucesso da apresentação, na noite de 28 de dezembro de 1915, no Teatro Municipal, de São Paulo SP, por iniciativa do escritor Afonso Arinos, de algumas cenas do "antigüíssimo bumba-meu-boi, conhecido em todo 0 Brasil".
Posteriormente, denominação mais genérica e usual para toda música popular com características rurais, notadamente uso de violas caipiras e acordeons, vocalização em terças paralelas (ou seja, as melodias das duas vozes se mantêm separadas pela mesma distância na escala) e atmosfera geral interiorana. O termo costuma ser utilizado como sinônimo de música caipira, ou seja, a música da região Centro-Sul (também chamada "Paulistânia").
Mais amplamente, música sertaneja seria também o baião, o xaxado, enfim, toda música produzida nas regiões Norte-Nordeste, onde efetivamente há. sertão e que têm em comum o fato de não serem cultura de cidade grande.
Desde o começo do séc. XX, temos música urbana produzida com sotaque interiorano, caracterizando até gêneros como samba sertanejo e valsa sertaneja. Tanta confusão é aumentada pelo fato de muitos estudiosos fazerem distinção entre caipira e sertanejo. Música sertaneja é, para eles, a música caipira feita nos grandes centros urbanos por não-caipiras, "fabricada" por imitação, humorismo ou comércio puro e simples; ou, como diz José Ramos Tinhorão: "a música caipira é manteiga, e a sertaneja é margarina".
Um bom exemplo desta última é a valsinha Sereno, de Antônio Almeida (sobre motivo folclórico), lançada pelos Anjos do Inferno em 1943 e que inclui brincadeira com o caipira do Sul: "Ô dona Maricota, quer me dar o prazer desta contradança? / Pois não, seu Janjão! ".
Inesita Barroso aponta um fator que diferencia definitivamente a música caipira da sertaneja: aquela só canta sobre a vida no campo, incluindo histórias de bichos, chegando muitas vezes a ser fábula musicada (embora, acrescentamos, possa falar também de "causos" ligados à religião e de entreveros resultantes do contraste entre pessoas ou coisas caipiras e urbanas). Já a música sertaneja, feita na cidade, só fala de temas da cidade, sendo, em geral, mais dramática e negativa, com perdições, traições, adultérios.

Na Beira da Tuia - Tonico e Tinoco (17/05/1960)

Alguns representantes das músicas regionais antigas inclusos neste blog:

Angelino de Oliveira - Cascatinha e Inhana - Dominguinhos - Humberto Teixeira - Luiz Gonzaga - Pedro Raimundo - Raul Torres - Teixeirinha - Tonico e Tinoco - Zé Dantas

Algumas músicas cifradas:

A bandeira do Divino, A dama de vermelho, A mão do tempo, A moda da mula preta, A vaca foi pro brejo, Adeus Mariana, Adeus solidão, Alpendre da saudade, Amargurado, Arapuca, As mocinhas da cidade, Baile na roça, Beijinho doce, Boate azul, Boiada, Boiadeiro do Nabileque, Boiadeiro errante, Bonde do Camarão, Brasil caboclo.

Cabeça inchada, Cabocla Tereza, Cafezal em flor, Calix Bento, Cana verde, Casa de caboclo, Casinha branca (R. Teixeira), Chalana, Chico Mineiro, Chico Mulato, Chitãozinho e chororó, Chuá, chuá, Colcha de retalhos, Comitiva esperança, Cuitelinho, Coração de luto, Coração de violeiro, Cortando o estradão, Couro de boi.

De papo pro á, É o amor, Entre tapas e beijos, Empreitada perigosa, Escolta de vagalumes, Estrada da vida, Estrela de ouro, Farinhada, Felicidade de caboclo, Filho adotivo, Fio de cabelo, Gostinho de saudade, Goteira, Guacyra, História de um prego, João de barro, Leilão, Leva eu (Sodade), Luar do sertão.

Mágoa de boiadeiro, Majestade o sabiá, Maringá, Marvada pinga (Moda da pinga), Meu cavalo zaino, Meu primeiro amor (Lejania), Missões naturais, Moreninha linda, Mourão de porteira, Mulher rendeira, No banquinho, Nosso romance, O menino da gaita, O menino da porteira, Panela velha, Paz na cama, Pé de manacá, Pinga ni mim, Pingo d'água, Poeira.

Ranchinho abandonado, Rio de lágrimas, Romance de uma caveira, Romaria, Saudades de Matão (Francana), Se Deus me ouvisse, Serafim e seus filhos, Sereno, Sertaneja, Seu amor ainda é tudo, Tapera caída, Tema novo, Trem do Pantanal, Triste berrante, Tristezas do Jeca, Vendi os bois, Vide vida marvada, Você vai gostar (Lá no pé da serra)

Outras páginas com músicas sertanejas: Luiz Gonzaga.

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